Dentre meus clientes, como deve ser esperado, atendo muitos garotos de programa. Uns recorrem a terapia para superar alguma experiência traumática e outros, simplesmente para conseguir desafogar experiências já acumuladas.
Um de meus clientes mais interessados é Saulo, boy da Zona Sul carioca que utiliza nossas sessões exclusivamente para o segundo caso. Trata-se de um rapaz bem resolvido em seu meio, daqueles que não se viam como vítimas e não encaravam a prostituição como única saída, mas sim como um estilo de vida. É comum ele me vir com relatos distintos, de seus clientes mais seletos. Normalmente ele atendia grandes figuras, homens de poder e prestígio que pagavam bem por alguma exclusividade e as vezes um serviço adicional. Suas experiências me renderam muito aprendizado e ele me foi muito cooperativo em minha tese de doutorado, tornando Saulo um dos meus mais antigos e queridos pacientes O relato que vou contar foi escolhido tanto pelo teor da história, quanto pelo acontecimento singular ao final da sessão.
***
Nossa, doutor. Faz tempo que não venho, não é? Mas eu estava em uma situação muito ruim. Tão ruim, que até resolver, nem falar sobre ela eu gostava. A verdade é que eu escapei de uma boa esses dias. Tentaram armar feio pra mim. Com sorte, consegui me livrar.
Não adianta eu contar o que me aconteceu, sem antes explicar o início, há uns dois anos atrás, quando eu atendia pela primeira vez o senhor Lima. Creio que nunca falei dele pra ti. A verdadeira é eu porque tinha vergonha. Vou explicar.
Esse cliente me foi indicação de outro, o qual eu atendia e que gostava de levar chineladas na bunda. Acho que já lhe falei desse último em outra sessão. Sobre Lima, tudo o que eu sabia era que se tratava de um grande advogado, dono de uma grande empresa de advocacia.
Quando recebi a mensagem dele a primeira vez, achei que fosse uma piada, pois a forma que ele descreveu o que queria foi tão metódica que parecia ensaiada .
Logo depois das perguntas básicas de disponibilidade, preço e tal, ele me solta:
- Então quero te contratar para essa noite. Você vai até meu apartamento, vou deixar a porta aberta. Você vai invadir a sala, me render e imobilizar. Ache qualquer coisa disponível para me amarrar e amordaçar. Quero que me foda assim, sem pena. Espero receber algumas porradas também. Eu vou reclamar, espernear, até posso chorar ou gritar, meu apartamento é uma cobertura e eu tomei a precaução de forrar as paredes com telas anti ruidos. Então não se preocupe, seu ato não chamará a atenção de ninguém. E não tenha pena de mim, por mais digno que eu pareça. Você só precisa se atentar caso eu te xingue de "cachorro". Pois esse é o sinal que você foi ou está indo longe demais. Se eu falar "cachorro" pela terceira vez, pare imediatamente. Qualquer outra coisa que eu pedir, implorar ou te xingar, desconsidere e continue o trabalho. Ao final, na cômoda de meu quarto, primeira gaveta, você vai esvaziar seu conteúdo. Seu cachê vai estar lá, junto de outras coisas que eu separei pra ti. São todos seus. Você deve me "roubar". Entendido?
Cara, li aquilo e fiquei tenso. Pois já ouvi casos em que fetiches como esse acabam mal. Os clientes desistem no meio e depois queren se fazer como vítimas. Olhei a foto no whatsap e o cara era bonito. Meia idade, corpo forte, cabelos levemente grisalhos. Rosto másculo. Confesso que curti bastante. Era o tipo de cara que eu pegaria de graça em uma balada ou aplicativos da vida. Apesar de tentado, fiquei com medo. Relutei, mas depois de um tempo, decidi que iria aceitar, com algumas condições.
Primeiro, mandei que ele me enviasse um áudio, pedindo aquilo. Queria algo com a voz dele, que pudesse ser identificável caso eu tivesse de provar que ele de fato havia pedido aquilo. Afinal, um texto de whatsapp é fraco, qualquer um poderia ter mandado a mensagem. Outra exigência que fiz foi que eu não iria entrar escondido no prédio como ele queria. Eu iria ser anunciado pelo porteiro como qualquer convidado. Afinal, poderia precisar de testemunhas. Ele mandou o áudio sem problemas, mas ficou contrariado com relação a eu ser convidado. Mas aceitou ao fim.
