Segundas Intenções - 04

Um conto erótico de Del Rio
Categoria: Gay
Contém 4374 palavras
Data: 07/04/2021 15:56:35

Olá casa dos contos! Cês tão bem ? Espero que sim, hoje vim aqui entregar mais um capítulo de segundas intenções pra vocês e continuar a história do Gabriel! Boa leitura

°

O som do caminhão parando era assustador para quem estava desatento, o sopro do motor no meio de uma feira, o cheiro da fumaça e os gritos das pessoas tentando chamar a atenção para seus produtos era algo que não deixaria nem mesmo um morto desacordado por muito tempo. Eu já estava em prantos pela noite passada, não preguei os olhos a noite toda revisitando as memórias da briga, da arma e da traição de Henrique. Eu me sentia sujo, não pelo cheiro das frutas que já estavam podres no caminhão, mas sim pelo sentimento de ter deixado as mesmas mãos que me machucaram se aliviarem na minha pele. Henrique tinha me sujado, me transformado em um grão de areia e depois revelado isso sem remorso. Eu queria ter voltado para o sitio e deixado me matarem, talvez assim essa vida cheia de altos e baixos descansasse, mas não foi isso que aconteceu. Eu estava numa nova cidade, sem conhecer ninguém, sem me despedir de ninguém e só com um endereço e menos de 50R$ no bolso. Hora de ir a luta!

Após os vendedores descerem do caminhão eu me levantei e caminhei entre as frutas que sujavam o chão, o cheiro era algo terrível porém antes de sair eu tomei coragem e peguei um ou outra fruta já que não sábia como e se chegaria no endereço. Perto de pular da carroçaria eu me deixei distrair e derrubei uma caixa com melancias, na hora os verdureiros apareceram e olharam pra mim com um misto de surpresa e irritação, eu apenas respirei fundo, engoli a seco e corri de dentro do avião para a feira. Os homens tentaram me alcançar passando de barraca em barraca e derrubando algumas coisas mas felizmente eu consegui me livrar deles parando em um beco um pouco estreito que levava a outra rua com várias lojinhas e mercados.

Meu coração estava a mil, as batidas se repetiam como um toque de tambores. Eu segurava com força as alças de uma mochila surrada que tinha trazido e desesperado fui olhando ao redor da rua para me localizar. Eu caminhei entre a multidão de pessoas por um tempo até achar uma espécie de orla, eu segurei na barra de uma ponte pequena e olhei o horizonte. Os pescadores desciam com suas redes e vários barcos atracados na areia me mostravam uma vastidão de beleza, eu tinha ficado deslumbrado, tudo era tão colorido vivo e bonito que meus olhos mal podiam descrever. Os barcos nomeados com o que parecia ser nomes de orixás e forte tom marítimo me fazia perceber o óbvio, estava em Salvador! Na capital do estado. Assim que percebi um ânimo incomum nasceu em mim, fiquei apaixonado por tudo, das casas aos postes, até as pedras pareciam ser diferentes de Santalina. Eu apertei o passo e fui andando deslumbrado com as cores, a arquitetura e apaixonado por tudo que via.

Em algum momento esqueci tudo que me acontecerá, eu caminhava ao som do reggae no meio da rua como qualquer outro visitante, o cheiro do azeite era algo que não pode ser descrito e a emoção de ver em todos os lugares um movimento artístico foi surreal. Meus pés não se cansavam então aproveitei para ver lugares que sempre quis perguntando os caminhos para um ou outro na rua. As coisas em Santalina eram tão simples que percebi que estava lentamente aceitando a vida sem cor, sem sal e sem vida que existia lá. Quando cheguei em Salvador um mundo novo se abriu pra mim, as pessoas eram tão diferentes dos habitantes da minha cidade natal, elas usavam cores vivas, estampas africanas, cabelos super chamativos e andavam de um lado para o outro exalando confiança. As crianças corriam ao meu redor do cabelos trançados num estilo afro, suas mães acenavam pra mim sendo o mais simpáticas possível, o sol parecia até ser mais quente em Salvador. Um grupo de homens com cabelos longos e trançados até a bunda caminhavam com uma caixa de som levando música para todo o lado. Eu me sentia no coração do mundo, sendo inundado com a melhor energia que já senti.

