O dia que fodi meu primeiro cu – O outro lado
Fiquei intrigado com aquele convite para um jantar, e mais ainda quando ele me passou o nome do restaurante, um lugar sofisticado e caro, algo que parecia destoar totalmente dele. Não dei minha resposta de imediato, com uma desculpa qualquer pedi um tempo para poder avaliar concretamente o que estaria por trás daquele convite inesperado. Até onde eu sabia, ele não ia com a minha cara, o que nossas desavenças durante a obra no litoral deixaram mais que evidente. O que para mim, era uma lástima, pois no primeiro dia em que o vi na obra, fui atraído por seu porte másculo e literalmente seduzido por aquele corpão suado movido a testosterona.
No entanto, já no primeiro contato, me decepcionei com seu palavreado repleto de palavrões, com a maneira como me olhava e, é claro, com a pretensão de querer me enganar diante da cagada que estava fazendo com as esquadrias defeituosas que entregou e tentava instalar. Nem foi tanto aquele jeito que certos homens têm de farejar aqueles que não são tão másculos quanto eles, mas a mentira que inventou para justificar seu trabalho ruim. Não sei se ele suspeitou que eu sou gay, e por isso agiu daquela maneira. Mas, eu não sou sugestionável ou melindroso quando se trata de profissionalismo, e foi exatamente isso que me levou a apontar, sem o menor constrangimento, o péssimo serviço que estava fazendo. E, para deixar bem claro que estava sendo muito profissional, tratei-o cerimoniosamente por Sr. Brandão, enquanto era mais espontâneo com os demais empreiteiros da obra. Porém, foi ali que ele resolveu que eu era um inimigo a ser combatido e, como macho, não seria de mim que ia ouvir críticas ao seu trabalho, por mais razão que tivesse. E eu, por meu lado, não teria meu profissionalismo desmerecido por um sujeito intragável como aquele. E assim, começaram as rusgas, até que sobreveio aquela tarde fatídica em que ele arrebentou meu cuzinho sem dó nem piedade, furioso por eu ter criticado mais uma vez, e com razão, o trabalho malfeito.
Se ele achou que aquela demonstração de domínio e força ia me intimidar, estava muito enganado. Eu ia continuar criticando abertamente o trabalho dele se algo não estivesse conforme estava no meu projeto, pois a qualidade da obra que eu ia entregar ao empresário dependia desse meu empenho. Quando vi como ele tinha machucado meu rosto, e particularmente meu cuzinho, arregaçando-o tão brutalmente a ponto de me fazer sangrar, senti uma insegurança enorme. Aquele homem não conseguia resolver seus problemas de forma civilizada, tinha que se valer daqueles músculos imensos para resolver uma parada. Num primeiro impulso pensei em denunciá-lo numa delegacia, mas algo me fez repensar a situação e agir com mais sabedoria. Na minha cabeça apareciam duas figuras contrárias, um anjo de um lado e um capeta do outro, como naqueles desenhos animados, ambos me dando conselhos contraditórios. Um me dizia para tentar compreender aquele homem que estava visivelmente sob forte pressão, embora eu não soubesse qual e nem podia atribuir apenas àquele serviço os problemas que enfrentava. O outro me mandava ferrar com aquele petulante, coisa que eu teria facilmente conseguido, apenas com uma conversa franca com o empresário que romperia imediatamente o contrato firmado entre eles, se assim eu julgasse mais acertado.
Embora a atitude animalesca do Brandão se fizesse sentir entre as minhas pernas por alguns dias, eu não consegui tomar uma posição drástica em relação a ele. Aquele volume gigantesco dentro de sua calça, que havia me seduzido da primeira vez em que o vi, era provavelmente um mau conselheiro, mas foi ele quem fechou a questão, e eu resolvi que, a despeito das nossas diferenças, eu ia continuar trabalhando com ele e, para mostrar que ele não tinha absolutamente nenhuma ascensão sobre mim, até ia ajudá-lo a superar as dificuldades que estava enfrentando com aquela empreitada. Eu ia lhe ensinar uma lição com luvas de pelica. Mas com aquele convite extemporâneo eu não havia contado.
Notei o quanto o meu aceite o deixou contente quando confirmei o encontro pelo celular. Alea jacta est pensei com meus botões. Afinal, o que podia acontecer de mal num local público, mesmo que as intenções dele não fossem as melhores, tratava-se de um simples jantar, nada mais. E, se eu percebesse que haveria um algo mais, imediatamente cortaria o barato dele.
A caminho do restaurante, meus pensamentos estavam a mil. Era sexta-feira, um dia pouco propício para encontros profissionais, mesmo ele tendo alegado que se tratava de um agradecimento por eu ter lhe indicado para o trabalho no edifício residencial. Que homem se propõe a planejar um jantar numa sexta-feira à noite, véspera de final de semana, quando facilmente a noite vira uma criança a depender da companhia? Comecei a suspeitar que estava caindo numa armadilha, e assumi uma postura defensiva, calculada, fria e distante. Ele me aguardava numa mesa discreta um pouco resguardada de olhares curiosos mesmo que o restaurante estivesse cheio, o que não estava naquela hora em que cheguei pontualmente no horário marcado. Era mais uma estratégia que adotei para demonstrar que aquilo não passava de um encontro profissional. O Brandão estava elegante, embora estivesse trajando apenas uma calça social e uma camisa que mal continha aquela profusão de músculos e aquele tórax vigoroso. Ele abriu um sorriso na minha direção assim que me viu indagando por ele junto ao maître. No trajeto até a mesa, seu olhar me despiu da cabeça aos pés, e eu tive a sensação de estar caminhando completamente nu entre aquelas mesas. Um calafrio percorreu minha coluna e, infelizmente, minha mão tremia um pouco quando ele se levantou para aperta-la demoradamente dentro da dele.
- Você não faz ideia do quanto fiquei feliz quando aceitou meu convite! – exclamou com uma jovialidade que nunca tinha visto nele.
- Agradeço a gentileza! Mas, sinceramente, não precisava ter se dado o trabalho de me agradecer pela indicação. Eu precisava de uma empresa para fazer as esquadrias para o meu projeto e você tem a empresa. Logo, por que não juntar o útil ao conveniente? – devolvi, tentando controlar minhas emoções.
- Sim, sim, é claro! – minha resposta pareceu não agradá-lo, ao menos me pareceu que não era bem isso que ele queria ouvir.
Quando vieram os cardápios ele me surpreendeu sugerindo umas costeletas de cordeiro que alegou serem excepcionais, indicando que já conhecia o restaurante. Fiquei me questionando sobre o que um sujeito grosseirão como aquele entendia de um cardápio sofisticado, sem chegar a uma conclusão. No entanto, para contrariá-lo, optei por involtini de linguado, mais do que nunca eu precisava mostrar minha firmeza de convicções. Minha escolha dificultou a escolha de um vinho que combinasse com ambos os pratos, o que me fez abdicar dele em nome de uma simples água mineral. O Brandão aceitou a sugestão do sommelier, pois constatei que ele precisava da ajuda de Baco para conduzir aquele encontro, o que foi me fazendo relaxar. Se eu estava tenso com aquele encontro, ele também o estava. Portanto, empate.
