AVISO: ANTES DE LER ESTE CAPÍTULO, IR NA SESSÃO DE COMENTÁRIOS ABAIXO LER O ANTERIOR, POIS O MESMO AINDA NÃO FOI APROVADO PELA ADMINISTRAÇÃO DA CDC HÁ MAIS DE UMA SEMANA
Nem pude ver os detalhes do momento em que Pedro e Vicente gozaram. Pelo urro que soltaram, devia ter sido um momento intenso.
Mas minha atenção só se voltava para Diogo, que tinha a expressão mais assustada que eu já vira na vida. Seu pau ainda estava dentro de mim e começava, aos poucos, a amolecer. Não sei se pelo gozo, ou pelo clima que estava se instalando.
- Russo... - começei, meio receoso - O que foi que você disse?
- Eu?... Ah... Não sei, eu... - e riu, sorriso amarelo - estava tão empolgado que saí falando um monte de coisa. O que você ouviu?
Nesse instante, eu também me acovardei e dei de ombros.
- Aí que está... Eu não ouvi direito... Não entendi ao certo. Por isso perguntei
- Ah... - seu rosto mostrou certo alívio na hora. - Então. Rs não sei... Deve ter sido uma putaria qualquer.
- Eh - forcei o riso - deve ter sido.
Então, graças aos céus, Vicente e Pedro se uniram a nós, suados e relaxados.
- Galera, pensando aqui. Que tal pegar uma piscina agora? - Pedro sugeriu. - a noite ta boa, quente. Teria problema, Russo?
- Acho ótimo - Diogo logo se prontificou. A casa dele tinha uma ótima piscina que ele nunca usava. Então fomos todos, pelados mesmo e saltamos na água. Estava gelada, mas logo nos aquecemos brincando de luta.
Se foi intencional ou não, confesso não ter certeza, mas eu e Diogo nos mantivemos afastados a maior parte do tempo. Interagimos mais com Vicente e Pedro
do que um com o outro. Creio que com medo dos toques excessivos acabarem nos despertando novamente.
Algo que inevitavelmente aconteceu. Ao longo da brincadeira, era comum sentir um órgão duro encostar a pele, ou dar aquela pegada mais forte na carne do amigo. E isso, aos poucos, foi transformando aquele embate de forças sem maldade em algo mais
- Fala Fabio, confesso que tô curioso, há um tempo, de saber como é você metendo - ouvi a voz de Vicente ao meu ouvido, quando eu estava distraído olhando Diogo e Pedro se beijarem.
- Oi?
- Acorda, viado - e me deu um tapa da nuca, rindo. Aquele sorriso grande e branco a mostra - Tô aqui me oferecendo e você desdenhando.
- Foi mal - e ri - viajei. Mas... Hum... Verdade, você nunca deixou eu ir além, não é mesmo? - e me acheguei nele.
Nos beijamos e fomos para uma das bordas da piscina. Entre caricias e encontrões, logo fiquei excitado de novo.
Vicente apoiou na borda e empinou a bunda. Com cuidado, encaixei, deixando deslizar devagar. Pedro tinha feito um excelente trabalho, ou Vicente já seria um prodígio no assunto. De qualquer forma, a penetração ocorreu de forma fácil e gostosa.
Era delicioso ouvir ele gemer daquele jeito. Mas em um dado momento, tive de voltar a atenção para o que ocorria atrás de mim. E lá encontrei Russo sentado na borda, pernas abertas e pés dentro d'água. Entre suas pernas, chupando seu órgão, estava Pedro. De onde estava, via apenas suas costas largas e musculosas, contraindo conforme a cabeça descia e subia, devorando o pau de Diogo.
Já este, naquele momento, tinha sua atenção voltada me mim. Nossos olhos se cruzaram e os sustentamos. Não falamos ou fizemos qualquer sinal. Apenas nos encaramos enquanto tinhamos relação com outros.
Depois de um tempo, nos voltamos para nossos parceiros e finalizamos o que tínhamos começado.
