Um grande amor do passado - Capítulo 3 de 10

Um conto erótico de CasalL&M
Categoria: Heterossexual
Contém 1391 palavras
Data: 23/04/2021 12:04:57

Depois dos contatos com Cristiny, minha alma parecia entrar em uma espécie de turbilhão, que causava inúmeros sintomas físicos e psicológicos, que iam de uma saudosa sensação de borboletas no estômago, até um auto-exame de consciência e de escolhas de vida. Mas quando passava algum tempo longe dela, aos poucos eu ia me esquecendo, e voltando a ser o mesmo cara de sempre.

Mas o universo não parecia fazer muita questão de nos manter longe.

No final daquela semana, recebi uma ligação de Cristiny, que chorava copiosamente:

- Ele vai poder levar meu filho?! Como assim?! Você disse que nós estávamos ganhando.

- Calma... se acalme, por favor. Quem te disse?

- Aquela peste do meu marido. Ele me ligou agora e disse que reverteram a decisão.

- Calma, é só um blefe. O juiz já deu uma decisão.

- Ele me disse que ganhou um recurso.

- Bom, eu nem fiquei sabendo disso, vou ter que consultar o processo. Já já te ligo.

A "peste do ex" estava certo. Ele recorreu na quinta, e na sexta já tinha uma nova decisão, e o novo juiz decidiu que o filho ficaria com o pai e derrubou a ordem de restrição.

Peguei o telefone e liguei para Cristiny, para dar a má notícia.

- Infelizmente ele fala a verdade, Cris...

- Como pode?! Ele é um monstro... ninguém liga?

Eu ligo, Cris. E não vou deixar isso ficar assim. Mas eu não podia dizer isso para ela.

- É realmente difícil explicar...

- Na verdade, é bem fácil - ela falou com raiva - ele é rico e influente, conhece vários juízes e, com certeza, comprou essa decisão.

Ela não estava errada. Aquilo era tudo muito suspeito: a rapidez do novo julgamento, a falta de intimações para mim, a própria decisão continha alguns erros técnicos, o que indicava que foi feita às pressas.

- Ele disse quando vai buscar o menino?

- Disse que vem amanhã, às 10h. Disse que vem até com a polícia. Não tem nada que eu possa fazer?

- Infelizmente, não. Eu vou recorrer dessa decisão, mas por hoje não há o que fazer.

- Então, eu tenho que entregar meu filho para aquele monstro?

- Sim.. - minha voz quase não saiu - mas eu vou estar lá com você.

- Obrigada, Gabriel.

- Agora, vá aproveitar seu filho, se divirta e amanhã nós começamos a resolver isso.

Eu desliguei o telefone e senti vontade de chorar. Quando a justiça se dobra ao interesse de poderosos, eu me pergunto o que estou fazendo trabalhando como advogado.

O restinho da sexta voou, e logo o sábado amanhecia.

- Já de pé, amor? - minha esposa disse ainda se espreguiçando na cama.

- Sim, tenho um trabalho a fazer. Acho que vou demorar.

- Ui, senhor ocupado. Vai me deixar o sábado toda sozinha? Quando chegar a noite, a gente compensa.

Ela puxou a alça do pijama pra baixo, quase desnudando o seio, mas nem isso me deixou mais tranquilo.

Dei um beijo nela e saí. Cheguei no hotel de Cristiny antes das 09h30. Tanto ela como o filho já estavam arrumados para o dia difícil. Perguntei se ela já havia comido e ela disse que não sentia fome. O pouco tempo que passamos juntos foi suficiente para me deixar muito afeiçoado ao garoto. Era um menino muito bonito e inteligente, mas dava para sentir de longe que ele não estava à vontade.

Antes das10h, a recepcionista ligou, e disse que um homem, acompanhado de policias e advogados, estava procurando Cristiny, e ameaçaram subir à força.

Cristiny disse que não havia necessidade, que desceria com o filho sozinha. Eu a acompanhei e descemos o três pelo elevador. Mesmo com uns anos de experiência em situações de conflito, senti o estômago apertado, mas não demonstrei. Cris estampava um rosto duro e frio como mármore, não demonstrava nenhuma emoção, mas abraçava o filho com força. O menino começava um choro triste e silencioso.

Quando chegamos no saguão, logo avistei o time de advogados contratados pelo agressor e os quatro policiais que o acompanhavam, e resolvi tomar a dianteira.

- Bom dia, senhores - depois de falar para todos, me voltei para o senhor que parecia ser o líder dos advogados - doutor, por cordialidade, o senhor poderia me entregar um cópia da decisão? Oh, obrigado. Essa foi incrivelmente rápida, não? Em todos meus anos de advocacia, nunca vi um recurso ser decidido tão rápido.

