Acordei tarde, no domingo, na chácara. Quase nove horas. Arthur não estava mais na cama. Provavelmente estava fazendo suas leituras, jogando ou fazendo o nosso roteiro do dia... sei lá! Tomei uma ducha rápida, enrolei-me alinhavadamente no roupão e me dirigi à cozinha; estava faminto.
Na rápida zapeada pelo celular, vi que havia várias mensagens, mas me fixei apenas na sua: “BD, bela adormecida. Saí com meus primos e alguns migos para uma trilha de dia inteiro. Desculpe, precisei agir racionalmente: como meus pais devem chegar por volta do meio-dia, e vc só deve acordar tarde, o tpo que teríamos seria mt curto; optei por ir com eles, que é diversão garantida o dia todo. E ó: foi mt boa a experiência, tlg? Amei de montão. A gente se tromba por aí. Bj na cabeça da rola”.
Cacete! Bad total. Brochei geral. Mas, antes que isso pudesse me afetar, esbofeteei-me com força: “Que é isso, fresco?! Ele está certo. Mais do que certo. Que é que há, cara? Estava querendo se amarrar, é? Queria pedi-lo em casamento, cara-pálida?” Tratasse de guardar aquele inusitado encontro, aquelas aventuras sexuais tresloucadas, como algo muito belo, inesquecível, digno de ser arquivado na mais especial gavetinha do “Balaio de Baco”, de tantas coisas boas já repleto. Vida que segue, rapaz! Cuide de se alimentar e aproveitar o restante do tempo como se a chácara fosse sua.
Assim fiz. Na cozinha, descobri que o fresquinho deixara um caprichado café da manhã – com florzinha no copo e tudo, o viado! Ri, interiormente, e tratei de acalmar o estômago, que já reclamava mais do que insistentemente. Dei mais um tempo, mais um giro pela casa, pela varanda, cheguei à área da piscina. Não vou negar que, vez em quando, lampejos de lembranças me vinham à mente, sempre que passava por algum lugar em que nos pegamos... Mas era assim mesmo, foi forte, marcou, e era normal estar assim.
Retirei o roupão, sentindo na pele o agradável sol daquela manhã e pulei na piscina. Nadar sem roupa ficou como uma das melhores coisas de todos os universos. Logo, os flashes com Arthur começaram a aparecer, mas logo sumiam. Confesso que tinha pensado, mais de uma vez, em nos comermos dentro d’água, mas não tinha rolado. Agora a água gostosa, a me acariciar, estava me deixando nostálgico. E excitado, que a rola se fazia dura e eu a admirava de cima, meio que refratada pelas pequenas ondas que se formavam.
Comecei a nadar, ansiosamente e sem parar, até sentir pernas e braços doendo, tudo para não ficar pensando no meu amigo, no corpo do meu amigo, no cacete do meu amigo, nos lábios do meu amigo... Quando cansei, recostei-me na escada, abandonei minha cabeça ao sol, olhos semicerrados, aproveitando ao máximo a carícia de helius e a massagem da água.
De repente, uma sombra encobriu o sol – pressenti a presença de alguém, o coração disparou e abri os olhos. Contra a luz, não deu para divisar, de imediato, quem era, mas os loiros e esvoaçantes cabelos me alvoroçaram borboletas no estômago. O safadinho arrependera-se ou sentira saudade e voltara para casa? Ou inventara tudo aquilo e estava me trolando? Ah, esse papudinho branquelo iria ver uma coisa – não demonstraria a reação que ele decerto esperava, e eu é que, finalmente, o sacanearia... Assim, fechei os olhos e fingi total indiferença.
– Isso é lugar de dormir, meu amigo?
Sobressalto geral. Não era Arthur. A voz deliciosa e firme de Fúlvia tirou-me de vez daquele torpor. Tentando me recompor, desequilibrei-me, afundei, por pouco não bati com a cabeça na escada...
– O-o-opa... Esperava vocês... quer dizer, o Arthur me disse... Vocês não viriam somente depois do meio-dia? – Eu estava me achando o mais retardado dos palermas.
– É, querido, mas a chuva no litoral arrasou com nossos planos de praia, daí resolvemos antecipar a volta. Mas eu passei um zap avisando, você não recebeu?
