GLITTER (parte 4 de 4)
Jeferson não chegava nem a questionar a possibilidade de não ir ao encontro com Daniel, havia feito um acordo consigo mesmo depois que chegou em seu quarto, tomou seu banho e trocou meia dúzia de palavras com sua esposa antes de ela pegar no sono, cansada de todo o entretenimento daquele lugar; e o acordo era que não tentaria enganar a si mesmo, não daquela vez. No início do ano, naquele carnaval, Jeferson ainda tentava se enganar, quando dizia que aquela fantasia de egípcio era só a primeira que encontrara na loja (quando na verdade sabia que sua bunda ficaria incrível naquela roupa), quando foi sozinho pular carnaval em outra cidade (se fosse apenas para curtir poderia fazer na capital mesmo, com muito mais opções diferentes de folia), quando estava de quatro na cama de hotel, ouvindo o trio elétrico passar lá fora e o Daniel urrar atrás dele e dizia para si mesmo que seria a primeira e última vez que deixaria alguém encostar no seu cuzinho (mas piscava sempre que ouvia o outro dizer “que delicia meu putinho”, “cu gostoso”, “teu macho vai te comer sempre, na hora que eu quiser”). Não. Dessa vez não iria se enganar, até porque não importava o quanto tentasse, sabia que no dia seguinte estaria lá, esperando por mais.
Nesse caso, precisava pensar num jeito de despistar Jéssica, para que pudesse sumir por praticamente um dia inteiro sem que ela se preocupasse com a sua ausência. Olhou sua esposa dormindo virada para o outro lado, coitada, ela realmente não merecia isso, ela não merecia que esse casamento fosse o que era, um simulacro, uma embalagem bonita que vendia a imagem que Jeferson queria vender. E ela também, com certeza, Jéssica nunca escondeu que aquele casamento, mesmo com o sexo escasso, era o que ela procurava, a vida que passou a ter, as compras que passou a fazer, os lugares que passou a frequentar. Nunca foi dito em voz alta, mas nunca houve reclamações onde num casamento que, se fosse por amor, haveria. Não importa, mesmo assim Jeferson estava sendo um crápula com ela, traição era algo fora daquele contrato subentendido que os dois mantinham, ele tinha certeza que isso ela não fazia, trai-lo nunca, e ele também nunca a não ser dessa vez, a não ser com Daniel.
Porque com Daniel ele iria. Não havia escolha, era mais forte que ele. Se Daniel pedisse com aquela voz arrogante e levemente sarcástica, como aquele jovem que parece sempre achar um pouquinho de graça nas coisas que fala, Jeferson obedecia. Se Daniel entrasse nesse quarto agora e falasse para ele ficar de quatro que ia comê-lo na frente da sua esposa, Jeferson ficava. O que sentia por Daniel, aquele ilustre desconhecido, era fora do controle, era fora do normal.
Não era amor. Não era paixão. Nada disso. Devia ser aquela espécie de instinto suicida que faz o louva-deus se deixar devorar durante o sexo e se pudesse falar ainda diria “obrigado”.
Jeferson só podia tentar conter os danos, mas jamais evitar o baque. Porque aquele tsunami viria, amanhã as quatro da tarde viria. E então ele criou todo um cálculo, e quando se deu por satisfeito virou-se para o lado e se esforçou em dormir, porque queria estar bem descansado no dia seguinte.
Saiu cedo do quarto, mandou uma mensagem para a Jéssica falando que teria que ficar no telefone resolvendo alguns problemas com contratos que ficaram em aberto lá na sua filial, e claro, se eles estavam se mudando não podia deixar esse tipo de coisa para trás e confiar que seu substituto fosse bom o bastante para não perder nenhum desses clientes. Mas na verdade não faria nada disso, todos esses contratos já estavam fechados há semanas, mas servia ao seu plano. Passou a manhã num dos lobbys mais discretos, na área externa do hotel onde aparentemente ninguém gostava muito de ficar, basicamente escondido da sua esposa. Depois do almoço ligou para ela, avisando que não conseguiria resolver aquilo tudo por telefone e que teria que voltar para a cidade.