***
Os dias se passaram de forma bastante conturbada após aquela noite. Nada que pudesse ser notado por ninguém. Mas em meu interior, parecia haver uma revolução. Eu e Diogo começamos a nos evitar, não sei se inconscientemente ou não. Se qualquer um me perguntar o motivo, sinceramente não saberia explicar. Eu simplesmente ficava nervoso em sua presença e sabia que a recíproca era verdadeira.
Mesmo nos treinos em que inevitavelmente tinhamos de estar juntos, nosso contato pouco passava do visual. Sempre que nossos olhares se cruzavam, desviavamos, como se estivessemos vendo algo obsceno.
A verdade é que nunca havia me sentido assim antes, com aquela urgência, aquele... Medo. Eu só queria esquecer o que ouvi Diogo dizer. Porque afinal ele foi soltar uma coisa daquelas, se ele mesmo estava claramente arrependido?
Os treinos foram intensos e agradeci a isso. Pelo menos tinha com o que ocupar a mente, já que até das avaliações das matérias eu fui dispensado. Pelo que parecia, a vitória do campeonato era algo realmente importante para toda a universidade. Em outras circunstâncias, teria adorado aquele tratamento especial, mas não estava conseguindo aproveitar muita coisa.
Eu não sabia o que fazer e pior, não sabia como explicar nem pra mim mesmo o que sentia, o que dificultava bastante qualquer tentativa de conseguir conselhos.
Mas arrisquei, uma vez em que estávamos apenas eu e Pedro andando pelos corredores.
- Me diz, Pedro. O que você sentia quando terminava com a Carla? Digo... Antes de você viver a vida louca conosco?
Pedro se surpreendeu com a pergunta, mas pensou a respeito, enquanto mastigava o sanduíche de queijo minas que compramos na lanchonete
- Olha... Analisando hoje... Friamente - e pensava enquanto mastigava - era uma espécie de desespero, sabe? Eu tinha medo. Medo de perder ela... Muito medo mesmo... Eu ficava desesperado pois, ao mesmo tempo que não queria ficar correndo atrás dela... Ja que era sempre ela quem teminava... Eu ficava ansioso. Era difícil.
Eu achava que estava entendendo. Mas resolvi investir mais para ter certeza.
- Sim... E... Seu desespero... Se devia mais a o que?
- Olha... Acho que era a necessidade de resolver as coisas, sabe? Pôr um ponto final. Pois a Carla nunca terminava de vez. Ela sempre pedia um tempo. E isso me matava, pois eu não sabia o que fazer. Não sabia se podia agir como solteiro ou como homem comprometido. Essa coisa de pedir um tempo me deixava nessa encruzilhada e eu não sabia pra onde seguir.
- Faz sentido - falei mais comigo mesmo do que com ele - Valeu cara.
E o larguei sozinho. Ele não entendeu nada, mas também não disse qualquer coisa.
Eu precisava achar Diogo. Tinhamos de resolver isso. Só podia ser isso. Ao nos acovardarmos, ficamos com aquela questão em aberto, sem saber o que fazer. Conhecendo meu amigo, era claro que ele tinha falado aquilo da boca pra fora, num impulso de momento. Eu ia pôr os pingos nos is e aquele mal estar acabaria.
O encontrei na sala de leitura, descansando num puff. Sentei ao seu lado
- Fala... Aí, cara - travei justo quando cheguei ali.
Praguejei comigo mesmo.
- Oi... - ele me olhou amuado, meio sem jeito.
Silêncio. Maldito silêncio.
- Assim... - tentei recobrar a breve confiança que adquiri a caminho dali. - então, como está o coração... Digo... Pra partida... Pra final?
Apressei em mudar o foco. "Covarde". Ouvi minha própria cabeça me acusar
- Está bem... - respondeu, mas sem convicção - Fábio... Você quer me dizer algo?
Eu então forcei uma risada, tentando parecer relaxado.
- Nada só... Rs eu tava me lembrando daquela noite na sua casa.. rs que loucura né? Você me disse uma parada e...