Conversamos sobre banalidades, mas ele não tirava aquele olhar de cima de mim, parecia querer me comer com mais apetite do que devorava suas costeletas de cordeiro. Eu olhava para aquelas mãos enormes, eram mãos de um trabalhador braçal, eram mãos que podiam te agarrar e te subjugar sem o menor esforço, meu corpo e meu rosto que o confirmassem. Ao me vir à mente a cena em que ele me apertava contra aquelas tabuas ásperas eu senti meu cuzinho se contraindo em espasmos que não podia controlar, o que me levou a não o encarar, pois isso só aumentaria minha insegurança. O que estava acontecendo comigo? De onde veio esse medo súbito desse homem? Ele era muito mais sexy e envolvente do que eu desejava. Ele notou que eu estava desconfortável e tratou de se mostrar brincalhão, para amenizar o clima. Estava na terceira taça de vinho quando repentinamente mudou o rumo da conversa. Começou com um elogio ao meu corpo, estudou minha reação ao que acabara de afirmar e continuou. Confessou que estava arrependido do que tinha feito comigo naquela tarde, mas que não conseguia se esquecer da sensação maravilhosa que sentiu quando estava dentro de mim. Novamente, esperou uns instantes antes de prosseguir para ver como eu recebia essa confissão. O gole de água ao qual recorri para absorver aquela afirmação teve dificuldade em descer pela minha garganta. Onde ele queria chegar com essa conversa?
- Não vai me dizer nada? – perguntou, fixando seu olhar em mim.
- Não há o que dizer! É um fato que está no passado, e absolutamente superado! – devolvi.
- Já não posso dizer o mesmo! Revivo-o constantemente. – retrucou.
- Então esforce-se para esquecê-lo!
- Não quero!
- Bem! Então não sei mais o que lhe dizer.
- Que me perdoa já seria um bom começo!
- Não sei se é o caso de perdoar, eu acho que superar seria o mais indicado, e isso eu já fiz. - asseverei, na mais deslavada das mentiras.
- E se eu dissesse que gostaria de reviver aquele momento, obviamente não nas condições em que se deu daquela vez onde agi como um animal? Você até me disse que eu sou um amador. Eu queria te provar que não, que posso ser muito melhor do que aquilo. – sentenciou. Então era isso, ele estava querendo me dar o troco por eu ter posto sua masculinidade em xeque. Filho da puta!
- Nem me lembrava de ter usado esse termo. O que não se diz num momento de raiva, não é? – devolvi, decidido a terminar com aquele jantar ali mesmo.
- Você tinha todos os motivos para estar com raiva, agi feito uma besta selvagem. Me perdoe, Caio! – que raios ele tinha que pronunciar meu nome com tanta eloquência?
- Que tal se pedirmos a conta, está tarde? – indaguei
- Vai me fazer sair daqui sem o seu perdão?
- Eu já disse que não se trata de perdoar, mas de superar!
- Nem um de nós superou! – afirmou convicto. – E, para ser sincero, não quero superar, quero poder ter a chance de te mostrar que sou muito diferente daquele homem que te machucou. – emendou. Era o vinho que abastecia aquela coragem e ousadia.
Ele se atrapalhou um pouco após insistir em pagar a conta sozinho, coisa que eu tive que aceitar por imposição, uma vez que ele começou a elevar a voz quando sugeri dividirmos a despesa. As quatro taças de vinho já se faziam sentir e eu queria encerar aquele encontro antes que algo mais desagradável acontecesse.
- Não se ofenda com o que vou pedir, mas eu acho que você não deveria dirigir para casa. Permita-me chamar um carro de aplicativo, amanhã você vem buscar seu carro, vou tratar que fique num estacionamento até amanhã. – sugeri, com a ajuda do rapaz do valet que testemunhava o estado inebriado do Brandão.
- Por que não me leva para casa? – balbuciou, enquanto procurava se equilibrar apoiando uma das mãos no meu ombro.
- É melhor você seguir sozinho! Cuido das coisas por aqui, ok?
- Você é vingativo! – exclamou, quando o colocamos dentro do carro do aplicativo.
Não tive sossego enquanto ele não me confirmou que havia chegado bem em casa quando liguei para o celular dele.
- Fiz papel de tolo, não fiz? Você deve estar com mais raiva ainda de mim agora, e com toda razão. – disse ele ao telefone.
- Engano seu! Trate de ter uma boa noite de sono e verá que amanhã tudo estará melhor.
- Melhor como, se eu pensava em fazer as pazes com você dentro de uma cama e agora estou aqui sozinho e embriagado feito um porco! – balbuciou ele, com a língua pesada, sem desconfiar que também iria me dar uma noite péssima sabendo que tinha intenções de me foder outra vez.
Nos reencontramos pouco mais de uma semana depois, na obra do edifício residencial, ele estava visivelmente envergonhado pelo que tinha acontecido, eu agi como se a situação nunca tivesse existido, o que pareceu deixa-lo menos constrangido. Passado algum tempo, pensei que ele tivesse desistido, pois nunca mais tocou no assunto de me levar para a cama. Nesse meio tempo, fui contratado para fazer o edifício sede de uma empresa em Sorocaba, tratava-se de outro projeto vultuoso que tinha que ser tocado o mais rapidamente possível, pois a empresa precisava desocupar os andares alugados que ocupava num edifício comercial em São Paulo. Como o pedido da direção da empresa exigia que a luz natural predominasse em todos os ambientes em abundância, projetei grandes vãos envidraçados suportados por esquadrias, para o que precisava dos serviços do Brandão. Esperei até a obra civil estar bem adiantada para conversar com ele sobre o assunto, até porque não sabia se nossa parceria profissional ainda estaria vigente quando da hora de fazer as esquadrias. Levou quase um ano até o ponto de iniciarmos o fechamento dos enormes vãos precedidos de uma espécie de varanda que seria ajardinada trazendo mais conforto para os ambientes. O Brandão ficou entusiasmado e feliz quando lhe mostrei os croquis do projeto, porquanto eu já confiava na qualidade de seus serviços, uma vez que tudo no edifício residencial estava saindo às mil maravilhas.
- Fico feliz que tenha me dado a chance de te mostrar a qualidade do meu trabalho. – disse ele, quando estávamos debruçados sobre os croquis. – Sei que comecei muito mal com você, e até hoje carrego esse fardo nas costas. Queria que tudo tivesse acontecido de outra maneira, pode ter certeza. – acrescentou. Eu sabia que ele não estava falando apenas do trabalho, mas também do coito abrutalhado e da malsucedida tentativa de remediar a situação.
