O macho do farol
Foi impossível resistir, eu teria que travar uma batalha comigo mesmo se quisesse fazer com que ele parasse de chupar meu mamilo da maneira sedutora e vagarosa como estava raspando os dentes na aréola sensível, e palpando as pregas do meu cuzinho com aquele seu dedo despudorado há mais de quinze minutos. Foi o que você sempre quis, não foi? Foi a pergunta silenciosa que fiz a mim mesmo. Embora naquele momento eu só conseguisse prestar atenção naquele imenso caralhão entre as musculosas coxas peludas dele, vendo como crescia e endurecia comigo nu em seus braços. Ele era pesado, como pude comprovar quando lançou seu corpo sobre o meu, tanto para que eu não resistisse ao beijo que colocou na minha boca, como para não intentar uma eventual fuga, como das outras vezes. Ele estava determinado a consumar aquilo com o que sonhava há anos, me penetrar o cu apertado camuflado e protegido por minhas nádegas proeminentes e fartas, e isso não passaria daquela oportunidade com a qual o acaso lhe presenteara.
- Não pense que vou desistir! Vou te fazer sentir as consequências de ficar brincando com os sentimentos de um macho! Depois, se quiser, pode me chamar de crápula, de pervertido, do que lhe der na telha, pois só então esses adjetivos farão algum sentido, deixando de ser uma suposição que você criou e que vem sustentando até hoje. – não havia ferocidade ou rancor em sua voz, apenas a determinação de quem queria provar que eu estivera errado todos aqueles anos.
- Por que acha que eu o faria desistir, se queremos a mesma coisa? – minha pergunta o desconcertou por alguns instantes, fazendo com que até seu dedo, agora entalado no meu ânus, parasse de se mover daquela maneira insidiosa.
- Está falando sério, ou isso é mais um dos seus truques? – questionou.
- Vá adiante, e constate por si próprio se estou falando sério. – respondi.
- Prove! Chupando minha pica e depois se entregando para mim. – exclamou ousado.
Levei lentamente minha mão para a virilha dele. Ao deslizar insinuante sobre seu abdômen trincado e a pentelhuda região pubiana, seu caralhão deu um último pinote, expos completamente a cabeçorra e pulsava no mesmo ritmo das batidas aceleradas de seu coração. Inclinei-me sobre ele e o coloquei na boca. No mesmo instante que meus lábios se fecharam ao redor da glande ele soltou um longo e sonoro gemido. Depois de um tempo lambendo a chapeleta e sentindo seu aroma e sabor, eu tentei engolir mais um pouco daquela verga calibrosa e reta, tão tentadoramente máscula e potente com seu formato avantajado e sensual, mas não consegui; pois, a cabeçorra, ao chegar na minha garganta, ocluía a faringe e não me deixava respirar direito. Voltei então a me concentrar obstinadamente na glande que passou a minar o fluido viscoso de excitação dele, e mesclava seu sabor salgado com a minha saliva. Eu dividia a atenção do meu olhar com as expressões faciais dele, encarando-o enquanto chupava, e os dois testículos globosos dentro do sacão que pendia pesado, e com o qual eu brincava e massageava com as pontas dos dedos. O pintão estava tão tenso quanto as cordas de um instrumento, percutindo a cada beijo ou mordiscada que eu dava sobre aquele emaranhado de veias dilatadas. O Matteo só grunhia, se contorcia envolto num tesão como nunca tinha sentido antes.
- Caralho, Lorenzo! O que está fazendo comigo?
- Te dando as provas que queria! Quer que eu pare? – provoquei, pois sabia muito bem que ele esperava há tempos por aquilo.
- Nem se atreva! Começou, agora termine! – rosnou ele. Eu fiz o que ele mandou, e só parei quando terminei de lamber e limpar a cabeçorra, depois de ter engolido todos os jatos de porra que ele ejaculou na minha boca, sob o olhar embasbacado e incrédulo dele.
A chuva que tinha nos deixado encharcados e nos obrigado a despir nossas roupas para não pegarmos uma pneumonia quando procuramos abrigo na casa do faroleiro, abandonada há anos, e que acabara por nos levar àquela situação; tinha se transformado numa tempestade. Daquelas que assolavam aquele litoral acidentado há séculos e, que isolavam a estreita península rochosa em cuja ponta ligeiramente mais larga, se encontrava o farol centenário, que guiava as embarcações nas noites escuras para que não batessem nas pedras que afloravam à superfície quando a maré estava baixa. Fizemos fogo na lareira com uns troncos secos e os restos de algumas caixas que encontramos na casa maltratada pelo tempo e pelo vandalismo da garotada que gostava de usar o lugar afastado para suas traquinagens. Arrastamos um oleado esfarrapado e cheirando a combustível de embarcações para próximo da lareira e nos acomodamos nus sobre ele. Tudo ia bem até escurecer, conversamos sobre muitas coisas do passado, sobre o que tinha ficado entalado em nossas gargantas, mas sobretudo, sobre a nossa conversa da tarde anterior, que se afigurava como a última que teríamos, pois o Matteo me comunicara que estava deixando C. com o amigo que seria seu parceiro dali em diante, o que minara minha última esperança de ficarmos juntos. Porém, quando a noite caiu e os raios desenhavam no céu sobre o mar um emaranhado brilhante que se parecia com as raízes de uma planta e, o movimento das labaredas na lareira se refletia sobre nossos corpos, dando a eles uma sensualidade explícita, a necessidade de nos tocarmos se tornou imperativa, e o Matteo veio para cima de mim, cobrar o que durante anos o fascínio pelo meu corpo tinha incutido nele. O boquete no cacetão dele foi só o começo do que aconteceu durante aquela noite tempestuosa. Uma vez que, eu ia sentir toda a tara daquele macho por mim, sendo levada às últimas consequências e mudando as perspectivas de nossas vidas para todo o sempre.
- Por que não cedeu antes? – questionou ele, quando eu havia me reclinado em seu ombro e me deixava bolinar as nádegas por sua mão inquieta.
- Você nunca me levou à sério! E, por que teria de ser eu a ceder? Você bem sabe que não sou afeito a abrir mão das minhas convicções. – retruquei.
