Bom, como muitos leitores me questionaram a respeito das idades, dizendo que não batiam e tals, devo voltar a dizer que os fatos narrados aconteceram com um amigo, assim realmente tomei liberdade poética para preencher algumas lacunas e acabei me equivocando nas idades, peço que entendam isso como um lapso apenas e que não altera em nada a veracidade das palavras contadas por ele a mim. Mas se quiser achar que é apenas um conto fictício, não tem problemas, mas ainda assim garanto que irá gostar de continuar acompanhando.
CONTINUANDO
Ficamos então Ana, João e eu na área da piscina bebendo e conversando sobre a vida e a chatice que estava sem poder sair pra um restaurante ou uma balada devido à pandemia. Nisso chega Sarah e resolve participar da festa também, obviamente ela ainda não bebia, mas João fez questão de ir até seu quarto e preparar um drink sem álcool para ela, logo ele volta com uma jarra de um drink que parecia um Sex on the beach, todo colorido e cheiroso, Sarah achou o máximo e já foi se servindo, assim como Ana. João e eu preferimos ficar apenas na cerveja mesmo. Ana logo que provou deu uma risada dizendo que realmente era muito bom, mas iria deixar para Sarah, já que ela podia ficar na cerveja também.
Estava feliz com a companhia de João, ainda mais com a viagem de minha esposa, ficar sozinho é tedioso, mesmo com as meninas em casa, nunca dão atenção quando estão apenas com os pais. Continuamos naquela diversão por mais algumas horas, já era próximo das 19h quando escutei um celular tocando em casa, fiz que ia levantar pra buscar, mas a Ana se adiantou e disse que iria, pois precisa ir ao banheiro e aproveitaria atender.
Passado uns 15min volta Ana já me chamando:
--- Pai, era pra você. O Rocha seu sócio disse que precisava falar com você pessoalmente e que é urgente, pra você encontrar ele no bar o quanto antes.
--- Ele não disse do que se tratava?
--- Não, ele falou bem rápido e pediu pra passar o recado apenas.
O que poderia ser? Depois daquela reunião onde estávamos voltando aos negócios, o que poderia dar errado agora?
Sai da piscina e corri me trocar, olhei pela janela do quarto para a piscina e disse que estava saindo e voltaria o quanto antes. Ana nisso saiu da piscina e disse que iria entrar também que precisava terminar um trabalho da faculdade e que estava apenas esperando eu sair do banho. Sarah olhou e pediu se poderia ficar mais que estava gostosa a água e o dia estava bem quente. Olhei então pro João:
--- João, posso deixar ela aí. Você cuida dela pra mim, fazendo favor? Não gosto que fiquem sozinhas na piscina.
--- Claro, Dani. Pode ficar tranquilo que eu cuido da Sarah sim. Não se preocupe com isso.
Senti certa ironia nas palavras dele. Como se eu estivesse com preocupações atoa. Coisas que quem não é pai nunca irá saber como ocorre em nossa cabeça. Mas também não era algo pra criar caso, até porque ele estava fazendo um grande favor em ficar cuidando das meninas enquanto minha esposa e eu estávamos fora. Então peguei a chave do carro, falei tchau a todos e fui me encontrar com o Rocha.
Chegando ao nosso estabelecimento o Rocha estava lá mexendo nas bebidas, reorganizando algumas coisas, com ar tranquilo, achei estranho, pois da forma que Ana disse parecia ser algo urgente:
--- Rocha, tudo bem? O que aconteceu?
--- Aconteceu meu amigo, que nós vamos levantar esse bar e sair dessa crise mesmo com pandemia. Os empresários que contrataram nosso serviço hoje a tarde já espalhou para outras empresas e mais cinco entraram em contrato requerendo nossos serviços à delivery. Algumas serão almoço diário, outras banquetes ocasionais apenas, mas o importante é que isso vai nos levantar novamente. Sei que você estava receoso em trabalhar com comida, sendo que somos uma casa noturna, mas faremos isso até o final da pandemia e depois decidimos se vamos continuar ou não, OK?
--- Que é isso Rocha. Receios a gente deixa de lado a partir do momento que as coisas passam a dar certo. Vamos entrar nessa de cabeça e o futuro deixamos para o futuro. Agora pega um Jack aí e vamos comemorar essa notícia.
