Lorena entra furiosa na casa de Henrique e quase tromba com Olavo.
_ Opa, o que acontece Lorena, porque esta assim?
_ Me desculpe seu Olavo, é seu filho.
_ Venha ate meu escritorio, vamos conversar.
_ Não precisa seu Olavo, realmente me desculpe.
_ Minha querida eu insisto.
A garota retira os óculos escuros do rosto encaixando o acessório no meio da parte de cima da peça de roupa de banho senta na cadeira na frente da mesa do escritório do patriarca da família, retira o enorme chapéu da cabeça e descansa sobre sua perna cruzada.
_ O que o mimado do meu filho fez dessa vez? pensei que estava indo tudo bem o namoro de vocês dois.
Pergunta Olavo.
_ E esta… Estava, quer dizer… Estou tentando de tudo seu Olavo, mas sei la… parece que nada do que eu faço esta bom para o Henrique, ele não me elogia, não me liga ou manda mensagem se eu não mandar para ele… sinceramente? As vezes sinto que estou namorando sozinha!
_ Entendo, mas minha querida homem é um pouco desligado assim mesmo. A Olivia mesmo reclama que as vezes não dou atenção a ela, mesmo eu criando uma coleção inteira com o nome dela, a presenteando com jóias e viajens. Na verdade eu creio que a noção de atenção que homens e mulheres tem é diferente um do outro, por isso ha esse desencontro.
_ Sim o senhor esta certo, pensando dessa forma minha mãe também reclama do meu pai com relação a isso, mas não sei… com o Henrique é diferente…
_ Acha que ele esta te traindo com… alguem… uma outra mulher ou ocupando seu tempo com o trabalho, com os amigos talvez?
_ Não, não acredito que ele esteja me traindo com outra mulher não, estamos trabalhando bastante, mas quando não estamos trabalhando juntos eu sei que ele esta na empresa e com relação a amigos o senhor conhece o Henrique, ele não é de muitos amigos e agora que o Toni esta namorando…
_ O Antonio esta namorando? Quem? Você conhece?
_ È a Priscila a prima do Bruno, o senhor não sabia?
_ Não, na verdade não, ja tem um tempo que não o vejo por aqui.
_ È por isso, além de trabalhar no bar do seu Zé os dois pombinhos não se desgrudam mais, pelo menos ele largou do pé do meu namorado. Se eu soubesse disso, tinha arranjado uma namorada para o Toni antes.
_ Bom saber…
_ Porque? algum problema com o Toni?
_ Não de maneira alguma, ele é um bom garoto o vi crescer acho que esta na hora dele encontrar uma boa esposa.
Diz Olavo.
_ KKkkk calma seu Olavo, eles so estão namorando kkk
_ Qual o problema? Eles tem idade semelhante a sua com a do meu filho, não pensa em se casar com ele?
_ Ha mas é diferente, eu amo seu filho. Gosto do Henrique a muito tempo, mas só agora ele me deu essa oportunidade de namorar com ele.
_ Então minha querida agarre esta oportunidade com todas as forças e não deixe escapar. Meu filho pode ser um pouco mimado, desligado, um pouco frio, mas é um bom rapaz. E tenho certeza que não vai achar melhor partido do que ele nesta cidade, nem na região. Vocês ficam tão bonitos juntos!
_ Obrigada senhor Olavo, fico muito grata por seu apoio. Me desculpe por incomodá- lo e eu garanto que vou me esforçar para ser a melhor nora que o senhor poderia ter.
Lorena agradece e sai do escritório enquanto Olavo atentamente vê a falsa nora saindo jovial, com um corpo escultural e seus pensamentos vagueiam. (Terei que conversar com ele antes que faça uma besteira. Mas pelo menos uma boa notícia, com o Antônio namorando meu filho ficará longe da tentação.)
Embora Priscila e eu não namorássemos de verdade e ambos soubéssemos disso uma grande amizade surgiu entre nós e eu estava gostando disso, para mim era até mais fácil para aguentar essa situação, mas Henrique não via da mesma forma.
Eu estava saindo do trabalho quando encontro Priscila.
_ E ai branquinho, gostou do meu presente?
_ Claro que gostei, eu disse na festa na semana passada não se lembra?
_ Me lembro sim, mas aquilo foi apenas por educação, quero saber a verdade. Ja tem uma semana você já experimentou, passou a empolgação da festa de ter ganhado como presente e ai?
_ Amei gatinha,mesmo, ficou da hora!
