Aqueles Olhos Azuis - Cap. 10

Um conto erótico de GuiiDuque
Categoria: Homossexual
Contém 3900 palavras
Data: 02/05/2021 04:59:26
Última revisão: 02/05/2021 05:01:59

~ continuação ~

#Fantasmas#

ㅤSeis meses desde que Philip foi para Londres já haviam se passados. Minha vida se resumia em: Casa, Faculdade, Psiquiatra, Psicólogo e Psicanalista. Eu havia entrado num infinito abismo de depressão. Cada vez mais eu me via cair num buraco negro sem nenhuma saída. Eu também não tinha nenhuma vontade de sair desse mundo obscuro que eu havia criado em minha volta. Meu quarto vivia cheio de caixas e caixas de remédios. Meus avós não sabiam mais o que fazer, eles não me reconheciam mais. Meus amigos me visitavam sempre, hoje vejo que se não fosse pela boa vontade deles, por eles terem lutado por mim desde o primeiro momento, eu não sei o que seria de mim.

ㅤVárias foram às vezes que me convidavam para sair, mas eu sempre dizia não. O estado que eu me encontrava, que minha depressão havia me feito ficar, fazia com que eu sentisse medo. Tinha medo de lugares fechados, de pessoas que eu não conhecia, do desconhecido. Eu descobri a síndrome do pânico. Confesso que eu tentei, tentei sair com eles, ir a isso e aquilo, mas quando ia por os pés para fora de casa eu sentia uma dor em meu peito, medo de que algo ruim fosse acontecer, eu ficava confuso e tinha medo de morrer. Não entendia como eu tinha forças para ir à faculdade e enfrentar todas aquelas pessoas e a pressão dos estudos.

- Vai até o bar comigo? – Pedi à Manu enquanto arrumava meus materiais dentro da mochila.

- Vou sim, quero comer alguma coisa.

ㅤLevantamo-nos e seguimos até o bar. Eu não parava de olhar para os lados, sentia que alguém estava me seguindo ou que não paravam de me olhar. Aquilo me dava calafrios.

ㅤManu que começava a perceber os sintomas segurava em minha mãe e me puxava para junto dela.

- Acalme-se, Vini, eu estou aqui.

ㅤEra no mês de Maio, quando fui entrar no bar, parei de repente. De repente vi na minha frente toda aquela cena entre mim e o Philip. Eu pedindo o suco e laranja e ele esbarrando em mim. Quando me virei para fora, afastado do bar, o mesmo banco, intacto, onde vi pela primeira vez aqueles olhos azuis que hoje me faziam sofrer mais do que qualquer coisa.

- Vini, NÃO! – Disse ela segurando o meu rosto e me fazendo olhar em seus olhos. – Não pensa nisso! Vamos entrar e comer alguma coisa. Por mim!

ㅤEra impossível não pensar nisso. De como minha vida mudou drasticamente quando conheci o Philip. Em breve seria o aniversário dele, depois chegaria o dia em que ele havia ido até minha casa e pela primeira vez nos beijado.

ㅤEntramos no bar e aquela estranha sensação começava a tomar conta de mim. Nunca desejei tanto estar fora daquele lugar.

ㅤAquele dia, quando cheguei em casa, meus avós não haviam ido trabalhar. Eu guardei meus materiais em meu quarto e desci para comer. Eles estavam sentados conversando e logo que cheguei pararam de falar.

- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei me servindo.

- Não sabemos, na verdade. – Disse meu avô.

ㅤDepois de servido, me sentei em frente a eles.

- Nós precisamos conversar. – Disse minha avó.

- Claro. - Disse.

- Vini, já faz seis meses que o Philip foi embora...

- Vô, eu não quero falar sobre isso!

- Mas eu quero, e nós vamos falar!

ㅤCalei-me.

- Ele foi embora, e ele nunca ligou para saber como você está, o máximo que recebemos é ligações anônimas acreditando que é ele, mas para quê? Fazer-lhe sofrer mais ainda? Vini, até agora eu não vi você reagir, voltar a viver novamente.

- Eu estou tentando. – Respondi.

- Não, você não está tentando, você ainda tem esperanças que o Philip entre por aquela porta e diga que se arrepende de tudo e que vai ficar com você para sempre como num conto de fadas.

ㅤMinha avó não falava nada. Ela apenas ouvia e concordava com a cabeça.

- Mas vô, eu não estou fazendo nada demais!