Então, naquela noite, eu fui. O prédio era muito luxuoso. Ele morava bem na cobertura. Fizemos todos os procedimentos e eu cheguei. Fui devidamente anunciando e convidado a subir. Chegando lá, bati na porta e não fui atendido.
- Droga - praguejei comigo mesmo. Era óbvio que não era aquilo que ele queria.
Toquei a maçaneta e a porta estava destrancada, como ele tinha falado. Travei novamente e respirei fundo, criando coragem.
Então, dei de cara com uma sala enorme. Fiquei um pouco abobalhado. O cara tinha muito dinheiro. Entrei e vi um sofá adiante, de costas pra mim. Sentado nele, estava meu cliente, vendo televisão. Sem olhar pra trás, como se não tivesse percebido minha chegada.
Assim, me esgueirei por trás dele e o agarrei no mata leão. Ele na hora começou a se debater desesperado. Levou as mãos pra trás e me bateu, tentando se libertar, os tapas doeram. Ele estava convincente demais
Eu então, levado um pouco pela raiva, o joguei com força no chão e apoiei meus joelhos em cima de suas costas e de seu rosto, prendendo ele no chão. Aquilo deve ter machucado. Ele esperneou.
- Me solta! O que você quer comigo? - ele de fato parecia muito surpreso e assustado, então eu acabei vacilando. Soltei um pouco a pressão contra sua cabeça e esperei. Fiquei assustado. Na hora me veio um turbilhão de possibilidades. E se ele não fosse o cliente? E se aquilo fosse uma piada de mal gosto?
Mas foi então que ele virou o rosto em minha direção. E na hora perdeu a voz de choro. Até suas lágrimas secaram. E ele me olhou com profunda raiva.
Me arrependi de imediato e tentei voltar a atuação. Antes que o frustrasse ainda mais. Puxei com força o telefone na mesinha ao lado e arranquei o fio. Usei ele para o amarrar. De inicio, ele não fez muito esforço, visivelmente decepcionado. Só depois de uns tapas na cara que ele começou a se soltar de novo. Tirei minha blusa e enfiei na sua boca, calando. Aí que o advogado começou a espernear novamente, retornando ao personagem.
Teve uma hora que eu me empolguei e armei pra dar um soco nele. Seus olhos arregalaram na hora, mas eu vacilei de novo e não bati. Dei só mais um tapa na cara, mas sem força.
Caramba, eu tava fazendo merda atrás de merda. Já tinha brincado dessa coisa de sadomasoquismo antes, mas não com aquela realidade. Meio que desistindo da agressão física, pois esta não ia dar certo, resolvi tirar a calca dele num puxão e meter com força mesmo. Isso eu, pelo menos, sabia fazer sem medo.
Fodi muito ele, enquanto estava amarrado. Tentei caprichar para compensar o desastre anterior.
Então tirei minha camisa da sua boca e sibilei:
- Não grita - e segurei seu rosto. - se ficar quietinho, saio sem te machucar mais.
Cara... Rsrs eu me sentia ridiculo. Na verdade estava com vergonha, pois sabia que estava indo muito mal naquele fetiche. E odiava decepcionar qualquer cliente.
- Por favor, cara - ele falou naquela voz chorosa que sabia fingir tão bem - Eu não sei o que ta acontecendo, mas por favor, não me machuca mais...
- Vou fazer o seguinte contigo - Sussurrei ao seu ouvido - vou te deixar trancado no banheiro e você fica quietinho. Se fizer um pio, te mato, sacou?
Ele fez que sim com a cabeça e eu o peguei pelo braço. O levei até o quarto e o fechei na suite.. Não tranquei a porta, lógico.