- Foi por conta dessa sua teimosia que sempre acabamos brigando! Você não abre mão de suas convicções e eu sou um homem que não gosta de ter as minhas contrariadas, e você é expert em fazer isso. – revidou ele.
- Quando me conheceu sabia como eu sou! Mesmo assim, achou que por eu ser gay, teria que me submeter a todos seus caprichos, enquanto minha única intenção de ceder foi exclusivamente na cama, e em nada mais. – reafirmei, pois ele me conhecia como a palma de sua mão.
- Não gosto de ser contrariado, e ponto! O macho da relação sou eu, portanto, não sei porque devo abrir mão dos meus privilégios. Até porque, tenho isso aqui para subjugar meus parceiros! – exclamou petulante, dando uma chacoalhada da imensa rola flácida.
- Jamais aceitei um cabresto, e não vou começar agora! – devolvi com firmeza.
Foi quando o impasse começou a se resolver com ele me virando de bruços, abrindo minhas nádegas e começando a lamber as pregas do meu cuzinho, numa determinação obstinada. Quem gemia e gania agora era eu com aquela língua impudica e depravada atiçando meu tesão. O orificiozinho rosado no fundo do reguinho liso piscava alucinado deixando o Matteo doido. Era como se uma fêmea estivesse sinalizando seu cio para o macho. Ele colocou a cabeçorra úmida sobre ele, sentiu como os espasmos dos esfíncteres tentavam abocar sua pica no tesão que os consumia. Eu estava cerceado pelo corpão pesado dele deitado em cima de mim, embora não tivesse a mínima intenção de fugir. Com uma estocada abrupta ele meteu o cacetão no meu cu, rasgando minhas pregas e extraindo um sonoro ganido da minha boca, que se sobrepôs aos trovões. Ele me fodeu como nenhum homem tinha me fodido antes. Não era apenas o desejo acumulado durante anos que o movia, mas também e, principalmente, aquele sentimento que ele finalmente admitiu para si mesmo depois de nossa conversa na tarde anterior. Ele ia me possuir à sua maneira, fazer de mim a metade que o completava como homem, quisesse eu, ou não. Minhas objeções podiam até valer noutras circunstâncias, mas não ali, não com ele se apossando do meu cuzinho, não com ele se satisfazendo em meu corpo. Ali ele exigia total submissão, exigia meu carinho, exigia meus afagos, exigia todo o amor que eu confessei sentir por ele. O tesão que eu sentia com a destemperança dele enfiando aquela pica em mim e a movendo num vaivém frenético era tão intenso, que eu cheguei ao clímax e esporrei no oleado.
- Me confessa qual é a sensação de gozar com seu macho comendo seu cuzinho, Lorenzo! Confessa! – grunhiu ele entre dentes, não parando de me estocar com aquela verga grossa que estava esfolando minhas entranhas.
- A melhor do mundo! – sussurrei quase sem forças, para satisfazer aquele ego gigantesco e viril.
Ele agarrou meu tronco com mais força, beijava e mordia meu cangote, rosnava tomado de tesão, socava fundo a estrovenga no meu cu, e não parava de meter quando o gozo o assolou fazendo esporrar meu casulo acolhedor e inundando-o com seu sêmen cremoso.
- Amo você Lorenzo! Nunca mais vamos nos separar, eu juro! – balbuciou ele, deixando que a pica amolecesse lentamente no meu cu, de onde não tencionava sair tão cedo.
- Promete? – sussurrei, imerso na maior felicidade que já senti. – Te amo tanto Matteo, como nunca alguém jamais vai te amar. – emendei, quando a boca dele veio se juntar à minha.
A chuva lá fora havia diminuído, com o avanço da noite. Batia menos violenta contra as vidraças carregada pelo vento inclemente que soprava através de todas as frestas da velha casa. O Matteo e eu adormecemos enrodilhados um no outro, aquecendo nossos corpos satisfeitos. Dessa vez, nenhum dos dois estava sonhando, o cheiro do sexo impregnado em nossas peles era a prova viva daquele amor que agora podia ser vivido em sua plenitude. Anos antes desse dia eu não imaginava que fossemos fazer essa jura de amor, por todo um histórico de nossas vidas desde que nos conhecemos ainda crianças.
A pequena C., debruçada sobre um penhasco rochoso que em alguns pontos atingia mais de 200 metros de altura acima das ondas furiosas que batiam contra ele, sempre foi uma vila de pescadores. Havia permanecido praticamente isolada durante séculos, uma vez que a pequena enseada na qual se inseria ser acessível somente pelo mar, até que há alguns anos, um túnel de 360 metros de extensão foi perfurado na rocha para que a rodovia que margeava todo aquele litoral entrecortado de acidentes geológicos, pudesse passar também por ali. A vila cresceu um pouco desde então com a chegada de turistas que abarrotavam suas ruelas estreitas de macadame durante o verão, e foi escolhida como refúgio permanente por alguns deles que construíram casas e passaram a desfrutar do sossego do lugar em outras épocas do ano. Contudo, o ostracismo nunca abandonou totalmente a vila de pescadores.
Meu pai era pescador profissional, assim como o pai dele tinha sido e talvez até como ancestrais mais longínquos. A diferença entre eles é que após a construção do túnel, os pescadores puderam levar o fruto de seu trabalho para centros maiores, o que melhorou em muito as condições de todos aqueles que até então não tinham desistido da profissão e saído de C. As modestas casinhas ocupadas pelos pescadores, que se enfileiravam ladeira acima partindo do ancoradouro, foram sendo vendidas e agora abrigam lojinhas de suvenires, boutiques e joalherias caras, e mais uma infinidade de pontos comerciais como pequenos bares e restaurantes; enquanto os locais se mudaram para casas mais confortáveis que iam sendo construídas nos patamares do penhasco. Esse também foi o caso do meu pai que, ao se casar, construiu uma casa de cuja varanda se avistava toda a enseada, com a estreita península do farol a sua esquerda, o ancoradouro com seus trapiches de madeira ao centro e, o promontório dos albatrozes a direita.
