Verdades secretas 53

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 2558 palavras
Data: 13/04/2021 17:58:27
Assuntos: Gay, Tesão, Mistério, Sexo, Amor

Capítulo 53

O sorriso de Ivan surtia nele um efeito de um encantamento, uma transmissão de paz e ternura. Os olhos semicerrados ao sorrir, destacando os longos cílios negros era para Victor era de uma beleza esplêndida.

Tocou com as pontos dos dedos na pequena pinta próxima ao olho direito e foi explorando a sua face, acariciando o rosto do homem amado, que tinha sobre ele um olhar penetrante.

_ Bom dia, Solzinho.

Ouvir a voz do marido dava-o a sensação de aconchego. Sorriu retribuindo o sorriso que recebia de Ivan e o beijou.

_ Bom dia, meu amor.

Pensou em se aconchegar em seus braços para desfrutar do calor do seu corpo e da proteção que Ivan o oferecia. Contudo, despertou antes de concluir o ato.

Victor ficou por alguns segundos olhando para o teto, em silêncio mental, tentando manter em sua mente a imagem do sonho que acabava de sonhar.

Aos poucos, a imagem da expressão serena e amorosa de Ivan foi dando lugar ao seu rosto magro e abatido, os belos olhos vivos e acolhedores se transformaram na visão de um triste e confuso olhar contornado por olheiras profundas.

Preocupou-se com o estado de saúde do marido. Concluiu que Ivan não se alimentava e nem dormia bem. Sempre odiou o seu mau hábito de fumar e agora com tudo isso, deveria está fumando mais do que de costume, o que seria prejudicial aos seus pulmões.

Imaginou que Ivan adoeceria e para o aumento do seu desespero, cogitou que o marido morreria. Imaginou-o triste em seu quarto, escuro, solitário e enfermo. Victor não conseguiu conter as lágrimas.

Era certo que estava magoado, decepcionado e com raiva de Ivan, mas não desejava a sua morte e o seu sofrimento.

Contudo, lhe veio a mente a imagem da sua família e amigos chamando-o de "burro", "estúpido " e "tolo" por se preocupar com o homem que tentou contra a sua própria vida.

Lembrou-se do fato e sentiu-se desesperado em imaginar Ivan o odiando ao ponto de tentar matá-lo. As mãos tremiam, o peito doía muito.

Sentou na cama sentindo um nó na garganta e respirava com dificuldades. Um pânico se apoderou sobre si quando visualizou, mentalmente, Ivan adoecido.

Correu para a sala com a intenção de pedir ajuda. Encontrou Andréia sentada no sofá assistindo TV.

A mulher ficou desesperada ao ver o filho com os olhos arregalados, apavorado, tentando pronunciar algo que não conseguia dizer, puxando um ar para respirar. Levantou a mão trêmula e com muita dificuldade conseguiu dizer:

_ Eu...não...que...que..quero que ele morra! Eu...não...quero...me ... aju...ajude...mãe!

Andréia concluiu que Víctor estava tendo um ataque de pânico e correu para abraçá -lo.

_ Calma, meu amor! Calma!

Ela foi ao quarto às pressas e voltou com a bombinha de ar do menino. Fez-o sentar no sofá e o deu um copo com água e o comprimido do calmante que o médico havia receitado.

Medo, angústia, compaixão, raiva e tristeza misturavam-se dentro do menino, fazendo o seu coração bater mais forte.

Chorou desesperado, gritava e soluçava, deixando a mãe preocupada.

Aos poucos, ele foi se acalmando nos braços da mãe, sentindo-se acolhido sob o carinho e amor materno.

No dia seguinte, ela levou o filho ao médico que o encaminhou a um psiquiatra por desconfiar que o menino sofreu um ataque de pânico ou uma crise de ansiedade.

Quando esteve só em seu quarto, ligou para Maria, que o atendeu feliz por falar com ele.

A empregada disse que sentia saudades e que queria muito vê-lo. Perguntou se ele voltaria para a casa e obteve um não como resposta. Ele contou a ela o motivo pelo qual foi embora, o que a deixou horrizada.

Maria não esperava essa atitude vindo do patrão. Ela sabia que ele amava o loiro e jamais poderia imaginar que chegaria ao extremo.