- Você... ouviu então o que eu disse? - perguntou e me olhou nos olhos.
- Ah... Acho que sim... Foi tão rapido, sabe? Só...
- E aí? - quis saber. De repente, ficou interessado.
Engoli seco. Meu coração disparou e eu achei que estivesse tendo uma queda de pressão.
- Você... Não falou sério, né? Rs
Foi então que me arrependi instantaneamente dessa última parte, como jamais me arrependi na vida.
Naquele momento, Diogo apenas assentiu, mas sua expressão, de apreensiva, tornou-se profundamente desmotivada, como se eu lhe tivesse desferido uma ofensa pessoal.
- Cara... Eu.. - tentei me desculpar, mas ele me cortou.
- Entendi. Relaxa - e levantou - tenho de ir pra aula, abraço, cara.
E lançou o sorriso mais falso que eu já testemunhara. Saiu sem dizer mais nada.
Fiquei calado no puff um tempo, me amaldiçoando por ter dito aquilo.
Mal falei com Diogo nos dias que antecederam o jogo. E a medida que o tempo passava, o aperto no peito apenas aumentava. Não era mais a ansiedade de resolver algo, como antes eu julgava saber. Era outra coisa. Uma tristeza. Uma vontade louca de voltar no tempo e desfazer tudo.
Cruzava com ele nos corredores e não falava comigo. Se eu chegasse num grupo em que ele estivesse, Russo saia com uma desculpa.
Aquilo me arrasou. Eu o tinha magoado e me sentia péssimo por isso. Mas o pior de tudo era descobrir a falta que Russo me fazia. Naquele curto espaço de tempo, desejei sua presença mais do que nunca. Seu bom humor, sua parceria e... Sim. Sim. Desejei muito seu corpo novamente.
Estranho, pois antes do futebol e, em especial, antes de tudo aquilo, nunca me liguei a Diogo. Já o considerava bonito, mas muito infantil. Ele sempre foi o boa praça, aquele sempre animado e bom de papo, mas até então, nada além disso.
Foram muitas noites em que eu desejei ter ele de novo em cima de mim, falando aquelas obscenidades ao pé do ouvido, me olhando com aqueles olhos claros e cheios de malicia. O sorriso predador, faminto.
E a cada dia que passava, meu desânimo só aumentava e meu arrependimento parecia um elefante branco que me acompanhava a cada lugar que eu ia enchendo todo e qualquer lugar onde eu ia.
Então, numa tarde, cansado disso, eu fugi de tudo. Da aula, dos meus colegas e me isolei no vestiário, sozinho. Para por os pensamentos em ordem ou simplesmente não pensar em nada. Não recordo exatamente o objetivo.
Mas seja ele qual for, foi frustrado pela entrada de Wagner, vestindo apenas sungas. Ele me viu e deu uma risada, sacudindo a cabeça. Não entendi ao certo de imediato. Só depois de refletir, caiu-me a ficha e entendi que devia estar passando a idéia errada. Era quinta de manhã e meu treinador ia tomar o banho de sempre, após sua rotina de exercícios na água. E eu estava na mesma hora e lugar onde o embosquei da última vez.
- Perdido, Fabio? - comentou, achando graça.
- Só... Pensando... - respondi sinceramente. Estava sem ânimo até para desfazer o mal entendido.
Wagner então sorriu e tirou a sunga. O pau já estava duro. Grande e grosso. Uma visão quase irresistível. Ainda mais quando colocada tão proxima ao meu rosto.
Eu ia pedir para ele parar, pois não seria um bom dia, mas então, vendo aquele belo pau ali, a disposição, me perguntei se não ajudaria a calar um pouco aquela culpa que me remoia.
Assim, segurei o órgão quente e dei um beijinho. Depois puxei a pele, desnudando a cabeça, e lambi de leve. Só então abri a boca e começei a chupar. Mal cabia nela. Era quente, rigido. Um sabor sem igual. Eu me desafiava a, cada tentativa, enfiar mais na monyha boca, até onde conseguisse.
