Durante todo o meu período escolar, eu tive uma queda por um amigo especial. Éramos inseparáveis, Evandro e eu, brincávamos muito, e as vezes nos metiamos em confusão. Porém, apesar de tanta prossimidade, companheirismo e afinodade, nunca consegui me declarar pra ele.
Morria de medo de o afastar, então não queria arriscar por algo que eu jurava ser passageiro. Sempre imaginei que aquilo não passaria de uma paixonite, e que logo esse fogo cessaria. Bem, não cessou. E eu acabei me deixando consumir lentamente por ele durante os três anos do ensino médio.
Quando minha atração por outros garotos começou a aflorar mais, lembro que Evandro foi o primeiro para quem eu me abri. Acredito que, no fundo, uma parte de mim tentou uma autossabotagem. Como eu não tinha coragem de me declarar e, sabendo que aquele sentimento nutrido daquela forma não me fazia bem, imaginei que, me assumindo gay, o afastaria. Bobeira minha, eu sei, mas de qualquer forma o tiro saiu pela culatra.
Lembro que narrei para ele minha primeira saída de fato com um cara, com riqueza de detalhes. A idéia era realmente choca-lo e esperei sua reação. Ele me escutou calado, acompanhando tudo como se fosse um filme relativamente interessante, embora pouco compreensível.
- E aí? - perguntei esperançoso, quando terminei de narrar e ficyoi aquele silêncio incômodo entre nós.
- Olha... - pensou - eu sinceramente estou surpreso. Jamais imaginaria... - e pareceu considerar - e cá entre nós, você bem que podia me poupar de alguns detalhes que eu não precisava saber - e riu com uma careta - mas... De resto. Tô tranquilo.
- Sério? - eu analisava seu rosto atrás de algum sinal de desconforto. Mas Evandro estava extremamente a vontade. Ele sempre foi maduro para sua idade e eu não devia ter esperado outra reação.
- Claro. Confesso que por um lado estou aliviado. Afinal, tirando você da concorrência, sobra mais mulher pra mim. Não é legal ter um cara boa pinta que nem você competindo pela mulherada - e riu. Depois me olhou cauteloso - e sendo seu amigo, creio que gozo de uma imunidade parlamentar, certo?
- Como assim? - achei graça de sua tranquilidade.
- Ora, quero dizer. Não há risco de eu dormir na sua casa e acordar violado ou com as tripas na mão, né? - e sorriu - afinal, somos amigos há um tempão e se você me achasse minimamente atraente, com certeza já teria jogado na minha cara como fez com tudo o que fez com o pobre garoto da academia que você acabou de narrar.
E riu, então mudou suavemente o semblante quando fiquei calado. Foi então que percebi que ele aguardava uma resposta minha.
- Ah... Sim. Claro - respondi, tentando parecer descontraído.
- Ufa - soltou em tom exagerado - Fábio, tu até me assustou agora. Me senti um pedaço de carne no açougue.
Eu ri, e tentei aliviar a tensão.
- Sabe como é né. As vezes, na seca, até sua bundinha parece uma boa pedida - zombei.
- Bom saber, a partir de agora, só durmo de short bem amarrado e com uma faca debaixo do travesseiro na sua casa.
Rimos muito juntos, mas eu não pude deixar de sentir um aperto no peito.
Os anos se passaram e nos formamos no ensino médio pra iniciamos a faculdade. Naquele tempo, nossa amizade se fortaleceu. Continuei contando tudo (ou quase tudo) pra Evandro e recebia o mesmo voto de confiança.
No vestibular, passamos para a mesma faculdade, só que cursos diferentes. Com isso, pelo menos no tempo de estudos, ficamos mais tempo separados. Aos poucos aquele arrependimento que me destruia por dentro abrandou e eu imaginei que tivesse enfim me curado daquele delírio.
Então, por volta do meu penúltimo periodo na faculdade, em uma conversa com Evandro sobre sair da casa dos meus pais agora que eu já estava com um emprego em vista:
- Meu estágio vai acabar daqui a um ano e meu chefe me chamou na sala dele hoje. Me perguntou quando eu me formava e eu disse que no próximo semestre. Aí ele falou sem rodeios, que eu estava efetivado e ele não iria me perdoar se, após formado, eu fosse pra outra empresa.