– Ai, amor, que pena... Você quer que eu prepare as malas?
– Não precisa, Jéssica, aproveita mais um pouco, hoje vai ter festa aí. Eu vou, resolvo tudo por lá e no mais tardar amanhã eu volto para o hotel e a gente vai embora...
– Claro, você que sabe. Então até amanhã.
Esse ponto estava resolvido, Jeferson até pensou que ela insistiria em ir com ele, ou desconfiaria daquele compromisso de última hora, e nesse caso teria que se esforçar mais para tapar os vestígios, pegaria o carro no estacionamento subterrâneo, sairia com ele de volta para a sua cidade e voltaria para cá de Uber, mas era óbvio que Jéssica não se daria ao trabalho de correr atrás, de procurar saber se o carro do marido realmente saiu dali. O que era tanto melhor.
No início da tarde a ansiedade o consumia em fogo baixo, tão diferente daquele desespero de quando viu Daniel no saguão do hotel, quando Jeferson parou tentar se debater e aceitou tudo se tornou mais saboroso, mais colorido e repleto de sabores, o relógio de pulso torturando-o com seu ponteiro que insistia em não avançar, a movimentação na área central do hotel, distante, pessoas que ele conhecia e que não faziam ideia do que estava acontecendo, o que estava esperando. Daniel não estaria no próprio quarto, provavelmente também enchendo seus supervisores de explicações para o seu futuro sumiço, criando ele também suas desculpas para sumir um pouco e ir foder. Talvez se Jeferson chegasse antes poderia se preparar melhor, tomar um banho mais tranquilo, afinal já faltava apenas meia hora para o horário estipulado.
Claro que não passava de uma desculpa para ir logo, porque cada minuto daquela última hora se arrastava espremendo cada segundo, tentando tirar o suco de cada centésimo e aí já era demais, Jeferson não ia aguentar.
No saguão ainda cumprimentou com um sinal de cabeça dois ou três homens estranhos que o viram no discurso de ontem e sabiam que agora estavam diante do novo diretor da empresa, mas mesmo assim o que mais fez seu coração palpitar foi o momento que pediu a chave do quarto 413 e o rapazinho do saguão digitou alguma coisa no computador e depois abriu um pequeno sorriso, antes de olhar para ele e ir pegar a chave.
– Obrigado.
– De nada.
Entrou no quarto faltando bem mais que 20 minutos para o horário marcado. No canto a mala de Daniel ainda estava aberta, algumas peças isoladas de roupa soltas por fora, o terno que usara na noite anterior era a única roupa no cabide do armário aberto. Jeferson tirou a própria roupa e foi tomar um banho. A água quente embaçava o recinto enquanto ele espalhava bem o sabonete, desenhos mantos brancos de espuma por entre os músculos das coxas, da bunda, da barriga, peitos, braços. Aquele banho o excitava já na expectativa, só de lembrar porque se lavava tão bem, porque preparava o corpo tão dedicadamente já fazia o pau reagir, mas não iria tocar uma, ia se guardar, ia esperar, ia se deixar levar por essa sensação gostosa a abstinência não do gozo, que ontem gozara como não fazia a tempos, mas do ápice da dominação, do momento em que o pau estava atolado no seu corpo e ele deixava, deixava aquele músculo enorme entrar e ele ainda pedia mais.
Dessa vez não viu o tempo passar, tão lentos os movimentos da sua mão, da bucha, da espuma, mas de repente ouviu um suave barulho e quando abriu os olhos ali estava do lado de fora do boxe, o Daniel que passara a mão no vidro criando um risco transparente na superfície embaçada.
– Não sabia que você já tinha chegado, Daniel, já saio...