_ Menino, o que ele fez foi horrível! Você tem toda razão em se afastar, e de se sentir magoado. Mas, uma coisa eu posso te garantir: seu Ivan está muito arrependido. Ele está amargando o peso do remorso. Nunca vi esse homem sofrer tanto como está sofrendo agora. Eu acho que se continuar assim, vai entrar em depressão. Ele está pagando muito caro pelo que te fez.

Victor sentiu-se mal pelo estado emocional do marido. Mas, ao mesmo tempo se sentiu tolo por se preocupar.

_ Maria, não diga ao Ivan que eu te liguei e nem o que eu vou dizer agora, mas cuide bem dele. Não o deixe que se mate sem comer direito.

_ Você também o ama? Isso é lindo demais. O amor de vocês é muito lindo mesmo. Chega me emocionar. Há alguma chance de você o perdoar?

_ Não! O que ele fez me machucou muito. Eu não consigo.

_ Eu entendo. Mas, dê tempo ao tempo, menino. Eu tenho fé que vocês ainda vão se acertar. Vocês dois são lindos juntos.

Maria torcia pela reconciliação do casal. Religiosa, acendia velas e pedia aos santos que rogassem pelo casal, que amor fosse mais forte do que a mágoa e o perdão acontecesse para que ambos pudessem voltar a ser felizes.

Na hora do jantar, preparou, por sugestão de Víctor, uma sopa de legumes batida no liquidificador e levou para Ivan em seu escritório, numa caneca.

_ Com licença, seu Ivan. Eu trouxe para o senhor.

_ O que raio é isso?

_ É uma sopa batida no liquidificador. O senhor não está se alimentado bem e eu trouxe algo nutritivo e fácil de digerir.

_ Eu não vou tomar isso.

_ O sabor está ótimo, senhor.

_ Isso é comida de doente.

_ O senhor quer algo sólido? Eu posso preparar.

_ Eu não quero nada. Pode ir.

_ Mas, o senhor precisa comer! Não se alimenta direito há dias.

_ E por acaso você se tornou fiscal da minha alimentação?

_ Não, senhor. Eu só estou preocupada com o senhor.

_ Obrigado pela preocupação, mas não quero.

_ Na verdade, eu não deveria dizer, mas vou dizer mesmo assim.

_ Maria, com todo respeito, mas eu não ouvir sermão de empregada.

_ Não é isso, seu Ivan. É que na verdade, o Vitinho me ligou. Ele está preocupado com o senhor, com a sua saúde e me sugeriu preparar esta sopa. Mas, ele não quer que o senhor saiba.

_ Você está falando sério?_ Ivan perguntou sorrindo.

_ Sim. Ele o ama, seu Ivan. Desculpe o meu atrevimento, mas eu peço que não se entregue a tristeza, que lute pelo seu casamento. Há amor entre vocês dois. Eu tenho fé que o Vitinho há de te perdoar. O senhor só precisa se esforçar para conquistá-lo. E para isso precisará de forças físicas.

Ivan sorriu olhando para a caneca. Seu coração se encheu de esperanças ao saber que Victor se preocupava com ele.

_ O meu Solzinho é mesmo um anjo. Como pode ainda se preocupar comigo depois de tudo que fiz? Como eu pude perder um homem desses? Eu o quero de volta. Eu vou lutar por ele, Maria.

Maria sorriu satisfeita com a perseverança do patrão, vendo nele se acender a chama da esperança. A face ficou iluminada com um sorriso.

Pegou a caneca e bebeu com vontade.

_ Hum! Até que tá bom!

_ Receita do Vitinho.

Ambos sorriram.

A raiva que Andréia sentia de Ivan aumentava a cada dia. Para ela era doloroso demais ver o seu filhinho sofrer sem merecer.

Desejava arrancar a dor do filho com as próprias mãos e atirá-la para longe do menino.

Fez questão de se desligar da Construtora Matarazzo, sem se importar em quebrar contrato e ter que pagar multa por isso, multa essa que nunca foi cobrada.

Antes de tudo acontecer, havia comprado um carro usado em perfeita condições, que dividiu em doze longas prestações. Viu-se desempregada e endividada.

Contudo, Andréia não era mulher de perder tempo se lamentando. Saía todos os dias em busca de uma vaga de emprego ou estágio e retornava sem obter sucesso.

Numa tarde, decidiu agradar o filho triste perguntando o que poderia fazer para animá-lo.

