GENTE! ESSE É O PENÚLTIMO CAPÍTULO DA HISTÓRIA. EM BREVE, VOU PUBLICÁ-LO NO WATTPAD, ENTÃO, SE VOCÊS PUDEREM IR CONFERIR LÁ, EU IRIA AMAR. ESPERO QUE VOCÊS TENHAM GOSTADO DA JORNADA DO KLEBER E SANTINO. ESTOU ESCREVENDO UMA HISTÓRIA PARA O ENZO E TENHO CERTEZA QUE VOCÊS VÃO GOSTAR. NO WATTPAD, TEM O INÍCIO DA HISTÓRIA DE ZEDU E YURI, QUE SE CHAMA "AMOR DE PESO". ENFIM, SÓ TENHO A AGRADECER TODOS VOCÊS PELOS COMENTÁRIOS E AUDIÊNCIA. AMANHÃ PUBLICO O ÚLTIMO C APÍTULO DESSA HISTÓRIA. UM FORTE ABRAÇO!!!
POR KLEBER PEIXOTO:
Você acredita em sorte? Até o ano passado, confesso, que não acreditava. Afinal, eu morava em um lugar horrível, tinha acabado de sair de um relacionamento tóxico e ainda estava em busca de um emprego. Quem diria que uma viagem para o Ceará mudaria tudo.
Depois do acidente, à noite era o pior momento, pois, quando dormia, sempre batia o braço machucado e, segundo, o Anderson, meu fisioterapeuta (e futuro sogro), o osso ainda estava em processo de cura.
No início das nossas férias, a Giovanna testou nossa paciência, pois, nos fez assistir a sua performance no Festival de Música muitas vezes, muitas, muitas vezes. Ela cantou "Listen", da Beyoncé e garantiu a vitória.
No fundo, eu não ligava para as loucuras dela. A Giovanna era uma ótima amiga para o Santino e gostava de extrair o melhor do meu namorado, então, isso já cobria toda a espontaneidade da irmã do Yuri.
Aos poucos, o braço ia melhorando, porém, os remédios para dor se tornaram os meus melhores amigos, só que fiquei com medo da dependência. Fora, que a mamãe e o Santino, ficaram no meu pé para usar opções mais naturais para dormir.
Outro que me surpreendeu de maneira positiva foi o Sérgio. Ele ajudou a pagar vários exames necessários para continuar a fisioterapia. Na verdade, essa ideia veio da minha sogra, achei justo, não vou negar.
Fiquei com pena do meu namorado, pois, suas férias foram ao meu lado, em uma sessão infinita de médicos, consultas e fisioterapia. Estava tão agradecido por tê-lo em minha vida, mas queria aproveitar a folga da faculdade.
— O que vamos fazer hoje? — perguntei entrando no quarto, encontrando o Santino sentado no chão e brincando com um quebra-cabeça que lhe dei de presente.
— Não sei. — ele respondeu, levantando e ficando de pé se espreguiçando.
— Eu quero tomar banho. — falei piscando para o meu namorado, porque no "banho" foi a forma que encontramos para fazer coisas safadinhas.
— Banho? — ele perguntou, tirando a camisa e o calção. — Só se for agora.
Fiquei muito tempo sem usufruir do corpo do meu namorado. Porém, com o tempo, fomos nos adaptando à situação. Sério, o Santino era o mestre de aprontar no banheiro.
Eu não sei vocês, mas, na hora que estou recebendo prazer, minhas pernas ficam tremulas, por isso, o Santino costumava segurar minhas coxas. Enquanto a água caia, eu segurava a cabeça do meu namorado, só não gostava de passar dos limites.
De banho tomado e aliviado, a gente seguiu para a cozinha para preparar um lanche. Decidimos assistir uma série sobre um grupo de jovens que moravam em uma cidade amaldiçoada. Com certeza, alguma sugestão do Sérgio.
Preparamos tapiocas, quer dizer, o Santino preparou, apenas servi de guia e conselheiro gastronômico. Ele arrasou e fez tapiocas deliciosas, já para tomar, escolhemos um delicioso suco de cupuaçu.
A TV da sala do Santino é espetacular, a mamãe e eu, estamos juntando para comprar uma daquele tamanho, só que ainda temos alguns meses de espera. O Santino conectou o celular na televisão, mas, antes de clicar no play, o Sérgio chegou.
— Tino. Baixa Renda. — ele nos cumprimentou e sentou no sofá, ao meu lado. — Qual a sessão de hoje?
