Capítulo 25
_ Ah! Você é tão burro. Que quando brigou com o Patrick, achando que ele que colocaria o seu namoro em risco, o mesmo riu da sua cara e revelou que o grande amor da vida do Jonas na verdade era eu. Até o seu queridinho riu da sua cara. E se que não rir até hoje.
_ Aí não, Bruno! A sua treta com o Matheus é problema de vocês. Agora eu não vou admitir que ponha o Patrick no meio dessa sujeira toda, envenenando o Matheus contra ele! Porra!
Bruno devolvia o olhar raivoso de Matheus com um desafiador e risinho.
_ E você, Matheus, vê se não vai cair na pilha do Bruno e perturbar o Patrick. Porque se ele for magoado por causa dessa briga ridícula de vocês, eu meto a mão na cara dos dois! No meu amigo não!
_ Você não presta, Bruno! Se faz de santo, mas não passa de um falso! Uma cobra, que todo mundo passa pano e só aponta o dedo pra mim. Porque eu sou verdadeiro! Não escondo o meu verdadeiro caráter! Não faço questão nenhuma de me fazer de bonzinho e coitadinho como faz!
_ Você é cruel, Matheus! Você me humilhou! Pôs um rato na comida, me tratava como um lixo e jogava na minha cara que eu vivia na sua casa de favor! E agora? Eu cresci na vida! Tenho a minha própria empresa e não dependo de ninguém pra nada. Hoje quem vive de favor na casa da minha tia é você! Como o mundo dá voltas!
_ Você tem dinheiro, mas é infeliz! Seu marido te trata como uma mobília que ele usa e larga no canto jogado. Sua companhia era só pra foder...e nem isso ele tava fazendo ultimamente,né?
O sorriso de Bruno se desfez.
_ Ele preferia ficar no trabalho do que olhar pra sua cara! Você ficou tão louco, que passou a ter a ciúmes do Rafa!_ Matheus deu uma gargalhada. _ Até o tesão por você ele perdeu. Ele preferiu foder o coreano. Que vamos combinar que é bem mais bonito e jovem que você. Uma grande diferença! Aquele cara deve ter o que uns 18 anos? Você é uma puta de quinta, mas tá ficando velha. Já o Daniel é jovem e sexy. É lógico que o Jonas ia te trair, otário!
_ Gente, pelo amor de deus! Parem com isso!
Betinho sorria ouvindo a conversa.
_ Sabe que eu te agradeço por ter tirado o Jonas de mim. Você tirou o lixo da minha vida e pôs na sua.
_ Isso foi bom pra você. Mas, foi péssimo pro Patrick. O coitado já está condenado a viver numa cadeira de rodas e te ter como marido, isso sim é um verdadeiro inferno!
_ Não abra a boca pra falar do Patrick! Ele não é nenhum coitado! O único coitado aqui é você! Que não é deficiente visual, mas é cego para as pilantragens do Jonas!
_ Ah, gente! Já chega!
Isabel puxou Matheus pelo braço.
_ Vocês não vão brigar! Puxa pensem nas pessoas que serão afetadas com o barraco de vocês: a Renata, a Rose, o Patrick! Porra! Vocês já são dois homens adultos! Parem com essa merda!
_ Você veio até a minha casa para me humilhar e isso não vai ficar assim!
_ Que te humilhar, garoto! Deixa de ser ridículo! Você não tem essa importância toda! Eu vim pela minha tia. Pra mim você e a lixeira são as mesmas coisas.
Isabel arrastava Matheus para fora, para finalizar a discussão. Betinho correu e se escondeu no banheiro.
_ Patrick, esse é o Wilson, meu namorado. Amor, esse é o meu querido genro.
_ É um prazer conhecê-lo._ Patrick disse esticando a mão para cumprimentar o homem de pele morena, cabelos e os olhos negros. Wilson tinha um olhar sorridente e um barba e bigode fino que contornavam os seus lábios. Não era alto como os outros namorados de Renata, mas também não era mais baixo que ela, os dois eram quase da mesma altura. Ele não era não era nem um magricela e muito menos gordo. Tinha um corpo mediano.
_ You are my teacher's husband.( Você é o marido do meu professor.) É um prazer te conhecer. A Renata fala muito bem de você.