Victor estava deitado no sofá com a barriga para baixo e a cabeça apoiada no colo de Virgínia, enquanto ambos assistiam Friends pela milésima vez.

_ Você poderia fazer um bolo. Ele ia adorar e eu também.

_ Folgada a senhorita.

_ Você deveria ficar lisonjeada por o seu bolo ser apreciado por mim.

_ Abusada!

_ É verdade, mamãe. Eu amo os seus bolos. Bem, que poderia rolar aquele bolinho de fubá com calda de goiabada...aquele que você põe coco ralado na massa.

_ Tudo bem, meu amorzinho. Mamãe faz.

_ Com ele é "tudo bem, amorzinho. " comigo é "abusada!"

_ Menina, o dia que você tiver esse sorrisinho lindo _ disse segurando o queixo de Victor._ Eu te preparo o que você quiser.

Victor gargalhou zombando da amiga.

Assim que o bolo esteve pronto, todos se sentaram à mesa para degustá-lo. Elogiaram sinceros o sabor do alimento.

Paulo sugeriu a filha que vendesse bolos no centro de Niterói. O local é um centro comercial e muito movimentado.

_ Eu acho uma ótima. Você está desempregada e com certeza venderá muito bem. _ disse Roseli.

_ É... Vocês têm razão. Já que comprei o carro mesmo e tenho que pagar as prestações, vou dar alguma utilidade a ele. Vou vender empadão, tortas salgadas e doces também.

_ Ótimo, mamãe. Se quiser, eu te ajudo.

_ Obrigada, meu amor.

Assim ela fez. Todos os dias, estacionava o carro perto do Plaza shopping e vendia os seus bolos e salgados. Com sua simpatia não foi difícil conquistar clientes de todas as idades. Estudantes, trabalhadores e pessoas que iam passear paravam para comprar as delícias feitas por Andréia e ela só retornava para a casa depois das quatro para poder ir à faculdade.

Renato a ligava e mandava mensagens todos os dias, mas era ignorado. Na última ligação, ele foi atendido e a mulher não o deixou falar, despejando sobre ele toda a sua fúria, o acusando de acobertar o crime de Ivan.

Victor sentiu dó de Renato.

_ Mãe, converse com ele. Vai que ele não sabia de nada.

_ Ah, você é muito ingênuo, meu filho. É lógico que ele sabia. Ele é cúmplice do Ivan. Vive elogiando aquele crápula! Para Renato é Deus no céu e Ivan na terra.

_ Você deveria conversar com ele. Deixe o cara se explicar?

Andréia se mostrou irredutível.

As escondidas da mãe, Victor ligou para Renato e disse a ele onde a mãe vendia bolos e o horário que poderia encontrá -la.

Distraída arrumando os bolos no porta-malas do carro, Andréia ouviu uma voz masculina atrás de si dizendo:

_ Quanto custa a fatia do bolo de chocolate, minha linda senhora?

Ela olhou furiosa para Renato, que sorria com um olhar de cachorro pidão. Ele trazia uma rosa nas mãos, erguendo para ela.

_ Pra você não custa nada, porque não vendo nada para Judas.

_ Eu só quero conversar contigo. Você está sendo injusta comigo.

_ Eu sendo a injusta?! Você se aliou ao homem que tentou matar o meu filho.

_ Eu não me aliei a ninguém, meu amor!

_ Conversa com ele, mamãe. Coitadinho do Renato. Ele veio lá do Rio só para conversar contigo._ disse Victor.

_ Como assim? Como você sabia que estou vendendo bolos aqui?

Ela olhou desconfiada para os dois homens que amava e eles sorriam por terem sidos pegos no flagra.

_ Vocês dois são muito safados.

_ O Víctor é o meu parceiro. _ Renato disse piscando para o menino.

Victor pediu a Andréia que conversasse com Renato e disse que tomaria conta dos bolos até ela chegar. Usou da sua meiguisse para persuadir a mãe e conseguiu.

Renato levou a namorada até uma cafeteria dentro do shopping.

_ Eu não sabia de nada. Assim que soube pela Fernanda, que é a mãe da Luíza e do Gael, eu fiquei indignado. Sinceramente, eu não esperava que Ivan poderia chegar a tão baixo! Sabe um menino que eu vi crescer! E logo com o Victor, que é um menino tão bom! O Ivan é mesmo um crápula.

