Capítulo 69
_ Eu acho que você deveria cortar essa couve um pouco mais fininha.
_ Sem essa, Víctor. Eu não tenho a menor paciência.
_ Então, deixe que eu corto! Você tritura o alho e a cebola juntos no triturador elétrico.
Victor tomou a faca da mão da amiga e começou a cortar a couve na tábua de cortes. Estava concentrado, vestindo um avental para preparar o almoço de boas vindas da sua pequena filha.
A pedido de Víctor, Virgínia foi ajudá-lo a preparar a feijoada, com farofa de bacon, couve refogada e arroz branco. Ela não levava o menor jeito para cozinhar, mas foi contra a própria vontade, devido às insistências do amigo.
_ Papai! Papai!
Víctor pulou de alegria ao ouvir a voz angelical da filha, o chamando na sala.
Ivan entrou no apartamento sorrindo, trazendo a filha no colo. Beijou o marido nos lábios e cumprimentou Virgínia, que o respondeu com frieza, já que não aprovava a reconciliação do casal.
_ Eu posso guardar um pouco de feijoada pra você, meu amor.
_ Eu agradeço, Solzinho, mas eu não gosto de feijoada.
_ Claro que não gosta. Feijoada é comida de pobre. Ricos como você se comerem, morrem na mesma hora.
Víctor a olhou de um jeito repressor e Ivan sorriu com a ironia de Virgínia. Ele sempre teve muito apreço por ela. Desejava reconquistar a sua amizade, mas sabia que isso demandaria tempo e paciência.
Virgínia ficou encantada com Alice e abriu os braços para tomá-la. Contudo, a menininha assustada se agarrou a Víctor.
_ Vem com a titia, coisa linda.
_ Ela ainda está um pouco traumatizada, devido à violência que sofreu. A psicóloga disse que com o tempo, ela vai se acostumando com as outras pessoas. No momento, ela só fica a vontade comigo, Víctor e Maria.
_ Entendi. Coitadinha. Vem com a titia? Você gosta de brincar de bonecas?
A menina a olhava em silêncio e assustada. Virgínia tentou agradá-la mostrando a boneca que havia comprado de presente e mesmo assim, a menina se encolhia assustada no colo de Víctor.
Ivan se despediu alguns minutos depois, dando um beijo no marido e na filha.
A pequena Alice ficou receosa no apartamento, estranhando o local.
Agarrou-se nas pernas do pai enquanto ele terminava de cozinhar.
Para tentar distraí-la, Virgínia pôs um nariz de palhaço e uma peruca colorida e começou a lhe contar uma historinha infantil de um jeito engraçado. Aos poucos, a menina foi se soltando com ela, dando deliciosas gargalhadas com as palhaçadas de Virgínia.
Contudo, a timidez da pequena Alice voltou com tudo com a chegada dos convidados.
Ela se agarrou no colo de Víctor, quase chorosa, quando todos encantados por ela queriam pegá-la em seus colos.
Víctor explicou a todos o motivo da atitude da menina, mas sentia-se envergonhado.
De todos, os mais encantados eram Renato e Roseli. Ele se derreteu em alegria quando Víctor o apresentou como vovô Renato. Para ele, que não tivera filhos, era uma honra ser avô, ainda mais da filha de Ivan.
Andréia sentiu um certo carinho pela netinha e a olhava de um jeito tão doce, que deixou a menina à vontade para ir ao seu colo.
_ Olha, mamãe, ela foi com você.
Alice sorria acariciando os cabelos da avó, que a beijava no rostinho.
_ Aos poucos, ela vai se acostumando com todos nós. _ disse Adrian fotografando Andréia e Alice.
_ Eu tenho certeza que não tem nada para beber nesta casa.
_ Eu comprei refrigerantes, vovô.
_ Refrigerante é bebida de criança. Eu trouxe uma boa caipirinha. É o que uma feijoada pede.
_ O seu Paulo como sempre salvando o rolê. _ disse Gael batendo na mão de Paulo.
_ E sempre empurrando o pé na jaca. Você não tem mais idade para ficar enchendo a cara.
_ Coitado do vovô, vovó. O dia é de comemoração.
_ Eu gosto do Vitinho, porque ele me defende.
_ Ele é um puxa saco, isso sim._ disse Roseli e Víctor a beijou no rosto.
Luíza e Fernanda chegaram em seguida, se desculpando pelo atraso e justificando-o, devido a um engarrafamento, já que vieram da cafeteria.
Elas também ficaram encantadas com a sobrinha.
_ Gente, Como ela é linda! Loirinha como o Víctor! _ disse Fernanda.
O almoço seguiu animado e tranquilo. Todos sorriam com as anedotas de Renato e Virgínia. Conversavam felizes como uma família unida.
Alice passou todo o tempo agarrada a Víctor. Ainda estava um pouco assustada com os novos parentes.
Andréia o observava. Reparou que o filho voltou a ter um brilho no olhar e sorriam como não fazia há tempos. Estava mais solto e mais feliz.
Ela desconfiava que essa felicidade era nomeada de Ivan Matarazzo e isso não a agradou.