Aliviado de ter acabado, eu já ia meter o pé sem pegar meu pagamento. Só aí lembrei da gaveta. Fui lá e meu queixo caiu. Além do dinheiro, maior que o combinado, tinha lá uma carteira de couro importada e um Rolex. Cara, nunca tive um. Meu impulso foi de pegar o relógio, mas não consegui. Era o combinado, eu sei. E não seria a primeira vez que um cliente me dava um mimo caro daqueles como agrado a mais. Mas meu desempenho naquela noite foi tão mediocre que eu não me senti merecedor. Peguei só o cachê combinado e meti o pé.
Eh doutor... Foi um fiasco. Tanto que o cara nem mandou uma menssgenzinha no dia seguinte. Sabe... Gosto de receber um feeeback, saber o quanto agradei. Até críticas eu recebo bem. Mas aquele silêncio... Puxa, foi brutal e eu tive noção do quanto o havia decepcionado.
Eu achei que nunca mais veria o doutor Lima de novo. E por dois anos, foi assim. Até que há três meses atrás eu recehi uma intimação na minha casa.
Eu estava sendo acusado de roubo por um cliente. De cara, não lembrei quem era. Mas tinha sido um cliente recente. Um tal de Carlos, com quem fiz programa na casa dele. Aos poucos fui lembrando do dito cujo; cara de meia idade, sem muitos atrativos. Meio travado no sexo, sabe, mas achei que tivesse mandado bem em nosso encontro. Pelo menos eu o deixei bem satisfeito no dia. Não entendi o porque daquela acusação.
Fui na delegacia no dia seguinte me inteirar do assunto. E era séria, eu logo fiquei nervoso, pois nunca havia me ocorrido.
Muitos dos meus clientes são advogados, então fui pedidlndo ajuda, mas a maioria não era advogado criminalista ou não tinha condições de pegar meu caso.
Foi então que, já desesperado, resolvi colocar no histórico do meu whatsapp o pedido. Para caso algum dos meus contatos que eu yenha esquecido visse e se interessasse.
Escrevi que estava sendo vítima de um processo erroneo e que precisava de um bom advogado. Se alguém poderia me indicar.
Então, no dia seguinte, recebo a mensagem do Lima. Demorei para lembrar quem era e fiquei surpreso quando consegui.
Ele na hora me perguntou sobre o caso e eu fui narrando tudo o que sabia. O que não era muito, devo admitir. Ele não demonstrou grande interesse ou entusiasmo. Falava sempre num tom bem calmo e profissional. Nos dias que se passaram, ele foi me interrogando mais e eu fui contando tudo o que sabia. As vezes nos falavamos por mensagem, às vezes video conferência. Nunca nos vimos cara a cara durante esse período.
Me cobrou um valor muito baixo, basicamente só para cobrir as custas das pesquisas que ele teria de fazer.
Confesso que duvidei que ele fosse de fato me representar. Cheguei a achar que no dia ele iria me largar, que estava iludindo me ajudar como forma de se vingar do meu fiasco em nosso encontro... Eu sei. Loucura, mas a verdade era que eu estava surtando com aquele lance de processo.
Então o dia chegou e eu fui a audiência. Chegando lá, o encontrei e senti um grande alivio. Eu pouco lembrava de seu rosto, mas tive certeza de que era o mesmo cara que amarrei e prendi no banheiro anos atrás. Ele é um cara bem boa pinta. Maduro, forte. Seu porte caia muito bem com aquele terno caro que vestia. Tinha olhos cinzas, que combinavam com o pouco grisalho de seus cabelos. Ostentava uma barba bem alinhada e tinha dentes muito brancos.
Ele falou pouco comigo, mais para eu não me preocupar, pois entendia que o meu antigo cliente não ia conseguir ir muito longe naquele assunto. Sua segurança me acalmou um pouco e eu fui grato. Ao final da esplanação, antes de sermos chamados, ele me deu um meio sorriso e alfinetou:
- Irônico que você, na época, chegou a pensar que eu quem iria armar uma dessas pra você. Não é mesmo?
Sorri sem graça, sem responder.
Então, entramos na sala e o safado estava lá com seu advogado. Me segurei de vontade para não xingar ele. E o maldito nem me olhava, ficando de cabeça baixa toda a audiência. Só o advogado dele falou. Disse que eu havia me aproveitado do programa para dopa-lo. E que, após isso, havia furtado seus pertences e dinheiro que ele tinha no apartamento. Até mesmo uma televisão eu supostamente tinha roubado. Eu tive de segurar a onda pra não rir de escárnio.