Caminhei pelo dia inteiro, falei com minhas pessoas e até provei algumas comidas que me ofereciam. Foi nessa emoção que parei em uma casa aberta ao público, dentro dela tinha vários aterfatos artísticos e tapeçarias artesanais. Eu entrei sem precisar pagar nada, caminhei entre as salas vendo as peças expostas, tudo tinha um tom abstrato com fortes cores que misturavam o geométrico com a bagunça de pinceladas desordenadas. Passei minhas mãos em algumas peças de madeira e admirei as pinturas, algumas pessoas vinham comigo perguntar algumas coisas tentando puxar assunto, eu respondia e mantinha um certo contato. No final eu acabei vendo que perdi algumas horinhas na exposição, sorri no final do dia e sai da casa revigorado.

A noite foi caindo com calma sobre mim como se dissesse que iria me esperar naquela noite. Porém como com a chegada da noite meu medo foi voltando, ele vinha sorrateiro pelo minha nuca, descia até meu pescoço como um calafrio, entrava na minha boca secando-a e depois pousava na minha barriga deixando ela gelada. Eu estava numa cidade nova, não conhecia ninguém e ninguém me conhecia, tinha atrasado para achar o endereço e dificilmente conseguiria achar naquela noite. Parei perto de um muro como quem espera uma luz no fim do túnel, porém se caso ela não aparecesse eu ia procurar, passei a perguntar para algumas pessoas o endereço até que o inesperado aconteceu. Um homem que passava na rua se aproximou, ele disse que me viu perguntando sobre um endereço e perguntou se poderia ajudar.

- Opa! Prazer nego, Marcos e você ?

- Gabriel! Você conhece esse endereço mesmo ?

- Claro baixinho! Sou moto-taxi aqui, sei até onde fica um alfinete no chão

- haha pode me ajudar a achar ? - Sorri

- Pra já men, minha moto tá logo ali

Eu não estranhei, Marcos era um homem alto, branco, cabelo liso escondido num capacete, usava uma camiseta típica de moto-taxistas e tinha uma chave de veículo em mãos sem falar na pochete da cintura. Eu caminhei com ele até onde estaria a moto, era uma espécie de ponto de ónibus na frente de um barraco cheio de mato. Marcos parecia ser um cara legal, me falou sobre alguns lugares em Salvador e me perguntou se era novo aqui. Porém após chegar no local em olhei para os lados procurando a moto, inesperadamente Marcos me puxou pela barra da mochila me jogando do lado de trás do ponto. Eu comecei a gritar tentando me levantar do chão mas ele me puxou pelo cabelo forçando meu rosto contra sua calça.

- O que você tá fazendo ?! PARA POR FAVOR

- Não grita porra! Grita e você morre aqui mesmo, você acha que pode andar pra cima e pra baixo feito uma putinha e nenhum macho vai ensinar uma lição não é ? Agora tu vai ver delícia

Marcos inicialmente tentou abaixar as calças revelando uma mata de pentelhos que desciam do umbigo até o saco mas sem e sucesso e meio atrapalhado ele preferiu me dar um tapa forte no rosto e usar outra tática.

- Porra novinho! Delícia você viu, vou esbagaçar você aqui e agora

- Não! Moço por favor não faz nada

Meus gritos eram abafados por sua mão direita enquanto a segunda tentava abrir a barriguilha da calça para colocar uma rola fedida e bem pequena para fora. Eu tentei ferir ele mas não conseguia, Marcos começou a esfregar meu rosto contra sua rola. Eu me sentia impotente e já percebia que não teria forças para evitar o pior de acontecer. Estava prestes a ceder quando de repente escutei um barulhão, Marcos caiu no chão desmaiado, eu olhei para cima e vi uma mão sendo estendida para mim.

Minha única reação foi abraçar quem tinha me salvado, eu não podia imaginar que tinha sido salvo no último segundo. Eu abracei aquela pessoa o mais forte que consegui, não queria soltar meu salvador, ele se surpreendeu mas logo vi seus braços me enrolando. Depois nos soltamos e finalmente pude olhar para o rosto dele.

- Muito obrigado! Você salvou a minha vida

- Que nada, qualquer pessoa teria feito o mesmo

- Gabriel! Me chamo Gabriel

- Oh, Erick - Ele estendeu a mão para me cumprimentar - Novo por aqui ?

- Ficou meio óbvio ?

- Um pouco, principalmente nessa parte da cidade haha, a propósito você tá bem ?

- Agora sim!