Quando foi ao banheiro do quarto do filho, porque o da sala já estava ocupado por Luíza, reparou que havia três escovas de dentes: uma infantil, que seria de Alice e as outras duas de adultos, o que aumentou ainda mais a sua desconfiança.
Na hora de servir a sobremesa, enquanto todos conversavam espalhados pela sala e varanda, Andréia foi até a cozinha e se ofereceu para ajudar o filho a pôr o doce de leite no jogo de taças de sobremesas.
_ Meu amor, eu tenho notado que você está mais felizinho. Tá com um brilho nos olhos. Está apaixonado, querido?_ Andréia perguntou sorrindo, o olhando no fundo dos olhos.
_ Eu não estou apaixonado por nenhum homem. Só pela minha filha. Esse é o motivo da minha felicidade. O que você achou dela, mamãe?
_ Linda e encantadora como você.
Víctor sorriu e a abraçou.
_ Eu só quero que você seja feliz, meu amor. Mas, também quero que esteja seguro. Você pode contar comigo para o que quiser e precisar.
_ Eu sei, mamãe. Obrigado por tudo que fez e faz por mim. Você é a melhor mãe do mundo! Eu quero ser tão bom para a Alice como você foi pra mim.
_ Você será, meu amor.
Víctor sorriu como forma de agradecimento e voltou para a sala levando a bandeja com as sobremesas.
Andréia o observava triste. Temia que o seu menino tivesse caído novamente nas garras de Ivan.
Os dias com Alice seguiram tranquilos.
Renato havia adiantado as férias de Víctor para que ele pudesse se organizar na casa nova e curtir um pouco mais a filha.
Víctor aproveitou os dias de férias para cuidar da casa e relaxar em seguida.
Ao final da limpeza da casa, tomava um banho e sentava curtindo o cheiro da casa limpa, lendo um livro e tomando uma taça de vinho.
Quase todas as noites recebia a visita de Ivan, que sempre chegava no final da tarde trazendo lanches para agradar Alice e brincava com ela até que a pequena adormecesse. Em seguida, ele e Víctor aproveitavam o silêncio para fazer amor no quarto e dormiam juntinhos.
Víctor manteve a relação em segredo da família. Temia receber os julgamentos e sentia vergonha da desaprovação da família.
Numa tarde chuvosa, recusou o convite da mãe para que ele e Alice fossem almoçar em sua casa. Preferiu ficar em casa curtindo a filha e a tranquilidade e bom aroma do seu lar.
Havia feito faxina no dia anterior e o apartamento estava impecável na limpeza.
Preparou uma deliciosa sopa de legumes para o almoço e deixou o salmão temperado para preparar para o jantar. Era o peixe favorito de Ivan e Víctor adorava cozinhar para o marido.
Também tinha a intenção de preparar espinafre ao molho branco. Cozinhava sorrindo, imaginando Ivan apreciando o seu prato.
Após o almoço, conseguiu ninar a filha e pôs na cama, a cobrindo com o seu lençol da Patrulha canina, o desenho favorito da menina. Ele a admirava com o olhar e acariciava o seu pequeno rostinho, sentindo o coração transbordar amor.
Foi à cozinha, preparou um chá verde e sentou no sofá para curtir a sua paz, assistindo TV.
Para a sua surpresa, percebeu que a maçaneta da porta girava e sorriu ao ver o marido entrando na sala.
Diferente dos outros dias, Ivan não vestia trajes formais. Desta vez, usava uma camisa preta da marca Gucci e uma bermuda de mesma cor, chinelos e tinha os cabelos ainda molhados do banho.
Víctor correu para lhe dar um abraço e o beijou.
_ Que bom te ver, meu bebezinho. Eu não sabia que você viria a esta hora. Eu estava te aguardando para o jantar. Aí nem fiz o salmão.
_ Não se preocupe, eu não vim comer salmão. Vim comer você.
Ivan o puxou pelo braço, trazendo-o para si e o agarrando pela cintura.
Beijou-lhe os lábios faminto pelo seu corpo. Víctor sentia que o membro de Ivan já estava duro e isso o deixou sorridente.
Sua boca buscou pelo pescoço do loiro, o abraçando por trás, provocando arrepios.
Seguiram para o quarto de Victor e trancaram a porta, para evitar que Alice entrasse sem bater caso acordasse.
_ Eu sou louco por você, meu Solzinho. Te quero só pra mim.
Os beijos ficaram ainda mais quentes e as mãos curtiam cada parte dos seus corpos.
Despiram-se e nus, deitaram na cama sem interromper o beijo.
As respirações estavam ofegantes. Os seus corpos clamavam um pelo outro. O desejo dominava-os.
Víctor estava totalmente vulnerável aos toques do amado, que explorava o seu belo corpo com toques e língua. Gemia e se retorcia de prazer.
Na boca sentiu o desejo pelo pau do marido e se pôs de joelhos para saboreá-lo.
Aproveitou cada centímetro daquele membro rígido, quente, que pulsava em sua boca.