Renato detestou ter que falar mal do amigo. No entanto, concluiu que era necessário para convencer Andréia. Sua intenção era se casar com a mulher e ser feliz com ela, mas também, queria se aproximar de Víctor e tentar convecê-lo a perdoar Ivan e para isso ele precisava ser convincente.

_ Eu não suportei tamanha safadeza e crueldade e pedi demissão. Não quero mais vê aquele moleque.

_ Renato, você pediu demissão de uma empresa que trabalhou por anos por solidariedade ao meu filho?

_ Sim. Víctor é o meu enteado. Eu gosto muito dele e quero ser como um pai para ele.

Andréia sorriu diante do gesto nobre do namorado. Abraçou-o e o beijou.

_ Ah, meu amor! Me desculpe por ter te julgado mal? Você é tão maravilhoso!

_ Você foi injusta mesmo. Mas, cabe a mim a perdoar a minha futura esposa.

Andréia franzio o cenho.

_ Como assim?

_ Nós vamos nos casarmos, ora bolas! E a nossa lua de mel será em Veneza. Você vai adorar a cidade.

_ Isso é um pedido ou um ultimato?

_ Os dois, meu bem.

Renato a beijou. Retirou do bolso uma caixinha com um par de alianças de noivado.

_ Andréia, você é a mulher mais maravilhosa que já conheci na vida. A cada dia do seu lado a minha vida fica mais bonita e mais alegre. Eu quero construir uma família contigo. Quero dar a você e ao Victor todo amor, carinho e proteção que posso oferecer. Eu te amo, mulher. Casa comigo?

_ É claro, meu amor! Eu te amo!

Ela se atirou em seus braços e o casal se beijou novamente. O casal pôs um no outro as alianças.

_ Só há algo que quero te dizer. Não é fácil. Talvez você nem queira mais ficar comigo depois que souber, mas eu tenho ser sincero com a mulher que amo.

_ O que houve?_ Andréia perguntou preocupada.

_ Eu sou estéril. Nunca pude e nunca poderei ter um filho infelizmente.

_ Ah, é isso?! Eu não pretendia ter mais filhos. Só o Vitinho me basta. E além do mais eu já desconfiava, já que com essa idade você não teve nenhum.

_ Está tudo bem pra você, então?

_ Está tudo ótimo. _ Ela disse sorrindo.

Eles foram até o lado externo do shopping para dar a notícia a Víctor, que vibrou de alegria.

Para comemorar, Renato os convidou para almoçar num restaurante italiano.

Ele disse ao menino que gostaria que fosse morar com eles.

_ Ah, eu não sei. Já sou um adulto e não quero ser um peso para vocês.

_ Imagina se você será um peso. Você é um moleque fodasso. Vamos nos dar muito bem. E isso também faria a sua mãe feliz.

_ Com certeza, meu amor. Você não é um peso. Eu exijo te ter ao meu lado. O lugar dos filhos é ao lado da mãe.

_ Tudo bem.

Renato sorriu diante da nova família, vendo uma possiblidade de unir o útil ao agradável: ser feliz e poder ajudar Ivan.

E-mail para contato: letrando@yahoo.com

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Comentários

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DanielLopes, querer que um milionário mude o seu modo capitalista é pedir o impossível. Kkkk

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Eu sou igual a Maria, torço para esse casal voltar, pq eles se amam muito. Mas creio que o Victor vai demorar para dar um possível perdão, e com razão. Andrei vendendo bolo na rua, já imagino ela como uma empresária, estilo Maria da Paz. Que bom que o casal Andreia e Renato estão de volta, e com casamento a vista.

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Adorei a preocupação do Victor, agora é aguentar o Ítalo no pé dele. Quero ver o que Ivan vai fazer pra tentar se reaproximar dele. Ansiosíssimo por mais!

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Cara, soou muito estranho o Renato dizendo à Andréia que ele não sabia de nada HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA Mas era isso ou eles não se acertavam né? Uma pena ele não poder ter filhos. Seria lindo a Andréia engravidar dele formando uma nova família... Seguinte: amamos o Ivan mas ele tem que sofrer mais pelo que fez com o Victor hein. Nada de perdoar assim tão rápido não. Hahahaahahahaha. Não é porque o loiro está preocupado que o perdão virá na velocidade da luz. E se rolar um cap. extra mais pra de noite, eu ficarei grata =D

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