O loiro abriu o boxe e deu um selinho nos seus lábios.
– Relaxa, toma teu banho com calma.
O loiro saiu do boxe logo em seguida, mas aquilo foi o bastante para que a água caísse rapidamente no seu cabelo, como se tentasse domá-lo, mas Daniel o ergueu outra vez com a ponta dos dedos, olhando para Jeferson ainda por aquela listra no vidro que logo foi se embaçando outra vez. Jeferson percebeu que ele usava outro terno, provavelmente adiantou todos os afazeres profissionais para esse início do dia e estava até agora conversando com os patrões e os colegas.
– Você tá muito bonito – Jeferson deixou escapar. Sentia-se mais confiante, a cada novo reencontro.
– Tô mesmo, não tô não? – Daniel se gabou. – esses ternos caem muito bem em mim. Acho que vou usar mais vezes. – depois de dois segundos jogou a toalha no vidro do boxe – Quando quiser tá aí, vou te esperar ali fora. Ah, tô levando a tua roupa comigo.
– O quê? Por quê?
– Que isso chefinho, meu puto eu quero pelado na minha cama – finalizou antes de fechar a porta.
Era isso, Jeferson sabia sem pestanejar. Dali em diante era o puto de Daniel, talvez até mesmo antes disso, até mesmo antes de conhece-lo, sempre foi o puto de Daniel a sua espera. As vezes as coisas são tão simples que tentar argumentar contra elas é um ato de futilidade. E ele não iria. E se enxugou, e se olhou no espelho e depois abriu a porta e veio pelado para a cama, e ficou de joelhos sobre o colchão enquanto Daniel em pé e ainda completamente vestido se aproximou e deu a ordem:
– Vem cá e beija teu homem, meu putinho...
Jeferson se inclinou e de joelhos mesmo obedeceu, levantando a cabeça para beijar aquela boca tão saborosa. Era curioso que mesmo que Daniel não deixasse barba nenhuma, seu rosto e seus lábios eram másculos, de um jeito de explicar porque como se explica lábios másculos? Mas eram, e mesmo que Jeferson fosse quem mantivesse a barba ele sentia que seus lábios deviam ser muito menos másculos que aqueles outros, talvez não fosse os lábios, mas o jeito de beijar, o jeito com que Daniel tomava posse dele, com o jeito desaforado que a língua vinha, com a forma selvagem que os lábios se embrenhavam nos seus, as mãos e braços contornando o corpo todo de Jeferson, dominando-o.
Ele se afastou, arfando. Sorriu, olhando para cima, para Daniel, e tentou tirar a sua gravata, no que Daniel lhe deu um leve tapa na mão.
– Não mandei mexer na minha roupa, safado.
Segurou-o pelo queixo, a mão firme contorceu os traços sérios e sisudos.
– Abre a boquinha, abre?
Jeferson obedeceu imediatamente, e recebeu a cuspida do seu homem, para depois receber um beijo mais molhado que o anterior como recompensa. O beijo, com a mão ali ainda imobilizando o seu maxilar era ainda mais possessivo e poderoso, como se só lhe restasse aceitar que a boca de Daniel fizesse o que quisesse da sua. Depois recebeu um tapa estalado que fez sua cara girar para o lado, mais de susto que por qualquer dor. “Vira”, Daniel ordenou, e Jeferson virou a cara novamente para frente, sem nunca perder o contato visual, só para levar um outro tapa na outra face, que o aqueceu inteiro como se tivesse entrado num forno.
– Apanha de pau duraço, né putão? – Daniel se inclinou para frente e apertou o pau de Jeferson, puxou a pele para baixo lentamente revelando a cabeça que já babava, e voltou para cima, batendo lentamente, mas apertando firme aquele pau, do jeito que Jeferson gostava. – Apanha do teu macho e pede mais ainda...