- Torno a repetir, isso é coisa superada! Gosto do seu trabalho, estou satisfeito com os resultados até agora e, gosto de você. Estamos nos dando bem e é isso que importa, não acha? – devolvi.
- Quando você fala parece simples, mas não é assim para mim. Me arrependo do que fiz, não consegui remediar a situação, a culpa permanece na minha mente e, para piorar, não estou conseguindo lidar com o que sinto por você. Queria que num estalar de dedos tudo se resolvesse. – afirmou, me deixando encabulado com aquele – não estou conseguindo lidar com o que sinto por você – que podia não ser exatamente o que eu sentia por ele, uma paixão que crescia sem explicação e racionalidade.
- Vamos voltar ao que interessa! Gostaria que você fosse comigo até a obra nesta ou na próxima semana se possível.
- Sim, claro! Vamos ao que interessa em termos profissionais, pois o restante do que me interessa ainda precisa de mais tempo. – asseverou, fazendo aquilo parecer uma cantada.
Numa tarde da semana seguinte estávamos em Sorocaba, eu vistoriando o andamento dos trabalhos, ele se inteirando da empreitada que ia assumir. Em dado momento, durante a inspeção, ele se postou à minha frente impedindo que eu continuasse a caminhar, me encarou com determinação e, pressentindo que ele estava para cometer um desatino, talvez me tomando em seus braços ou me beijando voluptuosamente, como exprimia aquele olhar fixo em mim, dei dois passos para trás para aumentar aquela distância que tinha chegado a ser tão curta que eu pude sentir o calor do corpo dele se destacando no ar quente e parado daquela tarde abafada.
- Obrigado! Obrigado por tudo! – exclamou, levando uma das mãos ao meu braço direito e acariciando-o discretamente.
- Pelo que está me agradecendo? De que tudo está falando?
- Você salvou minha empresa. Me salvou! Se agora estou com mais de uma dúzia de funcionários tocando a obra do edifício residencial, e agora, com mais essa, precisando certamente até me mudar para um espaço maior e contratar mais gente, devo isso tudo a você. - revelou
- É uma troca! Você me ajuda a realizar e deixar satisfeitos os meus clientes e, em contrapartida, tem suas recompensas, não é assim que as coisas funcionam? – questionei
- Analisando friamente sim! Mas, você me tirou de um buraco no qual estava mergulhado até o pescoço. Eu estava praticamente falido quando te conheci e você me estendeu a mão, apesar do que fiz com você. – penitenciou-se.
- Brandão, esqueça e supere isso de uma vez por todas! Já falamos sobre isso, está tudo indo bem agora. – afirmei.
- Eu só quero que você saiba que sou mais do que grato por tudo que fez por mim. Quero que saiba que cada dia que passa você não me sai da cabeça. Quero que saiba que ainda pretendo te conquistar. – disse ousadamente, sem desconfiar que já não precisava fazer absolutamente nada nesse sentido, pois eu estava sentindo mais do que apenas tesão por aquele homem sexy.
Pouco antes do final da tarde, uma chuva torrencial desabou impedindo que continuássemos a checar a obra. Ela foi tão intensa e acompanhada de uma ventania que chegou a arrastar algumas coisas que estavam no canteiro.
- Creio que hoje vocês não voltam para São Paulo. Já ouviram as notícias? Há dezenas de quilômetros de congestionamento nas rodovias que dão acesso à cidade. Parece que por lá o temporal fez inúmeros estragos e o trânsito deu um nó, está tudo parado. Se aceitarem um conselho, sugiro que fiquem num hotel por aqui esta noite e regressem amanhã quando tudo deve estar normalizado, uma vez que já passei por situação semelhante. – afirmou o engenheiro que tocava a obra.
- O que acha, vamos pernoitar por aqui? – perguntou o Brandão. Que aquilo abria uma oportunidade para ele se empenhar no que acabara de chamar de conquista, ficou evidente na alegria que subitamente surgiu em seu rosto.
- Pode ser! Melhor do que passar a madrugada parados na estrada dentro de um carro apertado. Infelizmente teremos que nos contentar em vestir as mesmas roupas amanhã pela manhã, uma vez que não contava com esse imprevisto. – confirmei. Algo me dizia que aquilo não ia prestar, que bastava ele se insinuar para mim que eu ia ceder à luxúria daquele corpo viril pelo qual já não conseguia mais resistir.
- Isso é um problema para você? Pretendo me desvencilhar das minhas tão logo possa tomar uma ducha e não pretendo vestir nada depois disso. Seria maravilhoso ver você fazendo o mesmo. – agora já havia um risinho ladino na cara safada dele.
- Larga a mão de ser tarado, Brandão! – exclamei, embora meu cuzinho começasse a piscar ao ouvir as palavras dele.
- Vou te confessar uma coisa! Gosto quando me chama de Brandão. Ficava puto quando colocava aquele – senhor – antes do meu nome, mas agora estremeço toda vez que ouço você pronunciá-lo. Ninguém o entoa tão sedutoramente quanto você, o que me leva a crer que haja alguma intenção por trás disso. – sentenciou.
- Senhor Brandão! Trate de se controlar! Estamos aqui a trabalho, esqueceu? – zombei. Ele riu, uma risada gostosa e sedutora.
Começava a anoitecer quando entramos no hotel. O Brandão pediu um quarto ao recepcionista que nos encarou cheio de suspeitas ao constatar que não tínhamos nenhuma bagagem. Apressei-me a corrigir o pedido solicitando dois quartos e esclarecendo que só estávamos pernoitando ali por conta da impossibilidade de voltarmos a São Paulo devido ao temporal. A cara que o rapaz fez ao ouvir minhas explicações me pareceu deixa-lo ainda mais intrigado. Ele não conseguia esconder sua suspeita de que estávamos ali para trepar, o que me deixou tremendamente desconfortável.
- Você não precisa se explicar, ele é apenas um recepcionista e se fizer seu serviço bem feito já é uma grande coisa, o que ele acha ou deixa de achar não tem a menor importância. – disse o Brandão, após eu ter me explicado com o rapaz, e ele ter ouvido o comentário do Brandão, fechando ainda mais aquela cara de censura.
Tivemos uma conversa descontraída durante o jantar no próprio restaurante do hotel. O Brandão estava visivelmente feliz por ter conseguido mais um excelente trabalho, embora nossa conversa não versasse sobre trabalho. Eu estava penteando meus cabelos em frente ao espelho depois do banho com os dedos, uma vez que não dispunha sequer de um pente para aquela estadia improvisada, quando o telefone do quarto tocou.
- Caio! Dá para você vir correndo até aqui, preciso que me ajude urgentemente com uma coisa. – a voz do Brandão parecia agitada, ou eu achei que estivesse acontecendo algo grave devido o contexto do pedido dele.
- Acabei de sair do banho, ainda estou com a toalha enrolada na cintura, me dá uns minutos. – respondi.