Um dos barcos pesqueiros que saia diariamente de madrugada do ancoradouro pertencia ao meu pai, era dali que ele tirava o sustento da família, depois de fundar com outros veteranos do ramo uma cooperativa que transformou a antiga pesca artesanal num negócio estruturado e competitivo para os produtos que saiam dali três vezes por semana transportados em carretas frigoríficas. Alessandro, meu irmão mais velho e Felipe o segundo filho do meu pai, trabalhavam com ele, tanto nas atividades do barco quanto nos da cooperativa. A diferença de idade entre os dois mal chegava a catorze meses. Então, não sei se por descuido ou intencionalmente, com uma diferença de nove anos para o Alessandro, nasci eu. Já nos primeiros anos ficou claro que eu não faria parte do trabalho coordenado que eles desenvolviam. Em idade escolar, minhas primeiras incursões mar adentro a bordo do barco, foram um desastre completo. Passada uma hora ou até menos do embarque, enquanto o barco rumava da direção dos cardumes, eu já estava debruçado sobre o costado vomitando o que havia ou mesmo o que já não havia nas minhas entranhas. Ao voltar a pisar em terra firme após essas incursões, eu cambaleava feito um zumbi por mais algumas horas até estar plenamente recuperado. Depois de algumas dezenas de tentativas, meu pai concluiu que eu jamais seria um homem do mar, nem mesmo um aspirante, e desistiu de me embarcar, o que para mim, foi um alívio.
Como um pássaro em ninho alheio, eu fui crescendo e destoando cada vez mais dos meus irmãos. Com o Alessandro eu tinha um relacionamento conturbado, porém consistente, uma vez que ele se arvorava a muitas vezes assumir as funções do meu pai, me dando broncas, me dando surras, mas também tomando para si muitas das minhas dores. Lembro-me de ter apanhado mais dele do que do meu pai, justamente por ele estar sempre na minha cola, me controlando e tentando dirigir a minha vida segundo a sua cabeça. Com o Felipe as interações eram mais frias e distantes, a ele pouco importava o que eu fazia conquanto não invadisse seus espaços.
Durante meus primeiros anos de escola a grande preocupação dos meus pais era descobrir para que eu haveria de servir, uma vez que atuar no ramo da família era carta fora do baralho. Essa dificuldade em me engajar em alguma coisa concreta, ao menos segundo a visão do povo daquela vila, me custou muitos dissabores. Tido como um desajustado, tanto por um ócio que incomodava meus irmãos e me levava a arrumar brigas com eles, quanto pela maneira introvertida na escola, que me levou a sofrer bullying desde cedo, obrigando a me defender com as únicas armas que tinha, o desprezo e a vingança, já que com músculos avantajados para me defender eu não podia contar. Mesmo assim, não eram raros os dias durante a adolescência que eu voltava para casa com o nariz sangrando, joelhos e cotovelos estropiados, e um mau humor que ia destilar na solidão e no refúgio do meu quarto, por ter rolado pelo chão trocando socos e pontapés com meus algozes. Cada vez que minha mãe era chamada na escola, já era certo que era para ouvir o que eu tinha aprontado, numa inversão do que realmente eram os fatos verdadeiros.
- O Lorenzo destruiu o trabalho de história de um colega e atirou as folhas picadinhas no vaso sanitário. – comunicava o diretor da escola à minha mãe que me encarava de soslaio com aquele olhar sinistro que dizia – quando chegarmos em casa vamos acertar as contas – sem mencionar que antes de eu me vingar daquele colega, ele havia passado a manhã com outros dois, tirando sarro e me provocando com insinuações e passadas de mão na minha bunda.
- O Lorenzo empurrou um colega do topo das escadas e o garoto quebrou o braço ao se estatelar lá embaixo. Lamento informar que terei que tomar uma medida mais drástica desta vez, pois os pais do garoto estão fazendo muita pressão sobre a escola. – comunicou noutra ocasião, novamente omitindo que aquele garoto era um dos três que me pegaram na saída da escola, me arrastando para uma viela pouco frequentada das proximidades, onde arrancaram minhas calças e enfiaram suas cacetas no meu cuzinho, enquanto eu me debatia e lutava inutilmente com todas as minhas forças para me safar deles. Cheguei em casa com o cu sangrando e, enquanto me livrava da porra que haviam me inoculado, eu já elaborava meu plano de vingança, do qual nenhum deles escaparia.
Com o tempo, fui considerado o encrenqueiro da escola. Já tinha poucos amigos, mas era pródigo em arrumar inimigos. Meus três algozes passaram a tremer quando meu olhar vingativo os encarava, e o bullying foi rareando aos poucos, pois todos eles sentiram quão cruel eu podia ser nas desforras. Meus castigos e suspensões com seus devidos motivos se espalharam entre os estudantes e, por precaução, a maioria não ousava nem me encarar, quanto mais estabelecer uma amizade.
Nesse mar de rebeldia da adolescência, fiz apenas duas amizades. Uma foi durante um dos temporais que frequentemente assolava aquele litoral, com rajadas de vento que pareciam que iam arrancar C. dos costões. Era tarde da noite, a chuva de granizo batia contra as venezianas num pipocar ensurdecedor, mesmo assim, eu podia ouvir um choro estranho vindo da varanda. Nem era bem um choro, eram sons esganiçados e tremidos. Aquele já tinha sido mais um dos meus dias tumultuados, por ter desobedecido o Alessandro e levado uma surra dele, sem que meus pais o repreendessem diante dos meus argumentos de defesa. A casa dormia enquanto eu remoía as contradições de mais aquela injustiça. Abri uma pequena fresta na porta da varanda para descobrir quem estava emitindo aquele choro, e me deparei com um filhote de cachorro todo encharcado, tremendo de frio e com as costelas aparentes sob a pelagem molhada. Ele me encarou cheio de esperanças ao me ver e, apesar de seu estado lamentável, abanou a pequena cauda em saudação. Peguei-o no colo e o enfiei debaixo do chuveiro quente para tirar a lama de suas patas e barriga. Ele continuava com aquele olhar de gratidão brilhando nos olhos espertos enquanto eu o secava e o embrulhava numa toalha seca para aquecê-lo. Ele devia me achar um maluco, pois eu não parava de conversar com ele, perguntando de onde tinha vindo, o que fazia ali àquela hora, por que resolvera fazer um passeio noturno sob aquela chuva torrencial. Ele só me encarava, grunhia algo em resposta e sacudia o corpo ao sentir meus braços envolvendo seu corpinho magro. Havia uma regra antiga na casa, nada de cachorros. Quando o levei para o meu quarto e o instalei num cobertor enrolado no formato de um ninho aos pés da minha cama, eu sabia que estava burlando mais uma vez o regimento da casa e que, estaria arrumando mais uma confusão na minha já tumultuada vida.