- Acho melhor irmos, ele vai acordar logo

Erick e eu corremos do local enquanto escutávamos os gemidos de dor do homem que tentará me atacar. Rimos o caminho todo, paramos em um local um tanto longe do ponto de ônibus e papeamos um pouco na maior sintonia. Eu descobri que Erick trabalha ali perto e que estava voltando para casa já que tinha recebido a noite de folga. Ele contou que aquela era uma parte bem perigosa da cidade já que vários criminosos usavam os terrenos vazios para praticar crimes. Eu escutei tudo com atenção enquanto olhava bem para meu salvador.

Erick era negro, tinha o cabelo raspado com um risco na entrada bem na moda para a época. Ele tinha um queixo quadrado bem definido e um olhar muito bonito, ele também usava um bigode bem fino quase imperceptível. Erick tinha um corpo atlético e isso era visível, músculos fortes, barriga obviamente trincada e coxas grossas escondidas num short de moleton. Suas mãos eram grossas e seguravam meus bracinhos sem dificuldade, julgo que devia ter seu 20 e poucos anos.

- Mas o que um garoto como você tá fazendo num lugar desses essas horas ?

- Eu tava procurando um lugar, é que quando eu sai da onde eu morava me deram esse endereço - Entrego o cartãozinho para ele - Mas eu acabei me perdendo

Erick olhou pro papel e olhou para mim repetidamente como se não acreditasse no que estava vendo. Eu não entendia o que se passava na cabeça dele, ele segurou o papel e meio sem jeito voltou a conversa.

- Você sabe qual endereço é esse ?

- Não, só me disseram que não ia ficar sozinha lá

- Esse endereço é da casa da Ondina

- Você conhece o lugar ? - Olhei espantado

- Conhecer eu conheço, na verdade eu moro lá kkk's é uma pensão pra um tipo específico de pessoa e você não parece esse tipo haha

- Que tipo ?

- Quando chegarmos lá você vai entender

Erick pegou na minha mão com um toque arrepiante e atravessou o sinal em meio aos carros. Andamos por um tempo entre terrenos baldios e adentrando cada vez mais a noite em Salvador. No meio do caminho as coisas foram ficando cada vez mais sinistras, o número de mendigos era algo absurdo, depois eu me deparava com vários carros da polícia subindo e descendo sem falar nas garotas que estavam paradas em vários lugares se oferecendo para os homens nos carros, elas se jogavam em muitos caras com exceção de Erick e de mim. Fiquei intrigado com isso mas decidi deixar para lá.

Foi muito preocupante ver toda aquela beleza dessa grande cidade que vi pela manhã sendo ofuscada pela escuridão das ruas. Eu pensei que aquilo podia se tratar do universo fazendo um pararelo entre nossas existências. Minha vida era ótima na luz do dia, antes do Henrique, antes de saber sobre a história do terreno e antes da morte do neu pai. Tudo era ótimo mesmo com as dificuldades do dia a dia. Porém quando a noite chegou eu não me preparei, as coisas foram desmoronando ao meu redor e quando vi só consegui me livrar dos escombros depois de perder tudo. Felizmente se até para Salvador existe um dia seguinte com muitas coisas boas por que não pode existir um novo dia para mim ?

Me perdi em pensamentos até que Erick parou na frente de uma casa. A rua era bem suja e a fachada da casa bem acabada. Os mendigos passavam de um lado para o outro com cachorros e volta e meia se podia escutar alguém gritando seja de prazer ou de dor. Erick me pediu para esperar do lado de fora e assim fiz, sentei em dos degraus da casa e esperei ele enquanto observava a paisagem insalubre do local. Depois de alguns minutos Erick apareceu me pedindo para entrar. Eu levantei consertando a mochila nas costas e entrei.

A casa era bem mais arrumada na parte de dentro, tinha uma pequeno saguão onde Erick deixou algo no bolso. De um lado dava para ver uma espécie de sala de visitas e na outra uma sala com televisão onde consegui escutar algumas vozes. Erick me pediu para segui-lo e já torcendo para não cair em outra cilada me deparei com um escritório. Dentro dele tinha alguns livros, flores, uma mesa com cadernos, computador e livros. Ele me pediu para sentar em uma das cadeiras e esperar. Eu me sentei numa cadeira ao melhor estilo sala de espera e encarei o religião até que em minutos após a porta abriu, uma senhora jovem de cabelos longos e encaracolados entrou usando óculos e uma prancheta.

- Ondina, você é ?

