Certa vez me disseram, que o homem poderia comparar seus apetrechos sexuais às armas de fogo. Para ser mais específico, uma espingarda e os aviamentos de caça!
Triste sina de nós homens e nossas armas…
Somos criados para saber usar a tal ferramenta (pinto).
É com alegria, que em determinada idade, descobrimos que a tal (espingarda) não serve só para aliviar as necessidades fisiológicas do urinar.
Não, senhoras e senhores!
A coisa vai além de uma simples mijadinha.
Os banhos demorados, o olhar curioso para televisão ou alguma revista (isso na minha época).
Era bater os olhos em uma mulher com roupas mais insinuantes, e lá ia o jovem despí-la em sua mente, estrangulando a pobre arma, que entre formigamentos salientosos, latejava na palma (amarelada e cheia de pêlos) do solitário e juvenil fornicador.
Nessa hora, o jovem, mesmo sem saber, virava caçador. Ainda que não possuísse uma arma de calibre grosso e bem municiada, sua chumbeirinha de matar camundongos funcionava.
Tudo justinho, peças novas, brilho de recém saída dos embrulhos!!
Era uma punhetinha sendo batida!!
Olhos fechados, imaginando a tal musa que viu a pouco em poses e cenas insinuantes na tela do aparelho televisor, ou nas páginas de alguma revistinha!
Eram todas muito cúmplices e solícitas as investidas do jovem garanhão. Falo por mim, jamais houve recusa por parte de minhas musas. Rendo homenagens a Aldine Müller… quantas vezes a comi em minhas punhetas! Quantas… e quantos tiros dei, com minha chumbeira 5.5.
De cúmplices, o vaso sanitário, chuveiro, cesto de lixo, pia, torneira, rolo de papel e suporte… Os pobres tapetes, vez por outra recebiam umas gotículas que respingavam. Ou de saliva lubrificativa ( a prática era tamanha, que se cuspia de olhos fechados e acertava o alvo, a cabeça da caolha) ou da gala, essa ainda ralinha!
As atividades poderiam se desenrolar no por baixo dos cobertores, ou escondidos em locais discretos!
Os momentos durante os banhos. Era um tal de tentar camuflar os ruídos produzidos durante o manipular sacolejante da fornicativa auto-satisfação. Ligava-se o chuveiro, dava-se descarga… pés raspando no piso do banheiro…
Ah, Sporca Miséria, quantas vezes fiz aquilo!
E isso seguia até depois de conhecer os prazeres com moças. Ter comido uma bucetinha ou duas, às vezes até mais!!
O rapazinho começava a entender certos ditados, como:
-Pensa mais com a cabeça de baixo, que com a de cima!
-Já está destemperando o cano da carabininha...
A mais pura verdade meus amigos e amigas. O homem passa a pautar suas atividades diárias, conforme seus desejos. Seja para olhar essa ou aquela mulher, ou encontrar-se sozinho para aliviar-se.
Tudo é motivo para pensar em buceta, e instintivamente, a mão (destra ou canhota) segue para o pacote (capa) no meio das pernas, oculto pelas vestimentas, bem onde o sucuri (espingarda) enrodilhado, começa a despertar de sua momentânea hibernação.
Pois bem, essa farra vai ficando boa, dos 20 até os 30 e poucos anos.
Nessa fase gostosa, o homem vira caçador dos mais ávidos. Um Allan Quarterman de belos corpos...
Descobre as benesses em ser portador dos apetrechos de libidinentas caças!
Nossa arma, sempre pronta para o uso, nem precisa de muitos estímulos visuais. As vezes é por abstração mesmo.
Era só imaginar, e o trabuco estava armado, brabão de tudo, pronto para quaisquer tipo de entrevero.
O caçador iniciante, ainda inexperiente, nem se importa com o bem estar e a economia de suas munições (isso pouco antes das 20 primaveras).
Sai atirando às cegas, em tudo que é tipo de caça. De cotia à capivara!
Não passa uma no trieiro que o jovem caçador não coloque em sua alça de mira.
Atira duas, três, quatro ou cinco vezes, nem chega a avermelhar o cano de sua estimada arma:
Ainda tira sarro o gaiato: - nem fez cócegas no cano!
A coisa é fácil naquela fase (até os 30 e poucos), é triscar o dedo no gatilho, este ainda muito sensível, e a danada cospe chumbo quente pra tudo que é lado.
Feliz, dono de si, o caçador faz até graça, atira em asa de marimbondo, morcego e borboleta… tudo. Não escapa nem muriçoca!!