E enquanto isso, Lima escutava tudo paciente. Eu já querendo gritar, e ele ali, calmo. Aquilo estava me deixando louco.
Eu simplesmente não tenho psicológico pra isso.
Todavia, enfim chegou a hora de meu advogado falar. Ele, com toda a calma, puxou uma papelada e começou a narrar. Devagar, foi rebatendo todas as acusações. Primeiro, questionou o video da câmera do prédio usado como prova pela acusação me mostrar entrando e não saindo.
- Acho no mínimo desacreditavel meu cliente ter conseguido sair do lugar com uma tv de plasma sem ser visto ou registrado - completou com um meio sorriso.
Ele ia falando e aos poucos sua voz ia ganhando intensidade, conforme ia destruindo as acusações. No final, ele ainda conseguiu, não sei como, a informação de que Cláudio tinha um bom seguro residencial e que o havia acionado para prdir a indenização do roubo. Informação essa que, eu pude ter certeza ao ver a cara do advogado de Claudio, ele não havia compartilhado sequer com ele.
Após aquilo, foi um massacre. Lima parecia ter dobrado de tamanho enquanto falava. Era um predador, um tubarão que tinha sido lançado naquele aquário e agora as trutas perdidas lutavam para escapar.
Doutor, vou te falar... Eu tive uma ereção no meio da audiência. Ouvir aquele cara falar era... Não sei... Como ver um artista. Ele destriuiu os caras...
Ao final, eu sai de lá com a sensação de ter tido um orgasmo.
Fomos logo tomar um café. Não tinha comido nada de véspera, de tão nervoso, e estava famindo. Ali, comentamos a audiência e rimos. Lima estava bem mais solto. Menos profissional. Tirou a gravata e abriu o colarinho. Como ficou ainda mais bonito naquele jeito mais despojado.
Nossa, eu não sabia como agradecer. Insisti que ele me informasse os honorários. Ele então sugeriu que dessemos continuidade ao processo, e processar por injúria e pedir danos morais
- Ele recebeu uma boa quantia do seguro e já entrei com mandato para bloqueio de suas contas. Ele vai pagar. Eu tiro meus honorários quando sair a ação, o que acha?
Ele devia ser im anjo vindo do céu, só podia.
- Mas... Não sei. Acho pouco. Sinto que preciso te recompensar. Você... Caramba, salvou minha vida. E fez tudo na camaradagem já que não aceitou nada de mim de cara.
Lima riu e fez sinal de pouco caso.
- Apenas não suporto essas pessoas que tentam tirar vantagem. De vez em quando, gosto de pegar desafios assim, como seu caso.
Eh doutor, eu simplesmente não sou acostumado a ser tratado dessa forma, devo confessar. Na minha profissão, eu sou carne, só. Aceito isso de boa. Então, chegar alguém assim e fazer uma boa ação dessas... Fico todo vermelho na hora. Eu tinha que retribuir de alguma forma. E fui insistindo:
- Mas mesmo assim... Caramba, obrigado eu - então, tive uma ideia - eu vou no seu apartamento hoje a noite.
Lima bebia seu café.
- Não precisa se... - ia dizer, mas eu o interrompi. De repente, minha voz engrossou e eu assumi uma postura autoritária.
- Eu vou. Não pedi sua permissão. - falei, surpreso comigo mesmo pela minha atitude - se tiver um compromisso, desmarque. Não é problema meu. Até de noite . E espero não ouvir lorotas sobre cachorros quando estiver comigo.
E me despedi, deixando-o, pela primeira vez, sem palavras.
No caminho de casa, minha cabeça parecia que ia explidir. Milhões de idéias rompendo de repente. Varias coisas que eu queria fazer pra agradar ao Lima. E eu fui decidindo.
Eu estava eufórico, parecia estar tento uma taquicardia.
Mas lá pelas 19h, eu havia decidido o que ia fazer.