- Este é o problema, você não faz nada, você não sai com os seus amigos, não frequenta a casa deles, não vai ao cinema, não vai ao teatro, não sai para caminhar, não sai para se exercitar, nada. Eu estou sofrendo em ver você assim, principalmente sua avó.

ㅤNão respondi. Era a mais pura verdade. Diversas vezes ouvi e vi minha avó chorando pelos cantos.

- Desculpa, eu...

- Vini, você não tem que se desculpar, a única coisa que tem que fazer é viver e nada mais.

- Certo, eu vou mudar. – Disse.

- Era isso o que queríamos ouvir a muito tempo. – Disse minha avó sorrindo.

ㅤFicamos conversando durante o almoço todo e a tarde fiquei trancado em meu quarto pensando em minha vida. Até então nunca havia feito isso, apenas lamentava. Nunca pensei que poderia prejudicar tanto duas pessoas que eu amava muito. Eu estava decidido a mudar, não seria fácil, mas eu iria lutar e tentar dar a volta por cima.

(Fim da Parte 22)

-

#O Dançarino#

ㅤFaltava apenas uma semana para terminar as aulas e entrarmos no mês das férias de inverno. O pessoal já começava a notar uma melhora de minha parte. Mesmo assim às vezes eu tinha algumas recaídas. Não é fácil sair do estado em que eu me encontrava e de repente querer mudar, ficar bom logo de uma vez. Isso depende de cada um, depende da boa vontade de cada um, dias, semanas, meses, até mesmo anos.

ㅤNa sexta-feira, Manu e Rafa ficaram surpresas quando as convidei para sair à noite.

- Vamos ir a uma boate hoje? – Perguntei no intervalo me sentando entre elas.

- Como? Você quer sair? – Perguntou a Manu incrédula.

- ELE VOLTOU! ELE VOLTOU! – Berrava a Rafa me abraçando e me beijando. – GENTE ELE VOLTOU, O VINI VOLTOU!

ㅤAlguns alunos que passavam pensavam que nós éramos loucos, mas eu pouco me importava, estava achando a situação engraçada. Fazia muito tempo que não ria, não com vontade como naquele dia.

ㅤQuando cheguei em casa após o meio-dia liguei para o Celo, Bruno, Carol, Eve e também para o William, mas ele disse que não poderia ir, pois iria viajar com os pais deles logo a noite, mas desconfiei pelo fato de ser uma boate GLS. Enfim, não comentei nada. Os demais também ficaram surpresos pela minha mudança repentina.

ㅤNão convidei nem a Fê nem a Flávia, achava que me desligando de tudo que havia relação com o Philip me ajudaria a melhorar e tocar minha vida. Por isso não conversava ou deixei de ver as duas há quase três meses. Elas me procuraram algumas vezes, mas sempre pedia para minha avó ou avô dizerem que eu não estava.

ㅤTambém troquei de celular. Muitas vezes me ligavam anonimamente e eu ficava falando e falando, mas não respondiam. Começava a desconfiar, também não queria me deixar abalar por isso.

- Vó, já estou indo, os guris já estão me esperando! – Disse minha avó descendo as escadas e parando em frente ao espelho que havia no corredor. Foi a primeira vez que notei que desde que Philip havia ido embora eu nunca mais havia cortado meus cabelos. Eles já eram grandes, agora tapavam meus olhos.

- Está precisando cortar, não?! – Perguntou minha avó aparecendo do outro lado do corredor.

- Acho que não, gosto assim! – Comentei. – Bem, eu já estou indo, até!

- Cuide-se!

ㅤQuando sai, todos já me esperavam lá fora. Eu usava jeans, camisa social branca por fora da calça, colete preto sem manga e tênis. Modéstia a parte muito estiloso.

- Uau, esse eu pegava! – Comentou o Celo ao me ver.

- Eu prefiro o Bruno! – Respondi tirando uma com a cara dele.

- Valeu!

ㅤTodos riram.

- Bem, vamos logo que hoje eu quero é me divertir! – Disse a Eve.

ㅤEntramos em dois carros, um do Bruno e outro do Celo e fomos para a boate GLS. Quando chegamos lá o local estava lotado. Comecei a suar frio e a ficar um pouco apavorado. Acho que havia exagerado um pouco, logo de começo, na minha estreia poderia ter escolhido um barzinho mais calmo ou algo parecido.

- Vamos! – Sussurrou a Manu segurando minha mão e me puxando para fora do carro.

ㅤUma vez lá dentro tive que me segurar para não sair correndo. Manu não saia do meu lado por um minuto sequer enquanto os outros ficavam por perto dançando. Celo e Bruno já haviam se grudado, sobrando apenas eu, a Manu, Rafa, Carol e Eve.