- É urgente, vem desse jeito mesmo! - replicou
O quarto dele ficava exatamente em frente ao meu, a porta estava ligeiramente entreaberta quando chamei por ele, sem obter uma resposta. Tornei a chamar e empurrei lentamente a porta, de dentro do quarto escuro apenas silêncio. Chamei pela terceira vez ao dar uns passos e me aprofundar na penumbra, quebrada apenas por um par de velas cuja luz amarelada tremeluzia sobre um carrinho de serviço coberto com uma toalha branca bem no meio do aposento. Sobre ele, além das velas, uma espécie de taça de vidro continha morangos, ao lado deles um balde reluzente continha uma garrafa de espumante; duas taças e uma bandejinha com chocolates completavam a disposição do carrinho. Entre tentar entender o que significava aquilo tudo e o preparo para chamar novamente pelo Brandão, percebi que ele estava parado atrás de mim, nu como veio ao mundo. Ao me virar, minhas mãos tocaram rapidamente no abdômen duro dele, me fazendo sentir um arrepio que perpassou todo meu corpo.
- O que aconteceu? O que significa isso? – questionei, ao sentir o brilho do olhar dele me devorando como se eu fosse uma iguaria.
- Uma vez que o temporal conspirou a nosso favor, não podia deixar essa oportunidade passar. Quero me redimir com você. – respondeu ele, tocando nos meus ombros, ainda ligeiramente úmidos, com aquelas mãos imensas, que naquele instante mais me pareceram duas garras prontas a me estraçalhar.
- Não brinca com isso, Brandão!
- Não estou brincando! Quero você! – àquela altura meu cuzinho se contorcia implorando por uma pica.
Eu ainda me encontrava a uma esticada de braço do interruptor na parede, e sem hesitar apertei uma das teclas que acendeu as luzes da cabeceira, mergulhando o quarto numa luz aconchegante e intimista. Também consegui ver aquele macho enorme por inteiro, pelado, de frente, pela primeira vez. Não admira que tenha rasgado todo meu cu naquele dia, o cacete pesado à meia bomba entre suas coxas peludas era algo tão agressivamente gigantesco que era impossível não sentir uma paúra brotando do fundo das entranhas. Ao mesmo tempo, completamente desvairado, meu cu clamava por ele sem se importar com as consequências. Eu quis tocar novamente naquele abdômen trincado que me seduzia, mas o Brandão segurou minhas mãos me impedindo de alcança-lo, como se não quisesse ser tocado. Ao invés disso, ele serviu um quarto das taças com o espumante, as pequenas bolhas que chegavam à superfície se afiguravam como a coisa mais sexy que eu já tinha visto, o que dava uma ideia do tesão que estava sentindo com tudo aquilo. Colocou uma delas na minha mão e ergueu um brinde.
- A você! A tudo que está fazendo por mim! À nós! À essa noite que será só nossa! – brindou, me encarando. Minha vontade era a de me lançar em seus braços e beijar aqueles lábios com toda a intensidade de minha alma.
Em seguida, ele pegou um morango, mergulhou-o no espumante de sua taça e o trouxe até minha boca. Mordi-o o mais sensualmente possível, apertei meus lábios ao redor dos dedos dele e, após engolir o morango, lambi aqueles dedos grossos como se fossem uma rola. Ele abriu um sorriso. Pegou outro morango, repetiu o gesto de mergulhá-lo no espumante e com a ponta dele começou a roçar meu mamilo, observando atento como meus biquinhos se enrijeciam com aquele toque libidinoso.
- Ai Brandão! – deixei escapar quase num suspiro. Minha pica já formava uma saliência debaixo da toalha.
Olhei devotamente mais uma vez para a dele, ela também havia crescido nesse interim, e eu a desejava mais que tudo naquele momento. Ele levou a mão que segurava a taça à minha cintura, tracionou a toalha fazendo-a cair aos meus pés, seu toque era gelado quando deslizou sobre a minha nádega exposta. Sua outra mão cobriu a outra nádega e a apertou com força. Ele me trouxe para junto daquele tronco vigoroso me fazendo sentir cócegas quando meu peito roçou seus pelos. Me conduzindo com todo seu corpo para junto da cama, ele me deitou e se reclinou sobre mim. Comecei a abrir as pernas como uma puta se oferecendo para o cliente. Ele as colocou sobre seus ombros e fez deslizar aquela jeba sedenta no meu reguinho aberto. Minha respiração começou a ficar intercalada, agitada, angustiada. Ele se esfregava em mim, me fazendo sentir sua ereção circundando meu cuzinho como um predador cercando sua presa. Soltei um gemido angustiado e convidativo quando percebi que ele levou a mão até a pica e a forçava para dentro da minha rosquinha. Apertei meus dedos em seus flancos, pois ainda me lembrava da dor que senti naquele dia quando o caralhão entrou em mim me dilacerando todo. Mas, não havia aquela mesma energia daquele dia, ele parecia ter que empurrar com a mão a rola para dentro do meu cu, como se ela própria não estivesse rija e pronta para consumar a penetração. A passagem pelos meus esfíncteres não causou mais que um leve desconforto, a ponto de eu não conseguir identificar se a jeba dele estava ou não dentro de mim. Eu o encarava cheio de doçura e desejo, sem saber o que significava aquela expressão contraída que estava em seu rosto. Cravei meus dedos em seus flancos e o beijei tão suavemente que mal se podia sentir o toque dos nossos lábios. Ele movimentou a pica no meu cuzinho, ensaiando um vaivém que não acontecia porque a rola não estava dura o suficiente para me foder. Eu procurava desesperadamente entender o que havia de errado, pois que havia algo de muito errado naquilo, havia. Será que eu tinha feito algo que o desagradou? Será que não estava tão sensual quanto estava me sentindo? Ou, o que estava acontecendo com aquele macho que não conseguia me foder como tinha feito naquele dia? De repente, o Brandão se virou para o lado, sem que eu percebesse a pica saindo do meu cu. Ele levou ambas as mãos à cabeça, ficou uns segundos em silêncio, respirava sem nenhuma empolgação.
- Isso nunca me aconteceu antes, juro! – afirmou, quebrando aquele silêncio constrangedor.
- Não foi nada! Você deve estar cansado, só isso! – devolvi, sem saber o que dizer.
- Não estou cansado! – exclamou, um pouco ríspido, como se meu consolo o deixasse ainda mais revoltado.
- Não dê importância, isso pode acontecer a qualquer um. – eu sabia que devia ficar de boca fechada, pois aquilo não ia ajudar em absolutamente nada. Mas o que se diz numa hora dessas? Eu nunca tinha passado por uma situação como aquela.