- Trate de encontrar o dono dele. Não vamos ficar com esse bicho! – disse meu pai, na manhã seguinte, quando a presença do novo integrante da família já era coisa decidida na minha cabeça.
- Não deve ser de ninguém, nunca soube que alguém das redondezas tinha um filhote de cachorro. Se ninguém vier reclamar, vou ficar com ele. – era tudo o que meu pai não queria ouvir.
- Não vai não! Eu já disse que não quero esses bichos andando pela casa. – sentenciou, achando que sua vontade tinha força de lei.
- É só um filhotinho! Não deve crescer muito. – argumentei.
- Você não me ouviu, Lorenzo? Nada de cachorro nessa casa! E estamos conversados. – isso é o que você pensa, ruminei com meus botões.
Stormy foi crescendo, aquelas patas grossas e aquela carinha de desamparo foram se transformando num gigante desastrado que derrubava cadeiras ao esbarrar seu corpão pesado nelas, roubava tudo o que minha mãe esquecia desprotegido sobre a pia e se apossava de cada canto da casa como se fosse o rei do pedaço. Por fim, meu pai desistiu de brigar comigo e com o Stormy, aceitando como inevitável a presença dele em nossas vidas. Eu e ele éramos a sombra um do outro e, pela primeira vez, eu tinha um amigo de verdade.
Minha segunda amizade começou por acaso, num dia em fui levar um recado para o meu pai no ancoradouro, enquanto ele e meus irmãos, ajudados por dois funcionários que meu pai contratava temporariamente, descarregavam o resultado da pesca daquele dia. O garoto parrudo, Matteo como vim a saber depois de alguns minutos de conversa, esperava pelo regresso do barco do pai, também pescador. Ele estava sentado sobre um cordame amontoado sobre o trapiche que servia para prender os barcos ao cais, quando resolveu puxar conversa comigo. Ele estudava no mesmo colégio, mas no turno da tarde, motivo pelo qual nunca havíamos nos encontrado antes. Também estava um ou dois anos mais adiantado nos estudos do que eu. Assim, também não tinha como saber da minha fama de encrenqueiro, o que talvez tenha ajudado àquela conversa acontecer sem a influência das confusões nas quais me envolvi na escola.
Meia hora depois de nos conhecermos, eu já gostei dele. Não havia nenhum motivo especial para isso. Foi provavelmente uma empatia mutua que nos levou a querer fazer daquele primeiro encontro, o início de uma amizade. Nosso segundo encontro já se deu sob um clima bem menos tranquilo. Fui obrigado a ficar de tarde na escola para ajudar o colega de classe de quem arranquei todas as folhas do caderno onde tinha feito a tarefa de casa e, que deveria ter sido apresentado à professora naquela manhã, depois que ele me chamou de tanajura durante toda a aula de educação física, fazendo com que a galera debochasse das minhas nádegas roliças que se salientavam no short. Estávamos, esse colega e eu, na biblioteca nos chutando por debaixo da mesa e nos ofendendo com todo tipo de palavrões enquanto refazíamos a tarefa sob o olhar recriminatório da senhora que tomava conta da biblioteca, quando o Matteo entrou para fazer uma pesquisa. Assim que me viu, veio ter comigo, e eu fui obrigado a confessar a razão de estar ali naquele horário. Ele riu, tirou uma da minha cara e eu já me preparava para dar mais uma das minhas respostas enfezadas quando resolvi relevar e rir junto com ele da situação.
Fomos para casa juntos, depois de eu cumprir meu castigo. Não sei se propositalmente, ou por acaso, enveredamos por ruas que não eram o caminho mais curto nem para a minha casa, nem para a dele. Sentamos numa das mesas externas de uma sorveteria quando o sol já começava a se pôr sobre o mar azul, sem nos preocuparmos com o horário, que o papo descontraído relegou a um plano sem importância.
- Por onde andou? Isso são horas de chegar em casa? – questionou minha mãe, se fazendo deliberadamente mais aflita do que já estava.
- Precisei fazer um trabalho a biblioteca com uns colegas! – Não era a verdade, mas também não era nenhuma mentira. O detalhe do porquê era melhor ficar omisso, uma vez que podia me render um novo castigo.
- Está na hora de você tomar jeito, Lorenzo! Minha paciência e do seu pai já está no limite, não estique a corda mais do que já está, ou teremos que ser mais severos com você. – resmungou ela, sem que eu prestasse atenção às suas palavras. O Stormy tinha vindo se enroscar nas minhas pernas demonstrando a saudade que sentia de mim, e isso era mais importante do que outro chilique da minha mãe.
Tivemos que fazer um trabalho de artes sobre a comunidade de C., e eu decidi que faria da minha habilidade nata para o desenho um quadro do farol. Desde as minhas mais remotas lembranças, o farol sempre exerceu sobre mim uma atração e uma admiração incontestáveis. Não sei exatamente o que via naquela torre de 39 metros de altura caiada em faixas de branco e vermelho com sua cúpula de cobre abaixo da qual as janelas permitiam a projeção do facho luminoso produzido pelo potente conjunto óptico. Eu sempre o achei envolto em mistério, talvez porque eu o avistava da janela do meu quarto nas noites de nevoeiro que encobriam toda a C., exceto sua torre e, também, por conta do taciturno Sr. Tommaso, o faroleiro que vivia solitário na casa anexa, e que sempre me oferecia biscoitos de aveia quando eu fugia de casa de bicicleta após as broncas que levava. Ele falava pouco, o que era bom para o estado de ânimo com o qual eu procurava aquele refúgio, parecia adivinhar que eu não estava a fim de conversa. E, quando estava mais falante, me contava histórias sobre o farol, me mostrava todos os detalhes de seu funcionamento, quais tarefas tinha que efetuar diariamente para que nenhum navio ou embarcação se aproximasse perigosamente dos rochedos submersos. Eu o ouvia em transe, achava fascinante a capacidade que aquelas lâmpadas e aquelas lentes de Fresnel tinham de projetar aqueles fachos de luz a mais de 42 quilômetros de distância, mar adentro. De certa forma, o Sr. Tommaso era meu terceiro amigo, se eu pudesse chamar minhas visitas inoportunas de encontros amistosos. Mas, ele tinha uma paciência para comigo que ninguém mais tinha, e só me mandava embora quando começava a escurecer dando uma espécie de bronca, que eu jamais levei a sério. O farol perdeu um pouco do encanto que eu sentia por ele no dia em que toda a C. recebeu a notícia de que o Sr. Tommaso faleceu. O cortejo que o levou colina acima até o cemitério reuniu praticamente todos os habitantes de C., tamanha era a gratidão dos navegantes daquele porto pelos longos anos de serviço que ele havia lhes prestado. A partir de então, o farol também foi automatizado, não precisava mais de um faroleiro; bem como, lhe acrescentaram equipamentos de rádio-sinal que auxiliavam as embarcações quando as condições climáticas não permitiam a visibilidade de sua luz intermitente.