Eu tenho uma pistola de air soft. Uso algumas vezes quando me visto de policial. Na maior parte do tempo a evito, pois se trata de uma réplica convincente e morro de medo de ser abordado na rua e um policial a ver. Mas Lima merecia .
Vesti roupas comuns. Jeans, tênis, boné e um casaco esportivo e saí com a arma escondida na cintura. Passei numa pizzaria e comprei pra viagem e fui ao apartamento.
- Cobertura 1, por favor. Senhor Otávio Lima. - anunciei ao porteiro. Este ligou e após informar de minha chegada, o vi fazer cara de dúvida, então acrescentei.
- Diga que é da Pizzaria do Saulo - completei e então o porteiro, ao informar isso, concordou com a cabeça e me deixou entrar.
Subi e toquei a campainha. Ele não atendeu e eu toquei de novo, achando graça. Eu não ia invadir. Havia pensado em algo diferente para aquela noite.
Então ele abriu. Eu sorri e entreguei a pizza.
- São R$ 49.99, senhor.
Ele riu e pediu licença para pegar o dinheiro. Parecendo aceitar a brincadeira.
Então, quando ele entrou, eu o segui, saindo do raio da câmera do corredor, puxei a arma e encostei em sua cabeça.
- Quieto - falei, sério, sem gritar, - se fizer gracinha, explodo tua cabeça.
Olha, acho que a Globo está perdendo uma estrela. Eu mesmo estava surpreso com o meu vigor. Lima estremeceu. Pôs a pizza na mesa e se virou devagar com as mãos ao alto.
- O que... É isso... - sua voz tremia. Acho que ele estava na dúvida se a arma era de mentira ou não. Como falei, era uma cópia muito convincente.
- Exatamente o que tu ta vendo. Fala, onde está o cofre?
- Mas que cofre... - sua frase foi interrompida por um bofetão que dei com as costas da mão.
Pesei a mão, admito. Ele erguei o rosto, vermelho. Parecia assustado, mas então eu vi um brilho em seus olhos que me acendeu por dentro. Ele estava gostando. O maluco estava realmente gostando. Caramba.
- Não se faz de sonso, não tenho tempo.
- Eu... Eu juro... Não tem cofre eu.. - e apontou para o quarto, para a cômoda. A mesma cômoda... - tudo o que eu tenho está ali...
O empurrei com o cano da arma e o segui em direção ao quarto. Abri a cômoda e me segurei para não cair o queixo. Muito dinheiro, e ainda tinha um aparelho de celular da Aple e um óculos escuro muito maneiro. Devia ter uns 5 a 7 mil ali em dinheiro e produto.
- Só isso? - desdenhei. Afinal, não podia sair do personagem - não me arrisquei até aqui por migalhas não, seu babaca
Então eu o peguei pelo rosto, apertando. Ele se alarmou e segurou minhas mãos. Eu então apontei a arma para sua cabeça. Ele tremeu
- Seu... Seu - sua voz tremeu e eu esperei. Achei que ele fosse dizer "cachorto" - Seu cretino, isso é tudo. Pega logo e me deixa. Paz
Outro tapa, tão forte quanto o primeiro. Ele caiu no chão e eu pisei na sua cara.
- Me chama assim de novo, e eu te mato - falei bem sério - levanta
Ele se ergueu, rosto vermelhasso.
- Vamos, abre as outras gavetas, o armário também, quero ver o que tu tem aí. E se eu achar um cofre... - e ri - ... Ah coroa, tu vai chorar.
Ela abriu o armário e as gavetas. Roupas de marca, bem arrumadas
- Faltou uma - apontei pra ultima de baixo. Ele parou, fitando o nada - Anda, caralho, abre - e lhe dei um tapa na nuca.
- Por favor... - pediu, quase chorando
Apontei novamente a arma, dessa vez apoiando de baixo para cima em seu queixo.
Ele então abriu.
Era uma gaveta de cuecas.
- O que tem demais nessa merd... - então eu vi algo - mas que PORRA é essa?
Ele fez menção de pegar, mas eu fui mais rapido e puxei. Ali, embalado em um saquinho, estava uma lingerie.