Renata o apresentou a todos na festa. Como Wilson era extrevortido, acabou se introsando com facilidade entre outros convidados.
Matheus saiu do quarto irritado. Ao ver o aluno /padrasto se sentiu ainda mais irritado por ter ciúmes da mãe. Patrick pediu para que ele fosse gentil.
_ É justo que você trate o Wilson tão bem quanto a sua mãe me trata.
_ Helo, teacher! Whatsapp?
_ Mas, você não tem o Whatsapp do seu professor?_ perguntou Leninha.
Wilson respondeu sorrindo.
_ Whatsapp significa "e aí?" Em inglês.
_ Ah, tá. Vivendo e aprendendo.
_ I'm fine.(Eu estou bem.) welcome to my home (bem-vindo a minha casa). Espero que fique à vontade.
Renata se sentiu aliviada pela jeito cortês do filho. E olhou para Patrick sorrindo, como forma de agradecimento.
_ Gente, foi uma surpresa a Renata aparecer com um namorado! Como vocês se conheceram?
Wilson explicou a Leninha como a conheceu. Ela se estendeu nas perguntas e o homem falou sobre a sua vida. Ele era dono de uma churrascaria, que ficava enfrente à praia de Icaraí . O lugar era muito bem frequentado, principalmente por turistas. Por isso, decidiu estudar inglês há seis meses. Ele tem uma filha adolescente de 12 anos de idade, fruto do seu antigo casamento, que se desfez depois de 9 anos de união.
Wilson conseguiu conquistar a simpatia de todos da casa e também foi conquistado por eles. O casal apaixonado passava a maior parte do tempo abraçados, trocando beijos e carícias. Renata estava tão feliz como uma adolescente apaixonada. E por isso, Patrick pediu a Matheus não contasse da sua briga com Bruno, e Isabel fez o mesmo pedido ao jornalista.
_ Tão bonito ver a Renatinha apaixonada! Até que enfim ela arrumou um namorado. Agora, só falta você, Rose._ disse Marília._ Bonita desse jeito, é um pecado está solteira.
_ Só não pode matar o coitado, querida.
Rose olhou furiosa para Leninha, sentindo vontade de enforcá-la. A mulher a olhava sorrindo debochando e Betinho também sorria, na esperança de acontecer mais uma briga.
_ Com licença. _ disse Rose, se afastando com o copo de cerveja na mão.
_ Que língua, hein! Comentário infeliz! Precisava de uma coisa dessas?_ reprimiu Marília.
_ Eu só disse a verdade, minha sogra!
_ Que verdade! Você soltou um veneno! Você fica provocando a Rose, uma hora ela vai perder a paciência.
_ Que perca! Eu não tenho medo de galinha não. Ela que venha de graça que eu depeno ela e faço uma canja.
Marília se afastou para não continuar a conversa.
_ Mona, o que foi isso?! Que babado! O que você tem contra a Rose?
_ Falo "mermo", nem. Não gosto dela. A safada vive dando em cima do meu marido. Ela matou o dela e quer ficar de gracinha com o macho do "zoto"? Eu ainda vou arrastar a cara dela no asfalto.
_ Eita! É fogo no parquinho!
Patrick despertou no meio da madrugada e se assustou ao ver que Matheus estava sentado na beira da cama de costas para ele. O ruivo percebeu que Matheus chorava com tanta intensidade, que se arrastou até ele e o abraçou.
_ O que houve, meu amor?!_ Patrick perguntava assustado, abraçando o marido.
Matheus não conseguia falar. Chorava muito, abraçando Patrick com força.
_ Meu amor, me diga o que está acontecendo? Você tá sentindo alguma dor? Quer ir ao médico?
_ A dor que eu tô sentindo médico nenhum vai curar! Ela é na alma.
_ Oh, meu bem! Eu sinto muito por tudo que você esteja passando. Mas, nós vamos superar juntos.
_ Não é só sobre o que você está se referindo. É mais profundo.
_Do que você está falando?
_ Você não sabe o quanto as safadezas do Bruno doem em mim. Porra! Eu o amava! Ele era tudo pra mim! Era o meu primo querido! Eu tinha raiva do meu tio Gustavo pelo mal que fazia pra ele, eu defendia aquele desgraçado de quem ousasse a falar mal dele! O carinho que eu tinha por Bruno era imensurável. E o que que o verme fez? Me traiu da maneira mais sórdida e nojenta! Ainda se divertia com isso. Fez por prazer em me humilhar.