Eu continuava a frequentá-lo toda vez que me sentia entediado, ou quando queria detonar o mundo à minha volta, mesmo sabendo que não haveria ninguém para me ouvir ou para me oferecer uma caneca de um café intragável e biscoitos de aveia. O trabalho de artes da escola foi um motivo a mais para eu seguir duas ou três tardes por semana para a península e começar a esboçar sobre uma tela, os traços de sua imponência e a paisagem dos arredores. Às vezes eu me sentava sobre a bicicleta e pedalava os pouco mais de três quilômetros que o distanciavam da minha casa, em outras, levava o Stormy comigo para que gastasse um pouco daquela energia que sobrava nele. O acesso ao farol passava por um trecho muito estreito da península na qual estava construído. Em dias de tormenta, quando as ondas batiam nos paredões era extremamente perigoso cruzar aquele trecho sob o risco de uma das ondas mais altas, que passavam por cima do caminho, arrastar consigo quem fosse atingido por ela.
Naquela tarde o cinza chumbo das nuvens baixas, o vento glacial que soprava de su-sudeste já servia de anúncio aos navegantes que um temporal estava para atingir a vila de C. e que precauções tinham que ser tomadas no cais para garantir que nenhuma embarcação ficasse frouxa à mercê da intempérie. Se eu fosse um daqueles pescadores saberia disso, mas eu não era. Montei na bicicleta e parti rumo ao farol com a tela, lápis e pinceis amarrados às costas. O Matteo ao passar em casa, ficou sabendo do meu destino e, a pedido da minha mãe, foi ao meu encalço com a missão de me trazer de volta antes da tempestade desabar.
Eu estava entretido com a movimentação ligeira daquelas nuvens carregadas sob uma luz de entardecer rica de nuances, e procurava, em pinceladas rápidas, reproduzir na tela toda a exuberância daquele céu. Não haveria outra tarde igual, não haveria outra conjunção como aquela, portanto, essa era a minha única chance de registrá-la. O Matteo chegou praticamente junto com os primeiros pingos grossos e gelados. Corremos até a casa onde o Sr. Tommaso morava e nos abrigamos nela. Em menos de cinco minutos, o temporal desabou tão intenso e furioso que seria impossível sair dali passando pelo trecho apelidado pelos locais de ‘estreito do diabo’, pois havia relatos de pessoas que foram tragadas pelo mar depois que uma onda os atingiu naquele lugar.
Eu nunca havia reparado, até então, como o Matteo era másculo e sensual. Tinha constatado obviamente que era parrudo, mas nunca tinha me atido a detalhes daquele corpo vigoroso. Naquela tarde, os hormônios da adolescência criaram a primeira fantasia erótica da minha vida. Eu era um rapaz bonito, bem estruturado fisicamente, mas não tinha uma aparência tão máscula, como aliás, nunca vim a ter. Já o Matteo tinha o corpo de um homem, apesar de ainda estar no final da adolescência, e foi isso que despertou uma sensação estranha em relação a ele naquela tarde. Ele sempre foi um pouco desbocado, falava sobre sexo como se fosse o mais experto dos Don Juan, usava termos chulos que deixavam sua narrativa ainda mais picante e, mesmo sabendo que aquilo me irritava e podia nos levar a brigar, ele se referia à minha bunda e ao desejo que sentia em enfiar sua rola nela, em termos tão vulgares que me fazia sentir uma rameira. Enquanto o vento vergava os três abetos ao lado da casa, eu ouvia as sacanagens dele achando graça por ele se considerar um mestre no assunto.
- Aposto que você mal consegue usar esse pintinho para mijar, quanto mais para outras coisas! – devolvi, numa das vezes em que expressou seus supostos feitos delirantes.
- Pintinho, é? Vem pegar nele e me diz se ainda vai chama-lo de pintinho. – retrucou emburrado. Ele vivia aquela fase onde já se julgava homem feito e, ter seu tão querido membro, símbolo máximo de sua masculinidade, ultrajado daquela maneira o deixava enfurecido.
- Eu vou lá pegar nesse troço nojento, tá maluco?
- Você bem que podia fazer um carinho nele e comprovar, quando ele endurecer, se merece que você o chame de pintinho. – a luxúria e safadeza em sua voz não era algo agressivo, mas divertido, e eu ri daquela ousadia.
Eu tinha superado o que aqueles três babacas do colégio haviam feito no meu cuzinho, depois de ter me vingado à altura deles. Porém, nunca tinha esquecido o episódio.
- Você já transou com alguém? – perguntei, uma vez que tinha quase certeza que o Matteo era virgem.
- Claro! – respondeu ele de pronto, tão enfático que parecia mesmo ter tido relações sexuais reais e não as imaginadas pela mente fértil de um adolescente.
- Mentiroso! – exclamei, pois aquela reação era mais uma prova de que ele não sabia do que estava falando.
- E você, por acaso já transou? – questionou em desafio.
- Já! – respondi, depois de um silêncio e de pensar se deveria ou não revelar a ele a traumática experiência pela qual passei. Precisei me segurar para não rir ante a cara de espanto que ele fez.
- Mentiroso é você! – exclamou, quando o impacto da revelação havia passado.