- Nossa, Fábio. Genial. - parabenizou. Evandro, aquela altura, já estava formado e morava sozinho em um apartamento no Centro - Então, já que você já vai estar estabilizado, por que não vem morar logo comigo e já vai juntando dinheiro?
- Como assim? - quase me engasguei com o café que tomava.
- Ora. Você está doido pra sair da casa dos seus pais, mas ainda está estagiando, não da pra alugar um aapartamento sozinho. Eu tenho um quarto sobrando. - e fez sinal como quem apresenta o óbvio - Você adianta e já vai se acostumando a ser independente enquanto ainda não assume de forma efetiva o emprego. E eu tenho companhia. Não vejo razão pra não da certo. Você vê alguma?
Devo ter balbuciado alguma coisa, enquanto meu cérebro tentava desesperadamente pensar em um motivo plausível. Pois o simples convite já havia me causado tamanha palpitação, que imaginei que aquela era com certeza a pior idéia possível.
Então, após tempo demais, respondi:
- Eh... Seria legal. - as palavras sairam sem pensar.
Evandro ficou imediatamente animado e nos dias seguintes os assuntos ligados a minha mudança tomaram conta de nossas conversas.
*
- Você está maluco, Fábio? Onde na sua cabeça desconjuntada, essa lhe pareceu uma boa idéia? - Bianca, uma grande amiga da faculdade e única pessoa pra quem confidenciei meu crush por Evandro, ralhou comigo quando contei pra ela dias depois de ter aceitado o convite.
- Bem... Eu e ele já somos amigos há um tempão. Nos entendemos bem e... Vai ser otimo já que agora eu to meio sem grana, não é?
Ela me olhou como se eu fosse algum tipo de criança tentando esconder a cara mal lavada.
- E você por acaso superou a queda que têm por ele?
- Olha... Já estou bem melhor e...
- O caralho. - me cortou com a delicadeza de um cavalo- Tu pensa que eu não vejo você perder horas vendo o instagran dele? Foi só ele te fazer um convite e você começou a termer mais que um epilético. Se manca.
Eu não soube o que responder.
- E ta pensando em se declarar pra ele então? - inquiriu.
- Acho que não é pra tanto.
- Ou uma coisa ou outra. Pois se você acha que vai ficar bem, morando com ele, sentindo o que sente, você é um idiota. Ou você tem que tomar coragem e falar o que sente ou melhor desistir dessa idéia. Conselho de quem entende. Ou você acha que vai ficar bem quando uma mulher atrás da outra entrar por aquele quarto dele?
- Não é tanta assim...
- E isso importa? - riu, descrente - e vamos combinar, é muita mulher sim. Ele não sossega. Eu mesmo já teria dado uns pe
gas nele se não fosse por você - e corou um pouco ao admitir isso.
Eu sabia que, assim como 99% das garotas da faculdade, Bianca achava Evandro um cara bonito. E não era algo injusto. Meu amigo, inclusive, já havia pedido que eu a colocasse na fita dele. Convite que ela recusou veemente dizendo que Evandro não fazia seu tipo. Algo que, na época, eu já suspeitava ser uma desculpa.
*
Apesar de cobertos de razão, os conselhos de Bianca foram ignorados por mim e eu levei a diante, pois nao tive coragem de falar com Evandro e dizer que havia desistido dos nossos planos.
E talvez não fosse tão ruim assim, afinal, tinhamos feito um acordo bastante justo. Pelas regras, poderiamos trazer para nossso apartamento as companhias que quisessemos, desde que nos limitassemos nossas relações sexuais a nossos quartos. Banheiro, sala, cozinha e demais dependencias eram zonas neutras, intocadas.
,- Claro, podemos flexibilizar isso wuando passarmos a namorar e tal. Agora pra peguetes de Tinder e Grindr, o quarto e só. - acrescentou.
Então, eu pouco ou quase não via as conquistas de Evandro. Tirando um ou outro encontro de manhã na hora que iam saindo, ou as noites em que eu tinha de enfiar um travesseiro na cabeça para abafar os gemidos do quarto vizinho.
Obviamente eu também me aproveitei de nosso acordo e trazia quem eu quisesse pra casa. Afinal, eu não era santo e não é porque tinha uma queda não assumida pelo meu colega de apartamento que iria me resguardar.