Patrick acariciava o rosto de Matheus, sentindo dó do marido.
_ Eu não me importo mais com os chifres que levei do Jonas. Ele é só um boy lixo, um embuste que hoje eu dou graças a deus que saiu da minha vida. Mas, o Bruno é o meu primo, caralho! Eu o amava! Você não sabe o quanto isso me dói!
_ Eu imagino e sinto muito por isso. Amor, eu odeio te ver assim. Toda vez que você briga com o Bruno fica neste estado. Você não merece sofrer desse jeito.
_ Foi culpa da minha mãe! Ela convidou o Bruno só pra me humilhar.
_ Não, amor! Renata não tinha essa intenção. Jamais ela humilharia alguém, muito menos a você, que ela mais ama. A Rose pediu para que o Bruno viesse e Renata não conseguiu recusar. Mas, a Rose não fez por mal. Ela tá sofrendo vendo o sofrimento do filho. Bruno pode ser o que for, mas ele é filho da Rose e sobrinho da Renata. Elas o amam, assim como amam você. Pra elas é muito difícil ficar entre essa briga de vocês.
"Meu bem, pra que guardar esse rancor todo? Isso tudo só serve para te ferir. Olha como você estar. Príncipe, você tá passando por uma barra e o que menos precisa neste momento é carregar o peso do rancor e a dor da mágoa. Se livra desses sentimentos ruins! Você merece ser feliz, meu anjo."
_ Você acha que todo mundo tem um coração bom como o seu, não é? Amor, você sentiu na pele que as pessoas são más. Eu não vou perdoar o Bruno. Nem ele quer o meu perdão. Ele me disse coisas horríveis. Ele não está arrependido do que fez. Muito pelo contrário, está feliz em ter me traído.
_ Não importa o que o Bruno sente, pensa, faça e fale. O que importa é você! Eu não estou dizendo para você abraçar o seu primo, dizer que perdoa e voltarem a ser amiguinhos. Eu estou dizendo para você soltar a corda que te prende a um passado tão doloroso pra ti. Que você se livre destes sentimentos destrutivos. Eu sei que isso não é fácil. Eu estou sentindo isso na pele. Eu travo está luta todos os dias, por que não quero que o meu passado continue me destruindo. Mas, eu sei que vale a pena lutar, isso vai me deixar mais forte e não vai impedir a minha felicidade, que tanto tenho direito tê-la.
"Essa raiva do Bruno só serve para te machucar. Ela não vai mudar o passado, meu amor. E além do mais, vocês são da mesma família. Como eu disse, não precisam ser amigos, mas pelo menos conseguirem conviver numa reunião de família sem um machucar o outro."
Patrick deitou a cabeça do ombro de Matheus.
_ Eu queria tanto ter o poder de tirar os seus sofrimentos e deixar a vida mais feliz pra você.
Matheus segurou em seu queixo e sorriu.
_ Você é mesmo um anjo! Mesmo passando por tantas coisas, ainda se preocupa comigo. Era para ser o contrário. Eu é que era para estar cuidando de você.
Patrick segurou em sua mão.
_ Você cuida de mim, amor. E faz isso muito bem. Eu também cuido de ti. Um tem que cuidar do outro.
_ Ah, meu deus, como eu amo este homem!
Matheus o envolveu em seus braços, deitando-o na cama e o beijou.
_Boas noites, "bebeses"!
Betinho entrava na pizzaria com o andar rebolativo, portando uma mochila nas costas e folhetos nas mãos.
Como a pizzaria ainda não estava funcionando para o público, os funcionários arrumava o local e o cheiro das pizzas exalavam pelo ambiente. Rafael e Jonas estavam sentados à mesa tomando um copo de shop cada.
_ Tá atrasado, hein cara! Alguns minutos tudo bem. Acontece. O trânsito desta cidade é um caos, mas daí uma hora! Vou ter que descontar do seu salário.
_Que isso, Rafaelo?! O Jonas me autorizou a chegar essa hora!
_ Eu?!
_ Sim, veado! Esqueceu que eu te pedi pra chegar um pouco mais tarde, porque eu tinha que levar mamãe ao médico?