Fazia carinho na face direita com a mão esquerda enquanto a direita continuar batendo punheta para ele e fazia Jeferson até babar de prazer com a cabeça recostada no seu peito.
– Pede, vai, pede – ele não conseguia falar, ele não lembrava dessa coisa de criar emaranhados de pensamentos e traduzi-los em palavras, só sentia prazer, naquele estado líquido e viscoso de prazer. – Aqui você esquece que é meu chefe, que é o patrão, aqui você é só um putinho pedindo pro teu homem te bater que você gosta, vai...
– Me... bate, me bate, Daniel... bate no teu viadinho, bate?
E esse foi o sinal para Daniel se afastar dois centímetros, largando o pau de Jeferson e o afastando do seu peito, e acertando o tapa, o mais forte dos três, e também o que soltou o gemido mais tesudo de Jeferson, aquele gemido que já não ligava nenhum pouco para a dor.
– Meu viadinho, é? É meu viadinho obediente, é? Deixa eu aproveitar então meu viado gostoso – caiu de boca naqueles peitos suculentos.
Os mamilos de Jeferson eram sensíveis e já estavam arrepiados antes, então ele chegou a se tremer quando a boca de Daniel caiu no peito esquerdo, chupando com força, com agressividade, lambendo o bico saliente na ponta daquela massa arredondada de músculo enquanto a mão do loiro acariciava o peito direito, apertando, sentindo, saboreando. E as mãos de Jeferson acariciavam a cabeça do seu macho, deslizando pelos cachos do homem que mamava em seus peitos como se fossem mesmo soltar alguma coisa além daquele tesão, daquela baba no seu pai que já deixava um fio pendente e cintilante pendurado e balançando no ar, e a sua cabeça estava inclinada para cima, de olhos fechados, extasiado.
– Chupa, isso chupa os peitos do teu puto... porra, que tesão, que vontade dar pra você logo...
– Pra “você” não! – avisou jogando-o com força mais para trás na cama, Jeferson caiu deitado de barriga para cima e Daniel subiu no colchão também, se esgueirando para cima dele, deixando o tecido da camisa e do paletó ralarem no pau babado e no suor da pele do outro. – Mais respeito com teu homem: é pro senhor! Fala, fala, meu viado!
– Pro senhor, vontade de dar meu cu bem gostoso pro senhor!
– É? Tá mais soltinho né, meu puto? Gosto de você assim, bem relaxado, bem viadinho, fala mais o que você quer.
– Quero quicar, quero rebolar bem gostoso na pica do meu homem, do senhor, fazer o que o senhor quiser, o que o senhor deixar, meu macho. – tentava falar de uma vez mas a voz falhava a medida que os dentes de Daniel ameaçavam arrancar um pedaço do seu cangote, que o cheiro do cabelo de Daniel embriagava seus sentidos, que as mãos ágeis de Daniel, desciam pelo seu peito, acariciavam seu pau, contornavam seu saco e involuntariamente abria as pernas permitindo a passagem pelas bandas enormes da sua bunda. – Eu quero ser bem obediente pro meu chefe, pra você Daniel, meu patrão meu macho, meu dono. Quero chupar teu pau inteiro, engolir tudo, beber teu leite, hmmm quero engolir tudo teu leite e limpar teu pau, deixar bem limpinho na minha língua... O senhor deixa, hein, meu macho, deixa eu chupar teu pau, por favor?
O dedo entrou no cu sem dificuldade, tamanha excitação, e Jeferson deitado de barriga para cima se revirava de tesão apertando as próprias coxas uma contra a outra, revirando a bunda para encaixar mais, para sentir melhor enquanto de olhos fechados parecia numa viagem só de ida para sabe-se-lá que galáxia era aquela.
– Pedindo assim, é claro que teu macho deixa.