Passamos umas horas conversando sobre as novidades e como faríamos agora que teríamos que entregar os almoços de três empresas diariamente, decidimos contratar cozinheiras diárias para montar as quentinhas/marmitas e eu e ele iríamos nos revezar na gerência, trabalharíamos dia sim e dia não para fazer o negócio andar. Tudo decidido, já passado das 21h voltei pra casa. Chegando em casa estava tudo tranquilo, abri a porta do quarto das meninas que estavam cochichando todas sorridentes e felizes, mas assim que entrei elas se calaram.
--- Uhmmm... então as bonitas estão de segredinhos, né?
--- Ah, pai... é coisa de mulher. (disse Sarah)
--- Relaxa pai. Como a Sarah disse, apenas coisas de mulher. Nada que você precise se preocupar. E também não é segredo. É que você é nosso pai né... algumas coisas não falamos na frente de nossos pais. (disse Ana)
--- Fiquem tranquilas, estava apenas brincando. Vocês nunca nos deram problemas e nem motivo para desconfianças, apenas vim ver se estavam bem. Podem continuar com o papinho de meninas aí kkk
Sai e deixei elas lá. Olhei pela janela, João já havia se recolhido também. Resolvi deitar então e ficar vendo algum filme. Antes de ligar a tv, porém, peguei o celular para responder mensagens do Whats e foi aí que percebi que foi a primeira vez que mexi no celular desde a ligação do Rocha e, para a minha surpresa maior, foi aí que eu percebi que o Rocha não havia me ligado. Olhei no Whats e também não tinha nada dele. Liguei pra ele:
--- Rocha, tudo certo? Viu, por um acaso você estava me esperando hoje no bar?
--- Oi, não Dani. Eu fui lá apenas para começar organizar algumas coisas e ia te ligar mais tarde para te contar as novidades, mas como você apareceu por lá aproveitei para já falar tudo.
--- Então você não me ligou por volta das 19h?
--- Negativo, Dani. Por que, o que aconteceu?
--- Não, nada não. Apenas lago que passou pela minha cabeça. Mas nada com você, não se preocupe. Tenha uma boa noite.
Aquilo estava errado, aquilo não estava cheirando bem. Levantei, desci até a área da piscina. Estava tudo limpo, tinham catado as latinhas, as bitucas de cigarro que eu fumo, tinham ligado o batedor da piscina, enfim, tudo normal. Entrei, fui até o banheiro, ambas tinham tomado banho ali, dava pra saber pela roupa no cesto. Mas também nada de anormal, mas quando fui sair do banheiro senti algo no meu pé, olhei pra baixo e perto da pia tinha alguns pingos de um líquido branco e viscoso. Aquilo definitivamente não estava certo.
--- Ana, venha aqui no banheiro, rápido.
Ela chegou correndo.
--- O que é isso aqui, Ana?
Ela olhou para as marcas, me encarou por um momento e com uma cara de como se falando que eu estava louco respondeu:
--- Creme de rosto, oras.
Estendeu a mão e pegou um frasco que tinha a ponta fina e abriu jogando na minha mão. Era um creme branco perolado, esfreguei na mão e vi que ficou igual no meu pé. Olhei pra ela com cara de desconfiado.
--- Você não está mentindo pra mim né? O que você estava conversando com a Sarah que parou a conversa tão rápido?
--- Nossa, pai. Que surto foi esse agora heim? A Sarah só estava falando de um menino que está gostando da escola. Você nunca se implicou com essas coisas.
Como ela me respondeu sem esconder o tema da conversa rapidamente, preferi ocultar a conversa que tive com o Rocha para dar corda para elas “se enforcarem” depois se tivesse algo errado. Apenas disse que tudo bem então e podia voltar pro quarto.
Esperei ela fechar a porta e me aproximei para ver se ouvia algo.
--- O que aconteceu, Ana? (perguntou Sarah)
--- Aconteceu que você derrubou o creme que passou no rosto perto da pia e não limpou e o seu pai pisou em cima. (disse Ana)
--- Ops! (resmungou Sarah)
As duas riram e o assunto morreu.
Definitivamente alguma coisa estava acontecendo e eu iria descobrir o que era.
--- CONTINUA ---
Espero que gostem dessa segunda parte, ainda morna também, mas que foi aonde surgiu o gatilho para Daniel tomar as atitudes que passarei a relatar nos próximos contos. Comentem e votem muito para eu saber que estão gostando e continuar com a história.