_ Ah, é verdade! Eu acabei me esquecendo! Foi isso mesmo, Rafa! Eu ando com a cabeça tão cheia.
_ Eu sei. Você anda aéreo até demais, Jonas!
_ E a sua mãe não podia ir sozinha?
_ Rafa, os meus pais são idosos e muito teimosos. Se ninguém levá-los para cuidar da saúde, eles não vão. Aí, eu tenho que me despencar da minha casa para cuidar de mami brilhosa e papi supremo para eles não bigodarem.
_ Ok. Pode ir trabalhar.
Betinho foi caminhando para o banheiro para trocar de roupas, quando recordou de algo. voltou até à mesa deles e entregou um folheto a Jonas.
_ Tome. Esse evento vai ser o fervo, Jonete. Eu estou montando um bonde pra ir comigo. Venha! Você vai gostar. A putaria vai rolar solta. Do jeito que você gosta.
O folheto tinha fotos de homens semi-nus, usando cuecas de couro, exibindo os seus corpos sarados e com uma boate ao fundo. Era uma propaganda para uma festa de solteiros gays.
_ Eu até te daria um Rafaelo, mas é uma festa pra bichas solteiras sedenta por rolas e cus, ou seja, não é da sua praia.
_ Engraçadinho! O fato de eu e Bruno estarmos brigados não significa que eu esteja solteiro. Eu sou um homem casado.
_ Pensei que você já tinha se conformado agora que Brunosa deu entrada nos papéis do divórcio.
Jonas olhou espantado para Betinho.
_ Como assim?! Do que você tá falando?
_ Você não tá sabendo? Uh, é! Eu pensei que tivesse! Todo mundo comentou sobre isso lá no churrasco da Renatinha.
Rafael olhava sério para Betinho e disse:
_ Betinho, vai trabalhar! Vai!
_ Desculpa! Eu pensei que você soubesse. Tô indo trocar de roupa, então.
Betinho se afastou. E Jonas socava a mesa.
_ Puta que pariu! O que o Bruno tem na cabeça de dar a entrada no divórcio?! Se ele tá pensando que eu vou concordar com isso está muito enganado. Ele é meu! O nosso casamento é pra sempre!
_ Então, o Bruno tá mesmo decido a se separar. Eu te avisei tanto, hein Jonas! Te falei pra não dá molhe pro Daniel. Aí, oh no que deu! O seu mal é não me ouvir.
_ Bruno não tem o direito de fazer isso.
_ A lei diz que ele tem.
_ Que se foda a lei! Bruno tá trocando os pés pelas mãos! Ele não podia tomar uma decisão dessas sem mim e ainda contar pra família inteira pra eu sair como o babaca! O único que não sei de porra nenhuma.
Jonas levantou da mesa.
_ Quer saber? Eu vou lá agora falar com ele.
_ Jonas, não faça isso! Você tá de cabeça quente e vocês vão acabar brigando. Se acalme e outro dia você fala com ele.
_ Que mané outro dia, Rafael! Eu vou falar com o meu marido agora mesmo.
Por mais que Bruno tentasse fingir para si mesmo que estava superando o fim da relação, o pensamento em tudo que o acontecera aparecia com frequência no seu dia a dia. Ele procurava levar a vida normal, seguindo a mesma rotina de antes. No entanto, se pegava pensando em Jonas no trabalho, em casa e quando estava com os amigos. Lamentava, em silêncio, tudo o que havia ocorrido.
Procurava não tocar no assunto com as pessoas a sua volta. Sempre que alguém queria falar de Jonas ele desconversava de modo direto, deixando claro que não queria falar no ex marido e muito menos em Daniel.
Naquele fim de tarde, Bruno estava no seu quarto, deitado na cama, tentando ler um livro, mas não conseguia se concentrar. Recordou das brigas com Jonas e das palavras duras que trocou com Matheus no dia do churrasco. Ele não comentou sobre a discussão com a mãe e a tia, quis poupá-las dessa decepção que dera a elas, cedendo as provocações do primo.
Contudo, se sentia aliviado por ter dito tudo que sempre quis dizer a Matheus. Sentiu como se lhe tirassem um peso das costas.
O cheiro do bolo de milho vindo do forno da cozinha abriu o seu apetite. Essa era uma das vantagens de viver com Rose, já que era uma cozinheira de mão cheia.