ㅤComo eu havia decidido parar de tomar aqueles remédios me dei ao luxo de beber. Bebi e muito. Eu já começava a ficar um pouco tonto até que me afastei do bar e fui dançar com a Carol que nunca havia ido numa boate GLS. Pouco a pouco ela foi se soltando, principalmente porque eu estava a embebedando. Naquelas alturas eu nem sabia mais o que estava bebendo, tudo o que me davam que estava dentro de um copo ou taça eu bebia. A Eve estava no meio da pista dançando como uma louca e quando eu a vi, tive um acesso de riso.

- Aiin, amigo, que bom que você está bem! – Disse a Manu pulando em meus braços me deixando praticamente surdo enquanto berrava nos meus ouvidos.

- Bem não estou, mas estou tentando ficar! – Falei para ela apontando para o palco enquanto os dançarinos iam surgindo.

ㅤA galera foi à loucura. Eram seis ao todo. Cada um usava uma sunga branca e botas de couro. Nada mais. O último foi o que mais me chamou atenção e de todos creio eu. Ele usava uma sunga branca que deixava delineada todo o volume do seu membro que provavelmente estava à meia-bomba e que ele fez questão do por para o lado. E que volume! Ele tinha um peitoral incrível e um abdômen perfeito, braços fortes com uma tribal. Tudo nele parecia ter sido esculpido milimétricamente na academia sem exageros. Também pude notar que a sunga era menor do que ele habitualmente usava pois a marquinha branca era perceptível a quilômetros de distância.

ㅤEu olhei para a Manu e a vi parada, vidrada nele. Lentamente sua boca ia se abrindo. Não era para menos. O modo como ele dançava era totalmente sem explicação. Se pusessem o Michael Jackson ao lado dele, o Astro Pop se sentiria envergonhado.

ㅤAlguns rapazes que estavam ali vieram puxar conversa, fiquei conversando, mas sem nenhuma intenção. Quando eles percebiam que eu não queria nada, inventavam alguma coisa e se mandavam. Quando a boate ficou lotada demais, comecei a não ficar muito bem. Falei para a Manu que iria tomar um ar e segui até uma porta que havia atrás do bar. Lá segui por um corredor e sai num pequeno estacionamento onde provavelmente descarregavam as bebidas, bem como a entrada dos funcionários.

ㅤHavia algumas pessoas ali conversando. Quando cheguei me observaram, mas logo voltaram aos seus assuntos. Segui até um banco e me sentei de braços cruzados enquanto respirava fundo algumas vezes, lembrando-me do que o meu psicólogo, psiquiatra e psicanalista me falavam para fazer quando eu viesse a ficar assim.

ㅤAlgum tempo depois alguém sentou ao meu lado, mas eu nem me virei para ver quem era.

- Tudo bem com você? – Perguntou.

- Ah sim, obrigado. – Respondi.

- Tem certeza?! – Insistiu.

ㅤQuando me virei vi que era o tal dançarino. Quase me engasguei. Ele estava simplesmente lindo usando uma camiseta branca com uns detalhes em prata, sunga e as botas de couro.

- Apenas precisava de ar, não estou acostumado com lugares muito lotados! – Respondi sem antes dar uma boa olhada em seu corpo.

- Ou não estava gostando da apresentação.

- NÃO! – Falei rapidamente. – Vocês estavam ótimos lá encima, é que eu realmente...

ㅤEle riu.

- Não se preocupe, estou brincando.

ㅤEu não disse nada enquanto ficamos nos olhando durante alguns segundos.

- Meu nome é Fabrício.

- Vinícius, mas pode me chamar de Vini.

- Certo. Tem certeza que não estou o atrapalhando. Se quiser posso sair daqui.

- Bem capaz, pode ficar ai, assim me distraio conversando. – Sorri para ele enquanto ele retribuía com outro lindo sorriso.

- Você veio sozinho? – Perguntou ele parecendo curioso.

- Vim com uns amigos, já fazia algum tempo que não tirava os pés de casa.

- Posso saber por quê? – Perguntou.

- É uma longa história! – Disse.

- Tenho 30 minutos até voltar a dançar, se quiser resumir e me falar...

ㅤEu não estava entendendo o motivo dele querer saber tanto sobre mim. Nem nos conhecíamos, mas só sei que ali com ele eu estava me sentindo a vontade. Ele parecia ser alguém que eu poderia contar um pouco da minha história. Não me importaria até porque não o veria depois daqui nunca mais.