— Aquela série da cidade amaldiçoada. — falei, enquanto, o Santino mexia em algumas configurações da Netflix.
— Centralia? Opa. — ele soltou, tirando a camiseta e ganhando mais espaço no sofá.
— Você poderia indicar umas séries melhores, né? — o alfinetei, dando uma risada sarcástica.
— Essa série é muito boa, tá. Se passa em uma cidade chamada Centralia, onde existe um fogo que queima debaixo da terra. Na década de 80, uma criança caiu dentro de um buraco que se formou o quintal da casa dele. É baseada em fatos reais. — se defendeu Sérgio, enumerando os motivos que faziam a série boa.
— Qual é, X9. — o apelidei de "X-9", após ele vacilar com a questão da foto, inclusive, descobri que o meu é maior que o dele, então, já valeu alguma coisa. — Com certeza, a série vai mostrar atores de 30 anos, atuando como adolescentes de 15 que precisam solucionar um mistério.
— Eles escalam atores mais velhos para que eles não cresçam. Já pensou colocam um garoto de 15, na quarta temporada, ele vai ser um homem. Isso se chama, cuidado com a continuidade. — explicou Sérgio, pegando uma tapioca do meu prato.
— Faz sentido. — soltei, pois, o Santino deu play e queria aproveitar a sessão para ficar abraçadinho com o meu amor.
Série péssima! Como eu previ, a direção escolheu atores de 30 anos no papel de adolescentes. Dormi em metade dos episódios, na outra parte, implorei para ser abduzido por aliens. A sorte é que adormeci nos braços do meu amor.
O Sérgio jurou de pés juntos, que na segunda temporada o enredo faz mais sentido e as atuações melhoram. Eu duvido muito, mas, tenho certeza que o Santino vai terminar de assistir e reclamar por causa do final sem sentido. É sempre assim. O X-9 e suas indicações.
Pela primeira vez em semanas, dormi com o Santino. Preocupado, o meu amozão fez uma barreira de travesseiros, porque ficou com medo de me machucar. Acordei com o toque do meu celular e um Santino preguiçoso o atendendo.
— É a tua mãe. — ele disse, ainda com o rosto enterrado nas cobertas e me passou o celular.
— Oi, mãe. — falei sonolento.
— Filho, uma novidade maravilhosa. A tua tia Luciana está vindo para Manaus. Vai passar umas semanas conosco. — ela contou toda animada, pois, quando se tratava da tia Luciana, tudo era muito alegre.
— O Pedro, primo homofóbico, vem? — perguntei, ainda com sono, mas, preocupado com a vinda do Pedro, o primo homofóbico.
— Meu filho. O Pedro ficou muito preocupado com o seu acidente. Apesar de tudo, ele ainda te ama. — garantiu a mamãe, tentando apaziguar a situação.
— Ok, mãe. Vamos torcer para o melhor. Pelo menos, eu não posso bater nele. Te amo, viu. Até depois.
— Também te amo. — ela disse, antes de desligar o celular.
— Pedro, primo homofóbico? — quis saber Santino com os cabelos bagunçados.
— Se prepara, Santino. Vão ser longas semanas. — o alertei.
Para receber a tia Luciana, a mamãe preparou uma verdadeira versão manauara de "Irmãos à Obra", no caso, "Mãe e filho à obra". Por causa de um curso de verão, o Santino não pode ajudar. Então, recorri aos meus amados amigos, Enzo e André, que toparam o desafio.
Quem gostou da movimentação foi o Thor, que aproveitou para ser paparicado de todo jeito. Busquei orientar os meus amigos da melhor maneira possível e no fim da tarde, paguei uma rodada de cerveja para agradecê-los.
A mudança não foi tão grande. A sala continuava igual, apenas alguns móveis diferentes. O meu quarto ganhou uma cor nova, um verde pastel, sugestão do meu príncipe. Colocamos também uma cama de casal e um ar-condicionado. Finalmente, os refrescos.
Graças a indenização da Ufam, por causa da loucura do Kiko, consegui arrumar a minha casa e deixá-la como a mamãe sempre sonhou. Consegui consertar a moto também, mesmo com todos os traumas, não ia desistir de pilotar.
Na semana seguinte, seguimos para o aeroporto para buscar a titia e o Pedro. Eles trouxeram várias malas com roupas e alimentos do Ceará. Conhecendo a minha tia do jeito que eu conheço, comeria bem pelos próximos dias.