Levantou e foi até a cozinha verificar se o bolo estava pronto. Ao tentar abrir a porta do forno, recordou que a sua mãe sempre diz para não abrir a porta do forno no horário errado para não solar o alimento. Como Bruno não sabia o tempo certo, foi até o quarto de Rose perguntar a ela.
_ Mãe, esse bolo tá cheirando! Será que não está pronto?
Rose estava sentada na cama com um livro em mãos, cujo o título era Verdades secretas. Ela estava tão compenetrada na leitura, que não ouviu a pergunta do filho.
_ Mãe! Mãe!
_ Oi?! O bolo. Ele tá pronto?
_ Ainda não, meu filho.
_ Tem certeza?
_ Tenho sim. Fica pronto daqui a 10 minutos.
Bruno admirava a praticidade da mãe em saber o tempo exato do preparo dos alimentos e pelo fato dela raramente queimar alguma comida.
_Você tá lendo um romance gay?! Que moderninha hein, dona Rose!
_ Eu peguei esse livro no meio dos seus. Menino, eu tô chocada com esse Ivan! Ele deu uma tacada na cabeça do coitadinho do Victor! Gente, que menino ruim! Agora tô aqui preocupada se o coitadinho do Víctor morreu.
Bruno deitou ao lado dela.
_ Não se preocupe. Ele não morreu e o Ivan vai se apaixonar por ele.
Rose a olhou brava e bateu com livro em seu ombro.
_ Bruuunooo! Você tinha que me contar e estragar a minha leitura?!
_ Não estraguei não! Estragar eu estragaria se tivesse contato que a Sônia vai chantagear o Ivan.
Bruno achou graça do jeito sério que a mãe o olhava depois de ter tomado os spoilers.
_ Olha aqui, Bruno, se você abrir essa boca para me dar mais um spoiler eu juro que te dou a surra que nunca te dei na infância.
Bruno a beijou no rosto.
Mesmo vendo um leve sorriso no filho, Rose percebeu pelo seu olhar que Bruno estava triste. Ela fechou o livro, pondo em seu criado mudo e pôs a cabeça do filho em seu colo.
_ Eu odeio te ver assim. Você já sofreu tanto nessa vida, meu amor. Agora que deveria estar feliz me cai uma bomba dessas.
_ Eu vou ficar bem, mãe. Não se preocupe. Eu sou forte.
_ Eu sei que é. Mas, você merece ser feliz.
_ Lembra que quando a gente vivia num inferno com o meu pai, e toda vez que eu chorava depois de levar uma surra dele, você segurava a minha mão e me dizia que eu ia ser muito feliz?
Rose concordou com a cabeça.
_ Eu não acreditava. Achava que tudo aquilo seria pra sempre. Que a felicidade era algo feito somente para os outros. Aí você me dizia "Você vai ser feliz sim! Isso não é opcional. A felicidade já é sua. Você só deve lutar por ela." E foi o que eu fiz, eu lutei pela minha felicidade e consegui obtê-la. Eu fui muito feliz. Se eu consegui ser feliz no passado, vou conseguir futuramente.
"E olha que foi difícil, hein! Eu sentia muita saudades sua. Até fiz essa tatuagem de borboletas para te ter pertinho de mim. Parece bobeira minha, mas quando eu olhava pra ela, eu sentia a sua presença. Eu me lembro que no dia da nossa despedida, eu chorava muito e você me dizia que assim como as borboletas retornam ao jardim, eu também iria retornar."
_ Isso também valeu para quando você foi obrigado a se separar do Jonas.
_ Sim. Eu fui obrigado a me separar das duas pessoas que eu mais amava, tive uma crise financeira e fui morar com a minha tia e aturei muitas humilhações do Matheus. Cada palavra ofensiva dele eram como pedradas no meu corpo, facadas que feriam a carne, porque elas vinham de alguém que eu amava. E vejq só, eu consegui ser feliz de novo. Você vai ver, mãe. Eu vou me reerguer.
_ Você me dá tanto orgulho, meu filho.
_ Eu sou forte, mãe! A vida me ensinou a ser assim.
_ O que aconteceu com você e o seu primo foi algo tão desagradável! Puxa, vocês se davam tão bem! Agora se odeiam. Não podem ficar juntos que se explodem.