ㅤComecei a falar de quando me mudei para São Paulo, falei sobre a faculdade e de Philip. Como o conheci e como começamos a namorar. Comentei sobre meus pais que me expulsaram de casa e depois sobre o fim do namoro e de como se deu. E por fim falei sobre os últimos seis meses. Ele apenas balançava a cabeça e me escutava atentamente até que quando terminei de falar comentou.

- Esse Philip foi muito... Eu não tenho palavras para descrever o quão covarde e idiota ele foi.

- Pois é, quem acabou sofrendo com tudo isso foi eu. – Dei de ombros.

- Você o ama ainda? – Perguntou ele.

- Da mesma forma que o amava antes de terminarmos. – Falei sem muito ânimo. – Talvez eu nunca venha a amar alguém como eu o amo.

- Bem, tenho que voltar lá para dentro, vamos? – Perguntou ele se levantando e me estendendo a mão.

- Claro! – Segurei sua mão e ele me levou para dentro da boate novamente. No corredor que dava atrás do bar ele me passou seu telefone e eu o meu. Despedimo-nos e eu voltei para o meu grupo.

- Onde você estava? – Perguntou a Manu.

- Lá fora conversando com o Fabrício! – Respondi apontando para ele que já se encontrava encima do palco.

- Como você consegue? – Perguntou ela.

- O que? – Perguntei sem entender.

- Que os caras mais gostosos vão até você!

- Sex Appeal! – Dei de ombros e ri.

ㅤA Carol logo depois apareceu com a Eve escorada nela.

- O que houve? – Perguntei indo ajudar ela.

- A Eve bebeu mais do que devia! E pôs tudo para fora. Acho melhor irmos embora!

ㅤO Celo e o Bruno que estavam por perto concordaram e logo depois já nos encontrávamos lá fora.

ㅤEu, Manu e Carol fomos com o Celo. A Eve e a Rafa com o Bruno. Quando chegamos no apartamento deles a Eve foi correndo para o banheiro e lá vomitou novamente.

ㅤEu fui correndo até a cozinha preparar um café. Depois de pronto pedi para a Manu levar para ela, pois se eu fosse acabaria passando mal também.

- Há muito tempo que eu não me divertia tanto assim! – Disse o Celo.

- Você se divertiu? – Perguntei incrédulo. – Você e o Bruno ficaram a noite toda se beijando. Vocês têm língua ainda?

ㅤTodos começaram a rir. Logo depois a Manu perguntou sobre o Fabrício.

- Você também não é Vini? Com o Fabrício!

- Que Fabrício? – Perguntou o Bruno.

- O Dançarino aquele que eu comentei antes do Vini sumir.

- Não creio!

- Estávamos apenas conversando! – Acrescentei olhando feio para a Manu.

- Até imagino o tipo de conversa! – Falou a Carol.

ㅤEntão falei para eles qual era o assunto de nossa conversa. Ficamos até umas seis horas da manhã batendo papo. Depois de a Eve ter melhorado um pouco, eu e os rapazes fomos pegar alguns colchões e na cama do Celo e do Bruno dormiram a Rafa, a Manu e a Eve. E na sala, no sofá a Carol e nos colchões eu o Bruno e o Celo.

(Fim da Parte 23)

-

#Encontro no Shopping#

ㅤAquele dia, quando acordei, percebi que Celo e Bruno estavam na cozinha fazendo o almoço. Permaneci-me quieto. Fiquei pensando em como aquela noite havia sido boa para mim, o quanto eu havia me divertido. Mais do que nunca eu estava decidido a mudar e retomar minha vida. Eu amava Philip, mas acima de qualquer coisa, eu deveria amar a mim mesmo.

ㅤLevantei-me com cuidado para não acordar a Carol e fui até a cozinha. Estava com uma expressão horrível de sono. Todo descabelado. Quando o Celo e o Bruno me viram começaram a rir.

- Bom dia para vocês também! – Disse mal humorado. – Tem algo para comer?

- O almoço já está saindo, vá chamar as meninas! – Disse o Bruno.

ㅤSem dizer nada me virei e fui até o quarto onde acordei as meninas aos berros que ficaram assustadas e depois muito irritadas. Carol, que havia ouvido, já estava se levantando, mas mesmo assim não deixei de assustá-la, atirando-me assim o travesseiro. Depois ajudei os rapazes a pôr as panelas na mesa bem como os pratos e talheres.