- Não dar importância? Você só pode estar brincando! Eu sou um macho! E quando um macho não consegue foder alguém quando está louco para fazer isso, ele tem que se preocupar sim, e muito. Eu nunca antes falhei quando se trata de foder, nunca. Sabe o que é nunca? – ele estava irritado, eu não sabia se comigo ou se consigo próprio. Fiquei calado, qualquer coisa que eu dissesse ia deixa-lo ainda mais aborrecido. – Acho que é melhor você voltar para o seu quarto! – acrescentou, depois de um tempo, como se quisesse se ver livre de mim.
Ao fechar a porta do meu quarto senti as lágrimas descendo pelo meu rosto. Eu só podia ser um estupido, um babaca completo, chorar porque um cara não conseguiu me foder, sabe-se lá por qual motivo, e eu me sentir culpado por isso, só podia ter explicação na estupidez. Quem disse que consegui pregar o olho? Passei a noite toda me virando de um lado para o outro na cama e contando as horas para o amanhecer, para poder sair dali e voltar para São Paulo deixando esse episódio para trás.
- Bom dia, Brandão! Estou descendo para o café, você está pronto? – perguntei ao ligar para o quarto dele na manhã seguinte.
- Bom dia! Estou quase, vai descendo que te encontro lá embaixo. – respondeu ele.
Terminei meu café sem que ele aparecesse. Estava a um passo de subir novamente e bater na porta do quarto dele quando ele apareceu.
- Desculpe não ter esperado, você demorou a descer.
- Não tem importância! Você já terminou?
- Sim.
- Então podemos ir? Quero voltar o quanto antes, tenho muitas coisas para fazer ainda hoje. – respondeu, sem disposição para se sentar à mesa. Ele estava frio e distante como nunca o tinha sentido antes. A culpa de não termos transado devia ser mesmo minha.
- Vamos sim, também tenho um dia cheio pela frente. Vamos fechar a conta e nos pôr na estrada. – devolvi.
- Eu já fechei as contas! Vamos? – respondeu lacônico.
Ele dirigiu como se eu não estivesse ali ao lado dele, a centímetros dele, sentindo como se uma batalha estivesse acontecendo em seu íntimo. De quando em quando eu virava o rosto para a janela fingindo olhar para a paisagem, só para conseguir sufocar aquele nó que não saia da minha garganta e desabar num choro constrangedor diante dele.
Depois de não nos falarmos por mais de duas semanas, começamos a tratar o serviço de Sorocaba como se tivéssemos acabado de nos conhecer. Todas as frases que trocamos que, além de poucas o suficiente para nos entendermos, foram estritamente profissionais, carregadas de uma frieza ímpar, de um distanciamento peculiar.
Eu não conseguia apagar da memória o que tinha acontecido naquele hotel. Eu devia ter dito algo que não devia. Devia ter feito algum gesto que ele interpretou mal. Como um homem como aquele, que tinha me pego com brutalidade num acesso de fúria e me arrebentado o cu, não tinha conseguido me foder quando estava cheio de tesão para isso, quando tinha armado toda aquela cena com morangos, chocolate, espumante e velas? Havia todo um clima romântico naquele quarto quando ele me atraiu até lá, o que tinha dado errado? Por mais que eu aventasse hipóteses, não chegava a uma conclusão. Ele era um garanhão, não restava dúvida, mas era um garanhão para mulheres e não para gays como eu, foi o que acabei por concluir. Nem todo macho é macho com outro homem. Muitos machos sofrem de um bloqueio se tiverem que mostrar sua virilidade para outro homem. Como é que um cacete daquele tamanho subitamente amolece justamente na hora em que mais devia estar duro para consumar o coito? Eu havia perdido o Brandão para sempre, antes mesmo de o ter, e isso estava doendo mais do que eu podia imaginar. Eu estava apaixonado por ele, cada dia, cada encontro, por mais breve e profissional que fosse, me provava que eu estava amando aquele homem com todas as minhas forças. Ele me evitava, não sei se por vergonha ou por desprezo, não dava para saber pela maneira como passou a me tratar.
- Caio! Quero te mostrar o novo espaço onde instalei a empresa, você topa dar uma passada por aqui? – eu mal podia acreditar no que estava ouvindo, ele querendo compartilhar uma novidade comigo.
- Sim, claro! Quando quer que eu passe por aí? – foi como se uma luz de esperança se acendesse.
- Quando você puder, não tem pressa.
Pressa era tudo o que tinha. Eu queria estar com ele, queria poder olhar fundo em seus olhos e ver se ainda encontrava neles aquele desejo que vi brilhando há tempos atrás. Ele me recebeu com um aperto de mão tão cerimonioso que ali mesmo todas as minhas esperanças foram por água abaixo. As obras permitiram que ele comprasse o novo local, mais amplo e onde agora trabalhavam pelo menos vinte funcionários. Também havia contratado um gerente que ficava na empresa toda vez que ele precisava se ausentar para inspecionar as obras, uma vez que ele mesmo já não atuava mais no serviço braçal. As duas obras que eu havia arranjado e mais outras que entraram quando sua empresa se tornou mais profissional e atendia aos clientes com menos falhas, deram um impulso tremendo aos negócios dele.
- Está tudo maravilhoso, Brandão! Parabéns! Você merece! – exclamei, cheio de entusiasmo pelo sucesso dele.
- Devo tudo a você! Você bem sabe!
- Não diga isso, não é verdade! É mérito seu ter dado a volta por cima.
- Não é não! Se não fosse você isso aqui jamais existiria. Nunca vou chegar a ser o homem que você é. – afirmou melancólico
- Que bobagem é essa agora?
- É verdade, você sabe! É você quem domina a nossa relação, se é que posso considerar que temos uma relação. Profissional, é claro!
- É lógico que temos uma relação! Não é só uma relação profissional, eu amo você, Brandão! E, eu não domino nada, nem mesmo esse sentimento que tenho por você e que está me machucando mais que tudo que já sofri, por perceber que você não me quer mais. – devolvi
- Não diga que não te quero mais! É tudo o que quero nessa vida! Eu só não sei como se ama outro homem, não sei lidar com sua dominância, não sei lidar com aquela broxada. – revelou.
- Que dominância, Brandão? Quando tudo que eu quero é me submeter às tuas vontades, às tuas determinações? Eu nunca tive dúvida de quem é o verdadeiro macho entre nós, você deixou isso bem claro naquela tarde em me enrabou na obra me fazendo aceitar suas determinações, mesmo elas estando erradas. Pode parecer hilário, mas desde então eu te quero como meu macho. – asseverei.
- Eu gostaria que fosse assim, pode ter certeza! – ele havia se resignado a uma condição que não era inerente a ele, e eu ia provar que ele estava errado.
- Temos que comemorar sua nova conquista! – sugeri, para mudar o rumo da conversa que o estava deixando cabisbaixo.
- Acho melhor não! Nossas tentativas de comemoração não foram lá muito bem-sucedidas. Na verdade, foram fiascos sem tamanho. – afirmou ele. – Vamos deixar as coisas como estão. – emendou. Eu não ia desistir dele assim tão fácil. Um macho como aquele não está dando sopa por aí, e esse seria meu, nem que eu precisasse mover toda uma montanha para isso.