_ Matheus é cruel. Ele me humilhou muito, mãe! Ele me fazia sentir um lixo. Tudo isso por causa de um homem qualquer! Eu me sacrifiquei de negar as investidas do Jonas, que era o homem que eu amava, por respeito ao meu primo que eu também amava. Mas, recebi pisadas e humilhações. Mas, enfim, eu não quero estragar a minha noite falando naquela peste. O bolo já deve estar pronto. Estou morrendo de fome.
_ Vamos lá comer. E eu vou fazer um cafézinho pra acompanhar.
_ Huum!
Enquanto Rose fazia o café, Bruno pôs a mesa para o lanche de fim de tarde. Eles lanchavam conversando sobre assuntos corriqueiros, quando ouviram a voz de Jonas gritando no portão. Ele gritava com tanta brutalidade, que deixou o cachorrinho agitado, indo latir na porta da casa.
_ Uh, é! O que o Jonas está querendo?
_ Tirar a minha paz, mãe! É só isso que ele sabe fazer.
Bruno queria atendê-lo, mas foi para mandá-lo ir embora.
_ O que você está querendo, hein? Chamar a atenção da vizinhança? Você sabe que a minha mãe odeia escândalos! Dar pra respeitar?_ Bruno dizia por trás do portão.
_ Abre aí. Eu quero falar com você
_ Eu não vou abrir porra nenhuma! Eu tenho nada para falar contigo. Vá embora!
_ Você deve falar comigo sim! Eu sou o seu marido! Como você se atreve a espalhar pra todo mundo que deu entrada no divórcio e não me diz nada?
_ Ah, então! Você está ofendido por ser o último a receber a informação?!_ Bruno dizia com as mãos na cintura e um tom de voz debochado._ Agora você sabe como é que um corno se sente sendo o último a saber. Porque todo mundo sabia da sua sujeirada. O idiota aqui foi o último.
_ Pare de palhaçada, Bruno! Abra este portão e vamos conversar.
_ Eu não vou abrir portão nenhum! Não vou conversar nada contigo. A nossa conversa só vai acontecer num fórum e diante de um juiz, antes disso não tem conversa! Agora, vá embora daqui.
_ Eu não vou a lugar algum!
_ Então, fique aí, gritando feito um louco!
Bruno entrou e trancou a porta.
_ Bruno, volta aqui! Deixa de ser babaca e converse comigo! Bruno! Amor... Eu te amoooo! Me perdoa, cara? Brunoooo! Eu não vou assinar divórcio nenhum, tá legal? Bruno! Por favor, volta pra mim.
_ Vai deixar o rapaz gritando lá fora?
_ Ele tá gritando porque quer. Uma hora ele vai cansar.
_ Oh, Bruno! Converse com ele.
_ Eu não vou conversar com ele, mãe! Nem vem!
_ Eu vou lá.
Jonas parou de chamar por Bruno quando viu Rose se aproximando do portão. Ele presumiu que ele abriria para ele entrar. Mas, se decepcionou ao ver que não havia nenhuma chave em suas mãos.
_ Rose, por favor, eu preciso falar com o Bruno.
_ Jonas, eu quero te pedir para que vá pra casa. Bruno não quer falar com você e ficar insistindo vai ser pior. Vai deixá-lo ainda mais bravo. Respeite a vontade do meu filho. E pare com esse escândalo no meu portão.
_ Me desculpe, Rose. Mas, eu estou desesperado. Eu o amo muito. Não posso viver sem ele. Eu tô muito arrependido da merda que eu fiz.
_ Eu sei de tudo isso. Mas, o preço pela falta de auto-controle é alto. Você foi fraco e machucou o meu filho e se machucou também. Eu, sinceramente, torço pra que vocês dois superem isso e fiquem juntos. Mas, você não vai conseguir nada na base do grito.
_ Eu sei.
_ Vá pra casa e se acalme. Outro dia vocês conversam. Desespero não leva ninguém a nada.
_ É isso mesmo que eu vou fazer. Me desculpe pelo escândalo. Eu tô desesperado. Não posso perder o Bruno.
_ Boa noite, Jonas.
_ Boa noite, sogra. Obrigado.
Jonas entrou no carro e saiu triste.
_ É só bomba atrás de bomba!_ exclamava Rose, retornando para casa.