Daniel se sentou na cama, com as costas na parede e deixou o caminho livre, erguendo os braços para as mãos ficarem atrás da cabeça, assim o terno já todo abarrotado se abria de um jeito elegante e aquele sorriso safado de Daniel só aumentava a sensação de que Jeferson estava diante de uma foto de revista, como se um jovem motociclista tivesse acabado de chegar numa festa a caráter, mas vindo a mil por hora na sua moto. Caralho, Jeferson sabia que se aquilo que sentia tinha nome, devia estar protegido a sete chaves em algum livro do Vaticano, porque devia ser pecado só pronunciar.
Jeferson abriu a braguilha e enfiou a mão com carinho na entrada, levantando a cueca lá dentro da calça e puxando o pau e o saco para fora, que saltaram para o alto como um carvalho com suas raízes grossas de pelos de um loiro um pouco mais escuro, mas ele não ficou nem dois segundos admirando, ele tinha pressa, ele tinha urgência e caiu de boca naquele pau, chupando logo de cara a pica inteira e ficando alguns segundos com ela lá dentro, a cabeça se aquecendo no úmido da sua garganta.
– Aaaaaaaahhhhh...
Depois, voltou mais devagar, e com mais calma aproveitou aquele pau, chupando a cabeça, contornando a glande rosa com a língua, enquanto olhava para Daniel, não tirava os olhos de seu macho e o fazia de um jeito submisso, como se nos olhos pedisse implorasse para continuar ali para sempre, suplicasse para ter aquele pau todo para ele, todo para sempre. E o loiro apenas acariciava seu cabelo, seu rosto com todo carinho enquanto a outra mão ainda repousava jovialmente atrás da cabeça.
– Caralho ninguém nuca tratou tão bem o meu pau igual você trata, meu putinho...
– O senhor merece, esse pau do senhor merece uma mamada assim.
– Então mama, vai, mama lá no fundo que eu quero ver você engasgar gostoso.
Daniel relaxava e agora até fechava os olhos, deixando o serviço todo com Jeferson, que o recebia de bom grado e se esforçava em foder a própria garganta com aquele pau, mergulhava-o inteiro e quando estava lá no fundo o perfume dos pelos encostando de leve no nariz, respirava fundo, revirando os olhos de tesão, e depois voltava para fora, só para fazer tudo outra vez.
Enquanto chupava, sua bunda se esfregava, sôfrega, nas pernas de Daniel, havia um tesão inexplicável na fricção da sua pele nua em contato com a calça social, o jeito com que seu cu se abria e tentava se encaixar no joelho do outro, e sentia o tecido quase lá dentro, raspando num atrito suave. Não conseguia parar de rebolar, era involuntário, sua bunda seguia regras próprias, movida por seus próprios desejos enquanto ele engolia mais uma vez o pau tão fundo que Daniel pressionou o corpo para cima, tentando foder até seu estomago se fosse possível.
Jeferson não percebeu em que momento lágrimas começaram a rolar seu rosto, mas não iria parar só para enxuga-las, e continuou chupando com fome enquanto olhava para seu macho, para seu homem, que agora o olhava de volta e sorria arrogante vendo-o ali, com os olhos marejados mas sem querer parar de engolir seu pau, de tentar arrancar seu leite. E Daniel mesmo foi quem enxugou as lágrimas dele com o polegar e depois beijou o próprio dedo, lambendo o sal do outro como ele lambia o seu.
– Tá pronto para me dar esse cuzinho?
– Sempre!
– Então fica de quatro pro teu macho ver...
Daniel levantou da cama e Jeferson se ajeitou de quatro na beira. Olhando para trás, a imagem das suas grandes bundas chamava até mesmo a sua própria atenção, como duas colinas erguidas para o céu, abaixou a cabeça, submisso, esperando de bom grado pelo que Daniel quisesse fazer com ele. Mas se passaram dez quinze segundos e nada, e quando ele abriu os olhos outra vez, viu seu macho que tinha ido até o banheiro voltar, o pau duro super destacado no terno tão formal assim como os pés descalços, as únicas partes nuas, cor de pele entre aqueles tecidos tão neutros e formais.