Com isso, no geral, a situação foi mais fácil de superar do que supuz. Na verdade, o grande desafio mesmo era a intimidade recém conquistada que tal proximidade me fornecia. Evandro era muito descolado com relação a intimidade: tinha o hábito de tomar banho de porta aberta, sair do banheiro para o quarto pelado mesmo, acordar de manhã e sair do quarto de short sem esperar a barraca desarmar, e coisas do tipo.
- Você por acaso já ouviu falar de cuecas? - uma vez chamei sua atenção quando cruzei com ele no corredor de manhã. O short folgado despontado pra frente por conta do órgão duro.
- O que tem? Só mora homem aqui.
- Eh, mas... - e fiz um gesto de impaciência, demonstrando não estar afim de explicar o óbvio.
Ao que ele riu.
- E dai? Até parece que você vai me agarrar ou algo assim. - e riu, maroto - por acaso, sente tesão em mim, é?
- Idiota - bufei - e passei para ir ao banheiro
- Ahhh, sabia. Você me acha gostoso, admite - falou naquele tom de brincadeira e ainda ficou gingando a cintura enquanto narrava, para fazer o volume do short sacudir e estalar quando o membro batia no corpo.
- Você é um idiota - e fechei a porta antes que meu roato ficasse vermelho e eu mostrasse que estava hiperventilando.
*
- Fabio, posso te fazer uma pergunta? - Bianca um dia me interrogou durante o café.
- Claro - respondi enquanto mordiscava um pão de queijo.
- Você por acaso espera que essa proximidade de vocês dois, possa render um sexo casual?
Eu ri, como se tal consideração fosse absurda.
- Ah sim. Até porque, se fosse o caso, seria bom você desistir.
- Como assim? - acabei soltando aquela com um tom alguns timbres mais alto do que quis e Bianca deu um meio risinho, como se sua isca tivesse surtido efeito - Digo... - tentei me recompor - Óbvio que não estou planejando isso. Mas me diz, por que seria impossível? Não sou um cara boa pinta? - tentei descontrair.
- Claro que é. Já te falei que se eu não arrumar alguem até os trinta, vou te catequizar e você vai aprender a gostar de mulher na marra - lembrou com malícia - Mas o fato não é esse. Falo isso porque, você, como ativo, vai ser muito difícil descolar o lance casual com um homem hétero.
Eu não comentei e ela prosseguiu.
- Se você parasse com essa trava e liberasse logo essa bunda cheia de fogo, aí teria uma chance. Sabe, sei lá, numa noite dessas, em que ele tivesse bebido um pouco mais e não tivesse pego ninguém... Mas agora querer que um cara hétero experimente a coisa e ainda de o cu assim... Amigo você tá viajando.
- Nada haver - e voltei ao meu lanche, mas ela ignorou meu comentário impaciente
- Sei lá. Mas se você vencesse o trauma de tentar dar essa bunda - e riu e eu fiquei logo vermelho.
- Por que eu ainda te conto as coisas? - murmurei comigo mesmo.
- - Porque sou sua melhor amiga e a melhor coisa que você tem. Então, acostume-se - zoou.
Bianca era talvez a única pessoa pra quem um dia eu tivesse contado sobre minha primeira e única aventura como passivo. Resumindo: eu estava nervoso, não tinha feito a higienização como se devia e então, vocês podem imaginar o desastre que foi. Se não imaginam, sinto muito pois não vou narrar aqui. O fato é que depois daquela primeira vez, nunca mais quis sequer pensar em tentar.
*
Continuando... O fato é que a medida que morávamos juntos, eu e Evandro adquiriamos certos graus de intimidade que não me eram muito confortáveis. Embora nada absurdos se levar em consideração que éramos amigos há anos.
- E aí? Que tal estou? - veio uma noite mostrar a roupa que tinha comprado e ia estrear em uma festa do trabalho.
Ele estava ótimo naquela camisa branca com a manga dobrada, alguns botões abertos revelando uma fina corrente de prata, calça cinza colada e sapatênis.
- Está lindo - acabei soltabdo sem querer e ele se surpreendeu - digo... Tá legal.
Ele riu.
- Gostei do lindo. - e se ajeitou cheio de si - mas fala aí, fico melhor assim ou pelado?
E riu, quando viu que fiquei sem graça. Evandro havia descoberto que eu avermelhava com facilidade e gostava, de vez em quando, soltar uma dessas pra me ruborizar.
Noutra manhã, ele pediu minha opinião sobre o que ele jurava ser uma doença venérea.