- Gabriel - Estendi a mão, mas levei um fora

- Posso saber quem tê mandou pra cá ? Isso aqui não é creche!

- Não, desculpa! Eu sou de Santalina no interior

Parece que após dizer Santalina uma chave girou na cabeça dela, Ondina se sentou numa cadeira um pouco em choque após dizer o nome da cidadezinha, ela tomou um copo de água num copinho de café e me encarou.

- Santalina ? Eu não escuto o nome desse lugar a muito tempo

- Eu morava lá, foi a dona Celeste que me deu o número dizendo que a senhora poderia me ajudar

- Celeste...eu e ela eramos amigas no convento! A gente saiu na mesma época, uma deu força pra outra, última vez que vi ela foi no enterro do marido - Ela parou de falar, encarou o nada da sala e depois voltou o foco a mim - Mas, o que ela queria com você ?

- É que eu tive alguns problemas lá, as coisas não deram muito certo, meu pai morreu e eu não tenho outro lugar pra ficar

- Hum, olha, se você veio da Celeste é por que não é uma pessoa ruim, mas é que eu não tenho quartos sobrando

- Sério ? Dona, eu faço qualquer coisa! Eu não posso dormir na na rua, eu acabei de chegar aqui e não sei nada!

- Você não entendeu, esse lugar não é pra alguém como você, os meus inquilinos - com todo respeito - são boas pessoas, tem família, querem mudar de vida, mas mesmo sendo bons eles fazem coisas boas! Você só tem o que ? 15, 16 ou até 14, eu não posso botar alguém como você pra conviver com gente assim

- Escuta dona Ondina! Eu não tenho outro lugar, se a dona Celeste me deu seu endereço é por que ela sabe que é um bom lugar para eu ficar e eu confio nela! Eu não ligo para o que os outros fazem, eu só quero ter uma chance de viver na normalidade

- Poxa, você fala como um adulto... - Ela respirou fundo, me olhou dos pés a cabeça - Já sei o que fazer

Ela saiu da sala me deixando sozinho e apreensivo, eu não poderia ficar a sorte de Deus. Eu orei para que ela voltasse com uma boa notícia, que por algum motivo maravilhoso ela me deixasse ficar, mesmo já se esperanças. Foi assim por alguns minutos até Dona Ondina aparecer dando um puxão de orelha em Erick que entrava ao lado dela com um pão de queijo e presunto em mãos.

- Já falei pra não comer assim que chegar em casa! Nem banho tomou - Ela deu um tapa nele e depois o soltou - Me responde uma coisa

- Fala Dina, antes que o mistro esfrie

- Você tem mais uma cama no teu quarto né ?

- Sim, por que ?

- Por que você tá olhando pro seu novo colega - Ela apontou pra mim fazendo Erick abrir um rápido sorriso assim como eu

- Só escuta aqui Gabriel! Você vai me ajudar com a casa ok ? Depois Erick tê explica as regras...bem-vindo! - Dona Ondina se levantou e estendeu a mão firme - Não faça eu me arrepender!

- Nunca! - Soltei a mão dela e parti pra um abraço onde ela resistiu no início mas logo aceitou.

Agradeci novamente a oportunidade e subi com Erick enquanto ele comia um pedaço de pão. Era incrível pensar que tudo aquilo tinha acontecido em menos de 24hrs, primeiro o pesadelo em Santalina, depois a experiência horrível mais cedo e agora isso. Talvez eu não fosse um azarado, talvez eu realmente tivesse uma chance de ver as coisas melhorando, todos ali foram tão legais comigo, eu ia ter um novo teto para morar e talvez uma certa independência. Ondina e Erick pareciam ser boas pessoas e eu não ligava para os outros moradores, não cabe a mim julgar ninguém, só deveria respeitar e focar em começar minha nova vida com dignidade e simplicidade.

Erick sorriu pra mim o caminho todo até o quarto, era como se já nos conhecêssemos a muito tempo pela forma como nos tratavamos. Ele me mostrava alguns lugares na pensão, portas de quartos e afins para que eu já fosse me adaptando, eu por outro lado tive certa dificuldade em entender como aquele lugar funcionava. Ele caminhou comigo por cada cômodo e me explicou que a pensão estava vazia por que aquele era um horário importante para os moradores. Eu não entendi porém decidi não perguntar. Erick subiu as escadas comigo até um corredor repleto de portas e bem perto do final ele pegou uma chave do bolso e abriu uma das portas.