Então, sentado perto dele, comecei a relatar o que meus três algozes haviam feito comigo naquela ruela erma próximo à escola. Em dado momento, senti que caiam lágrimas dos meus olhos, pois só ouvindo minha própria voz colocando a descoberto aquele segredo, senti o tamanho da humilhação que me foi impingida. Eu nunca tinha contado a ninguém sobre aquele dia. De início, estava mais preocupado arquitetando meus planos de vingança; depois, quando consegui ir à desforra, regozijei-me com o braço quebrado de um, as queimaduras que causei em outro e que pareceram um acidente causado por ele mesmo durante a aula de química, bem como o saco de abelhas que coloquei na mochila do outro e cujas picadas o levaram ao hospital por ser alérgico a elas, quando meteu a mão dentro da mochila. Isso pareceu enterrar o assunto no fundo do meu subconsciente. Revelá-lo ao Matteo abriu uma velha ferida, que eu julgava cicatrizada, mas não estava. Ele me ouvia consternado e calado, ao ver as minhas lágrimas me abraçou com tanto carinho e segurança que eu me desmanchei de amores por ele.
- Obrigado por ter confiado em mim! Seu segredo continuará sepultado, eu juro! – disse ele, quando terminei de contar a história.
- Eu sei, por isso só contei para você. – devolvi, enquanto ele enxugava meu rosto com as costas da mão.
Ficamos sem dizer nada por um longo tempo, havia anoitecido, eu continuava abraçado a ele e sentia o calor de seu corpo, sentia o perfume de sua pele e tive vontade de ser dele, de fazer dele um homem. Ele pareceu adivinhar meus pensamentos, sussurrou que gostaria de me mostrar que aquela experiência traumática podia ter outras facetas se eu me entregasse a ele de corpo e alma. Minutos depois, eu estava com o caralho dele na boca, fazendo-o sentir a mais incrível das sensações que seu cacete já tinha sentido, e a ele um homem pela primeira vez na vida. O tesão dele era tamanho que eu nem precisei ficar por muito tempo chupando aquela cabeçorra de sabor intenso. Grunhindo e se contorcendo, enquanto enfiava a pica na minha garganta, ele gozou, despejando sua porra espessa e morna na minha boca e, assistindo alucinado ela sendo engolida, gole após gole, sem nenhum asco ou ponderação.
- Nunca senti tanto tesão! – disse ele, quando terminei de lamber a porra que escorrera pelo cacetão.
- Nem eu! – confessei.
Ele me despiu todo. Olhava para o meu corpo como se eu fosse um ídolo. Tocava-o com sutileza e desejo, o que fazia minha pele queimar de tesão. Eu abri a camisa dele e comecei a acariciar aquele peitoral vigoroso, excitando-o mais ainda, por constatar que eu também o desejava. Passamos por uma longa sessão de beijos, cada vez mais devassos e depravados, que nos levaram a deslizar nossas mãos sobre as partes pudendas um do outro. O pauzão dele estava novamente duro, assim como o meu, bem mais modesto. Não era nisso que ele estava interessado, mas na carne quente e abundante das minhas nádegas, que ele amassava com força com as mãos, enquanto roçava todo seu corpo contra o meu que, aos poucos, ia ficando por baixo do dele. A língua molhada e inquieta dele percorreu toda minha coluna, fazendo meu corpo tremer e ser tomado por espasmos involuntários. Ela entrou no meu reguinho quando ele afastou as bandas da bunda, e começou a lamber minhas pregas anais. Eu gemia feito um louco, tomado por um tesão sem tamanho. Mordidas nos meus glúteos resultavam em marcas de seus dentes sobre a pele imaculadamente alva. Cuidadosamente, ele enfiou um dos polegares na minha fenda rosada e eu soltei um grito. Ao mesmo tempo em que queria sentir o Matteo dentro da minha fendinha, eu recordava do suplício que foi sentir aquelas três rolas estraçalhando meu cuzinho indefeso.
- Prometo ser gentil, não vou te machucar! – verbalizou ele, soprando o ar através dos dentes cerrados, com tanto ímpeto que ficava duro de acreditar em suas palavras. Mas, eu quis confiar nele, quis que ele soubesse o quão especial era para mim, e quis me entregar para fazer dele um homem.
Ante a primeira pressão mais vigorosa que a cabeçorra fez contra minha rosquinha eu segurei a respiração. Ela não entrou, de tão lambuzada de pré-gozo escorregou ao longo do rego liso. A segunda foi mais voluntariosa, chegou a distender as pregas anais, mas também só resvalou no orifício onde pretendia se alojar. A terceira não, a sanha desenfreada do Matteo era tanta que ele, esquecendo-se de sua promessa, meteu a chapeleta estufada no meu cuzinho tão abruptamente que ela atravessou os esfíncteres, rasgou-os impiedosamente e mergulhou na maciez úmida do meu ânus.
- Ai, ai, Matteo! – gani desesperado, pois aquela jeba que acabara de me penetrar era bem maior e mais grossa do que a daqueles garotos, e a dor que ele me impunha, bem mais pungente e difícil de suportar.
Ele estava tão deslumbrado com seu primeiro coito que mal ouvia meus gemidos, eles apenas o deixavam ainda mais excitado e com mais vontade de aprofundar sua verga em mim. Quando abri mão daquele desespero insano, a dor foi sendo substituída pelo mais intenso prazer que eu já havia sentido. O Matteo pulsava dentro de mim, tão grande quando ele mesmo, me preenchendo e fazendo ter vontade de ficar com ele para todo o sempre alojado ali dentro.
- Caralho, como você é gostoso Lorenzo! – sussurrou ele, voltando a procurar a minha boca em cuja receptividade sua língua procurou cumplicidade e aceitação.
O Matteo se tornou um macho ali, se satisfazendo no meu cu, deixando que o tesão o guiasse dentro daquele casulo hospitaleiro, fazendo-o sentir que era capaz de mover o mundo se preciso fosse. Aquele caralhão entrando e saindo do meu rabo me deixou alucinado de prazer. Foi na cadência das estocadas que mergulhavam o cacetão todo em mim, só deixando o sacão batendo no rego apartado que comecei a sentir meu baixo ventre se retesar, um calor prazenteiro se acumular nos meus testículos, e o gozo sobrevir em esporradas que iam formando uma pequena poça no chão sobre o qual eu jazia. Logo notei que ele estava passando pelas mesmas sensações, que aqueles seus grunhidos roucos vindos do fundo dos pulmões nada mais eram do que o prazer se transformando em gozo, um gozo que ele não conseguiu mais segurar, um gozo que ele ejaculou no meu cuzinho, marcando aquele território definitivamente como seu.