Deixei passar alguns dias antes de, durante um de nossos encontros para discutir o andamento da obra de Sorocaba, voltar a tocar no assunto da comemoração.
- Tudo bem! Mas não na sua casa como está sugerindo, e sim na minha. – concordou ele, ainda um pouco relutante, quando voltei ao assunto.
- Hummm, o lobo mau arrastando a presa para o seu covil, não tem como não sentir o tesão aflorando na pele. – sentenciei, fazendo-o dar uma gostosa risada.
- Acha que sou um lobo mau? – questionou, aproximando-se de mim com o olhar cheio de cobiça.
- Tenho certeza! Lembra que eu já senti o quanto esse lobo pode ser mau quando quer? – perguntei, fazendo um joguinho de sedução que começava a endurecer a pica dele.
- Você não faz ideia do quanto eu te quero, Caio! – exclamou, me puxando para um beijo lascivo e úmido, o primeiro que ele me dava transbordando de tesão.
Ele havia combinado nosso encontro para um sábado à noite. Algo me dizia que tinha em mente outro jantar cinematográfico para me impressionar, que perderia horas montando novamente todo um cenário que além de lhe consumir um bocado de trabalho, também o deixaria ansioso à medida que a hora combinada se aproximasse. Portanto, tinha tudo para dar errado mais uma vez, e eu não queria que isso voltasse a se repetir. Com isso em mente, resolvi aparecer na sexta-feira quando sabia que ele provavelmente já estaria em casa, sem avisar e com algumas latas geladas de uma determinada marca de cerveja que ele adorava. Talvez, pensei, se o apanhar de surpresa, não vai estar sob pressão nem ansioso pelo desfecho do encontro.
- Oi? – foi um ‘oi’ interrogativo e um tanto confuso que ele pronunciou ao me ver parado diante da porta. – Não era para amanhã à noite o combinado? – emendou, me fazendo entrar.
- Oi! Foi sim, mas resolvi antecipar. Algum problema? – questionei, louco para tocar naquele tórax nu que estava diante de mim. Mas, procurando disfarçar para não dar a entender que estava ali só para transar.
- Não, acho que não! É que estou surpreso! Não tenho nada preparado, a casa está uma bagunça e, olha como eu estou, nem tomei banho ainda depois que cheguei do trabalho. – desculpou-se, meio sem graça.
- Era exatamente isso que eu queria!
- Como assim?
- Queria sua espontaneidade, e não um cenário montado para me impressionar. Aliás, já estou mais que impressionado, se quer saber.
- Ah, é! Com o que?
- Com esse torso lindo todo exposto como se fosse uma obra de arte! – brinquei, arrancando um sorriso dele.
- Acho que então deveria ir vestir uma camisa. – devolveu ele.
- Se quiser me dar o trabalho de tirá-la em breve, vá em frente!
- Caio, Caio, achei que você era um cara recatado!
- Prefere que eu seja recatado?
- Já não sei dizer! Estou tão encantado com você que tanto o Caio mauricinho e perfumado em roupas vaporosas, quanto o Caio sério e profissional, passando pelo Caio devasso que habita meus sonhos não me dão mais um único minuto de sossego. – revelou.
- Em seus sonhos sou um devasso? Do tipo que faz o que?
- Do tipo que só tem olhos para mim e para me satisfazer! – exclamou ele, ao terminar de verter uma das latas de cerveja num copo e o estendendo na minha direção.
- Acho que então você deu sorte, por que é esse Caio que está aqui agora. – retruquei. Ele deu uma ajeitada na pica que começava uma ereção dentro do short desbotado que estava usando.
Aproveitei que estava com o copo suado na mão para roçá-lo delicadamente abaixo do umbigo peludo dele. Ele protestou tentando se afastar do copo gelado, mas eu persisti e ele me encarou cheio de tesão. Tomei uns dois goles do líquido gelado e me aproximei dos lábios dele sem tocá-los, apenas me insinuando, enquanto com as pontas dos dedos da minha mão livre, eu rodopiava os pelos ao redor do umbigo dele. Ele desistiu de beber a cerveja que estava no copo que tinha nas mãos e me agarrou numa pegada forte que me trouxe para mais junto dele. Ao mesmo tempo, colou sua boca na minha e começou a morder meus lábios intercalando beijos úmidos e afoitos. Por uns instantes esqueci onde estava, só me concentrava naquela boca, no seu sabor, na sua virilidade me devorando numa cobiça desatada.
- Ah, Caio você me deixa completamente maluco! – rosnou ele, entre um beijo e outro.
- Então estou indo bem, era essa a minha intenção! – devolvi
Ele me encarou e, lentamente, foi levando as mãos que estavam nas minhas costas em direção à minha bunda. Amassou-a depois de ficar uns instantes deslizando ambas sensualmente sobre as minhas nádegas.
- Sinto um tesão do caralho por essa bunda! – exclamou.
- É toda sua, para o que quiser fazer com ela! – ele estava tão compenetrado que levou uns segundos para entender minha oferta.
Esperei ele abrir minha calça e puxá-la para baixo até que minha bunda ficasse totalmente exposta. Ele voltou a apertar minhas nádegas sem parar de me encarar, como se quisesse dizer que aquela parte do meu corpo lhe pertencia, que estava se apossando dela, que como macho ele tinha o direito de se valer dela do jeito que melhor lhe aprouvesse. Era uma atitude de pura dominância, de demarcação de território, de me fazer aceitar a submissão que estava me impondo.
- É minha, sim! É toda minha! – balbuciou, confirmando o que ia em sua mente.
Aquela ereção enorme dentro do short dele mal encontrava espaço para crescer, formava uma saliência para o lado da coxa direita dele, e era perceptível quando ele me beijava e a esfregava na minha coxa. Minhas mãos inquietas e ávidas, acariciavam o tórax quente dele fazendo o tesão dele e o meu aumentarem sem cessar. Com as pontas dos dedos percorri a trilha de pelos que ia da altura dos mamilos até dentro do cós do short, eu descia lenta e suavemente, puxando uns pelos delicadamente num ponto ou outro do trajeto, fazendo-o saber o quanto ele se afigurava másculo e viril para mim. Ele fechou uma das mãos ao redor do meu queixo, apertou-o com força e começou mais uma série de beijos lascivos, enfiando a língua na minha boca e movendo-a predadoramente numa atitude de posse. Eu me entregava e retribuía seus arroubos com o cuzinho piscando descaradamente, o que ele conseguia sentir com aquele dedo que vasculhava minha rosquinha anal pregueada. Contudo, apesar de todo aquele tesão imperando no ar dava para notar que algo nele o fazia relutar em seguir em frente. Não era a falta de desejo, mas uma aparente dúvida quanto à pertinência de me foder. Exceto naquele dia em que me fodeu na obra, ele nunca pensou em transar com outro homem, e aquilo tinha sido um momento de desatino, um momento de raiva, uma forma de ir à desforra dos reveses pelos quais estava passando. Agora a coisa era diferente. Passava pela cabeça dele se me foder era realmente o que ele queria e, se queria, por que justamente com um homem? Aonde isso nos levaria depois de consumada? Aquela expressão começou a me assustar. Dava para ver o conflito interno pelo qual ele passava e, se eu o queria como meu macho, tinha que provar o quanto, e já.
