Capítulo 41
Andréia acordou assustada. O seu coração batia acelerado e uma angústia apertava no seu peito. Devido os seus gritos, Renato também despertou assustado.
Percebendo o nervosismo da mulher, ele tentou acalmá-la com abraços e um copo com água e açúcar.
Andréia relatou que teve um pesadelo pavoroso com Victor e Ivan. Em seu rosto a expressão era de horror, que deixou Renato assustado. Ela não teve coragem de relatar o pesadelo. Andréia tinha uma crença de que se contasse um pesadelo, estaria o trazendo para a realidade e assim poderia se concretizar.
A mulher não sossegou até ligar para o casal. Ao telefone, só perguntou como estavam e quando retornariam. Ela não queria assusta-los. Contudo, permaneceu angustiada pelo resto da noite.
_ Meu amor, foi só um pesadelo. Você precisa se acalmar.
_ Não foi só um pesadelo, Renato. Eu sinto uma angústia pavorosa. Foi a mesma que senti antes de acontecer o que aconteceu com o meu filho. O revoltante é que eles acabaram de se casar. Estão tão felizes.
_ E assim permanecerão. Meu pai dizia que pesadelo é sinal de coisa boa. Por exemplo, se a pessoa sonha com morte significa vida longa.
_ Que Deus te ouça, amor.
A muito custo, depois de receber muitos beijos e carinhos do namorado, Andréia conseguiu se acalmar e se entregou ao sono nos braços de Renato.
Depois de duas semanas, o casal Matarazzo retornou ao seu lar. Victor se orgulhava em presentear a família, amigos e os empregados da casa.
Contava com entusiasmo como foi a viagem, falou dos lugares que conheceu, das comidas que experimentou e reclamou muito do frio europeu.
Todos esses relatos foram feitos num jantar que organizou para receber a família, Virgínia e Renato.
Após o jantar, todos foram à sala de jogos, onde os mais velhos jogavam sinuca e os dois mais jovens foram até a varanda do segundo andar conversar.
Victor contou a Virgínia sobre o episódio de Carla. O menino disse que não engoliu as desculpas de Ivan.
_ Ele está sempre estranho. Primeiro o negócio de se ajoelhar em público, depois o lance de chegar em casa quebrando tudo e agora a parada da Carla.
_ Você deveria ter ido atrás quando ela foi pra fora com o Ivan.
_ É... Eu vacilei mesmo. Ela parecia querer me dizer alguma coisa.
_ Pergunte a ela.
_ Como? A mulher está lá na Suíça!
_ Pelo direct do Instagram. Esqueceu que vivemos num mundo globalizado e conectado?
_ Você acha que devo?
_ Acho que já deveria ter feito.
O loiro procurou o perfil de Carla. Pelo direct mandou um "oi, como vai?" Para dar início a conversa.
Para a sua surpresa, Carla visualizou na mesma hora. Como temia as ameaças de Ivan, ela o bloqueou no mesmo instante. Deixando-o ainda mais desconfiado.
_ Ela me bloqueou. Isso tá muito estranho.
_ Vai que ela tá com ciúmes de você por esta com o ex-namorado dela.
_ Ah, não sei.
_ Faz todo sentido, Vitinho. Ela namorou o Ivan por anos e ele sempre enrolou pra se casar com ela. E contigo se casou às pressas. Ela deve estar com o orgulho ferido.
_ Vem, meu Solzinho. Vem jogar uma partida conosco._ Ivan disse o beijando e o levando para dentro.
Depois de um dia exaustivo de trabalho, Ivan chegou em casa e foi recebido por Victor, se atirando em seus braços, o beijou.
O loiro mostrou a Ivan um par de convites vips de um camarote que o casal recebeu para a estréia boate LGBTQIA mais badala do mundo.
A casa noturna teria a sua primeira filial no Rio de Janeiro.
_ Eu nunca imaginei que um dia iria à Babylon por ser uma boate de gente rica. Agora tenho os ingressos vips. Fui um dos convidados de honra. _ Victor dizia dançando. _ O que um sobrenome não faz, né? Mal me tornei um Matarazzo e já recebo convites vips. Eu estou um nojo de chique!
_ Espero que a Babylon brasileira esteja à altura da de Nova York.
_ Você já foi a Babylon de Nova York?
_ Sim. E também a de Milão, Paris, Zurique e a de Tóquio, que essa última foi a melhor de todas. Um dia, eu te levo.
_ Ah, eu quero ir. Mas, eu vou armado com o meu olhar sério pra cima das bichas que ficarem de gracinhas com o meu homem.
_ Ciumento esse meu maridinho. Tá me dando até tesão.
Ivan o puxou pela cintura e o beijou.