É, fui caçador novo, e minha carabina vivia bem municiada e dando longos tiros! Era mais animado que um arraial de São João.
Mas como tudo que é bom, um dia vai se acabando…
Piscou, não viu, e o caçador chegou aos 40 anos!
É nessa fase que passamos a dar valor à nossa ferramenta bélica, e ao nosso paiol de munições.
Chumbo, este não pode ser desperdiçado à toa.
Não, senhoras e senhores!
A caça precisa ser bem selecionada e avaliada. Só as mais atraentes, com muitas carnes nos quartos traseiros… anca bem servida, lombo liso!!! Coisa fina mesmo...
Sabem como é, a pólvora começa a escassear, ao invés de muitos chumbos na cápsula do projétil, apenas alguns poucos carocinhos.
Por isso o tiro precisa ser certeiro, e não é em qualquer coisa que se faz mira. Não!!
No bater de asas de um beija-flor, os 50 se aninham!!
Agora, dessa fase em diante, a coisa vai ficando feia de verdade.
O caçador, agora começando a fraquejar as vistas.. precisa de ajuda para carregar a arma.
Alguns, até bandoleira colocam nos rifles.
Aquela peça, que antes ostentava cheio de orgulho, não tem mais o brilho de outrora.
Coronha opaca, o cano enferrujado, a mola fraca, cão, ferrolho e gatilho emperrando com mais frequência.
Até o guarda mato fica amassado… excesso de usos em noites de espera!
Haja azeite para lubrificar a ferramenta. É uma judiação!
De vez em quando, muito mesmo, o caçador cisma em dar uns tiros.
Para cada 1 que acertar, outros 10 serão de tentativas e falhas.
Picota, lenca, espoleta da munição úmida, alça de mira fora de foco, mola desajustada… é uma desgraça.
Chega faz raiva, muita mesmo!!!
Mas o caçador, que um dia foi garboso, é insistente.
Tenta até alinhar o alvo na mira. E quando o mateiro velho já testou os limites e paciência da caça, essa enfezada, raspa fora, deixando o coitado com o bacamartão a ponto de explodir na mão!
Ainda não cheguei na casa dos 60 anos, mas ouvi histórias tristes sobre essa fase.
Como dizem no sertão:
-Espingarda de Véio só serve pra matar cobra, besouro, e outras coisas rasteiras…
Quem foi rei nas trilhas de caça, deu tiro em panteras, jaguatiricas e gordas antas, agora não consegue espantar nem tico-tico ou paca.
A massa de mira, agora só aponta pros pés do velho caçador.
Na melhor das hipóteses, vira muleta!
Podem passar mariposas e andorinhas dando rasantes na aba do chapéu do velho baladeiro.
Não vai adiantar nada! A boca do cano, nunca mais verá a luz do sol e o azul do céu!
O antigo carabinão orgulhoso, dispensado de suas atividades, reformado em patente acima, agora tem seu repouso final dentro de algum baú (zorbão), ou pendurado na parede.
Lembrança dos dias de glórias, das façanhas em alguma trilha de caça, ou pendurados nos girais, caçador e arma, aguardando as incautas presas…
É, tudo tem um começo, meio e fim (melancólico)!
E eu, bem...tô quase lá meu povo, quase lá… mas o Véio é lampino, ainda guardo algum fôlego para ocasiões especiais!
Eita mundo Véio cheio de barrancos e espinheiros...
Um conselho aos jovens caçadores:
-Usem com sabedoria suas armas e muniçoes, o tempo passa rápido em tais atividades, as trilhas de caça começam a ficar vazias…
Saudade tenho, e muita.
Quanto tempo gastei percorrendo capões de forquilhas com suas folhagens densas ou ralas (virilhas de moças), grotões com poços (regos nadegais), fendas e grutas (aberturas das mimosas bucetinhas), montanhas e picos de relva macia (seios), planaltos e platôs de leve erosão (barrigas e umbigos), escalando frondosas e belas árvores (coxas grossas), lagos azuis ou de esverdeadas águas (olhos), saliências macias em pontas de abismos (bocas atraentes), percorrendo trilhas sinuosas (curvas dos belos costados).
Fui caçador dos melhores em meu tempo, e hoje, o que me resta, é contar causos dos velhos tempos em que minha arma vivia de prontidão, igual uma sentinela de quartel…
Eita tempo véio gostoso aquele…
Aooo saudade!
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