Lambi toda a extensão, chupei as bolas, cheirei a pele. Agarrei a bunda carnuda de meu treinador e puxei de forma a seu pau entrar quase que totalmente, me engasgando.
- Minha nossa, garoto. Você é mesmo um gênio. Bendito o dia em que te escalei. Nossa... - Wagner regozijava. - Chupa, vai. Delicioso. Garoto bom. Garoto muito bom.
Continuei chupando com vontade, aceitando de bom grado os elogios. Só queria que eles fossem um pouco mais ousados... Mais atrevidos ou obscenos... Como um certo alguém costumava fazer.
Forcei a mente a voltar para o momento. Não queria pensar besteira. Minha atenção devia ficar totalmente voltada aquele momento, aquele belo e saboroso órgão. Aquele homem maravilhoso que eu possuia. Em breve, ele ia tirar minha roupa, me colocar de quatro naquele banco e me penetrar como ele sabia fazer tão bem. Então toda aquela culpa, aquele tormento, iria desaparecer, mesmo que por mágicos instantes. Ah, como eu precisava ser fudido. Fudido com força e com vontade.
- Anda, Fábio. Chupa essa porra. Daqui a pouco alguém pode chegar - riu, entretido na brincadeira. Mas infelizmente, tal comentário, ao invés de me acender, serviu apenas para apagar o fogo que eu tinha conseguido com esforço acumular.
Então, parei o que estava fazendo, segurando seu órgão duro que babava em minha mão. Pensei em continuar, só para que aquilo não acabasse de forma tão abrupta e , assim, tão desconfortável. Mas não fui capaz. Infelizmente, não conseguia mais.
Em pensar que aquela brincadeira proibida, feita na surdina, com um contrato de confidencialidade entre homens, algo que tanto me entreteu e me deu prazer durante todos aqueles anos, agora não me satisfazia mais
Nesse instante eu percebi o que mudara em mim e o que me incomodou tanto naqueles últimos dias. Pelo que parecia, eu estava desenvolvendo nossas necessidades, as quais sequer tinha me dado conta.
Eu não queria mais ser o garoto oculto, que fazia tudo e aceitava estar atrás das cortinas. Pela primeira vez na vida, eu queria estar com pessoas que assumissem publicamente estar comigo. Meus amigos tinham evoluido muito nesse quesito. Mas será que eu tinha os alcançado nessa evolução? Ou teria eu me agarrado a meus conceitos anteriores, impedindo-me de crescer. Quando tive uma chance de experimentar algo nesse sentido, a descartei sem sequer cogitar sua validade ou se eu de fato a desejava. Só queria me livrar do desafios de enfrentar algo o qual não tinha controle de nada.
- Fábio, tudo bem? - meu treinador ficou suspreso com minha súbita mudança.
- Não... Tudo sim... Só... Desculpa, mas perdi o tesão. - assumi.
Wagner claramente não havia entendido, então acariciou minha cabeça.
- Tudo bem... Só... Aconteceu alguma coisa? Foi algo que eu fiz?
- Não... Não mesmo - tratei de desfazer logo o mal entendido - Sou eu, na verdade. Acho... Acho que não quero mais fazer isso como queria antes... Desculpa ter te usado.
Wagner então vestiu novamente a sunga e sentou do meu lado, tentando me encarar. Mas eu insistia em olhar para meus próprios pés.
- Fabio. Garoto. Pode falar comigo. Alguma coisa te chateou?
- Têm sim, mas... Não tem nada haver contigo... Digo... Só tô passando por uma situação que preciso resolver... Acho que... Tentei calar isso chupando você é... Rs... Foi mal. - pedi.
Wagner riu cansado e deu um sorriso maroto
- Olha, não precisa de desculpar não. Foi ótimo ser usado. - e riu. E eu também. - Agora sério. Eu não vou te culpar. A verdade é que eu mesmo já devia ter sido o adulto e ter parado com isso antes. Mas você é tão... Nossa. Parece um capetinha, colocando idéias erradas na nossa cabeça.
