Capítulo 40
_ O que está acontecendo aqui?_ Victor perguntou assustado.
Antes que Carla abrisse a boca, Ivan a segurou pelo braço a levando para o lado externo da loja.
_ Pense bem no que você vai dizer. A gente precisa conversar.
_ Eu não tenho nada para conversar com você. Como pode fazer isso?
Vinicius foi atrás deles para saber o que estava acontecendo.
_ Carla, pelo amor de deus! Vamos conversar. Eu posso explicar tudo. Só me ouça.
_ Está até apelando por deus, mesmo sendo um ateu. Quanta hipocrisia!
_ Eu não acredito, mas você sim. Então, pela sua crença, por favor, me escute.
_ O que tá acontecendo, Carla?_ perguntou Vinicius.
Mesmo em choque, a mulher decidiu ouvir Ivan e pediu para que o namorado se afastasse.
_ Seja lá o que você disser não justifica a sua monstruosidade. Você tentou matar o Victor e agora se casa com ele! Que tipo de demônio é você? Por que tanta crueldade?
_ Eu o amo! Eu me apaixonei por ele! Victor é o amor da minha vida. Ele também me ama e nós estamos felizes. Estamos em lua de mel.
'Eu me arrependi muito do que fiz. Não há um dia na minha vida que o remorso não me machuca. Eu o visitava todos os dias quando esteve em coma. Nós nos aproximamos e nos apaixonamos. Somos felizes.'
_ O que o Victor sente por você não é amor. É síndrome do Estocolmo. Você o manipulou, está abusando dele psicologicamente. Como você é... uma coisa maligna.
_ O que Victor sente por mim é amor. Ele pensa que sou bom. E de fato eu sou bom para ele. Ofereço ao Victor o melhor de mim, por favor, Carla não estrague a alegria dele.
_ Ele não sabe?! É isso! Ele não sabe que dorme com o próprio agressor! Meu deus! Isso é apavorante! Coitado desse menino!
Carla colocava as mãos trêmulas sobre a cabeça.
O medo dominava Ivan por completo. Sentia o coração bater mais forte e um nó se formar na garganta. Imaginou Victor o deixando e isso o causou pavor. Ele não poderia admitir perder o seu amor.
Sentiu um ódio feroz de Carla. Desejou matá -la com as suas próprias mãos, apertando o seu pescoço até que a sua vida se acabasse.
_ Ele não merece isso. Por que essa crueldade com o menino? O que você pretende fazer com ele? Torturar? Matar?
_ Eu já disse que o amo. Eu jamais faria nenhum mal a ele.
_ Mais do que já fez? Eu não vou deixar que você estrague a vida desse menino. Eu vou contar tudo.
Carla caminhou em direção à loja, mas foi detida pela mão de Ivan segurando o seu braço.
O moreno lançou sobre ela o seu olhar maligno e a seriedade obscura da sua expressão facial, despertando o demônio que habitava dentro dele.
_ Eu sei onde a sua família mora. Basta um telefonema meu e você nunca mais volta a vê-los vivos.
_ Você não teria coragem._ disse Carla assustada.
_ Quer arriscar? Então, entre naquela loja e diga uma palavra sobre aquela maldita noite para o meu marido. Eu vou dizer a ele que é mentira sua. Que você não passa de uma ex louca e homofóbica capaz de inventar uma mentira tão sórdida porque não se conforma de perder o namorado para um outro homem. E quem será que ele vai acreditar? Afinal, você não tem provas.
'Mas isso vai me deixar muito puto. E vou fazer questão de mandar apagar um a um da sua família...até mesmo o seu irmãozinho de nove anos.'
Carla puxou o próprio braço e abaixou o olhar. Lembrou -se da mesma ameaça que sofrera de Sônia e não quis arriscar. Ela sabia que os Matarazzo eram ricos e influentes. Carla não teria força social para brigar com Ivan.
_ Você é uma pessoa horrível! Ao contrário de você, eu acredito em deus e na justiça divina. Dessa você não vai escapar. Só espero que Deus proteja o Victor das suas garras.
_ Victor não precisa de proteção. Mas, você precisará se tentar destruir a minha vida.
Carla estava tão enojada de Ivan que se afastou dele, ligando para Vinícius chamando-o para ir embora com ela.
Ivan respirou aliviado vendo Carla partir. Decidiu que iria partiria para Zurique naquele mesmo dia. Queria distância da ex-namorada.
Entrou na loja abraçando e beijando Victor, que reagiu com frieza.
_ Ivan, o que aconteceu? A Carla ficou em choque quando soube que estamos juntos e vocês ficaram de papinho lá fora. Tem alguma coisa errada. Eu exijo que você me diga. Eu sou o seu marido e tenho direito de saber tudo o que desrespeita a sua vida. Eu estou cansado de segredos. Primeiro você chega em casa quebrando tudo e diz que não vai me perder. Agora isso! O que você está escondendo de mim?
_ Que bebezinho mais nervosinho.
Ivan tenta beijá-lo, mas Victor desvia a boca. O moreno acaricia o rosto do marido.
_ Meu bem, a Carla é a minha ex namorada ela ficou com ciúmes de saber que estamos juntos.
_ Ela estava acompanhada do namorado, Ivan!
_ E daí? Carla nunca se conformou com o fim do nosso relacionamento. E além do mais, ela não sabia que eu também gosto de homens. Imagina para uma homofóbica o choque que é vê o ex-namorado com outro homem.
_ Carla não parecia ser homofóbica. Ela nos defendeu na noite em que Gael brigou com os homofóbicos que nos atacaram no bar.
_ Uma coisa é o primo do ex-namorado outra é o próprio ex. Ela está com o orgulho ferido.