- Cara, olha aqui. Tô ficando preocupado - ele me mostrou a cabeça do pau que tinha umas leves escoriações vermelhas.
- Isso não está parecendo nenhuma doença não - falei sério, tentando ser completamente profissional em minha análise. - você por acaso não tem se protegido?
- Claro que tenho - se fez de ofendido.
- Está abusando do 5 contra 1? - questionei, simulando uma punheta com a mão.
- Ah... - gaguejou e pela orimeira vez era eu quem o deixava sem graça. Devo admitir que entendia porque ele achava tão divertido fazer aquilo comigo. - Devo ter tocado uma essa semana
- Uma? Levando em consideração que fazem 2 semanas que você não traz ninguém aqui... Ta conseguindo ae segurar com uma punheta só?
- Fábio, foco. O que tu acha? - estourou, visivelmente constrangido
Eu ri
- Acho que não é nada, mas vai nos médico, por desencargo.
E ele foi mesmo e o diagnóstico: lesão causada por fricção. O urologista recomendou que ele usasse lubrificante quando fosse ter relações ou se masturbar.
Coisa que ele não me contou, mas deu o mole de deixar a receita esquecida na mesa da sala. Obviamente que aproveitei daquilo para zoar.
- Lubrificou o garoto antes de brincar com ele, hoje? - zombei em uma manhã em que ele havia tomado um banho particularmente demorado.
*
O tempo correu rápido naquele tempo. Quando menos esperei, havia me formado e assumi meu lugar prometido na empresa. Rapidamente assumi tarefas de confiança e o dinheiro entrou rápido. Financiei meu primeiro carro e já era autosuficiente para morar sozinho. Porém, dada a praticidade de morar com Evandro, e também por ele deixar bem claro que gostava de minha companhia, acabei por não o fazer, acumulando mais reservas de dinheiro. O que nunca é ruim.
E ao contrário do que Bianca dizia, meus sentimentos estavam muito bem obrigado. Talvez, finalmente, eu tenha superado o que não devia ter passado de uma queda de adolescência.
Pela primeira vez Evandro estava saindo de forma fixa com uma garota. Adriele, seu nome. Pouco falei com ela, mas confesso que não fui muito com a sua cara. Todavia, como nossa convivência era pouca, não comentei. Evandro vinha saíndo com dla havia 3 semanas, o que para ele era como completar bodas de prata.
Mas esse romance a médio prazo não durou muito. Foi numa madrugada de sábado, que sou acordado com o telefone tocando. Não consegui pegar o celular a tempo, porém a pessoa que havia me ligado tinha deixado uma mensagem antes no whatsapp: era Adriele.
- Você pode vir buscar seu amigo, por favor?
A mensagem foi sucinta, seguida de uma localização. Reconheci o Pub em que estavam e, imaginando ser urgente, não discuti. Me vesti, peguei o carro e fui.
Lá, encontrei um Evandro alcoolizado e uma Adriele bastante irritada. Tanto que nem falou direito comigo, apenas jogou meu amigo como se fosse uma batata quente no meu colo e saiu.
Evandro, de muito bom humor provavelmente causado pelo álcool, insistiu que estava bem para dirigir, mas eu o convenci de que era melhor ele ir de carona e pegar o carro na manhã seguinte.
Não falei nada com ele a respeito, pois não imaginei que estivesse em condições de responder. Mas estranhei o fato pois nunca o tinha visto bêbado daquele jeito na vida.
Acabou que não precisei começar o assunto, pois no meio do caminho, enquanto dirigia, percebo ele me encarando, sério, com rosto enrugado.
- Voxe ta zangadu comigo? - balbuciou, quase cuspindo em cada letra
- Oi? - e sorri - Não.
- Então purque ta calado?
Eu ri.
- Apenas estou surpreso, pois nunca o vi tão bêbado. O que aconteceu?
- Ahhhh. Fala sério. Chata pra caralho!!!! - estourou, como se o assunto já estivesse sendo tratado.
- Pensei que estivessem se dando bem.
- Eu também. Mas a chata cismou em namorar. Num fode. Falou e falou que não queria relacionamento. Qui tinha acabado de terminar então não queria se prender.. aí, do nada, vem falar de namoro. Já? Chato. Falei que não queria nada sério.
Então ele deu uma risadinha.
- Aí, fiz um joguinho. Cara hora que ela falava em namoro, eu tomava um gole - e foi contando nos dedos - Eh... Acho que ela falou um pouquinho nisso... - e riu.
