Continuando:
Depois daquele dia, fiquei esperando ter uma outra oportunidade com o Alexandre, mas parecia que ele estava me evitando. Não comentamos mais sobre o que aconteceu e a amizade continuou "normal", tinha algo estranho entre nós e percebi que ele deixou de fazer aquelas brincadeiras que antes eu nunca gostei e agora sentia falta.
Claro que ficou martelando na minha cabeça sobre a história do beijo, sei que eu já era assumido e tals, mas pra um menino que até então era hetero é muito mais difícil se abrir pras coisas diferentes... Enfim os dias foram passando e chegou numa sexta feira.
Toda sexta-feira na minha cidade tinha show num coreto da praça que ficava em frente da nossa escola e nem preciso falar que as aulas nunca rendiam, normalmente diretora libera todos mais cedo por conta do som alto.
Era uma farra, imagina nós novos com 18 anos e no último ano do colegial? Todos iam pra praça beber e dançar com as músicas do show, minha turma ia com tudo e sempre terminava com todos arrumando alguém pra beijar.
Alexandre era muito bonito e normalmente fazia um grande sucesso com as garotas. Eu sempre via ele beijando várias e ficava sonhando com ele fazendo o mesmo comigo. Eu que era abusado, sempre fazia questão de me esfregar com alguém na frente dele pra provocar e ver sua reação, mas ele nunca se importava e no fim sempre ia atrás de um rabo de saia.
Agora voltando pra história, foi a primeira sexta feira com show que aconteceu depois da nossa "brincadeira" no banheiro.
Como de costume fomos liberados e toda a turma combinou de ir pra praça curtir um pouco. Chegando lá a primeira coisa que fiz foi arrumar uma pinga de metro pra nós dois tomar.
É um costume na minha cidade vender esse tipo de bebida, são uns saquinhos finos de plástico de um metro com pinga e um outro ingrediente dentro. Nós dois sempre tomávamos o de pinga com mel e logo ficávamos altos...
Compramos as pingas e ficamos jogando papo fora com o resto da turma, quando uma das minhas amigas falou:
- Aí Lucas vamos dançar??
Tava tocando um sertanejo e juntos começamos a dançar e o resto da turma rindo e nos olhando curtindo o momento.
Alexandre estava me olhando de lado, mas meio que me ignorando. Tomado pelo ódio virei minha amiga e dei um beijo bem quente pra vê se ele demonstrava alguma reação.
Enquanto o beijo rolava o resto da turma ficou gritando e comemorando. Alexandre fechou a cara e saiu de lá indo pro meio da multidão. Terminei de beijar a menina e fui atrás dele pra dar um basta nisso e perguntar porque ele andava tão distante.
- Alexandre!
Ele vira e me olha...
- O que aconteceu? Saiu de lá estranho, alias você anda estranho comigo.
Ele começa a falar e com o som alto tocando no fundo mal dava pra ouvir, me aproximei dele e virei meu rosto e coloquei meu ouvido perto dele pra ouvir.
Nisso ele dá um leve beijo no meu ouvido e fala:
-Não gostei do que vi.
Vira e sai dali indo em direção as bebidas, eu fico gelado parado no meio da multidão. Fiquei todo arrepiado morrendo de vontade de puxar ele pra algum canto escuro e dar uns pega nele...
Estávamos numa praça no meio do centro da cidade e as pessoas naquela parte eram mais tranquilas em relação a homossexuais. Chego até o Alexandre e falo:
-Vamos dar uma volta? To querendo fumar.
Nessa época eu fumava só em festas, principalmente pra dar uma relaxada e criar coragem kkk
-Bora, também to afim.
E como todo bom jovem da época tirei minha caixinha de cigarros black menta e ofereci um dele pro Alexandre.
-Ugh! Porque você não fuma uns cigarro normal? Esse cigarro só viado e mulherzinha fuma.
- Fumo esse porque eu sou viado e mulherzinha.
Falo isso saltando uma fumaça na cara dele, damos risadas e vamos andando pra um lugar mais afastado. Tento reunir toda coragem do mundo pra perguntar:
-Por que você anda estranho comigo?
- Eu to nada estranho, para de viajar.
Balanço a cabeça e falo:
- Desde daquele dia você anda muito estranho e agora pouco você deu um bjo na minha orelha. Fala logo o que tá rolando.
Estamos perto de um beco escuro ele puxa contra a parede e de surpresa me dá um beijo demorado, sinto gosto de pinga com mel misturado com cigarro na minha boca. seu cheiro tava me deixando louco e e finalmente me permito aproveitar o momento sem ficar surtando. Me entrego aos seus braços e fecho os olhos pra sentir seus lábios sem entender que finalmente tá acontecendo de novo. E dessa vez ele que resolveu me beijar...
Continua