'Solzinho, acabamos de nos casarmos , estamos em lua de mel na Suíça e vamos ficar perdendo tempo discutindo por causa da Carla? Eu só quero curtir o meu maridinho lindinho e gostosinho.'
Ivan segurou as faces de Victor e o beijou.
_ Bebezinho, eu estou morrendo de fome. Vamos a um restaurante ótimo que há por aqui. Eu tenho certeza que você vai adorar a comida local. Depois, vamos a Zurique.
_ Mas já! A gente nem conheceu esta vila.
_ Você vai gostar muito mais de Zurique. E além do mais, só temos duas semanas de viagem. Temos que aproveitar o máximo.
'Agora vamos papar, lindinho?'
Apesar de não insistir mais no assunto, Victor permaneceu desconfiado. Temeu que o marido tivesse algum segredo envolvendo traição.
_ Você entendeu bem, Felipe?_ perguntou Sônia nua, sentada na cama ao lado de Felipe também nu, fumando um cigarro.
_ Entendi. Até que você não é burra, heim mulher.
_ Um acidente de carro será uma morte perfeita. Acidentes de trânsito acontecem com frequência no Rio. Ninguém vai desconfiar. Você tem alguém de confiança que possa te ajudar a executar o plano?
_ Sim. Eu conheço um cara. Mas, acho meio estranho envolver outra pessoa. Por que tu não me ajuda?
_ Porque é meu filho, Felipe! Eu não sou nenhum monstro!
Felipe a olhou sorrindo girando a cabeça negativamente.
_ Sabe o que eu estava pensando? Se colocarmos a Luíza nesse pacote? Ela é a irmã bastarda do Ivan, corremos o risco de dividirmos a herança com ela.
Felipe a olhou com os olhos arregalados como se tivesse sido ofendido.
_ Você tá louca?! Nem pense em tocar num fio de cabelo da Luíza.
_ Eu não acredito que você está apaixonadinho pela songa monga.
_ Não é nada disso. Mas a mina é gente boa. É minha amiga!
_ Ah, eu posso sacrificar o meu único filho, mas o bonito não pode sacrificar a amiguinha?! Você é um egoista, Felipe!
_ Ninguém toca na minha amiga. Não tem problema nenhum em dividir a herança com ela. Tem muito dinheiro. Se mexer com a Lu eu tô fora do plano.
_ Ah tá bom! Tá bom! Deixamos a songa monga de fora.
Sônia deu uma gargalhada sonora.
_ Tá rindo de que, maluca?
Ela ria tanto que segurava a barriga.
_ Eu tô aqui imaginando a cara de choro da puta loira no dia do enterro do filho dela._ risadas_ Pobre chora feio. Fazendo escândalos, escorrendo catarro. Essa cena eu não perco por nada.
_ Você não vai perder. Os sepultamento dos dois serão no mesmo dia, já que estão casados. Já vou logo avisando que você vai ter que controlar o riso, já esqueceu que você é a mãe do outro defunto?
_ Verdade. Mas, será tão difícil me conter diante dos escândalos da morta de fome.
Sônia mudou a expressão como se lembrasse de algo muito importante.
_ Felipe, você precisa me ajudar. Estou com uma dúvida cruel.
A mulher correu para a closet. Retornou trazendo dois vestidos pretos nos cabides, mostrando ao amante.
_ Qual destes dois eu uso no enterro de Ivan e da bicha burra? Este ou este.
Felipe a olhou sorrindo.
O filme exibido era O guarda Costa. Luíza e Ítalo dividiam o balde de pipocas quase vazio, sentados na cama da jovem.
Ela o havia convidado para assistir o seu filme favorito em sua casa naquela sexta-feira a noite. Luíza comentava o quanto admirava a cantora e atriz Whitney Houston e lamentava pela trágica morte da estrela.
Irritou-se ao perceber que Ítalo não prestava atenção na sua conversa. Estava com os olhos fixos no celular. Ao ouvir a amiga reclamando pela sua falta de atenção, Ítalo se desculpou e mostrou a ela as fotos que Victor acabara de postar no seu perfil do Instagram.
_ E só de pensar que ele está sendo tocado por aquele crápula me dar uma raiva.
_ Normal, né? O crápula é o marido dele. Eu acho que você deveria desencanar do Victor e parti pra outra. Ele está casado e muito apaixonado pelo Ivan. Você vai ter que superar.
_ Eu sei que o Victor sente algo por mim. E também sei que Ivan não presta. Ele vai machucar o meu Victor e eu estarei por perto para dar todo o apoio que o meu loirinho precisar.
_ "Meu loirinho " Hum! Já tomou posse do marido alheio? Já que está com o espírito caridoso, você bem que poderia ir até a cozinha fazer mais pipoca para a sua amiguinha aqui.
_Exploradora.
_ Mas você ama.
_ Amo mesmo.
Ítalo a beijou no rosto e saiu do quarto levando o pote vazio de pipocas.
Ao passar pelo corredor, parou diante da porta entre aberta do quarto de Gael, que adormecia na cama, deitado de bunda para cima usando apenas uma cueca azul.
Sempre achou Gael bonito e atraente, mas naquela noite pode apreciar o seu corpo em detalhes. Imaginou-o nu e sentiu o seu pênis dá sinal de vida.
Entrou no quarto fechando a porta. Devagar, deitou ao lado de Gael, beijando a sua nuca branca que cheirava a sabonete. Com a mão apalpou aquela bunda macia e volumosa.
Gael despertou sentindo o toque de Ítalo. Olhou-o com estranhamento Ítalo sorrindo de um jeito malicioso, mordendo a ponta do lábio inferior.
_ Boa noite, Gael._ sussurrou ao pé do ouvido do rapaz, antes de beijá-lo.