Ela ficou apaixonada pelo Santino. O meu namorado reagiu melhor do que o esperado e conversou bastante com a tia Luciana. O Pedro, por outro lado, ficou calado, como se estivesse conhecendo o ambiente onde estava se metendo.
A minha relação com ele sempre foi legal, principalmente, na infância. Entretanto, as coisas começaram a ficar estranhas depois que ele entrou para uma igreja. Ele fazia questão de postar indiretas nas redes sociais, chegando ao ponto de mandar o número de um Centro de Cura Gay. #ridiculo
Enfim, rancores à parte, passamos em alguns pontos turísticos de Manaus. A titia já havia conhecido Manaus, mas, há uns 10 anos, ou seja, muita coisa mudou durante esse tempo.
Depois de um tour express, seguimos para casa e a tia Luh ficou apaixonada pelo apartamento. Adorou toda a decoração e cores nas paredes. Nem parece que fizemos, literalmente, uns dias atrás.
E adivinha para qual lugar da casa as duas foram? Acertou quem disse, cozinha. Já começaram a preparar um creme de camarão. Enquanto isso, mostrei o quarto para o Pedro que deixou às malas na cama e perguntou onde ficava a Igreja Presbiteriana.
Abri o mapa do celular e fiz uma pesquisa rápida. Haviam quatro templos nas proximidades e enviei a localização para ele.
— Ei, os meus amigos vão se reunir hoje. Não tá afim de ir? — perguntei, tentando fazer o simpático, mas torcendo para o Pedro negar.
— Bem, acho que vou aceitar. Posso ir visitar as igrejas amanhã. Só preciso tomar um banho. — ele pediu licença, para o meu desespero.
Droga. Droga. Ele vai encontrar os meus amigos. Tirando o Sérgio, todos os meus amigos são gay. Não vejo problema nisso, mas, não quero deixa-los constrangidos, principalmente, o Santino. Eu e minha língua gigante! Droga.
Às 20h, o Santino chegou com o Sérgio e a mamãe os convidou para jantar conosco. O X-9, como sempre, fez a atuação de sua vida e cortejou as duas. Já o Santino adorou o convite e lembrou na época em que comemos no restaurante da tia Luciana.
— Quero agradecer. — soltou Sérgio, parecendo um galã de novela das 20h, pegando na mão da tia Luciana. — Por essa oportunidade única de provar a sua comida.
— Não cai nesse papinho não, Luh. — pediu a mamãe. — Ele que jogou a foto do Kleber no telão.
— Tia Bruna. Eu já pedi desculpa. — afirmou o Kleber, agora pegando na mão de mamãe. — O que preciso fazer para o seu coração me perdoar?
— Vamos comer? — sugeri, irritado com a péssima atuação do X-9.
A mamãe levantou a tampa da panela e o delicioso aroma do creme de camarão invadiu a cozinha. Os olhos do Santino brilharam quando a mamãe colocou uma generosa porção em seu prato.
Infelizmente, o Anderson me impediu de comer o creme, pois, achava que o prato poderia fazer mal para a recuperação do braço. Aparentemente, o camarão é remoso, ou seja, pode dificultar a cicatrização.
Tive que me contentar com o meu frango grelhado e salada de alface. O Sérgio fez um prato enorme e saboreou cada garfada como se fosse a última, claro, sempre elogiando a titia.
— Sério, tia Luh. Sinto como se estivesse sendo abraçado por todos os anjos da culinária. O camarão do Cocu Bambo e do Banzeiro (restaurantes caros de Manaus) foram jogados na sarjeta. — ele comentou, entre uma garfada e outra.
— Você é gay? — perguntou Pedro, olhando com desdém para Sérgio, que ficou imóvel com o garfo na direção da boca.
PQP! O Santino olhou para mim com uma expressão de medo, afinal, se tratando do Sérgio, qualquer merda poderia acontecer.
Devagar, o Sérgio baixou o garfo e o deixou sob o prato. Ele pensou nas palavras certas por alguns segundos, que pareceram horas. Mesmo, com a tia Luciana se desculpando pelo comportamento do filho, o Sérgio entrou no modo metralhadora de sensatez.
— Não. Eu não sou gay. Inclusive, não vejo problema nenhum nesta questão. Na verdade, tenho muito orgulhoso do Kleber e Santino, pois, a cada dia aprendo bastante com eles. Graças a eles, eu tenho uma família que me ama, apesar das minhas imperfeições. Durante muito tempo, eu agi feito um babaca, tinha medo das coisas que eu não conhecia, mas aqui estou eu, sendo um dos poucos héteros em um grupo cheio de pessoas maravilhosas. Mas, sendo curto na resposta, não, eu não sou gay. — ao terminar, Sérgio pegou o garfo e comeu tranquilamente.