- Mas tu ta de sacanagem comigo, né doutor? - ri auto - Tu gosta de calcinha? Hã? Fala, caralho. Porquê eu não to vendo mulher por aqui - eu ria, zombando dele sem piedade.
Então cheguei perto dele e falei no seu ouvido.
- Fala ai, tu curte as paradas que as mulheres curtem também? - sussurrei - Curte piroca?
Ele não respondeu, cabeça baixa ainda.
Pus a arma na boca dele e mandei ele chupar.
- Mostra pra mim como tu chupa uma pica, vai. Anda porra - engrossei a voz, mesmo sussurrando.
Vou te dizer, ele ficou bonitinho chupando a arma. Cara, eu estava muito excitado. Fazia tempos que não me envolvia assim em um fetiche.
- Não é que tu mama direitinho - parabenizei - vamos, vai. Faz com algo mais carnudo agora. - e botei o pau pra fora - cai de boca.
E o empurrei pra ficar de joelhos no chão.
Ele abriu a boquinha e começou a mamar. Cara, que boca. Macia, quentinha. Deliciosa. Não sei te falar quando foi que recebi uma mamada tão gostosa.
A coisa tava boa, mas eu ainda queria apimentar mais. Então, fingo sentir dor
- Ai, caralho - gritei - tu me mordeu, seu filho da puta.
Ele se assutou
- Não. Eu não... Eu não fiz - seus olhos estavam alarmados. Acho que fui tão convicente que ele mesmo ficou pensando se tinha me mordido sem querer
- Seu filho da puta - e o peguei pelos cabelos, arrastanto até o banheiro, onde a luz estava acesa - olha isso - e apontei para meu pau ileso - sorte não ter tirado sangue
E o peguei de novo pelos cabelos e o arrastei até o box. O joguei lá e ele ficou sentado no chão.
- Quis te tratar com carinho - e apontei o pau - mas tu prefere ser puta. Então toma.
E mijei
Já tinha feito isso algumas vezes. Muitos clientes adoram a chuva dourada e eu imaginei que Lima ia gostar também. Eu não estava errado, pois dava pra ver em seu short o volume durasso que estava dentro dele. Tinha bebido muito água de véspera e nem foi com essa intenção rs. Mijei muito, banhei ele todo, dos pés a cabeça. Se fechar os olhos, ainda lembro da expressão em transe dele, mechendo o rosto de um lado para o outro, deixando o jato encostar em toda a cabeça.
Acabei e ainda sacudi bem, pois queria cada gota nele.
- Está imundo - acusei - se lava pra eu te usar de uma vez - saí do box, então lembrei - E quando sair, quero você vestindo isso - e deixei a lingerie em cima da pia.
Saí e não demorou pra eu ouvir o barulho do chuveiro. Fui pra sala, tirei quase toda a roupa. Deixei apenas os tenis e o boné. Achei que compunharia bem o figurino. Então, peguei uma poltrona a a arrastei de forma a ficar de frente pra saída do banheiro. Sentei e esperei, peladão, pau durasso de tanto tesão. Minha mente viajava nas possibilidades. Era a primeira vez que me entregava tão de corpo e alma.
Ele saiu, tímido, tentando cobrir o corpo semi nu com as mãos. Usava a calcinha bem encravada e o sutiã.
Eu fiz sinal pra ele se aproximar com a arma em punho. Ele veio. Sinceramente doutor, nunca curti essa coisa de troca de gêneros. Honestamente. Adoro transar com homem e adoro transar com mulher. Mas sempre naqueles papeis bem definidos. Esse negócio de homem com calcinha ou milher vestida de macho nunca me agradou. Mas... Devo admitir. Naquela noite agradou e agradou muito.
Ele todo dengosinho veio e se ajoelhou. Indiquei o pau pra ele e Lima o pegou com cuidado, como se fosse algo fragil. Chupou com todo o carinho, com medo de me machucar de novo.
- Assim... Isso... Agora sim, ta parecendo um putinho manhoso. Gosto assim - e apontei a arma pra ele - se inventar de meter o dente de novo, já sabe.