- Agora você é um macho! – ronronei, enquanto cobria o rosto dele de beijos carinhosos.
- O teu macho! – devolveu ele, orgulhoso de ter seu mérito reconhecido.
De madrugada o temporal foi perdendo intensidade, à primeira claridade da aurora só um nevoeiro baixo pairava sobre a costa litorânea, como se o vapor estivesse brotando da umidade da terra. O Matteo e eu continuávamos num canto da casa abraçados um ao outro para espantar o friozinho quando comecei a ouvir os berros do Alessandro me chamando. Além de exausto, ele estava possesso. Ao me ver começou a brigar comigo despejando toda sua fúria.
- A mamãe não te mandou voltar para casa antes do temporal de ontem? O que está fazendo aqui? Passamos uma noite de desespero procurando por você, seu inconsequente e irresponsável! – gritava ele, enquanto me agarrava pelo braço e me chacoalhava como se eu fosse um boneco. – Anda! Já para casa!
Fiquei exasperado pela maneira como ele estava me tratando na frente do Matteo e ia começar a me explicar, mas desisti para não parecer um garotinho assustado.
- Justo quando o papai está fora por alguns dias você resolve agir como um moleque! Você tem quase dezoito anos, e não oito! Trate de agir com responsabilidade, seu fedelho! – continuou ele.
- Você não é meu pai! Você é só um merda de irmão, não pode falar assim comigo! – revidei, desvencilhando-me de sua mão com violência.
- Eu vou te ensinar como posso falar com você! Eu falo como quiser e você vai fazer exatamente o que estou mandando, entendeu? Quando o pai não está o homem da casa sou eu! – retrucou ele, me dando uns safanões. Começamos a trocar socos ali mesmo, até ele conseguir me dominar e me obrigar a seguir com ele, sob uma saraivada de bofetões.
Em casa, com minha mãe aos prantos, temendo que tivesse acontecido algo de grave comigo, pois todos os amigos e conhecidos tinham se empenhado na minha busca, a discussão recomeçou, bem como a troca de socos, até o Alessandro se apossar de uma cinta e a fazer estalar sobre a minha bunda, como se eu fosse um gurizinho travesso.
- Eu odeio você, seu merda! Odeio! – gritei, quando a cinta fazia a pele das minhas nádegas arderem.
- Eu também te odeio, seu moleque desajustado! – revidou ele. Ambos mentiam sob a ação da destemperança, verbalizando exatamente a palavra oposta da que definia o que sentíamos um pelo outro.
Quando meu pai voltou de viagem, veio o castigo. Eu estava terminantemente proibido de ir até o farol, tinha meia hora após o término das aulas para estar dentro de casa, de onde só poderia sair se recebesse uma incumbência para tal. Minha vida era uma droga, uma grande droga. Todos podiam fazer o que bem entendessem, mas eu era obrigado a só obedecer, obedecer e obedecer. O que era algo que minha índole não gostava de aceitar.
Inventei que tinha umas atividades na escola depois das aulas, e seguia duas a três vezes por semana direto até o farol para terminar a minha pintura. O dia da entrega do trabalho estava se aproximando e seria feita numa espécie de concurso que a prefeitura de C. estava patrocinando para a promoção da cidade que estava completando mais um ano de existência. O Matteo cabulava as últimas aulas nos dias em que combinávamos de nos encontrar no farol e, enquanto minhas pinceladas ao estilo impressionista eram descarregadas na tela, ele cingia meu corpo nu pela cintura, beijava libidinosamente minha nuca e meus ombros, e enfiava lenta, mas firmemente, o cacetão duro no meu cuzinho. O corpo dele e o meu se encaixavam perfeitamente. Onde havia uma convexidade no meu, havia uma concavidade no dele, tão justa e perfeita que elas pareciam ter sido moldadas uma para a outra. Até hoje, quando olho para aquelas pinceladas, a pressão que minha mão exerceu para defini-las, a sutileza com que o pincel percorria os traços, tudo me faz lembrar do vaivém indecoroso com que o Matteo fodia meu cuzinho, até me deixar todo galado.
Meu quadro venceu o concurso promocional da cidade. O reconhecimento aconteceu no salão da prefeitura, com meu professor de artes posando tão ou mais orgulhoso do resultado do que eu. O prefeito adquiriu a obra por um valor simbólico e ela foi pendurada numa parede no hall de entrada do edifício. Foi a primeira vez que alguém me fez um elogio pelo que tinha feito, pois até então, tudo o que eu fazia resultava em censuras e broncas.
O verão batia às portas. Faltavam poucos dias para o término dos exames finais, logo a cidade seria inundada pelos turistas. O que me levou a pensar que se tinham gostado do meu trabalho de artes, talvez todos aqueles rabiscos e pinceladas que eu acumulava em meu quarto, feitos em sua maioria quando cumpria algum castigo, poderiam também interessar a esses turistas que compravam dos artesões locais, perfilados nas ruelas estreitas e praças da cidade, uma quinquilharia de coisas. Munido dessa conclusão, levei meus quadros no primeiro domingo do verão até a praça da matriz, e fiquei abrigado do sol escaldante sob a copa das árvores que a cercavam, esperando um eventual comprador. Vendi uma marina que fazia uns 4 ou 5 anos tinha pintado comigo sentado no cais enquanto esperava o retorno do barco do meu pai. Eram traços tão primitivos e inseguros em relação aos que eu conseguia colocar agora sobre as telas que nem eu dava muito valor a ela. Cheguei em casa eufórico com a modesta soma pela qual vendi o quadro. Talvez eu não fosse um completo inútil, talvez também soubesse fazer algo de produtivo e bom, pensei quando deitei a cabeça no travesseiro naquela noite.