Adentramos o quarto que deveria ser de Erick com um clima bem melhor, eu não pensava mais em nada, nem no acontecido horrível que tive o desprazer de passar. Eu só queria tomar um banho e dormir em uma cama quente, nem precisava ter o colchão bom, só queria ter a sensação de dormir em segurança. O quarto de Erick não era enorme, mas era bom pra uma ou até duas pessoas morarem. Tinha uma janela bem no fundo liberando a luz do luar e uma cama forrada colada no lado direito do quarto, na outra ponta tinha um armário bem bonito junto com um frigobar. O quarto também tinha uma televisão e uma espécie de provador. A decoração era simples, parece que não tinha sido modificada por anos e a iluminação não era tão precária assim.

- Olha, você tem muita sorte! Pegou o melhor quarto e o parceiro mais legal

- Não brinca kkk's - Dei um tapinha nele - Muito obrigado por tudo essa noite, você deve estar exausto

- Escuta, eu já tive no seu lugar, sei como é ser a pessoa vulnerável, um irmão ajuda um irmão né - Ele deu um tapinha revidando - Coloca a mochila em qualquer canto, esse quarto tem um banheiro logo ali - Disse apontando para uma porta do lado do armário

- Obrigado - Caminhei pro banheiro deixando a mochila num cantinho

O banheiro do quarto de Erick foi uma grande surpresa, a casa tinha um aspecto velho mas aquele banheiro era bem moderno, tinha um box de banho com porta de vidro e uma pia de mármore incrível. O vaso era algo lindíssimo e o chuveiro tinha até regulador de temperatura, algo que nunca tive acesso na vida. Eu nem cheguei a tirar a roupa, abri a porta e encarei Erick

- Eu nunca vi um banheiro assim!

- Poisé! Eu só tenho o melhor haha, aproveita ué

- Sério ?!

- Claro! Pera - Ele foi até o armário pegou uma toalha jogando em mim - Tira bem o fedor daquele babaca que tê atacou na rua

Eu sorri e corri pro banho, deixei a água molhada cair sobre mim e limpar minha pele. A corrente do chuveiro foi limpando aquele dia agitado de mim, apagou meus medos, minhas inseguranças, marcas e lágrimas. Eu não tinha chorado o dia todo e naquele momento eu me senti obrigado a faze-lo. A água era limpa, cristalina, limpada meus cachos e a minha mente, eu queria deixar os rostos de Henrique, do prefeito e demais escorrerem pelo ralo. Me senti puro e de bem comigo mesmo, meu nojo por mim já não passará de uma memória antiga, a sujeira entre meus dedos já não aparecia mais, o suor do medo desapareceu com a correnteza artificial e finalmente meu espírito encontrou descanso. Eu encontrei descanso em um simples chuveiro e tudo se tornava um simples pesadelo.

Terminei o banho e me enxuguei, fiquei seco e minha pele aveludada, olhei para o espalho e até arrisquei um sorriso bobo de contentamento, vesti um short leve junto com uma camiseta branca bem padrão. Penteei meu cabelo deixando os muito mais chamativos agora molhados e pesados pendendo para baixo. Me sequei um pouco mais e sai do banheiro enrolando a toalha em mãos.

- Opa! Já vi que aproveitou muito kkk's Ondina vai me matar quando ver a conta d'água

- Você não gostou ? Eu fiz algo errado ?

- Não! Nadinha, tu parece que ser um cara ótimo

- Valeu, você também, tê devo muito!

- Que nada rapaz, te falei, já tive igual a você um dia

- E o que fez pra mudar ?

- Eu não mudei! Só cresci e aprendi umas coisas - Erick pegou o controle da televisão - Aproveita que vou pro banho e assiste um filme sla

Ele pegou uma toalha e caminhou para o banheiro. Eu comecei a mexer nos botões um pouco inexperiente, pulei de canal em canal até parar num desses filmes de ação, nunca fui muito de ver filmes assim mas minha vida tinha se tornado um filme assim então o que tinha a perder ? Fiquei assistindo por um tempo até a curiosidade falar mais alto, levantei da pilha de almofadas no chão e caminhei pelo quarto olhando cada detalhe. Na hora eu me perguntei, Erick tem tanta coisa maneira, por que morar num lugar assim ? Dei de ombros e voltei a olhar os objetos de decoração, encontrei alguns livros sendo a maior parte quadrinhos, eu achei curioso já que sempre soube que todo homem amava essas coisas porém nunca tive afinidade. Fui olhando os folhetins coloridos até um panfleto cair de um deles. Me agachei e peguei, olhei para o papel e vi alguns detalhes em preto e dourado.