ㅤEu ainda não havia lavado meu rosto, então quando as garotas estavam vindo almoçar corri até o banheiro, lavei-me e voltei.

- O que temos para comer Celo? – Perguntou a Eve que parecia muito melhor.

- Lasanha Bolonhesa! – Respondeu ele. – Sirvam-se!

ㅤDurante o almoço ficamos conversando até que meu celular que estava em meu bolso começou a tocar. Na hora que vi escrito Fabrício não me lembrei, mas logo caiu a fixa. Atendi.

- Alô? – Disse ele.

- E ai Fabrício!

- Sabia que era eu?

- Sim, talvez o seu nome apareceu no visor!

ㅤEle riu.

- Como está? – Perguntou ele.

- Bem, recém havia acordado e agora estou almoçando. – Falei.

- Ah, desculpa, não queria atrapalhar, ligo depois então!

- Não, não, pode falar!

ㅤTodos pararam de comer para ficarem me observando. Eu começava a sentir meu rosto corar.

- Não tenho nada para fazer essa tarde, então pensei em lhe convidar para ir ao shopping ou sei lá. – Disse ele parecendo um pouco nervoso. – Se você não quiser...

- Claro, que horas? – Perguntei rapidamente.

- Às 15hs pode ser?

- Ótimo!

- Ótimo!

- Até daqui a pouco então! – Despedi-me e desliguei o celular. Logo voltei a comer enquanto todos me observavam. – O que foi?

- Nada! – Disseram.

ㅤFicamos conversando durante algum tempo. Quando vi eram 14hs. Despedi-me de todos os lembrando do encontro e fui para casa de ônibus para tomar um banho descente e me arrumar. Quando cheguei ao shopping, liguei para ele perguntando onde ele estava, aí ele disse que se encontrava na praça de alimentação. Chegando lá, de longe, pude ver aquele moreno de cabelos raspado que me aguardava sentado em uma mesinha de braços cruzados usando jeans, moletom preto e boné.

ㅤQuando me viu, ele abriu um largo sorriu e fez sinal para que eu fosse até ele e me sentasse.

- E ai? – Perguntou ele.

- Cheguei bem na hora!

- Pontual! – Ele riu. – Já almoçou?

- Já sim, faz pouco tempo!

- Bem, se não se importar vou pedir algo, estou sem comer desde cedo.

- Certo, vai lá, eu espero aqui.

ㅤEle levantou-se e eu fiquei observando em como sua jeans ficava justa em suas coxas e bunda. Delineando todas as suas formas. Ajeitei-me na cadeira tentando conter a ereção pensando em outras coisas, mas não consegui, logo me veio sua imagem apenas de sunga quase que transparente. Confesso que me senti estranho com tamanha atração que senti por ele.

ㅤDepois que ele voltou, trazia consigo apenas um copo com suco de morango e poucos minutos depois vinha um garçom trazendo uma bandeja com filé a parmegiana, arroz e batatas-fritas.

- Olha a caloria! – Comentei.

- Academia todo dia! – Disse ele fazendo uma careta. – Gosto do seu cabelo!

ㅤComo assim? Eu falo da comida e ele do meu cabelo?

- Está sem corte! – Comentei. – Desde Novembro do ano passado que não corte.

- Ficou sexy! – Disse ele sorrindo.

ㅤEu não me contive e comecei a rir. Direto!

- Valeu! – Agradeci.

- Eu vi quando você foi embora da boate com seus amigos!

- Pois é, uma amiga nossa estava passando mal.

- Ela está melhor? – Perguntou ele parecendo preocupado.

- Sim, ela acordou bem, morta de fome!

- Normal! – Sorriu ele.

- Bem, ahn... Algum motivo especial em ter me chamado aqui? – Perguntei não conseguindo esconder a curiosidade.

- Sei lá, apenas fiquei com vontade de vê-lo novamente. – Disse ele dando uma garfada no bife e dando de ombros.

ㅤFiquei o observando comer enquanto conversávamos. Ele parecia ser diferente dos demais. Nossa conversa fluía normalmente e eu estava gostando disso. Descobri um pouco sobre sua vida também. Seus pais sabiam que ele era bissexual, mas não sabiam que ele dançava a noite, até porque ele trabalhava como fisioterapeuta. Eles moravam em Ribeirão Preto e o Fabrício os via de vez em quando. Ele morou alguns meses fora, mais precisamente em Madrid, onde lá começou a tomar gosto pela dança e uma de suas paixões era malhar. Com um corpo daquele não era para menos.