_ Vamos tomar uma ducha juntinhos. Tô louco pra te comer gostoso debaixo d'água. _ Ivan disse, enquanto apalpava a bunda do marido.
Victor aceitou a proposta do marido com um sorrisinho safado que deixava Ivan louco.
Enquanto o casal se beijava apaixonadamente, Regina ouvia tudo as escondidas para relatar a Sônia.
A mulher viu como uma oportunidade perfeita para executar o seu plano diabólico.
Pediu para que a empregada doméstica averiguasse detalhes do dia e hora que seria o evento e se o casal estaria acompanhando de algum segurança.
E assim foi feito, Regina descobriu todas as informações solicitadas e que o casal não estaria acompanhado de um segurança, pois Ivan preferia andar desacompanhado como fazia na Europa.
A loira passou as coordenadas para Felipe, que junto com um amigo Armando se prepararam para por o plano em prática.
Felipe comprou os ingressos somente para aguardar o casal no estacionamento da boate junto com o seu parceiro Armando.
O casal Matarazzo chegou por volta de uma da madrugada. Ivan preferiu não consumir bebidas alcoólicas por está dirigindo, pois não queria pôr a vida do companheiro em risco.
Porém, Víctor aproveitou o máximo que pode. Sempre fora proibido pela mãe de frequentar lugares festivos e sair com os amigos. Por isso, bebeu, dançou e aproveitou muito a sua liberdade.
Ivan quis ir embora às quatro da manhã. Estava cansado e com sono.
_ Você tá é velho, vovô._ brincou Victor beijando amado.
_ Quando chegar em casa, você vai ver a potência do vovô.
_ Hum! Se for assim, quero ir logo pra casa e ser destruído por essa potência.
O loiro envolveu os braços pelo pescoço do marido, e esse o segurou pela cintura e o beijou.
Devido ao efeito do álcool, Victor estava mais alegre que Ivan. Chegou no estacionamento da boate rindo, sendo abraçado por trás.
Perto do carro, Ivan o encostou no carro e o beijou com desejo. No auge da paixão, o casal não percebeu que Felipe e Armando se aproximaram armados.
_ Que lindo casalzinho! Olhe, Armando como o amor é lindo.
Os amantes arregalaram os olhos assustados, vendo os dois homens apontarem as armas para eles.
Ivan se pôs na frente de Victor.
_ Felipe, calma! Vamos conversar. Eu te dou o que quiser, mas nós deixe ir.
Felipe sorria de um jeito maquiavélico.
_ Se eu quisesse algo de ti, eu não te mataria. O que será um desperdício, já que você, apesar se ser uma peste, até que é gostosinho.
Victor sentiu tanto medo que apertava a mão trêmula nas costas de Ivan.
_ É a mim que você quer, então, deixe o Victor ir. Eu vou contigo. Mas, deixe ele voltar para casa.
_ Não! Eu não vou à lugar nenhum sem você.
_ Olha, Armando, eu não disse que o meu enteado era apaixonadinho pelo veadinho dele? Tão fofinhos. Não se preocupem. Vocês vão ficar juntinhos pela eternidade. Vou mandar enterrar os dois no mesmo caixão.
O desespero tomou conta de Ivan. Ele implorava pela vida de Victor, mas de nada adiantou. Felipe permaneceu com a arma apontada para o casal, enquanto Armando pôs um pano com clorofórmio nos narizes dos dois de uma só vez.
Com ambos desacordados, os malfeitores puseram-os no carro de Ivan, nos bancos de trás. Felipe dirigiu o carro de Ivan e Armando o seu próprio.
Toda a cena foi registrada pelas câmeras de segurança do local.
Eles dirigiram até uma estrada pouco movimentada. Estacionaram os carros, e ajeitaram Ivan no banco do motorista com as mãos no volante e Victor no banco do carona. Puseram em ambos os cintos de segurança.
_ Já estou vendo as notícias de amanhã: "Casal Matarazzo morre em trágico acidente de carro quando retornavam da boate. O empresário Ivan Matarazzo dirigia alcoolizado."
Felipe sorria orgulhoso de si. Visualizava as festas que daria no iate de Ivan e nas mordomias que teria sendo marido da herdeira da fortuna do empresário.
Fechou as portas do carro. E pela janela ligou o veículo e ficou observando-o sair estrada a fora.
O carro seguia sem direção. Ao chegar num canto da estrada, desviou o caminho, caindo numa ribanceira. Ivan despertou vendo diante dos seus olhos os galhos das árvores batendo no vidro da carro.
O veículo bateu com tudo num tronco de uma árvore, amassando a lataria. As suas cabeças bateram no macio dos air bags. Mas, Ivan sentiu uma dor imensa na perna ferida.
Um cheiro de fumaça pairava no ar. E o desespero domina Ivan, pois temia que o carro explodisse com os dois presos dentro do veículo.
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