Eu sorri encabulado. Estava lisonjeado, mas ainda assim, encabulado.
- Deixa eu ser o professor responsável uma vez ,pelo menos. Vou ficar aqui quieto, tudo bem? Se quiser falar, to aqui. - sugeriu.
- Sinceramente, nem precisa - e sorri para ele - já me ajudou muito. Ajudou me fazendo acordar.
- Bom... Que bom então. Quero que fique bem - e fez uma careta - não digo isso apenas pelo jogo, ok? Bem... Sim, se você não estiver em condições de jogar, teremos sérios problemas e tal, mas... Quero que você fique bem mesmo.
Eu comecei a rir e Wagner me acompanhou. Ao fim e ao cabo, acabou me fazendo muito bem estar ali, coincidentemente naquela hora.
E pensando bem, aquele vestiário acabara se tornando um lugar especial pra mim. Muitas coisas haviam acontecido comigo e meus amigos nele, momentos cruciais e epifanicos como aquele que eu estava tendo. Se aquelas paredes falassem...
***
Infelizmente, não fui capaz de resolver as coisas como queria antes do grande dia do jogo. E entrei em campo com aquela sensação incompleta em meu coração. O jogo ocorria em nossa universidade, estávamos em casa e a nossa torcida veio em peso
O time estava concentrado no campo, as arquibancadas lotadas. E aquele clima de empolgação, naquele dia, me parecia tão opressor. Pois tudo o que eu queria naquele momento, era estar sozinho e isolado. A sensação tinha piorado naquele dia. Estar ali, tão perdo dele e sem falar, foi massacrante. Como ele havia me evitado boa parte do tempo naqueles dias, acabei calando um pouco o mal estar com sua ausência. Mas agora estávamos nós dois ali de novo, unidos em uma causa.
A partida iniciou e de cara percebemos duas coisas. Uma, que o time adversário não era tão forte como então supunhamos. Wagner nos treinou muito bem para aquela partida e todas as jogadas que eles faziam já foram ensaiadas previamente por nós. Venceriamos com certeza se não fosse a segunda questão: que eu e Diogo estávamos muito abalados naquele dia. Diogo, no ataque, perdeu ótimas oportunidades e eu, na defesa, fui salvo por pouco de levar dois gols de bobeira.
Infelizmente a sorte não poderia me sorrir sempre e eu acabei levando um gol. E quando o juiz soou o fim do primeiro tempo, o jogo terminou com a nossa desvantagem. Um a zero para eles.
- O que está acontecendo aqui, afinal? - Wagner ralhou com o time no vestiário. - vocês estão jogando bem, mas na hora de finalizar, falham. Diogo, que lance foi aquele nos 15 min de jogo? Como você pôde capar aquela bola?
Diogo não respondeu, de cabeça baixa
- E tu, Fábio. O que aconteceu? Você tá distraído de novo. Parece que não tá no campo.
Eu também não consegui responder. Silêncio. Ninguém do time se atreveu a falar nada.
- Então é isso? - Wagner esperou - não vou ter resposta? Então meu atacante e meu goleiro resolvem não jogar e eu simplesmente não tenho nenhuma explicação?
Normalmente Wagner teria partido para a ignorância, teria xingado, gritado, teria feito um escândalo. Mas dava para ver que nem isso ele conseguia. A decepção em seu rosto era sensível. E isso pra mim era pior do que sua agressividade.
E não era apenas ele. O time todo estava desolado. Estávamos tão perto, tinhamos lutado tanto e de repente parecia que tudo ia esvanecer.
Eu havia conseguido decepcionar todo mundo. O treinador, o time e, em especial, Diogo.
- Vamos voltando - Wagner sugeriu, cansado demais para continuar - vamos esperar no banco o início do segundo tempo e acabar de uma vez com isso.
E saiu, seguido do time.