- Como você consegue? – Perguntei. – Fisioterapeuta de dia e dançarino à noite! NUNCA descobriram?

- Já, mas ninguém tem nada haver com o que eu faço ou deixo de fazer fora do trabalho, desde que eu o faça bem. – Disse ele.

- Nenhuma confusão?

- Nenhuma!

- Vem cá... – Disse a ele que nesse momento se aproximou mais. Eu ri. – Qual sua idade?

- Vinte e sete! Velho?

- Nem um pouco. – Sorri.

- Gosta? – Perguntou ele.

- Ahn... Eu... – Eu não consegui responder, pois fiquei sem resposta enquanto ele se divertia observando as minhas expressões.

- Vamos dar uma volta? Preciso comprar algumas coisas. – Perguntou.

- Claro!

ㅤLevantei-me e fomos caminhar pelo Shopping. Entramos em quase todas as lojas de roupa. Ele olhava uma peça ali, outra lá, experimentava algumas e me perguntava o que eu achava. Todas ficavam bem nele. Em uma das lojas uma atendente se aproximou dele e perguntou.

- Seu irmão não vai querer nada!?

ㅤEle me olhou e ficou me observando durante algum tempo e sorriu. Notei que toda vez que ele sorria ele meio que inclinava a cabeça para o lado.

- Mano, não vai querer nada?

- NÃO! – Respondi descartando a hipótese de ele querer comprar algo com o dinheiro dele.

- Tem certeza? – Insistiu ele.

- Sim, é que não estou com cabeça para ficar experimentando roupa, sabe? – Disse olhando para ele seriamente.

- Certo! – Concordou ele sorrindo tirando a camiseta na minha frente e na da atendente, e entrando no provador. Ela ficou muito sem jeito.

- Não liga, ele é assim mesmo, tira a roupa na frente de todo mundo! – Falei para ela.

ㅤEla apenas fez sinal de positivo com a cabeça e depois se retirou.

- Eu ouvi! – Disse ele dentro do provador rindo.

ㅤDepois de entrarmos praticamente em todas as lojas, fomos até seu carro deixar as compras. Por surpresa minha e dele, eu havia estacionado o meu a uns cinco carros depois do dele.

- Bem, tenho que ir agora! – Falei.

- Já?

- É, tenho que ir para casa ficar um pouco com meus avós, estou desde ontem fora, só passei lá para tomar banho.

- Hum, moço de família. Estou gostando! – Sorriu ele.

- Obrigado pela tarde, fazia algum tempo que eu não saia com alguém fora do meu círculo de amizades.

- Que bom que gostou, eu também. Espero poder lhe ver mais vezes. – Sorriu.

ㅤEra interessante como ele sorria. Ele fazia isso tão facilmente.

- Eu também. – Respondi.

ㅤEntão ele olhou para os lados, se aproximou e me deu um beijo. Primeiramente eu pensei em me afastar, mas retribui. Foi bom. Ele tinha um beijo doce e carinhoso. Quando se afastou, ele deslizou sobre meu rosto seus dedos, me fazendo fechar os olhos e sentir um arrepio percorrer minha espinha.

- Até! – Disse ele se afastando e entrando em seu carro.

- Até!

ㅤDepois me virei e segui para meu carro. Fiquei o observando partir e permaneci ali por mais alguns minutos. Eu sorri, pela milésima vez naquela tarde.

(Fim da Parte 24)

-

~ comentemmmmm!!! quero saber o que acharam do Fabrício (gostoso), hahahah. até mais <3 ~

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Comentários

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MARAVILHA OBSERVAR VINI SE RESTABELECENDO. SE PHILIP SE DER MAL EM LONDRES QUE COMA POEIRA. A FILA ANDA E VINI ESTÁ COM CERTEZA SENDO AMADO POR OUTRA PESSOA QUE COM CERTEZA VAI SABER LHE DAR VALOR.

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Tomara que Phiip não volte para atrapalhar esse história do Vini com o Fabrício.

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Maravilhoso...... Fabrício vai fazer ele esquecer o Philip

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Espero que o Fabrício não ferre mais o psicológico dele e que o Philip fique sabendo que ele está seguindo em frente...Já estou ansiosa pelo próximo capítulo. Bjs.

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Lendo só fico pensando agora ele se envolve com o Fabrício do nada o babaca volta e ele põe tudo a perder por causa de um cara que não foi macho o suficiente pra enfrentar as coisas

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Que o Fabrício possa ser um de de luz para te fazer o bem na sua vida.Vida nova

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