- D...escul.. pa - falou com meu pau ainda na boca. Cara, que delicia ver ele daquele jeito
Em pensar que aquele homem, horas atrás, era um verdadeiro terror nos tribunais. Um cara impiedoso, imperativo, cheio de moral. Ali... Ali ele era um escravinho submisso, que gostava de ser colocado no chão, de quatro, pra ser usado e abusado.
Acho que o excesso de poder que ele é obrigado a exercer todos os dias, uma vez que é dono de uma grande empresa de advocacia, era demais pra ele. Então, de vez em quando ele se colocava ali, como submisso, alguém sem escolha, sem autonomia, que estava apenas para servir.
Kkkkkk
Olha eu aqui, querendo fazer o seu papel. Mas acho que você concorda comigo, né doutor?
O fato é que Lima estava em êxtase. Me olhava como se eu fosse um Deus. Modéstia a parte, já recebi esse olhar muitas vezes. Sou um cara bonito e gosto quando reconhecem. Mas o olhar dele... Sei lá, era mais. Era de devoção pura. Ele estava se esforçando para me agradar.
- Levanta - mandei e ele de imediato se pôs de pé.
Me inclinei pra frente e puchei o sutiã com força, areancando num rasgo
- Tá ridículo com esse sutiã. - falei sério, então olhei de cima a baixo e bati nas pernas. - Vem, vira de costas e senta.
Ele virou e foi se ajeitando.
Não tirei a calcinha. Dela eu tinha gostado rs. Apenas peguei com cuidado a fita entravada e joguei pro lado, de forma a deixar o cuzinho livre.
Ele encaixou e logo escorregou. Nossa, que delícia...
- Quica, viadinho. Quica, porra. Arranca leite dessa porra, vai - mandei e ele obedeceu.
Cara, nem lembro do que xinguei ele, mas xinguei muito. Era um tesão tratar ele com tanto desrespeito. E ele gostava.
- Vai, porra. Quica mais. - e lhe dei um tapão na bunda
- Tô ficando com as pernas cansadas - se queixou e naquela hora eu perdi a cabeça.
- Ta me contrariando? - e na hora, sem pensar, lhe dei um socão nas costas.
Doutor... Eu gelei na hora. Eu tinha exagerado, sabia disso. Ele na hora caiu pra frente, ganindo. Pensei "Fudeu. Acabei com a brincadeira".
Esperei que ele fosse usar a palavra de segurança, mas não. Ele se levantou, segurando a região atingida, virou de novo e voltou a sentar
- Desculpa - miou baixinho. E continuou.
Loucura, né? Passei a mão no pau dele e não é que tava duro, babando? Aí eu perdi a linha, dei mais um, dois, três tapas na bunda dele
Lima quicava muito, empenhado em me agradar. Mas eu não ficava satisfeito. Dei mais dois socos nele. Dessa ve regulei mais a forca. Foram fortes, mas não como o primeiro. Ele gemia muito, cabeça pro alto uivando enquanto subia e descia.
Então eu me estiquei, peguei de novo pelos cabelos e o joguei no sofá.
- Puta que pariu, como tu demora. - afundei a cabeça dele no sofá e meti o pé em cima. Daquela posição, ajeitei a calcinhae meti de lado. Forte, logo de cara.
- Assim, olha. Assim que quero fuder teu cu, seu imprestável. - e meti, mantendo o pye firme contra sua nuca.
Segurei ele pela calcinha, que acabou arrebentando o lado. Ai puxei logo de uma vez a rasgando toda. Me ajeitei, tirando o pé de sua cabeça, mas segurando as costas contra o assento. Meti mais ainda. Achei que fosse quebrar o sofá.
Só então lembrei de amarrar ele. Na loucura, tinha esquecido que ele gostava disso. Mas já era tarde. Talvez numa próxima, se rolasse .
Até porque, a arma já tinha dado o toque de intimidação necessária.
Gozei demais dentro dele, mas continuei metendo. Meti muito, até não aguentar mais.
Só quando eu já estava quase desfalecido, que o peguei de novo pelos cabelos, o levei até o closet em seu quarto e o lancei lá, com um empurrão com a sola do pé.
Sem falar nada, fechei a porta e pus uma cadeira impedindo a passagem. Com o esforço certo, ele conseguiria empurrar a porta, mas não ia ser tão fácil.