- O nome disso é competência, garoto.

- Meus cumprimentos, então. Mas foi tão rápido que eu nem fui intimado, e esse é o procedimento, certo?. Seria isso por competência do senhor, também?

- Tenha mais respeito comigo. O que você tem de idade eu tenho de profissão. Você está na presença de oficiais da lei, se não maneirar pode acabar preso!

- Minhas desculpas, doutor. Não é todo dia que estou na presença de uma lenda da advocacia como o senhor, preciso aprender até os mínimos detalhes, ai quem sabe um dia eu seja tão competente como o senhor.

- Vamos acabar logo com isso - ele tomou a folha da minha mão e, virando-se para o ex-marido - pegue o menino e vamos embora.

- Venha comigo, filho. Vamos para casa.

Nesse momento, o garoto começou a chorar e não quis se soltar da mãe. Foi preciso muita paciência e argumentação para que ele enfim fosse com o pai. Durante esse tempo, Cristiny pouco falou, mas assim que saíram pela porta, permitiu-se perder a compostura e chorou por alguns minutos.

- Me espera aqui. Já volto.

Ela subiu pelo elevador e eu me sentei no saguão pensando em tudo que aconteceu que me levara até ali. Pensei no ex-marido dela; Roberto era o nome, mais conhecido como Betinho Gonçalves. Ele era um homem baixinho, bem mais do que eu, devia ter pouco mais de 1,60. Não era de todo feio, mas os quilos a mais tornaram seu rosto redondo e lhe roubaram a beleza que pode ter existido ali antigamente.

Mas se podia ler a agressividade nos olhos dele. Havia algo de insano naqueles olhos, olhos insanos, como dizia a música. Definitivamente, eu precisava tirar o menino das mãos daquele monstro.

Cristiny desceu, com a maquiagem refeita, e me disse:

- Vamos trabalhar?

.

Almoçamos no restaurante do hotel e fomos para meu escritório. Cristiny era muito inteligente e, embora não tivesse nenhum conhecimento jurídico, rapidamente pegou o jeito e me auxiliou nas pesquisas. E em pouco tempo meu recurso estava pronto.

- Na segunda de manhã, a primeira coisa que vou fazer vai ser dar entrada nesse recurso.

Ela estava distraída lendo alguns papéis e nem sequer me ouviu. Mas foi um bom momento para observá-la: a luz do sol que entrava pela janela iluminava seus cabelos ruivos e a deixava ainda mais linda; o rosto concentrado na leitura e completamente alheio ao mundo transmitiam um calma singular, mesmo que a situação fosse a mais adversa.

- O que foi? - ela me flagrou encarando.

- Nada... nada não - respondi meio sem jeito - é que esse sol parece uma maquiagem muito boa pra você.

- Tá dizendo que tô bonita?

- Sim.

- Esse carinha vermelha também te deixa mais bonito.

Senti meu rosto mais vermelho ainda. Olhei para o chão enquanto ela caminhava em minha direção.

- Eu não tenho palavras para agradecer tudo que você está fazendo por mim - ela disse segurando minhas mãos - se não fosse você, eu não sei como teria suportado o dia de hoje.

- Eu tô aqui pra isso.

- Não, eu te contratei como advogado. Você está fazendo um papel de um verdadeiro amigo.

- Continue pensando assim quando eu te mandar a conta dos meus honorários.

Quando ela sorriu, todo o sentimento de anos atrás voltou e me cegou completamente. Eu a abracei e beijei. Na boca.

Não foi um beijo cinematográfico, foi um beijo esquisito, meio desajeitado, que poria tudo em risco. Um beijo com gosto de passado, com gosto daquela nostalgia de quando lembramos da adolescência; gosto do que poderia ter sido minha vida.

Ela se soltou e me olhou nos olhos. O rosto de surpresa, a boca meio borrada pelo batom leve que usava , os olhos arregalados.

- Você tem certeza?

- Sim.

..

Pessoal, desculpe a demora para postar o conto. Eu infelizmente peguei COVID e senti muita dor de cabeça, então, ficar na frente do computador era uma tortura.

Mas agora já estou 100%, e quero ouvir de vocês o que estão achando do meu conto, comentem aí por favor, e, se quiserem falar comigo, meu email é maria.mat_souza@hotmail.com

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Comentários

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Boa continuação! Espero que não tenha sequelas da Covid, Saúde!

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Olá, amado... O melhor lugar para encontrar garotas para sexo >>> adultme.fun

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