- Só você mesmo. - ri.
- Fabiuuuu... Eu estraguei sua noite?
- Como? - estranhei a pergunta - Não.
- Fala a verdade? Fiz voxe vir de madruga pra me pegar.
- Olha, eu realmente gostaria de estar dormindo... Mas nada demais - e fiz pouco caso
- Voxe num ta zangadu?
- Não estou, prometo - embora aquele papo de bêbado comessasse a me incomodar.
- Então da um sorrizao pra mim - pediu e eu ri achando absurdo
- Ahhh vaiiii. Mostra que ta de boa
Eu então sorri.
- Vixe. Que cara de cu. De novo - mandou.
Eu então sorri com sinceridade,.
- Agora sim... Desculpa.
- Tudo bem.
- Mas purque será que é tão dificil uma pessoa aceitar uma trepada casual? Caralho.
Eu me perguntei se ele falava comigo ou sozinho.
- Caramba - continuou como se eu estivesse acompanhando - Qual o problema de só um sexo gostoso? De uma amizade colorida? Que inferno. Tudo quanto é mina que me vem quer casamento. Saco
Eu sorri, então dei de ombros
- Talvez você seja um partidão.
Ele então me olhou, e pareceu pensar em algo muito importante. Então falou:
- Quer saber, se eu curtisse homem, tu seria o cara perfeito - soltou do nada e eu quase engasguei com ar. - Sério. Tu é um cara bacana. Até bunitinho. Não é chato pra caralho. Tá aí. Fomos feitos um para o outro.
- Cara, você está muito bêbado - avaliei, achando graça.
- Eh, um pouquinho - e começou a rir, como se tivesse se lembrado de um piada muito engraçada. E do nada soltou outra pérola - Mas tu não da o cu...
Praguejei, sem acreditar no que ouvia.
- Mas é. Aproveitando que entramos no assunto mesmo.
- Não entramos não - rebati.
- Shiiiii - e pôs o dedo na minha boca. Sorte dele que ele estava muito engraçado com aquele alcolismo. Se não a conversa teria me deixado muito desconfortável. - Caladinho, Fábio. Deixa eu concluir, sim? Mas como íamos falando. Nunca entendi esse lance de viado ativo? Digo... Se é pra sair com homem, qual a graça comer? A diferença não seria dar? Pra comer, come mulher oras. Mi explixa, vai.
Então respirei fundo e, pacientemente, falei o óbvio:
- Pela sua lógica, já que homem gosta de comer, também tanto faz comer mulher ou homem. Certo?
Ele abriu a boca para responder, mas não falou. Pensou de novo, e mais, e mais. Chegou a cruzar os braços olhando para as próprias pernas, como uma criança birrenta que não aceita uma verdade. Então enfim soltou:
- Não é a mesma coisa - foi tudo o que conseguiu dizer.
Eu ri e a conversa não se desenvolveu dali. Chegamos em casa, e foi apenas pisar no banheiro que ele vomitou. Eu fiquei ao seu lado, segurando sua cabeça.
- Melhor tomar um banho - sugeri, quando pareceu acabar de regurgitar.
- Não. Vou dormir - replicou. No que eu insisti, e ele temiou.
Então dei logo um corte:
- Não te dei uma sugestão. Já pro banho! - e o conduzi de forma mais rígida enquanto o ajudava a tirar sua blusa. Quando a despi, ele levou a mão a boca e deu uma risadinha
- Acho que o Fabio está querendo me ver pelado - zombou - ihhh, se queria isso, amigo, era só pedir. Não precisa de desculpa.
Eu, já sem paciência para as brincadeiras de um bêbado, nada falei. Então, ele tentou ficar sério ao me advertir:
- Ta legal, mas não vai ficar de pau duro hein.
E foi tirando a roupa, rindo a toda hora. Então, quando chegou ao chuveiro, liguei a ducha gelada. Ao que ele pulou e gritou.
- Não, não. Gelada não. Põe na quente, por favor
- Não. Água gelada é melhor no seu estado - tentei parecer sério e esconder a pontada de satisfação com minha vingança.
- Por favor, por favor. - implorou, enquanto rodava tentando se afastar da ducha. Então parou e levou a mão a cabeça - Ai, fiquei tonto.
Então se encostou na parede.
- Isso que dá ficar pulando igual um maluco.