Diogo e eu fomos os últimos a nos levantar. Ele ia na frente, o penúltimo da fila. Mas quando ele ia chegar no portal, eu me precipitei e passei sua frente, fechando e trancando a porta logo assim que Alexandre, que ia logo a frente do Russo, passou.
- Que isso, Fábio? - ele questionou.
- Eu quero falar contigo - apressei em dizer, exaltado - Eu... Eu sinto muito, cara.
- Pelo quê? - sorriu cansado.
- Eu... Não devia ter feito pouco caso...
- Você não fez pouco caso, você me ignorou, o que é pior - acusou, diretamente. Ele tentava sorrir, fazendo parecer estar tudo bem. Mas era óbvio que não estava.
- Desculpa. Eu... Eu só não soube como reagir.
- Eu só disse que te amava. Eu também me assustei. Muito - rebateu.
- É que... Ninguém tinha me dito isso antes, pelo menos não de forma tão sincera - desabafei e então percebi que Diogo me olhou surpreso.
- Por isso entrou em Pânico? Esquisito. Você sempre tão seguro de si e, de repente isso. Não sabia que era covarde.
Engoli seco. Queria dar uma boa resposta, mas nada me veio a cabeça.
- Olha, Fábio. Você não sentir o mesmo, é normal. Não vou surtar por ser rejeitado. Não será a primeira vez... Só que você... Cara, você riu de mim - e então eu vi o quanto Diogo estava ferido.
Aquilo me atingiu pior que um soco
- Eu sinto... Muito mesmo. - pontuei cada letra daquela frase, para assim expressar ao máximo minha sinceridade - Eu... To acostumado a ter o controle das coisas. E sair com quem quiser sem me envolver e... Fiquei desarmado. Eu... Você tá certo. Eu fui covarde.
- Mas você não se envolveu comigo... Não foi? - Diogo então pareceu cauteloso, como quem havia acabado de se queimar e por isso temia se aproximar do fogo.
- Eu não sei... Eu só... Nunca senti tanta falta de alguém como senti sua esses dias - soltei e foi como se um bolo tivesse enfim sido lançado pra fora da garganda. O ar passou a sair e entrar com mais facilidade e os pulmões se encheram com o bem vindo oxigênio.
Um sorriso trêmulo começou a brotar do rosto do meu amigo. Que ainda assim se mantinha cauteloso. Ficou me olhando de um jeito diferente. Não tinha aquela safadeza de sempre, aquela malícia que eu tanto gostava. Mas adorei seu olhar, mesmo assim. Mesmo diferente. Estava repleto de ternura.
- Eu não sei se iria dar certo, mas... Queria muito tentar... Se você quisesse - ele falou, então voltando a ficar sem graça.
Eu demorei um pouco para entender o significado daquelas palavras. Então respondi com cuidado para não parecer bobo.
- Você está me pedindo em namoro? - perguntei, ainda espantado.
Russo corou imediatamente. Tentou reaver a postura, de quem tem tudo sob controle.
- Acho que tô. - mais ainda assim, parecia tão surpreso quanto eu.
Silêncio. Eu e ele ficamos nos olhando, assustados, como se tivéssemos sido congelados.
- Eu... Acho que seria legal tentar - respondi enfim. Boca seca.
Mais silêncio. Diogo tentou.
- Você... acabou de aceitar? - questionou, incrédulo.
- Acho que sim - respondi ansioso
Mais silêncio, mais inércia. Me senti como um adolescente. Meu corpo tremia, minhas pernas pareciam pesadas e meu peito parecia inflar. A saliva descia rasgando pela garganta, o meu almoço queria fazer uma revolução em meu estômago.
Com muito medo, dei o primeiro passo a frante e foi o bastante para Diogo irromper seguindo e me beijar
Rapidamente correspondi, agarrando com força seu corpo, apertando intensamente sua carne. Aquele beijo me deixou rapidamente excitado e eu tinha vontade de arrancar suas roupas ali e sentir seu membro de novo dentro de mim.
