Eu dei um sorrisinho...
Eu: OOOOOIIIIIIIIII. Bom dia pra você também.
Ele puxou o Lorran pra perto dele e disse:
Roberto: E então, o que você tá fazendo aqui? E o que quer com o meu filho?
Eu: Nada. Apenas estávamos conversando sobre Naruto, seu filho desenha muito bem. Eu vim aqui porque queria conversar com você.
Roberto: Comigo? Porque?
Eu: Eu tenho algumas perguntas, que só você pode responder, e eu não arredar o pé até você abrir o jogo comigo.
Roberto: E porque eu deveria responder essas suas " perguntas "?
Eu: Porque eu tô pedindo, de coração, quebra essa pra mim?!
Ele respirou, me olhou ( Acho que ele tava perdido, não tava entendendo nada KKK ), e o Lorran que estava quietinho disse:
Lorran: Pai... ajuda o tio, ele é muito gentil, ele elogiou meu desenho, eu gosto do tio Lucas pai.
AAAIIIIII ele é muito fofo gente.
Roberto: É? Huuummm... No caminho pra casa a gente conversa sobre issoOk! A gente pode conversar, depois do almoço, você pode?
Eu: Posso sim! Que horas?
Roberto: 13:30, no parque?
Eu: OK! - ele tava desconfiado, acho que ele tava duvidando se eu não ia tentar matar ele, alguma coisa assim KKKK.
Roberto: Vamos filho!
Lorran: Calma pai! Deixa eu dar tchau pro tio --- Tchau tio Lucas, outro dia você me ensina a fazer o Minato ( personagem do Naruto ), gosto muito dele!
Eu: Claro que sim pirralho, deixa comigo.
Roberto puxou o Lorran de perto de mim e saiu. O povo desconfiado esse, certo que eu tinha " usado " o menino pra me aproximar dele, era super arriscado colocar uma criança de 8/9 anos no meio disso, mas foi a única saída que eu achei, então.... Tinha que ser isso. Bom, 13:30 eu tinha que estar no parque então não compensava eu ir pra casar e voltar pro centro da cidade, resolvi ficar por ali mesmo, fiz um lanche, esperei dar o horário e subi pro parque. Só que tinha um probleminha : o parque é gigante, onde que eu vo achar esse homem?!
Deu 13:40, e nada, pensei : " Me deu o calote, e não vai vim, devia imaginar já ". Coloquei as duas mãos na cintura, fiz uma cara de indignado e senti uma mão no meu ombro:
Eu: CARALHO, que susto!
Roberto: Eu sou feio, mas não é pra tudo isso? - Risos - Eu tava achando que você fez um tipo de brincadeira comigo e já estava indo embora, aí vi você parado com uma cara feia aí, o que houve?
Eu: Aaa não foi nada - dei uma risada meio falsa - Tava pensando me outra coisa.
Roberto: Ata. Então, o que queria conversar?
Eu: Podemos sentar nos bancos, prometo não tomar muito seu tempo!
Roberto: Sim, vamos lá!
Nos dirigimos aos bancos que ficavam de frente para um rio que dividia o parque.
Eu: Bom... É sobre o seu colega, o Caio. Eu quero saber uma coisa sobre ele.
Roberto: Imaginei...
Bom, diga?
Eu: Nós nos esbarramos 3 vezes já, a primeira foi aquela noite, e as outras duas nós tivemos breves " diálogos ", e eu percebi uma coisa, na segunda vez que a gente se encontrou, ele falou alguma bobeira pra mim e eu respondi ele dizendo que ele não sabia amar ou não tinha recebia amor, ele ficou todo bravinho comigo, isso já me deixou com a pulga atrás da orelha. Na terceira vez, Eu resolvi testar e falar a mesma coisa, e ele teve o mesmo comportamento. A minha intuição é muito boa, e eu sempre costumo enxergar através do que as pessoas demonstram. Aonde eu quero chegar com isso? Qual é a dele com essa questão de demostrar sentimentos, porque ele só sabe ficar bravo e brigar com os outros, pelo menos foi o que deu pra tirar de conclusão com o comportamento dele.
Ele me olhou todo espantando, parecia que eu tinha colocado ele contra uma parede e ele não sabia como se desvencilhar daquilo.
Roberto: ahahaha não tem nada não haha, impressão sua.
Eu: Olha Roberto, eu só tenho cara de sonso, mas eh não sou nem um pouco, eu falei que enquanto você não me contasse a verdade eu não iria arredar o pé, então vai, fala logo, o que incomoda tanto ele? Eu só quero ajudar, ele quase me arrebentou todo, mas eu não sinto ódio dele, eu só quero ajudar, estou sendo bem sincero com você!
Roberto: - Respirou fundo - Caio não gosta que fale sobre esse assunto com ninguém, ele sempre quis deixar esse " passado " dele pra trás, e focar só no futuro dele.
Continuou...