Droga! A mensagem de Arthur tirou-me do eixo e não conferi as outras. Mas agora não tinha mais necessidade de vê-la. Fúlvia, de minissaia, agachada na borda da piscina, oferecia-me a mais bela visão de uma xoxota decalcada na calcinha branca que usava, o que fez minha rola endurecer dentro d’água, e somente então eu me toquei de que estava nadando nu. Tentei uma explicação ainda mais apalermadamente:
– Eita, Fúlvia... Aproveitei que o Arthur saiu com os amigos e vim nadar sem roupa... foi mal!
– Ah, seu bobo, deixa de onda! Como se eu já não conhecesse esse corpo... – respondeu, numa gaitada, e riu, tranquilizando-me um pouco, e me deixando mais à vontade para curtir a ereção agora completa.
Mais uma discreta (ou nem tanto) olhada e percebi uma manchinha se formando em sua calcinha. Meu coração disparou novamente.
– E Álvaro? – Perguntei, meio para dizer alguma coisa, meio para ganhar tempo, meio imaginando coisas...
– Ah, ele ficou na cidade, fazendo umas compras de mercado. Imaginamos que a despensa não resistiria aos dois famintos. Vai vir de uber... Agora saia desta piscina, que eu quero ver como está esse corpo, tantos anos depois...
Eu ainda estava meio sem jeito, mas a naturalidade de Fúlvia e todo alvoroço de sensações que estava sentindo, todo o “balaio de Baco” me restituiu a tranquilidade e até um plus de ousadia. Subi a escadinha da piscina e expus meu membro rígido.
– Uau! Que colosso!
Disse e se jogou nos meus braços. Nos abraçamos e nos beijamos demoradamente, como que retomando cada um dos muitos e muitos dias que se passaram desde a nossa última vez, a qual, paradoxalmente, parecia ter sido ontem.
Fúlvia estava linda e gostosa. A idade só lhe realçara a beleza e a delícia de seu corpo. Seu beijo ainda mantinha aquela ânsia tranquila, aquela volúpia calma, que não tem como explicar em palavras, mas que eu constatava completamente naquele encontro de lábios, bocas e línguas.
Tomei-a nos braços, e tinha que ver: um homem nu, de rola ereta, atravessando o deck da piscina, levando nos braços uma mulher dengosa e agarrada em seu pescoço, até o banco em que, horas antes, eu fustigara com tesão o cu do seu filho. Procurei afastar deliberadamente este pensamento enquanto retirava com delicadeza sua roupa – o corpo maravilhoso que aparecia, sob os tecidos retirados, trazia-me para aquele presente e nele me fixava.
Os seios incrivelmente firmes – mesmo que maiores que da última vez – brilhavam ao sol. Lambidas em seus mamilos provocavam espasmos de prazer em Fúlvia. Ela estava deitada, de frente para mim. Desci até sua saia jeans, desabotoei-a e a desci pelas pernas – algumas estrias eram marcas de vida, em nada interferindo no meu tesão... pelo contrário!
A antes pequena manchinha da calcinha agora tomava conta de toda a parte frontal, desenhando nitidamente os lábios da buceta, que decerto estaria encharcada. Retirei-a e aquele aroma antigo de tesão penetrou-me. Chupei cadencialmente aquele sorvete férvido, enquanto Fúlvia requebrava-se e gemia languidamente, pedindo rola.
Deitei-me mansamente sobre seu corpo, sentindo meu peito esmagar seus seios túmidos. Minha rola encontrou sozinha o caminho daquela caverna maravilhosa e se enfiou com afã. Os gemidos de Fúlvia, seus requebros sob meu corpo, meus compassados movimentos de entra-e-sai, tudo foi criando uma atmosfera etérea, que nos elevou ao nirvana de nossos corpos febris, ao gozarem, simultaneamente e em plenitude.
Enquanto descansávamos, exaustos, sobre o corpo um do outro, pude perceber quanto a maturidade, o conhecimento, mesclados ao distanciamento e ao carinho eterno, fazem toda a diferença, na conjunção física de quem se ama...
Mais um longo beijo selou aquele nosso mágico reencontro. Por certo, muito haveria a nos falarmos. Mas... tudo ao seu tempo.