De repente, toquei no meu olho e senti uma lágrima escorrendo. Pedi licença e saí para o meu quarto. Eu não entendia como o Pedro, sangue do meu sangue, conseguia ser um babaca que preferia seguir à igreja do que eu.
O Sérgio conseguiu reverter o climão que ficou na cozinha. Assim como a mãe do Santino, ele tinha o dom de entreter às pessoas. Deve ser algo que vem na programação dos ricos.
Ouvi algumas risadas e me assustei quando o meu namorado entrou no quarto.
— Quem diria, o X-9 salvou à noite. — ele disse me fazendo rir e sentando ao meu lado.
— Saí de maneira dramática, né? — questionei, achando que fiz um papel de bobo.
— Ninguém reparou. — Santino pegou na minha mão e beijou. — Kleber. Você é mais família do que eu. Sério, nem sei a última vez que vi um primo meu. Lembra da música que o Sérgio cantou no festival? Infelizmente, muitas vezes, não estamos destinados à família que nascemos, porém, podemos fazer a nossa própria família.
Dei um abraço longo e apertado no meu namorado. Ele conhecia como ninguém os caminhos do meu coração. Depois do jantar, a mamãe levou a tia Luh para um barzinho perto de casa. E a louça ficou por nossa conta. Fizemos uma produção, o Sérgio lavou, o Santino enxugou e eu guardei.
— Mentira. — soltou Sérgio ao olhar para Pedro. — Ei, homofóbico! — brincou Sérgio, chamando a atenção de Pedro que estava na sala mexendo no celular.
— Você falou comigo? — meu primo deixou o aparelho no sofá e ficou em pé.
— Ei, Sérgio...
— Você acha certo, dois homens se deitando na cama? — Pedro quis saber, me cortando.
— E onde está escrito isso, quem somos nós para julgar o que é certo ou errado? — perguntou Sérgio, alterando o tom de voz e jogando a toalha de prato com os dizeres "Enfia o Bolsonaro no #@", no chão da cozinha.
— Não se deite com um homem como quem se deita com uma mulher. É repugnante. Levítico 18:22. — disse Pedro, dando ênfase em repugnante para o ódio de Sérgio.
— Tudo o que vive na água e não possui barbatanas e escamas será proibido para vocês. Levítico 11:12. — gritou Sérgio, deixando Pedro perplexo.
— Mas... — balbuciou Pedro.
— Não usem roupas feitas com dois tipos de tecidos. Levítico 19:19. — Sérgio disse cruzando os braços, enquanto, eu olhava surpreso para o Santino, pois, o conhecimento biblico de Sérgio me pegou de jeito. — Cortar o cabelo? Levítico 19:27. Raspar a barba? Levítico 19:27. Comer carne de porco? Levítico 11:07. Mas, por que infernos, a única coisa condenável para evangélicos é a homossexualidade?! — gritou Sérgio nos assustando.
— Eu... eu...
— Sabe o motivo? — perguntou Sérgio se aproximando de Pedro. — Porque você usa a bíblia para afugentar os teus próprios medos. Ou, você acha que eu não percebi que você não tira os olhos de mim desde o momento em que eu cheguei? Ou, o aplicativo gay que você tem instalado no teu celular. — Sérgio apontou para a janela da sala que refletiu a tela do celular de Pedro.
Fiquei passado. Não vou mentir. Em anos, convivendo com o Pedro, o meu gaydar nunca funcionou. E, em uma noite, o Sérgio conseguiu desmascará-lo, da maneira mais dramática possível.
Ok. Retiro todos os insultos do Sérgio. A minha vontade era de abraça-lo e agradecer por tudo, principalmente, pela aula de religião que ele nos deu.
Envergonhado. O Pedro colocou às mãos no rosto e começou a chorar. Impaciente, o Sérgio revirou os olhos e respirou fundo.
— Pedro. Você não pode esconder os seus sentimentos por causa de um livro que foi escrito há milhares de anos. Em nenhum momento, Jesus mencionou algo sobre a homossexualidade, então, esse não pode ser parte dos seus ensinamentos. — Sérgio se aproximou e pegou no ombro de Pedro.