Sua lingua entrava violentamente, nossos dentes arranhavam contra os lábios na ansiedade de sentir o máximo um do outro que fosse possível. Sua mão apertou minha bunda e logo entrou pela minha calça, abriu caminho entre as nádegas e foi me acariciando o orificio. Eu, enfiei a mão em seu short e apertei seu pau duro com força, masturbando de forma totalmente desajeitada. Gememos e nos beijamos como dois garotos descontrolados, incapazes de regular as emoções. Não conseguimos dizer nada. O tempo parecia muito curto e precioso para ser desperdiçado com palavras. Ainda mais quando ambos se mostraram tão medíocres nessa parte. Éramos melhores com a ação, como estávamos fazendo naquele momento.
Mas então, batidas fortes na porta nos despertaram de nosso transe.
- Pessoal - era a voz grossa de Wagner - Acho que vocês dois estão se entendendo e... isso é otimo. - Sua voz estava tensa - Sério mesmo. Mas o jogo vai recomeçar. - e esperou. Diogo e eu seguramos a vontade de rir, como duas crianças aprontando escondidas do pai - Olha, não sei o que tá rolando aí dentro, mas seja o que for, se for ajudar vocês a jogarem de verdade, dou todo o apoio. Mas daqui a pouco a partida vai recomeçar. - insistiu
- Acho que temos de sair - eu ri.
- Aham. Vamos lá, meu goleirão - e me deu um selinho.
Eu tive de ajeitar o pau dentro da calça antes de sair.
E de fato, aquilo que rolou no vestiário nos ajudou. E ajudou todo o time para ser franco. Eu não mais estava pra baixo, não mais via o mundo cor de cinza. De repente, uma energia se apossou de mim, parecida com aquela que me acometeu na quadra, no dia em que meus amigos se juntaram pra me usar pela primeira vez.
E tal energia contagiou a todos. A partida começou e a virada chegou fácil, com dois gols logo nos primeiros minutos. Um de Diogo e outro de Vicente. Devido a euforia, as vezes eles vacilavam e permitiam um contra ataque. Mas eu estava decidido a não deixar mais nada passar. Eles tentaram. Muito. Mas não conseguiram
O jogo rolou e mais dois gols sairam. Um de Alê e outro de Diogo. Ao final, o até então invisível time de nossa universidade, havia ganho do atual campeão de 4 a 1.
Não tivemos palavras para comemorar. Qualquer coisa que dissessemos, em nada seria capaz de descrever a alegria. Então, apenas gritamos. Gritamos muito. Como se precisassemos desesperadamente que o mundo todo ouvisse. Erguemos a taça, passando de mão em mão, cada uma mais ávida que a outra pelo desejo de tocar o sonho realizado.
Em um dado momento, Guto me pegou no colo e me ergueu nos ombros.
- Viva nosso pegador de bolas - comemorou. Mas foi suspreendido por Russo.
- Hey, tu - Diogo de repente ficou sério e apontou o dedo para o amigo - Respeita meu namorado.
Foi como se alguém tivesse dado um tiro pro alto, pois as pessoas próximas pararam imediatamente de gritar e se voltaram para o centro da questão.
- Que porra é essa? - Pedro não conseguiu conter a surpresa.
Diogo, até então tão convicto, ficou rapidamente vermelho. Mais uma vez sua impulsividade lhe fizera dizer coisas com a coragem que na verdade não tinha. Olhou de um lado para o outro atrás de ajuda. E quando voltou a falar, tentou manter a voz firme, apesar da gagueira.
- Eu e... O Fabio... estamos... Num projeto nosso... digo... Estamos... Juntos.
Eu pedi para descer dos ombros de Guto. Não apenas porque queria ajudar Diogo, mas também estava com medo de ele me derrubar no chão, já que não estava mais me segurando direito dado o baque que a notícia causou.
Fiquei ao lado de Diogo e passei a mão pelo seu ombro.
- É verdade, pessoal. Estamos... Namorando agora. - só queria que com o tempo aquelas palavras soassem menos esquisitas.
- Desde quando, isso? - Vicente quis saber
- Desde uns... 30 min atrás - Diogo respondeu, sorrindo amarelo.
