Algumas semanas haviam passado desde a aventura na Pousada, onde minha bela esposa Claudia ganhou de presente um cavalo de pelagem dourada, o Apolo. Ela continuava imaginando maneiras de se exibir, completamente nua, em várias situações, mas tinha o receio de uma hora dessas se dar mal. Então, pensou em retornar à pousada, onde ela ficou pelada sem nenhum problema.
- Amor, o que você acha de voltarmos à Pousada?
- Não sei... das outras vezes, fomos convidados. E se agora quiserem cobrar? Eu vi que os preços lá são bem salgados...
- Eu acho que continuamos sendo hóspedes gratuitos lá. Mas, se por acaso quiserem cobrar, a gente diz que só fomos ver o Apolo , ficamos lá um pouco, e depois voltamos. Podemos ir, em vez de sexta-feira, no sábado...
- Tudo bem então. E, se Hector e Grasi nos convidarem de novo, melhor ainda.
Na sexta à noite, já deixamos nossas coisas no carro, caso fôssemos passar o fim de semana. Sábado de manhã estávamos preparados para ir bem cedo, porém um assunto de trabalho apareceu e acabamos demorando para sair. Saímos após o almoço , pegamos a estrada e fomos em direção à pousada. Como o caminho já era conhecido, não nos pareceu longo. Novamente, passamos pelo morro onde, no alto, havia o mosteiro. Curiosamente, a construção parecia diferente de alguma maneira, mas podia ser apenas minha impressão. Claudia, no entanto, também percebeu.
- Ué, o mosteiro parece meio diferente, será que fizeram alguma reforma?
- Vai ver foi isso...
Chegamos à pousada. E as coisas pareciam mais estranhas, a entrada era diferente do que era na vez anterior. Paramos o carro, não havia campainha, então pedi para minha esposa aguardar e fui a pé até uma casinha que havia logo depois da entrada. Lá dentro, havia um homem sentado, lendo um livro antigo. Era grisalho, alto, barba bem cuidada, e todo vestido de preto. Parecia ser o dono da pousada, ou pelo menos o administrador. Embora as aparências possam enganar, não devia ser o porteiro.
- Bom dia, senhor. O Sr. Hector ou sua esposa Grasi estão?
- Hector? Grasi? Não conheço...
- E o Sr...? Ele não me deixou terminar.
- Desculpe, meu nome é Estemir. Um nome incomum, mas é o que eu tenho. E vocês queriam falar com esse casal sobre alguma coisa?
Nesse momento, Claudia já foi chegando. Ela tem muito mais tato com as pessoas do que eu, e se existe alguém que consegue alguma informação da maneira certa, é ela.
- Prazer, senhor Estemir. Meu nome é Claudia. Meu marido e eu estivemos hospedados nesta Pousada anteriormente, era gerenciada por esse casal, Hector e Claudia...
- Ah, pena... aqui realmente havia uma Pousada, mas há um bom tempo está fechada.
- Impossível... estivemos aqui há poucas semanas. Claudia descreveu, resumidamente, o casal que nos recebera anteriormente.
- Não estou entendendo. Vocês têm certeza que foi aqui que estiveram?
- Claro que temos. A estrada é esta, o morro, o mosteiro inclusive...
- Mosteiro?
O homem pareceu surpreso, da mesma forma que Hector anteriormente.
- Sim, o mosteiro... e Claudia apontou naquela direção.
- Hmmm... O Sr. Estemir ficou em silêncio por alguns instantes, e depois perguntou:
- Quando vocês estiveram nessa pousada...não estou dizendo que seja aqui...vocês apenas descansaram e passearam? Ou foi algo diferente?
- Acredite o Sr. ou não, foi muuuuito diferente . Ah, esqueci de dizer... eu ganhei um cavalo dourado de presente, e esse foi o principal motivo pelo qual viemos aqui hoje.
Claudia realmente é melhor que eu nesses assuntos.
- Um cavalo dourado? De verdade ou...?
- De verdade. Vivo. O nome dele é Apolo. E a estrebaria dele fica...ou ficava... seguindo aquela trilha ( apontou à frente ), contornando esse morro, que ao final dá na estrada que leva ao mosteiro.
- Apolo? Deram o Apolo de presente para você?
A expressão do homem mudou. Havia um misto de respeito e curiosidade, ele olhou para a trilha, certamente indeciso se iria permitir que fôssemos até lá ou não. Mas Claudia insistiu.
- Da outra vez, eu cavalguei o Apolo completamente nua, e havia um monte de gente na rua, era uma espécie de cerimônia, e depois...bem...
Minha esposa ficou ruborizada nesse momento, e o Sr. Estemir, nesse instante, passou a nos tratar de forma totalmente diferente.
- Desculpem , meus amigos, eu tinha que ter certeza... ele então, todo solícito, abriu o portão e pediu que estacionássemos o carro um pouco adiante. Depois, tocou um sino, e disse à minha esposa:
- Se quiser, pode tirar toda a sua roupa. Menos suas sandálias, não vai querer sujar seus belos pezinhos. Enquanto isso, vou pedir para que preparem as melhores acomodações para vocês.
Claudia foi, então, tirando o seu vestidinho. Como não tinha nada por baixo , ficou totalmente nua, com exceção das sandálias. Era o que ela gostava , ficar pelada na frente de estranhos.
Instantes depois, chega um Negão enorme e musculoso, devia ter quase dois metros de altura. Estava bem vestido, e também não parecia ser um funcionário da Pousada, tinha mais um jeito de ser advogado ou algo assim. Eu geralmente sou bom em adivinhar esse tipo de coisa. Mas eu poderia estar enganado.