Ivan delirava sendo devorado por aquela boquinha úmida e macia, mais deliciosa que qualquer outra que provou na vida. Gemia alto sendo chupado, enquanto tinha os seus testículos massageados.
Não resistiu e puxou Victor para si, o beijando. Em posição sessenta e nove, um sentiu o gosto do outro, aproveitando a felicidade que o sexo oral os proporcionava.
Ambos gozaram, mas não estavam satisfeitos. Seus corpos ainda estavam famintos de desejo.
Víctor pediu que Ivan deitasse na cama, com a barriga virada para cima. Beijou o todo o seu corpo com carinho até chegar aos pés. Beijou-os e chupou cada dedo, levando o parceiro a loucura.
Ivan o puxou pelos cabelos e o pôs deitado com a bunda erguida e aberta.
Não resistiu a buraquinho rosado, que vibrava implorando pela sua pica. Chupo-o com vontade, fazendo Víctor gemer sorrindo, erguendo a cabeça para cima.
_ Me fode vai? Me coma todinho.
Víctor implorava com a voz manhosa, não dando a Ivan outra opção que não fosse obedecer.
Pôs o amado de quatro e entrou com vontade. Fodia com carinho e força ao mesmo tempo. Víctor mordia a fronha para conter os gemidos e não acordar a filha.
O cheiro do prazer exalava pelo quarto. Seus corpos deliciavam-se um com o outro num movimento rápido e prazeroso.
Variaram nas posições. Ivan o comeu de ladinho, frango assado e retornou para a posição inicial, onde gozaram a felicidade do ato sexual.
Caídos sobre a cama, exaustos pelo amor, beijaram-se apaixonados.
Ivan tinha o rosto acariciado pelo seu querido Solzinho, que o olhava com o seu jeitinho doce e meigo. Ivan sorria, o admirando.
_ Eu quero que volte para a casa. Quero ter a minha família comigo.
_ Eu quero voltar, mas preciso de um tempo.
_ Você tem que contar a verdade para a sua família, meu Solzinho. É melhor que eles saibam por você do que se descobrirem por outros meios. Caso isso aconteça, vão se sentir traídos.
Víctor abaixou o olhar entristecido e Ivan o beijou, segurando em seu queixo.
_ Eles não vão aceitar.
_ Eu sei. Mas, nós nos amamos e queremos ficar juntos. Nós temos uma filha e ela precisa de nós dois. Meu amor, eu estou contigo para o que der e vier. Mas, não podemos continuar às escondidas como se tivessemos fazendo algo errado.
_ A minha família é muito importante pra mim. Eu tenho medo que fiquem com raiva e cortem relações comigo.
_ Solzinho, é certo que a sua família não vai me aceitar e eles têm motivo para isso. Eu não tiro a razão deles, mas eles te amam muito. Nunca vão te rejeitar. No máximo ficar chateados. Mas, com o tempo eles se acostumam.
_ Será?
_ Claro que sim, minha vida. Eu te amo muito. Nós ficamos separados por muito tempo. Agora temos o direito de voltarmos a ter nossa vida. Você me faz tanta falta.
_ Eu também sinto a sua falta, Ivan. O que mais quero é que tudo volte a ser como antes.
Ivan o beijou.
_ Eu só preciso de mais um tempo. Eu prometo que vou conversar com eles... eu posso pedir ajuda ao Renato. Ele sempre foi bom comigo e gosta muito de você. Acho que pode nos ajudar.
_ Tudo bem. Mas, espero que você resolva isso logo.
_ Eu vou resolver.
Eles passaram a tarde juntinhos assistindo TV abraçados.
Quando despertou, Alice se juntou a eles, abraçando o seu coelhinho rosa, que ganhou de presente de Victor.
Para satisfazer o desejo da filha, Ivan pediu pizza, a contra gosto de Victor, que queria que a filha comesse algo mais saudável.
Mas o rostinho meigo da menina o convenceu.
Ivan pediu ao porteiro que deixasse o entregador subir, porque estava com preguiça de descer.
Enquanto a chuva caía com força do lado de fora, Ivan brincava com Alice no chão da sala e Víctor arrumava os pratos, talhetes e copos na mesa para a chegada da pizza.
Estava na cozinha para pegar o refrigerante, quando a companhia tocou.
_ Meu amor, atende pra mim? Estou ocupado.
Ivan levantou sorrindo para abrir a porta.
Contudo, o seu sorriso foi desfeito ao ver Andréia ao lado do entregador. Ela segurava um bolo nas mãos e tinha a intenção de fazer uma surpresa para o filho e neta.
Ver Ivan a provocou uma ira feroz. A sua desconfiança estava confirmada.
Víctor foi até a sala, pondo o refrigerante na mesa e se aproximou da porta.
Ao ver a mãe, ficou envergonhado e tenso.
_ Deu setenta e quatro e noventa, senhor._ disse o entregador notando o clima pesado entre eles.
_ Mãe, eu posso...
_ Não diga nada. Eu já entendi tudo._ Andréia disse lançando o olhar de ódio para o genro.
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