— Desculpa, Kleber. — em lágrimas, o meu primo correu na minha direção e me abraçou.
— Tudo bem, Pedro. É confuso, eu sei. Passei por maus bocados. Porém, esse não é um fardo que você precisa carregar sozinho. Os tios te amam demais. Você precisa se abrir com eles.
Em menos de um dia, o Sérgio conseguiu tirar o meu primo do armário. Depois de muita conversa, o Pedro, finalmente, se abriu com a tia Luh. Alerta de spoiler: ela aceitou numa boa, o tio Cláudio, também.
No último final de semana do Pedro, em Manaus, nós o levamos para um evento que comemorava o Dia do Orgulho LGBTQIA+.
Não deu para participarmos da parada, mas, garantimos um lugar em uma festa. Ao ver o Santino interagindo com o Pedro, o meu coração ficou quentinho. Então, comecei a filosofar sobre a vida, no meio de uma balada.
Parando para pensar, a minha vida social ficou muito mais movimentada, após o acidente. Pena que não posso aproveitar tomando uns bons drinks.
A luz neon da balada dificultou minha visão, mas vi de relance o Pedro se pegando com alguém. Cara, quanta oportunidade a gente perdeu de se divertir juntos. Pelo menos, esse seria um problema a menos nas viagens para o Ceará.
— Ei, moço. Emotivo? — perguntou Santino se aproximando e me beijando.
— Não. Só tendo certeza da sorte que eu tenho, Santino. Você é o meu amuleto da sorte. — revelei, encostando o meu nariz no dele. — Você é o meu trevo de quatro folhas.
— Ei, Kleber. Estou louco para desbravar as baladas de Fortaleza! — gritou Pedro se aproximando, visivelmente, embriagado.
Depois de um tempo, o resto da trupe chegou. A Giovanna estava toda maquiada em homenagem à bandeira LGBTQIA+. O seu batom de arco-íris chamou a atenção de todos.
O André e Enzo, sempre palhaços, resolveram ir fantasiados de Grinder e Scruff. Acho que o Dia do Orgulho é isso. Lembrar de pautas importantes, mas sempre mantendo a alegria, mesmo quando o cenário não é favorável.
— Santino, baixa renda e baixa renda 2. — Sérgio nos chamou ao trazer as bebidas, no caso, água para mim. — Fui paquerado sete vezes só no caminho de ida. Na volta, tenho certeza que alguém me dedou, mas, não derrubei as bebidas. Cada buraco que vocês me trazem. — pegando o copo de Gretchen, uma caipirinha com gelo azul e tiras de repolho-roxo, e tomando em um único gole. — Até que não é ruim. — pegando outro copo, mas, dessa vez, tomando devagar.
— Sérgio! — Pedro disse o abraçando. — Tem certeza que não é gay?
— Sério, baixa renda 2? Acho que aquele homem tá te paquerando. — apontando para frente para a decepção do meu primo.
— Santino, o teu irmão é malvado! — lamentou Pedro, abraçando o Santino e o levando para pista de dança quando começou a tocar "Modo Turbo", da Luísa Sonsa.
Na pista, entre os seus iguais, o Santino e Pedro, pareciam livres e leves. Dançavam sem se importar com o julgamento. Enquanto isso, a Giovanna se tornou a rainha da pista e foi carregada pelo Enzo e André.
Na mesa, ficamos o Sérgio e eu, olhando para os nossos amigos. Não vou mentir, a nossa relação melhorou 100%, porém, algo dentro da gente gostava daquele jogo de ironias e ofensas.
— Ei, X-9. Cuida bem dela. — falei, ao ver a marca do batom 'arco-íris' da Giovanna no pescoço de Sérgio.
— O quê? — ele tentou desconversar, então, apontei para o seu pescoço.
— Cuida bem dela! — gritei. — Ela é uma boa menina. — disse, enquanto, tomava minha água tônica.
— Baixa renda! — Sérgio gritou de volta, apontando para o Santino que dançava com a Giovanna, Enzo, André e Pedro. — Cuida bem dele. Ele é um bom menino. — Sérgio levantou o copo na minha direção e brindamos.
Nunca acreditei na sorte, mas, acredito que na vida nada acontece por acaso. Sempre há um porquê nas coisas, sejam elas boas ou ruins. Naquele momento, assistindo o amor da minha vida e meus amigos celebrando, a vida pareceu certa. Aquele era o meu lugar e, se a sorte me ajudou de alguma forma, bem, eu só posso agradecê-la.