- O que ?

Me perguntei comigo mesmo o que aquilo significava sem resposta. O folheto era algo bem chamativo com tópicos bem diretos, um nome estava no topo centralizado com o nome "Lux" e o resto era repleto de palavras aleatórias como "critividade" "venha para o lado B da vida" "instigante" e etc. Eu pensei comigo sobre algum comercial que falava sobre algo parecido mas não achei nada importante, quando a porta do banheiro abriu eu rapidamente coloquei o panfleto no quadrinho e voltei para a televisão.

Erick estava com um short azul simples e uma camiseta vermelha regata, ele se sentou comigo após pegar um refrigerante no frigobar e conversar um pouco comigo. Quando olhamos o relógio tomei um susto, já era quase duas da manhã, Erick parecia bem disposto mas eu queria cair na cama. Ele se levantou foi até a cama e retirou uma parte de baixo com um colchão e uma almofada. Ele fez questão de me deixar dormir na cama de cima mesmo comigo pedindo para ficar na de baixo. Erick não aceitou um não como resposta e terminamos a noite cada um em sua cama.

Mesmo cansado eu não consegui pregar o olho, as lembranças de Henrique invadiam minha mente, pensava comigo mesmo o quanto tinha sido burro para acreditar nele, imaginava ele e o pai rindo as minhas custas após aquela vez na praia e por fim...na própria vez na praia. Passei a lembrar do toque de Henrique do cheiro dele, das cores, a textura, lembrei dele entrando em mim e nas minhas mãos agarrando suas costas. Lembrei do amor, do amor que sentia por ele, dor amor que pensava que ele tinha por mim. No final eu me vi envolto em raiva com os sentimentos a flor da pele, imaginei nas diferentes formas de agredir tanto Henrique quanto seu pai no sítio, não sentia vontade de me vingar, mas era inevitável não ver aquele sentimento nascendo em mim como uma erva daninha no meio das flores.

Por outro lado imaginei em Gui, Bernado e Duca. Lembrei deles e em como os três deviam ter ficado sem entender meu desaparecimento repentino, acho que foi melhor assim, minha amizade com eles era diferente de qualquer coisa que tive com outras pessoas, eu gostava dos três de certo modo, não sabia como, nem o por que só que queria estar com eles agora. Me desculpar com Duca, terminar a conversa com Bernado e conhecer mais um pouco sobre quem era o Gui. Talvez eu não tivesse mais a chance de saber, talvez eles nunca mais tivessem a chance de me ver.

Pensando nisso tudo eu não me aguentei, me encolhi na cama e comecei a chorar. Deixei minhas lágrimas limparem meu rosto e minha mente, levarem em sua estrutura minhas lembranças e pesares. Tinha aguentado até ali sem deixar os sentimentos ruins me alcançarem mas agora era tarde para isso, eu parei de correr por um único instante e os deixei me capturar.

Foi nesse embalo que quase terminei o dia, porém antes que sono chegasse percebi uma movimentação na minha cama, mesmo com as lágrimas no rosto fui surpreendido com Erick se deitando al meu lado, eu olhei ele e percebi que estava de olhos fechados, não entendi o que aquilo queria dizer mas já me preparava para correr quando senti seu abraço pesado e amoroso em mim. Erick não ia me atacar, só iria me ajudar. Meu coração se aliviou e deixei um sono me levar numa conchinha inesperada com meu novo colega de quarto.

Talvez Salvador não fosse ruim, talvez ela só precise de mim!

°

Fim do quarto capítulo! Galera eu sei que as coisas podem estar um pouco calmas mas eu prometo que logo as coisas vão ficar bem agitadas!

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INICIA AGORA UMA RELAÇÃO COM ERIK, MARAVILHA. UM PROTETOR. CREIO QUE VAI PRECISAR. O CONTO TEM MUITOS ERROS NA ESCRITA, ISSO É MUITO RUIM. PALAVRAS ESCRITAS ERRADAS, MAL ACENTUADAS. AS VEZES O SENTIDO DA FRASE FICA PREJUDICADO. MESMO ASSIM CONTINUE, MAS SE PUDER REVEJA O TEXTO ANTES DE PUBLICÁ-LO.

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Espero que com o passar do tempo possa encontrar seus três amigos do passado

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