Caio ele perdeu os pais dele num acidente, quando ele ainda tinha em torno de 5/6 anos, então foi morar com os avós, mas é tudo uma experiência diferente. Os avós dele o amavam muito, supriam muito bem a falta dos pais, mas eles já eram pessoas de muita idade, então não demorou muito, eles acabaram falecendo também, como ele era de menor ainda, a guarda passou pra sua tia. Mas a tia dele só maltrava ele, fazia ele trabalhar duro e ficava com todo o dinheiro dele, foi uma tortura pra ele. A tia dele sempre jogou na cara dele que ele era a vergonha da família, que os pais dele morreram por culpa dele, e várias outras coisas, quando ele fez 18, abandonou tudo onde morava e veio morar aqui nessa cidade. Apenas com a roupa que vestia e sem dinheiro.
CARALHO, eu já tava com um puta aperto no coração, tinha um negócio entalado na garganta que não descia, tinha vontade era de chorar gente.
Ele continuou...
Roberto: No começo ele morou na rua, não tinha muito o que ele fazer, aí ele arrumou um emprego e começou a vida dele, ele sempre foi um cara trabalhador e logo foi reconhecido e ganhou um aumento de salário, ele saiu desse emprego e resolveu entrar na carreira de policial, fez cursos, treinamentos e faz 3 anos que somos uma " dupla ". Ele me contou toda a história dele, e tentei ajudar, dar conselhos, mas parece ser inútil. Ele não liga pra nada e pra ninguém. Pra ele a vida é dinheiro, mulher e sexo. Toda semana é uma diferente na casa dele - KKK parece eu com os rapazinhos -, mas ele não se envolve com ninguém, pra ele é comer e jogar fora. Por isso ele reage diferente com esse assunto, ele não fala disso com ninguém, nem comigo que ele considera um irmão.
Eu: Cara.... Meu Deus, quem diria que por trás daquela homem, daquele tamanho, existia uma história tão, triste.... Cara, eu to sem palavras. Eu achava que ele é só mais um policial pau no cu. Meu Deus....
Roberto: É... é bem triste. Mas ele soube se reerguer, ele merecia mais, concerteza. Mas ele é um cara forte.
Eu: Mas é complicado... Sei lá, tô me sentindo muito mal. A raiva que eu tinha dele, parece ter sumido...
Roberto: Eu entendo...
Eu: Caraca mano...
Era só isso que eu queria saber. Já foi o bastante também. - eu tava me sentindo mal por ele, sei lá, era uma sensação horrorosa.
Roberto: Tudo bem....
Mas eu tenho uma pergunta, pra você: Porque a curiosidade em cima do Caio? Ele quase matou você naquela noite.
Eu: Também nao sei, como disse eu enxergo o que as pessoas não demonstram, eu sinto, e eu vi que alguma coisa incomodou ele nas palavras que eu disse.
Roberto: Compreendo.
Eu: Obrigado Roberto! Você foi de grande ajuda.
Roberto: Eu não deveria contar isso a você, mas eu senti que você pode ajudar ele. Ele me contou que esbarrou com você no mercado, e no outro dia ele demonstrou preocupação com você, se ele tinha machucado muito você naquela noite, me surpreendi, ele nunca pergunta nada sobre ninguém. Eu acho que você pode ajudar ele de alguma forma, por isso decide abrir o jogo com você, apesar de sermos de olhares opostos.
Eu: Como assim?
Roberto: Claro... Eu sou Policial e você, parece um marginalzinho - Risos.
Eu: Ahahahahaha, eu tenho mais uma pergunta: Porque o Lorran anda tão sozinho?
Roberto: Também não sei, ele tem proximidade mais com as meninas, os amiguinhos dele dizem que ele não sabe brincar de brincadeira de menino. Tenho medo de ele ser gay.
CALMA LÁ, MEDO? Eu tava pronto pra fechar a lenha com o ele, mas tava com a cabeça a mil, preferi deixar pra outra hora.
Eu: Bom, obrigado mais uma vez! Vou indo!
Roberto: Por nada! E por favor, tenta ajudar ele!
Acenei com a cabeça que sim e fui embora. A cabeça estava explodindo, era muita informação, a história daquele cara, ele se preocupou comigo? Fui pra casa pensando em tudo isso. Cheguei em casa, minha mãe estava lavando louça, cumprimentei-a, peguei um copo de suco e sentei. O silêncio durou uns 2 minutos :
Mãe: Filho... Veio um Policial aqui hoje.
MEU DEUSSS, QUASE ME AFOGUEI.
EU: Policial? Quem?
Mãe: Dr.Caio o nome dele... - Puta que pariu.
Eu: O que ele queria?
Mãe: Nada de mais. Vez apenas umas perguntas sobre você. Você não fez nada de errado, né Lucas?
Eu: Claro que não mãe pode ficar suave !
Mãe: Eu espero!
Fui pro meu quarto quase infartando! O que ele tava fazendo ali?
Continua.....
Era só o que me faltava, mas tá na hora de eu jogar do meu jeito haha
continuem acompanhando.