Enfiei a mão pelo cós do short a fechei ao redor daquele cacetão. Tentei movê-lo, mas estava tão rijo e cerceado pelo tecido que mal se mexeu. Ajoelhei-me aos pés do Brandão e puxei o short para baixo, fazendo o caralhão dar um pinote para a liberdade. Ele estremeceu quando deslizei ambas as mãos em direção à sua virilha pentelhuda, mergulhando as pontas dos dedos naquele adensamento de pentelhos e acariciando o sacão e a pica. Segurei-a e a levei à boca, fechando meus lábios ao redor da imensa glande babona e lambendo o sumo translúcido que ela vertia. Ele soltou um longo gemido enquanto seu corpo todo se retesava de prazer. Fiquei encarando seu rosto e as expressões que fazia enquanto lambia, chupava e mordiscava carinhosamente o caralhão pesado dele. Em menos de cinco minutos ali trabalhando na caceta, percebi que aquele conflito que o assolava ia se desanuviando, que aquele prazer que eu estava lhe proporcionando era do que ele estava precisando havia muito tempo.
- Ah, Caio! – murmurou ele, num sibilo longo que escapava de seus dentes cerrados.
Coloquei uma daquelas bolas ingurgitadas e peludas na boca e, com a língua, a massageei com o empenho do tesão que estava quase acabando comigo. A imponência, a virilidade, o cheiro almiscarado que vinha daqueles genitais me deixava alucinado. Eu só pensava em fazer o Brandão gozar, queria beber seu sêmen, queria sentir o sabor daquele macho, nem que fosse a única coisa que ele quisesse comigo. Ele agarrou meus cabelos, socava a pica na minha garganta me fazendo sufocar, enquanto eu me agarrava às coxas peludas e vigorosas dele. Em meio a esse transe emocional pelo qual ambos estavam passando, ele gozou, precedido por um urro gutural que brotou do peito estufado. Mal acreditando no que via, ele não tirava os olhos da minha boca que, afoita, trabalhava para dar conta de engolir toda aquela porra espessa que ele ejaculava nela. Não sei por que me emocionei tanto quando comecei a deglutir o esperma saboroso dele. Eu não era um cara rodado, isto é, um cara que já tivesse tido muitos homens. Na verdade, tive dois. Foram duas experiências boas com caras bissexuais, com os quais cheguei a ter relacionamentos que duraram uns dois ou três anos, mas que foram intensos e verdadeiros enquanto duraram. Porém, um homem como o Brandão só vivia no meu imaginário, nos meus sonhos. Acho que foi isso que me levou a me emocionar quanto, quando comecei a engolir a porra quente dele, enquanto aquele rosto ligeiramente barbado e másculo me encarava transbordando tesão. Naquele momento eu percebi que se soubesse como conquista-lo, ele seria meu homem por toda a vida.
O Brandão ficou alguns minutos em completo estado de êxtase depois de leitar minha boca com sua porra, como se não soubesse o que fazer a seguir, como se me lançar sobre uma cama e tentar me foder pudesse leva-lo novamente ao fracasso, e ele não queria passar por isso outra vez, tanto que ficou imobilizado quando o abracei e beijei seu pescoço, seu rosto, o contorno de sua boca. Era mais um indicativo de que eu precisava ser sutil, não me mostrar muito afoito a ponto de exacerbar aquela inibição, e nem tão confiante a ponto de achar que dali em diante ele fosse assumir a condução da transa. O importante era não deixar aquele clima arrefecer, não deixar o tesão diminuir. Apesar da preocupação com a possibilidade de broxar mais uma vez estar presente em sua expressão facial, ele me levou até o quarto, apalpando e passando a mão na minha bunda.
- Algo em você me inibe, tento descobrir se é essa sua determinação sem limites quando se envolve com alguma coisa, se é essa segurança inerente que te faz encarar qualquer desafio, ou se sou eu que me sinto dominado por toda essa sua energia. – confessou ele, para meu desespero de ver a consumação do coito que eu tanto desejava ir se esvaindo.
- Não sei onde você vê tudo isso, pois nesse instante, só quero ser seu, me submeter aos teus caprichos, ser subjugado por esses músculos potentes, ser dominado por sua virilidade. Quero que seja meu macho, Brandão. – balbuciei, tentando incutir confiança nele.
- Nunca me senti assim antes! Sempre me achei dono da situação, mas com você é diferente. As tuas exigências são muito maiores do que as de uma mulher, você espera mais de um homem do que elas. Não é fácil ser o macho de um gay. – revelou.
- Você tem uma gravata? – perguntei inesperadamente.
- Gravata? Tenho! Para que quer uma gravata? – questionou incrédulo com a repentina quinada no assunto.
- Pega ela para mim. – pedi, e ele ainda sem compreender o que estava acontecendo a colocou na minha mão. – Agora senta na cama e se apoie na cabeceira. – continuei; encarando-o com um olhar libidinoso e safado, o que o fez seguir minhas ordens e esboçar um sorriso acanhado.
Amarrei a gravata sob seus olhos como uma venda me certificando de que ele não podia ver o que estava acontecendo.
- O que você está aprontando? – perguntou, tateando o ar à sua volta para me tocar.
- Quietinho! Nada de me tocar! Só fique bem-comportado aí. –
Tive que tirar aquele short com o qual rapidamente ele havia se recomposto depois de eu ter feito o boquete. Fiquei feliz ao ver que ele ainda continuava excitado, que aquela pica não tinha amolecido completamente.
- Você é o homem mais sexy que eu já vi, sabia? – afirmei. – E também o com a maior rola! – exclamei, num sussurro junto ao ouvido dele. – Sabia que eu tenho medo dela? Quando te vejo assim excitado e ela crescendo sem parar, fico verdadeiramente apavorado. – continuei. Ele ameaçou me agarrar, estava com um sorriso encantador naquele rosto onde coloquei uns beijos delicados e carinhosos sobre a barba espinhenta. – Aha! Nada de me agarrar! Quietinho!
Fui descendo os beijos do pescoço para os ombros, dos ombros para o peito, do peito para o abdômen, dele para as cercanias da virilha. O pau ia se levantando e mais parecia um poste quando minha mão afagou os testículos dele. Ele respirava acelerado e superficialmente, a excitação só aumentava. Puxei os pelos grossos das coxas dele, ora delicadamente, ora com mais intensidade, até ele protestar com uns – Ai! Isso dói – que eu recompensava beijando o local onde havia tracionado os pelos.