– Para não dizer que sou mau com você, consegui uma surpresa pro meu viado... olha aqui.
Jeferson logo reconheceu o potinho de glitter, idêntico ao que ele tinha pela metade em casa. Jeferson sabia que aquilo ficaria marcado na sua pele, que poderia levar dias para se livrar dos grãos brilhantes depois, que sua esposa poderia notar algo diferente e isso seria impossível de explicar e poderia enchê-lo de problemas. Mas. Da. Sua. Boca. Só. Saia. Sim.
Ou melhor, para ser exato, as palavras que ele diz foram:
– Faz o que o senhor quiser comigo, meu macho – e inclinou-se, deixando a cabeça recostar no colchão macio enquanto empinava mais a bunda.
– Assim que eu gosto! – ouviu como resposta, junto a dois tapas estalados.
E passou o glitter, devagar, pouco a pouco, as mãos brilhantes deslizando pela bunda carnuda e deixando seu rastro como aquelas algas que brilham no oceano noturno. Os tapas vinham sem que nenhum deles pensasse nisso, como se fosse algo natural, como se a única coisa que poderiam fazer naquele momento, enquanto a finíssima camada de suor de Jeferson servia de cola para os grãos coloridos, e depois Daniel também não resistiu e começou a enfiar a língua naquele rabo, naquele cu que piscava quando ele abria as duas bundas, pedindo, implorando.
Jeferson colocou a mao para trás e apertava a cabeça do seu homem contra o seu cu, enfiava-o naquele espaço entre as suas nadegas, deixava-o devorar cada pedacinho do seu rego, da sua bunda, do seu quadril, do seu corpo todo.
– AHHHH, eu não aguento mais, por favor me come, me come, Daniel...
– Isso, implora, implora bem submisso... – balbuciou esfregando a cabeça do pau na entradinha do cu e tendo que afastar quando o cuzinho de Jeferson vinha para trás querendo abocanhá-lo, faminto.
– Por favor, meu macho, eu imploro...
– O quê?
– EU IMPLORO! ME COME!
– Então tomaaaa.
E o pau foi entrando, quente e gelado de lubrificante, tudo ao mesmo tempo, tudo crepitando junto, tudo fazendo a cabeça de Jeferson girar e sua boca gritar e seu pau pulsar enquanto aquele pau finalmente passava da resistência do seu cu, muito bem-vindo que era, e depois cavucava seu caminho, perfurando, invadindo, apertando, massageando e ele só sabia gemer e se empurrar mais para trás, mais ao seu encontro, sentindo a próstata descarregar ondas elétricas, e sentindo as mãos de Daniel nos seus ombros, empurrando-o, encaixando-o, dominando-o, até que o pau chegou no seu ponto, chegou no limite do cu e parecia que uma luz estourou naquela hora, como um farol lá dentro da cabeça de Jeferson, ou da sua bunda, que agora já nem sabia a diferença e ele só sabia rugir e gemer e implorar me fode, me arrebenta, assim, isso, fode, pode foder sem medo, que teu puto tá aqui pra isso, ai ai, assim teu puto, teu viado tá aqui pra te servir, teu viado tá aqui com a bunda que ele malha sempre que pode só para o senhor, só esperando que um dia viesse a te ver outra vez, e deixasse outra vez o senhor me foder assim, isso, bem assim, monta em mim, meu macho, monta em mim, isso enfia esse pézao na minha cara! Caralho que tesão da porra que desse jeito eu não vou aguentar eu vou chupar teu pé todo, bem submisso, olha aqui, olha aqui pra mim chupando teu pé na minha cara enquanto o teu pau acaba comigo, acaba não, começa, inicia, germina em mim, e ai, ai, assim o senhor acaba comigo, assim de ladinho eu vou acabar gozando Daniel, assim eu vou acabar gozando sem tocar no meu pau, assim eu não consigo nem falar nada só gemer, só gemer, mas