Me vesti, rindo a toa e já ia saindo quando lembrei da gaveta.
Eu não queria pagamento, mas sabia que ele ia gostar se eu roubasse algo. Assim, peguei o óculos que achei super maneiro e fui. Ah... Peguei também duas farias de pizza. Aquela brincadeira havia me deixado morto de fome.
***
Saulo ainda ria quando acabou o relato. Ele olhava pela janela como se ele próprio estivesse com dificuldades de acreditar.
- Te dizendo doutor, eu ainda me surpreendo com as pessoas . Olha o que ele me mandou no dia seguinte. - e pegou o celular e leu - você acabou comigo ontem a noite. Tive de ir trabalhar hoje a base de analgésico.
Saulo riu.
- Então eu pedi desculpa, né. E olha o que ele me fala: Desculpa? Você foi maravilhoso. Só não foi perfeito pois inisistiu em não levar tudo o que estava na gaveta.
Saulo fez uma careta, ainda achando graça.
- Mas eu não achei justo você me pagar,. Eu respondi. Aí ele: aquilo não era pagamento. Tampouco presente. Era meu e você ia roubar. Assim estraga a brincadeira.
Ele me encarou gesticulando, como quem fiz "acredita nisso?"
- Pois é doutor. Eu levei esporro por não ter roubado ele. Então pedi mais uma vez desculpas, falei que numa próxima ia fazer o serviço direito. Ele só respondeu " acho bom"
Saulo ainda ria com gosto, me olhando com os olhos cheios de brilho. Gostava daquilo em seus relatos, sempre cheios de envolvimento, honestos, sem pudores.
- Sabe, doutor. Sem demagogia, sem hipocrisia, eu amo meu trabalho. Tem seus problemas, como todos os outros, mas adoro fazer os outros gemerem. Adoro pegar a pessoa e fazer direito. Fazer gemer e saber que eu quem sou o responsável. Sério. To ganhando muito bem também. Mais que meu diploma de administração provavelmente me daria... Em dois anos, acredito, vou poder me aposentar. Bem... Eu preciso né? Por mais que goste, sei que tenho de parar um dia. E quanto antes, melhor... Se não fico viciado. Meu corpo não vai ficar bonito assim pra sempre e eu também me exponho muito no meu meio... Eh, vou sentir falta... Mas se meu planejamento financeiro der certo, é isso que vou fazer.
Saulo coçou o nariz, perdido nos devaneios.
- E também, isso não quer dizer que vou virar o monge, né? Vou continuar fazendo as coisas que gosto, só não serei mais im profissional... Até por que não preciso de remuneração pra gostar de sexo, nem pra realizar fantasias. Eu mesmo tenho algumas sabe. Algumas pessoas que gostaria muito de pegar - e me olhou sério - você, por exemplo. Sempre aí, me ouvindo, anotando, me ajudando... Será que você é imune a tudo isso? Não fica nem curioso? Caramba doutor, vou ser totalmente sincero contigo, afinal nossa relação exige isso, não é? Eu sou doido pra um dia você perder essa pose profissional, me pegar de jeito, tirar minhas roupas e me fuder nesse divã. Ou, se preferir, ficar de quatro aqui e me deixar mandar brasa. Não sei qual a sua preferência. Adoraria qualquer uma delas.
Aquela não era a primeira nem a última vez que recebo uma cantada em expediente. Então eu apenas sorri e assenti.
- Obrigado pelos elogios.
Saulo na hora gargalhou.
- Cara, que toco hein? Kkkkk mas sério, como você não consegue nem corar com o que eu acabei de te falar? Tu nem parece humano e isso me deixa com mais tesão ainda, doutor. Quem sabe um dia. Jamais te faltarei com o respeito, prometo. Só estou sendo totalmente sincero contigo, como você sempre pede que eu seja... - e olhou o relógio, - Caramba, olha a hora. Tenho de ir. Foi um prazer, mais uma vez, doutor Fábio.
E saiu, com aquele olhar de predador que ele sabia usar muito bem. Deixando claro que ainda não havia desistido, estava apenas apreciando o prazer da caçada