- Você é um putinho, sabia? Se aproveitando assim de um cara indefeso! Eu devia te dar uma lição para você aprender a respeitar um macho. – sentenciou impaciente.
- Ah é? E que tipo de lição você vai aplicar em mim, se está proibido de me tocar? – sussurrei, ao mesmo tempo que lambia a orelha dele.
- Você está brincando com fogo! Depois não vá me acusar de ser bruto, você bem sabe que quando perco as estribeiras viro um bicho. – asseverou.
- E se eu te dissesse que sei como domar esse bicho?
- Duvido muito!
Nesse instante apoiei minhas mãos em seus ombros, ajoelhado na cama com ele entre as minhas pernas, fui vagarosamente sentando naquele poste de carne que pulsava indecorosa e altaneiramente, louco para entrar numa fenda estreita e se alojar feito um intruso dentro dela.
- Amo você, meu macho! – sussurrei, quando senti a cabeçorra na portinha do meu cu.
No mesmo instante ele agarrou vorazmente minhas nádegas, determinado a assumir o controle daquilo tudo. Senti o dedo dele vasculhando minhas preguinhas e se insinuando no meu orifício anal. Ele guiou a pica até a rosquinha e eu sentei nela, fazendo-a distender meus esfíncteres e me obrigando a soltar um ganido de dor. Meu corpo todo tremia e ele podia sentir isso através dos braços que me envolviam. Eu queria sentar mais um pouco, mas estava doendo demais e eu temia ser rasgado. Como eu estava demorando, ele estocou a vara no meu cu, erguendo a pelve e fazendo a rola afundar nas minhas entranhas. Eu gritei. Ele estava no controle.
- Ai Brandão! Devagar, por favor! – gemi.
Ele girou comigo para o lado e ficou em cima de mim. Fiquei apavorado, tinha ido cutucar o leão e agora temia pelas consequências. Levei mais duas estocadas abruptas que colocaram todo aquele pauzão dentro de mim. Meu cu ardia tanto que a certeza de ele ter me arrebentado era algo indubitável.
- Dói, meu putinho?
- Ai, Brandão! Está doendo sim, pega leve. – gemi.
- Falei que você estava brincando com fogo!
- É falou, só que eu te amo mais do que tenho juízo. – balbuciei. Ele deu uma risadinha gostosa.
- Prometo ser gentil e cuidadoso com você, pois pretendo me aproveitar muito desse cuzinho apertado por muito tempo. – afirmou com a voz grave e confiante.
Eu temia desatar aquela gravata, mas queria ver todo aquele tesão estampado no fundo dos olhos dele. Quando a tirei, ele me encarou como um lobo prestes de devorar sua presa.
- Meu acho! Eu te amo! – sussurrei.
Ele perdeu as estribeiras, me fodeu com toda a sanha e voracidade que seu desejo exigia. Num vaivém interminável, eu gemia e gania, conforme ele intensificava as estocadas. Meu ventre se contraiu e, enquanto meus músculos anais mastigavam aquela pica grossa, eu comecei a gozar. A porra vazava do meu pinto com a mesma intensidade em que eu me sentia apaixonado por aquele homem.
- Teu macho fez você gozar, foi meu putinho? – rosnou ele, ao notar que eu estava me esporrando todo.
- Ai Brandão!
De tão esfolado, meu cu já estava meio entorpecido; o vaivém frenético dele arrancava gemidos submissos da minha boca, que ele vinha beijar cheio de lascívia e ardor. Eu nunca havia me entregue a outro homem como fiz com ele, deixei que ele simplesmente fizesse comigo tudo aquilo que suas necessidades cobravam dele. Quando o vaivém se transformou em estocadas descompassadas, e ele ficava cada vez mais rijo e retesado, eu o encarei e, só movendo os lábios, deixei um – eu te amo, meu amor – se desenhar no contorno deles.
- Porra, como você é gostoso Caio! – grunhiu ele.
Seguiu-se um som rouco que veio do fundo do peito dele, e ele começou a gozar. Subitamente, algo espesso e viscoso escorria para dentro das minhas entranhas, encharcando as cavidades do meu corpo com sua porra cremosa e quente. Duas lágrimas brotaram nos cantos dos meus olhos, aquela sensação de felicidade não conhecia paralelo. Ele as enxugou com a ponta dos polegares, um pouco preocupado de ter se deixado levar longe demais pela voracidade e pelo tesão.
- Te machuquei muito, é isso? – indagou, com um olhar de garoto perdido.
- Bobinho! Você acaba de me fazer a mais feliz das criaturas. – devolvi. Ele colou sua boca na minha e meteu a língua impudica nela. Deixei ele me devassar mais uma vez.
- Nunca senti tanto prazer com uma foda! Foder o cuzinho apertado de um gay é mil vezes mais prazeroso do que foder uma buceta que laceia com muito mais facilidade. – afirmou.
Ele não me deixou voltar para casa por todo final de semana. Estava claro que eu podia ser muito senhor dos meus atos, da condução das minhas responsabilidades profissionais, mas ele descobriu naqueles dias que era ele quem determinava e iria determinar para sempre os rumos da nossa relação. Confiante de que era o macho dominante, tudo o que ele queria era sentir meu amor por ele, e me entregar todo o que ele tinha por mim. Deixamos de ser apenas parceiros profissionais, viramos parceiros na intimidade, num relacionamento que se intensificava dia-a-dia.
Alguns meses depois, quando a obra da empresa de Sorocaba já estava quase finalizada, e novos projetos começavam a aparecer, o Brandão me convidou para uma viagem. Sob o pretexto de que ambos precisávamos de umas férias, ele me apareceu com um pacote de viagem completo para dois no Taiti.
- Ficou maluco! Três semanas do outro lado do mundo. Quanto não custou essa maluquice? Não posso aceitar que gaste tanto dinheiro comigo. Só topo se me deixar dividir as despesas com você. – afirmei, quando ele colocou as passagens e os vouchers do hotel na minha frente.
- Você vai se preparar para essa viagem sem me questionar, esqueceu quem manda aqui? Seja bonzinho ou vou ser obrigado a te dar umas lições de como obedecer seu macho. – respondeu zombando. – Amo você! – emendou, me tomando em seus braços, o lugar mais seguro e aconchegante que eu conhecia.
Na noite estrelada do segundo dia no Taiti, durante o jantar servido no trapiche diante do nosso bangalô sob palafitas, de um mar cristalino onde a luz do luar conseguia penetrar deixando ver a vida marinha se movendo sob nossos pés, o Brandão tirou um par de alianças do bolso do short e, me encarando com doçura, me pediu em casamento.
- Casa comigo! – exclamou, segurando minha mão na dele.
Meu sim emocionado nos levou a transar ali mesmo, sob as ripas de madeira do trapiche, com a lua e aquele céu como testemunhas de um amor tão intenso que ambos tinham sido incapazes de prever.