Respondi abraçando e dando um beijo na testa de Priscila que me perguntou o que eu iria fazer, como era segunda feira respondi que iria para minha casa descansar.
_ Que tal fazermos uma média para seus pais hoje?
_ Sei... Você quer é comer a comida da minha mãe que eu sei!
Disse piscando para Priscila.
_ kkk me pegou! Mas o que posso fazer se arrumei uma sogra cozinheira de mão cheia?
_ kkkk Deixa o Henri ouvir isso! Mas verdade, minha mãe cozinha muito bem e sim claro que você pode vir, será sempre bem vinda em minha casa quando quiser.
E assim seguimos para minha casa.
_ Fala seu Carlos o que houve com o grandão?
Pergunta Priscila com sua bermuda jeans, regata e sua inseparável blusa de manga comprida xadrez amarrada a cintura tudo isso com um boné e seu rabo de cavalo. Batendo com a mão perto do capô aberto enquanto meu pai mexia nas peças.
_ Não sei, esta com um barulho estranho, sem potência, mal sai do lugar.
Priscila subiu começou a olhar para as peças tambem e eu a questiono.
_ Vai entrar Pri?
_ Pode ir na frente vou dar uma olhada aqui com seu pai.
_ Não precisa minha filha, ja fiz de tudo vou ligar pro guincho vir buscar.
_ Calma seu Carlos eu te ajudo.
Priscila começa a perguntar ao meu pai se ele ja tinha feito alguns procedimentos, mexe daqui, dali liga e desliga o caminhão e então diz a meu pai.
_ Ja sei o que é.
_ Não acredito.
Responde meu pai.
_ Eu proponho uma aposta, trago a peça e troco para o senhor e se não for eu pago o valor gasto do contrario o senhor me da um fim de semana livre com o Toni e ainda me da o valor da nossa despesa.
_ kkkk Esta de brincadeira.
_ Não, estou falando sério, está com medo?
Instiga Priscila.
_ Aceito!
Responde meu pai apertando a mão de Priscila que me diz.
_ Vamos la cumprimentar sua mãe que vou ligar pro boy do meu pai me trazer a peça.
Entramos, cumprimentamos minha mãe e enquanto eu tomava um banho Priscila trocava a peça para meu pai.
Ainda estava no banheiro quando escuto o ronco do motor e a comemoração dos dois gritando.
Quando saio la fora esta Priscila com o rosto sujo de fuligem e meu pai conversando.
_ Essa nora que você me arrumou é dez Toni, pode não ser boa cozinheira, mas é uma baita mecânica!
Diz meu pai.
_ Valeu, seu Carlos. E olha, Como a dona Sueli creio que não vou chegar aos pés, mas já aprendi algumas coisinhas na cozinha viu.kkkk
Responde Priscila.
_ Realmente minha Pri é muito especial mesmo pai.
Digo passando o dedo limpando a fuligem do rosto de Priscila, que cora as bochechas.
_ Vem vamos jantar que ja esta pronto.
Passo o braço na cintura de minha falsa namorada e entramos para jantar. Ver todos em volta da mesa comendo, conversando sorrindo me trazia paz e alegria. O clima de minha casa tinha mudado e eu gostava daquilo, mas queria tanto que quem estivesse ao meu lado fosse Henrique.
Eu ficaria imensamente feliz ao olhar para o lado e ver aquele belo sorriso em seus lábios, ouvir meu pai contando suas histórias de estrada enquanto riamos das situações engraçadas, constrangedoras e das assustadoras. Queria ver o sorriso desconcertado de timidez de minha mãe ao ouvir Henrique elogiar sua comida, mas no momento quem estava ali ao meu lado fazendo tudo isso era Priscila.
Depois janta do lado de fora da casa.
_ Adivinha??? Consegui um fim de semana para gente com tudo pago por conta do seu pai!!!
Disse Priscila gritando e abrindo os braços, a abracei pela cintura e a ergui comemorando com ela.
_ E como sou uma namorada muito boazinha, vou pedir apenas que vá ao cinema comigo e comer um lanche, estou louca para assistir aquele filme novo do “Jason Statham”. E o domingo deixo todinho para você e para o seu… - Olha para um lado e para o outro e diz sussurrando - Seu outro namorado
_ Você é demais Pri!