Naquela altura a torcida já havia invadido o campo e em companhia do nosso treinador e o restante do time, faziam a festa. Mas por mais que nos parabenizassem, empurrassem e tentassem nos contagiar, nosso grupo estava ali, inerte, focado em nossa própria questão.
- Cara... - Alê começou, sem saber o que dizer. Então abriu um sorriso como quem não tivesse outra coisa que pudesse fazer - Que maneiro.
Eu sorri aliviado e Pedro também pareceu contente. Guto e Vicente também concordaram, embora se mostrassem mais perdidos que cegos em tiroteio. Então eles nos abraçaram e nos parabenizaram e aos poucos pareciam estar de fato acreditando no que estava acontecendo e conseguindo ficar verdadeiramente felizes por nós.
- Mas... Assim - Pedro começou, coçando o cavanhaque - Mas o lance entre a gente não muda, né? Digo...
- Como assim? - Diogo ou eu não tinhamos de fato entendido.
- Saquei. - Guto captou e deu continuidade - Confesso que queria perguntar também. Assim... - tentou explicar - Vocês agora são um casal. Blz, entendi. Fico feliz e torcendo. Mas as nossas brincadeiras podem continuar, certo? Quero dizer... É só uma broderagem então...
- Tu ta me tirando, Guto? - Diogo disparou.
- Ah cara - Alexandre lembrou - Tu sempre foi o mais liberal de nós. Mantém a mente aberta, vai.
- Vocês só podem estar de sacanagem - se voltou para o amigo, revoltado.
- Galera... Ele ainda não disse não - Vicente observou e então Diogo começou a gaguejar.
- O q... O quê? Ta de sacanagem? C... Cla... Claro que não, porra
Eles riram
- Calma, calma, Russo. Sei que é muita coisa pra processar - Pedro apaziguou. - Faz o seguinte, curte teu romance. Vocês merecem. Aí, daqui a um tempo, conversamos de novo, que tal?
Diogo olhava sem acreditar, mas quando balbuciou para rebater, Vicente, Pedro, Guto e Alexandre riram e saíram, cada um para um canto e se embrenharam na multidão.
- Tu... Tu acredita nisso? - ele me olhou perplexo.
Eu, que até então observava tudo calado, o segurei nos ombros
- Relaxa, amor. Mas... Responde com sinceridade. Tu ficou ofendido ou excitado com a idéia? - e completei a frase olhando para seu short, onde um volume discreto, porém saliente, despontava.
Diogo ficou vermelho e tratou logo de cobrir o membro.
- N... Não. Nada haver... só...
Eu então sorri e segurei seu rosto.
- Calmo, Russo. Você é um pevertido incurável, mas eu amo isso em você - brinquei, então sorri mais sério - Contudo... Eu sinceramente não sei do dia de amanhã, só sei que tô adorando o nosso hoje. E... quero aproveitar mais um cadinho pelo menos. Do jeito que está. Tradicional. Só eu e você.
Russo então abriu um sorriso e seus olhos verdes brilharam. Como ele ficava bonito quando sorria assim.
- Eu também - confessou.
Nesse momento, ele olhou para os lados e me roubou um selinho. Eu ri e fiz o mesmo, travesso, olhando antes em volta e me certificando que ninguém prestava atenção em nós, tamanha a algazarra.
- Fábio... Eu... PRECISO MUITO, tirar você daqui agora.
Eu ri, pois ia dizer exatamente a mesma coisa. Então, nos desvencilhando da multidão, fomos sorrateiros até o nosso vestiário, que estaria vazio
Acho que ao fim e ao cabo, eu não estava completamente certo a respeito de minha reflexão de dias atrás. Eu não estava totalmente enjoado dessa coisa de fazer na surdina. Apenas queria de outra maneira, pois em determinados contextos, ainda era um jogo muito prazeroso. E lá estava eu, me esgueirando novamente para o vestiário. E estava muito feliz fazendo isso.
FIM