se pudesse, se conseguisse ainda falar alguma coisa falaria que assim a cabeça do teu pau tá me provocando, esse pau cabeçudo tá tocando lá dentro, lá no molinho da minha próstata, assim, me beijando o senhor acaba comigo, senhor, patrão, assim me apertando o senhor não me dá escolha e eu gozo, não quero, não quero gozar não quero que acabe não quero que o senhor se afaste nem por um segundo como o senhor faz agora quando me ajeita assim na cama depois de vinte minutos e me bota de frango assado e me devora os peitos enquanto enfia o pau de novo, mais forte, assim, mais forte, mais fundo, feito faz com tuas putas, que eu seja teu único puto teu único viado, que meu cu seja o único a receber essa pica grossa e veiúda, massuda e bojuda, carnuda e violenta, que meu pescoço seja o único a receber essas mordidas que me tiram de mim por alguns segundos, esses beijos de língua que me fazer quase quase sair do corpo e voltar, sair e voltar igual teu pau faz quando me subjuga desse jeito que nem a um empregado se faz de longe não se faz a um subalterno, mas um submisso, a um escravo, sou teu escravo, senhor, eu acho, não não acho, quando teu pau me invade assim por horas a fio eu tenho certeza que eu sou teu escravo e adoro isso e não trocaria e não deixaria e não largaria do senhor, não desobedeceria nenhuma das ordens safadas do senhor, nem reclamo assim quando o senhor tira a tua gravata e me aperta com ela, ainda peço pra ir mais, para fazer mais forte, que eu aguento, eu gosto, como gosto assim, do jeito que o senhor sabe que eu gosto até quando já não dá mais e mesmo sem me tocar, com o senhor assim montado em mim me devorando com teu beijo másculo e me devorando com teu pau másculo meu pinto desiste de resistir, meu corpo não aguenta mais resistir e eu gozo, meu macho, meu homem, só o senhor me faz só o senhor me faz gozar assim sem tocar, só o senhor me faz gritar “isso, amor, me fode amor, me arromba amor que eu to gozandoooo”.
E depois da explosão nos ares feito um meteoro se fragmentando, agora os pedaços caíam, cada vez mais lentos, riscando de colorido o céu enquanto eles respiravam, exaustos, deitados lado a lado na cama, e Jeferson sorrindo pegava o gozo de Daniel no seu peito e o lambia, lambuzando os dedos.
Cinco, dez minutos em repouso, abraçados no silencio acolhedor do quarto.
– Gostou, Jeferson?
– Se eu gostei? Eu adorei, cara...
Daniel riu.
– Cara?
Eles se abraçaram, cumplices.
– Desculpa, meu macho...
– Não, agora eu quero você me chamando do jeito que me chamou na hora da foda...
Jeferson pensou um pouco, não lembrava direito o que chegou a sair da sua boca e o que ficou apenas no seu pensamento em êxtase.
– Meu chefe? – tentou.
– Não – Daniel sorriu, recostando a cabeça no espaço do seu ombro. – “Meu amor.”
***
É claro que no fim nunca foi explicado o que era aquilo, aquela força que fazia Jeferson sempre dizer sim, mas o efeito nunca passou, ele sempre dizia sim, e de bom grado ainda. Quando Daniel falou para ele não vestir nenhuma peça de roupa naqueles dois dias que ainda ficaram no hotel. Quando Daniel o chamava, seja dia ou noite e falava que queria foder. Quando Daniel mandou que terminasse aquele casamento infeliz. Quando Daniel falou que ele tinha que pedir a transferência do seu funcionário preferido, que eles tinham que morar na mesma cidade do interior. Quando Daniel o chamou para morar com ele. Aquela força sempre estava lá, mais intensa do que nunca, fazendo Jeferson sorrir enquanto repetia:
“Sim.”