Enquanto eu comemorava com Priscila a rodando com ela erguida em meus braços do lado de fora de minha casa, nem percebi que meu pai se aproximou da porta da casa e ficou nos olhando junto com minha mãe. Priscila percebeu que éramos observados e me mostrou, quando eu olhei meu pai estava abraçando minha mãe de lado com seu braço na cintura dela e ela escorada nele o abraçando e com a cabeça descansada em seu peito, ambos com um ar de sorriso nos lábios.
Sem graça desci Priscila e a levei para casa. Era nítido que meus pais estavam satisfeitos com aquele relacionamento e eu estava em conflito comigo mesmo, gostando daquela sensação de ser aceito, mas detestando ter que mentir para eles e não só isso, mas ter que ficar longe de meu verdadeiro amor.
Sábado à noite chego na casa de Priscila, seus pais muito simpáticos me convidam para entrar, mal sento no sofá e Priscila já desce as escadas e ela estava especialmente linda.
seus cabelos loiros escovados, uma maquiagem simples, discreta apenas realçando ainda mais sua beleza juvenil, tudo isso embalado em um belo vestido.
Confesso que me surpreendi, pois Priscila não costumava se vestir assim, ela estava realmente muito bonita. Fiquei de boca aberta vendo ela descer a escada só percebi que estava sendo observado também quando me levantei do sofá e percebi que o pai de Priscila me olhava, fiquei um tanto constrangido, mas ao perceber um semblante feliz em seu rosto me acalmei um pouco e fui até a base da escada.
_ Você está muito bonita!
_ Obrigada, você também!
_ Concordo com o Antônio, você está linda filha, deveria se vestir mais vezes assim. Alguma ocasião especial?
Pergunta o pai de Priscila.
_ Vamos a cinema e depois tomar um lanche, talvez cheguemos um pouco tarde.
Responde Priscila.
_ Tudo bem, sei que estará em boas mãos, não é Antônio?
Diz o pai de minha falsa namorada.
_ Com certeza senhor!
Respondo saindo de mãos dadas com Priscila.
_ Eles ja foram?
Entra na sala a mãe de Priscila perguntando sobre nós ao seu marido que responde.
_ Sim, já foram e você precisava ver o rosto dele ao ver nossa filha e como ela estava bonita. Acho que desta vez é de verdade e finalmente nossa filha esta trilhando o caminho certo.
_ Sim pode ser…
_ O que te preocupa meu amor?
_ O Antônio é um bom rapaz, mas tirando o fato dele ser UM RAPAZ, o que ele pode dar a mais para nossa filha? Seu pai é um caminhoneiro, sua mãe é uma doméstica e ele um atendente de bar, querido o que vai ser de nossa filha? Não a criamos para lhe dar a qualquer um.
_ Mas pelo menos dessa vez é um rapaz e ela está feliz com ele, viu como ela se arrumou para ir a um cinema?
_ Felicidade ham! Felicidade para a Priscila é me irritar isso sim, ela estava feliz antes namorando aquela… enfim, e agora de todos os rapazes disponíveis dessa cidade parece que ela procurou o mais pobre só para me implicar.
_ Não diga isso meu amor, o rapaz pode não ter muito no quesito financeiro, mas é inteligente eu ja conversei com ele, é bem apessoado, sabe você me deu uma ideia.
_ O que esta pensando meu bem?
_ Vou conversar com a Priscila e vou convencer esse rapaz a vir trabalhar comigo.
_ Você vai colocar esse “João Ninguem” na nossa loja Matheus?
_ Sim, a princípio no estoque, meio período para ele se familiarizar com as peças e com a dinâmica da loja, mas meu objetivo mesmo é faze lo crescer ate ser meu braço direito e quem sabe um dia ele toque a loja com nossa filha.
_ KKKK você esta delirando Matheus o rapaz começou a namorar nossa filha ontem e você ja esta pensando em casamento, daqui a pouco netos!
_ E porque não? Eles são jovens saudáveis, quero que nossa familia cresça prospere você não quer?
_ Quero, quero isso mais que tudo, mas prefiro que minha filha faça isso com alguém digno dela, algum rapaz de boa família, de bons costumes, que possa trata la como a princesa que ela é.
_ As vezes parece que você não conhece nossa filha Gloria. Essa que você esta pintando não é nossa Priscila é você. E esse príncipe encantado nunca chegaria nem perto de nossa filha, ela o enxotaria para bem longe no primeiro encontro e você sabe muito bem disso.
_ È você tem razão. Talvez você tenha razão e esse seja o mais perto de normal que nossa filha vai ser. Sinceramente Matheus, você sabe onde nós erramos com ela?
Continua…
Autor: Mrpr2