E aproveitei que ele estava mais quieto e lavei sua cabeça e seu rosto. Evandro, sem forças, sentou no chão e eu então troquei a água por uma morna, para que ele relaxasse um pouco
Meu amigo ficou ali, sentado no chão, nu, parecendo perdido em pensamento. Quando se virou para mim, sua voz estava bem melhor.
- Valeu, amigão - ainda estava amoado, mas bem melhor.
- Tudo bem
- Estraguei tua noite, né?
- Olha, eu não tinha nenhum plano. Só dormir mesmo. Está cansativo essa fase do trabalho.
Ele sorriu cansado
- Foi mal. Era melhor ter dormido bem ao invés de cuidar de um bêbado.
Rimos um pouco. Eu estava mais feliz agora que tinha meu amigo de volta. O ajudei a se levantar e secar, como um pai que ajuda uma criança.
Ele vestiu um short e eu o levei pra cama. Quando ele deitou, me puxou pelo braço, me fazendo sentar na cama. Eu não entendi, então ele apoiou a cabeça no meu colo.
- O que você está fazendo? - questionei.
- Fica mais um pouco. Tô com dor de cabeça.
- Quer comer algo? - sugeri.
- Não. Não. Só queria conversar um pouco
- E você vai conversar? No seu estado, não dou 10 minutos pra você dormir - zombei
Evandro riu e me puxou mais, me fazendo ficar deitado. Me abraçou de um jeito que me prendeu, com os bracos e com as pernas.
Sem muito o que fazer, acabei deixando, vendo que seria melhor deixar ele adormecer e aí sim ir para meu quarto. Sua perna estava bem enlaçada na minha cintura. Seu corpo era tão quente. Eu escutava sua respiração em meu pescoço.
- Desculpa, - pediu de novo.
- Relaxa - e afaguei seus cabelos.
Evandro então me deu um beijo no rosto e me apertou mais, roçando a pélvis no meu corpo.
Não falei nada, estranhando a atitude.
- Fábio...
- Oi
- Leva a mal não, mas to ficando de pau duro - e riu.
- O que?
Ele então me apertou mais e eu senti o membro rigido roçar minha coxa.
- Foi mal. Acho que relaxei demais - e roçou de novo.
- Vai ficar roçando esse pau duro em mim?
Evandro riu mais e então levou a mão ao meu volume
- Mas você também está - constatou. E eu tirei sua mão as pressas. Mas Evandro insistiu
- Fábio ta de pau duro - cantarolou, me zoando - Favio tem tesão em mim... Ele admite que eu sou gostoso. Lalalala
E ria mais, igual um garoto.
- Você é um idiota - acusei, sem interesse em discutir.
Mas eu tinha de admitir que aquela proximidade estava muito gostosa. O corpo forte e quente de Evandro em torno do meu. Ele beijou meu pescoço de novo, me apertou mais e eu começava a fixar sem ar.
Nesse momento, eu virei meu rosto, ficando cara a cara com ele
Sem pensar, acabei enclinando o rosto e o beijando. Um beijo rápido, estalado.
Eu logo me arrependi. Mas ao contrário do que meus receios me mandavam fazer, eu lhe dei outro. E outro.
Evandro sorriu e foi aceitando. Olhos fechados, rosto sonolento.
Ele levou a mão a minha coxa e enfiou entre eles
- Tá frio - sussurrou
- Você pode estar febril - pensei e pus a mão em seu pescoço - está bem quente.
- Não. Só to cansado - falou baixinho. Estava quase dormindo. Sua mão foi no meu volume e apertou. Eu levei um susto, mas não sabia até que ponto tudo aquilo era algo a ser levado a sério.
Eu levei minha mão até sua bunda, entrando em seu short e apertando uma nádega. Ele gemeu baixinho. Não sabia mais se estava acordado.
O beijei de novo e vi sua boca mexer, mas não parecia completamente consciente. Minha mão adentrou mais e alisou a linha de suas nádegas, depois entrou um pouco, tocando de leve o orificio. Ele me apertou mais, o pau duro apertando entre ele eu.
O beijei de novo, enquanto alisava o buraquinho. Só então me dei conta do que fazia e parei.
Evandro, àquela altura, já estava decididamente dormindo. Eu então o abracei, girei seu corpo e o deixei na cama adormecido, enquanto saia envergonhado do quarto. Lavei meu rosto e fui para meu quarto, tentar dormir.
Continua...
*****
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