- Nguvu, você é mais forte que eu, poderia ajudar a levá-los até o nosso chalé especial?
- Não precisa, eu levo as malas tranquilamente, falei.
- Não são as malas, ele riu. E, rapidamente, o Negão pegou minha esposa no colo e sorriu. As mãos enormes dele seguraram bem nas nádegas dela.
- Você não vai querer sujar seus belos pezinhos andando até lá, não é mesmo?
- Epa. Cuidado com a mão boba, ela falou, rindo.
O Sr. Estemir e o Negão, com Claudia no colo, desceram pela grama em direção a um dos chalés, que, com pequenas diferenças, era o mesmo onde havíamos ficado na última vez. Nesse momento, fiquei pensando se haveria uma explicação para o que estava acontecendo. Era o mesmo lugar, no entanto com algumas diferenças. Meus anos lendo livros de ficção científica e fantasia me fizeram pensar em viagem no tempo ou realidades alternativas.
Será que toda aquela região estava, de alguma maneira, em um plano ou realidade paralela? Isso explicaria o que estaria ocorrendo. Ou uma viagem no tempo, mas aí eu teria que fazer perguntas que poderiam interromper nossa visita, e eu estava muito curioso para descobrir o que realmente era tudo isso. Minha esposa, com certeza, estava gostando de se exibir, e também curtia ficção científica como eu, certamente iria gostar das minhas ideias a respeito. Um problema que me veio à cabeça: Se estávamos em um plano paralelo, como é que voltaríamos à nossa realidade original?
Enquanto eu pensava, nem percebi que já havíamos chegado na varanda do chalé. O Negão, com cuidado, desceu Claudia , dando um tapinha leve em sua bunda.
- Eita, mais um engraçadinho... ela disse, rindo.
O Sr. Estemir, então, falou:
- Vocês são nossos convidados, podem ficar aqui o quanto quiserem. Mas devem entender que é uma situação inusitada. O que nos relataram realmente é estranho, esse casal que descreveram e tudo o mais, mas realmente o Apolo existe, é como a dama descreveu, e aqui ocorrem cerimônias periodicamente. Poucas e especiais pessoas sabem disso , e um número menor ainda participa delas.
- Ah, isto nós sabemos – disse Claudia – Hector e Grasiela disse que, como éramos “especiais”, seja lá o que isso signifique, ficaríamos neste chalé... creio que foi aqui que ficamos antes, embora esteja um pouco diferente.
O sr. Estemir e o Negão ( eu não havia entendido o nome dele quando foi dito) se entreolharam, e depois nos fitaram, novamente demonstrando curiosidade.
- Vocês podem nos contar com detalhes o que aconteceu quando estiveram aqui?
- Hmmm, não sei... Claudia agora é que demonstrava desconfiança. E se vocês não forem da mesma Confraria?
- Vocês sabem sobre a Confraria, então... Estemir sorriu. – Acho que está tudo bem. Vocês podem se acomodar, tomar um banho... e o Sr. então já sabe como os homens se trajam durante o dia e à noite. E a bela Godiva , certamente nua. Mas peço que aguardem, viremos buscá-los. Não queremos...
- Já sei, não querem que eu suje meus pezinhos com terra. Claudia estava se divertindo.
Desfizemos as malas, tomamos um banho, minha esposa estava bem animada. Foi então que soltei minhas teorias sobre realidade alternativa ou viagem no tempo.
- Amor, pode ser...acho que a ideia de uma realidade alternativa, com pequenas diferenças, seria sensacional...já imaginou? Mas...
- Mas o que?
- Uma coisa mais plausível, e fácil de fazer, seria um teatro. Faz-de-conta.
- Teatro?
- É. Imagine: Depois que a gente saiu, Hector e Grasiela, já sabendo de nossas dúvidas e receios, mandam fazer algumas mudanças na Pousada, a Confraria muda algumas coisas no mosteiro, depois eles esperam o momento certo ... lembra do carro luxuoso e da mulher de moto , pareciam nos estar observando?
- Puxa, eu nem havia pensado nisso! Mas por que eles iriam gastar e se dar ao trabalho de fazer tudo isso?
- Para atiçar nossa curiosidade, querido! Eles certamente perceberam que somos curiosos e gostamos de ter experiências diferentes, então nos deram um mistério para resolver!
- Tem razão. E eu aqui imaginando coisas mirabolantes. É muito fácil hoje em dia, com uma boa equipe, Dry Wall e tudo o mais, fazer mudanças de maneira rápida.
- E nem tão rapidamente assim, foram algumas semanas.
- Mas e se resolvêssemos voltar logo em seguida?
- Aí teríamos retornado ao mesmo lugar, com Hector e Grasi nos recepcionando, né? Não precisariam nos impressionar.
- Pena. Poderíamos estar em uma realidade paralela, aí poderíamos escrever um livro depois.
Minha esposa, além de linda, é muito inteligente. E adora histórias de mistério, temos todos os livros do Sherlock Holmes.
- Você reparou que ele me chamou de Godiva, né?
- Reparei. Você lembra o nome do Negão? Começava com N...
Claudia deu uma risadinha.
- Já está pensando bobagem...
- Aquele Negão é bem bonitão. Mas acho que ouvi “Nuvu” ou algo assim. Depois eu pergunto.
- E quem garante que vamos ver ele de novo?