Sem as aulas, que para o Matteo haviam encerrado seu ensino secundário, nos sobrava tempo para encontros longos na península do farol. Até certo horário, alguns turistas transitavam por lá para admirar a construção, depois o espaço era todo nosso. Até quase as 20:00 horas havia a luz do sol e, enquanto ela era substituída pela da lua, o Matteo e eu fazíamos planos para o futuro com o caralhão dele amolecendo vagarosamente no meu cuzinho esporrado.
Uma tarde, pouco antes de eu juntar minhas pinturas e desenhos para voltar para casa, um casal se mostrou interessado nelas. Me cobriram de perguntas, onde eu tinha estudado arte, quem tinha sido meu mestre, quem me ensinara a conseguir aqueles efeitos de luz e sombra, enfim, um verdadeiro inquérito. Não compraram nada, mas o homem de meia idade, colocou em minhas mãos um cartão de visitas. Ele e a esposa tinham uma galeria de arte na capital, e me sondaram se eu não estaria disposto a exibir meu trabalho na galeria. Eu mal pude acreditar nas palavras dele. Então meus desenhos e minhas pinturas não eram puro lixo e coisa de quem não tem o que fazer como diziam meus pais. Fiquei de dar a resposta no dia seguinte, pois eu ainda dependia da autorização do meu pai para deixar C., mesmo que apenas por alguns dias.
- Não! – foi o que ouvi quando relatei o fato aos meus pais. – Você tem mais um ano até completar seus estudos e vai se concentrar neles. A vida não é um dolce far niente, enfia isso na sua cabeça, Lorenzo! Você não ajuda no barco porque enjoa, você não tem tempo para passar umas horas do dia na cooperativa, mas tem para ficar perambulando a esmo por aí, o que você pensa fazer da sua vida? Vai ser um eterno vagabundo? – esse era o discurso ao qual eu estava habituado, toda vez que meus planos não coincidiam com os deles.
No dia seguinte, quando o casal voltou a me procurar, eu disse que topava. Fiquei de aguardar pelo contato deles quanto a data em que deveria levar meus quadros até a galeria.
- Só não sei se posso ficar na capital por todo esse tempo. – esclareci, pois por um ou dois dias eu tinha como inventar uma mentira, mas mais além disso já ficava difícil.
- Não é necessário que fique por lá durante todo o tempo. Estamos pensando em deixar seu trabalho exposto por um mês. Você pode ficar em nossa casa uns três dias se for o caso. – responderam eles, e o acerto estava combinado.
A procura por hospedagem era tamanha durante o verão que muitas famílias alugavam suas casas ou parte delas para aumentar a renda anual, uma vez que a pesca nem sempre tinha dias de fartura. Meus pais também faziam isso. Nossa casa era bem espaçosa, tinha uma vista deslumbrante de toda a enseada, ficava próxima do burburinho noturno que agitava os barzinhos e bistrôs, minha mãe gostava de servir seus quitutes nos laudos cafés-da-manhã que montava sob as laranjeiras e limoeiros do florido quintal que cercava a casa e, meu quarto espaçoso com banheiro privativo virava o lugar perfeito para um casal. Assim, todos os verões, eu tinha que me mudar para o quarto do Alessandro, uma vez que o Felipe não queria minha presença no dele, nem por decreto.
Apesar do Alessandro se achar no direito de assumir o papel de meu pai, com todas as consequências que advinham dessa decisão, eu e ele nos dávamos bem. Brigávamos, é certo, mas ele também cuidava de mim com o mesmo zelo, ou até mais, do que meu pai. Tomava minhas dores quando levava uma bronca ou brigava com o Felipe, o que era uma constante, e vinha me consolar amenizando as atitudes ou palavras duras que meus pais me impunham. Não era apenas por isso que eu gostava muito dele, de uns tempos para cá, eu comecei a reparar que homem lindo e musculoso ele havia se tornado. Aos 27 anos ele era um macho cobiçado por seu jeito despojado de ser, pelo caráter firme, pela alegria que esbanjava e, pelo imenso volume que carregava entre as pernas, e que podia ser admirado quando usava um short ou mesmo o jeans surrado e desbotado com o qual trabalhava no barco sem camisa.
- Você sumiu a tarde toda outra vez, por onde andou? – questionou, quando me viu chegando em casa na companhia do Stormy cuja língua pendurada para fora e arfando indicava que a caminhada tinha sido longa.
- Não é da sua conta! Vê se me esquece! – respondi ríspido.
- Está querendo levar uma bordoada para aprender a responder direito?
- Me erra, Alessandro! Sai do meu pé, cacete! Você é pior que o papai, sabia? E eu não te devo explicações! – revidei, deixando-o falando com as paredes.
- Quer que eu diga ao papai onde você esteve? – provocou ele, me encarando como se estivesse escrito na minha testa por onde andei e o que estive fazendo.
- Caguete! Vai fazer fofoquinha, vai seu traidor! – exclamei, como se não me importasse com sua delação, o que não era verdade, pois a paciência do meu pai com as minhas saídas injustificadas estava por um fio.
- Não vai se importar, é isso? E se você também tiver que explicar o que seu amiguinho Matteo faz em sua companhia lá no farol? Será que você vai ter uma boa resposta para essa pergunta? – eu estremeci da cabeça aos pés, só imaginando que ele talvez tivesse descoberto o que eu e o Matteo fazíamos sozinhos e longe de tudo.
- Te odeio! – só isso já lhe dava a certeza de que o que estava rolando entre o Matteo e eu não podia ser boa coisa.
- Que coincidência, eu também te odeio! – revidou irônico.
Teria sido só mais uma das milhares de discussões nas quais eu me envolvia, com uma capacidade impressionante de criar confusões, não fosse o fato de eu ter que dividir, dentro de poucas horas, o mesmo quarto que ele. Resolvi não esticar o assunto, nem provocá-lo demais, uma vez que ele costumava cumprir suas ameaças. E, meus pais descobrirem àquela altura do campeonato que eu era gay e estava queimando a rosquinha com o filho do amigo do meu pai, seria um completo desastre, para dizer o mínimo.
Meu mau humor não se devia exclusivamente às insinuações dele. Dois dias antes tive uma briga com o Matteo. O motivo, a mais ridícula e fútil causa. No sábado à tarde voltamos caminhando do farol, depois de mais um dos nossos encontros amorosos. Ele tinha sido mais bruto do que de costume, sem uma razão aparente, e eu a mencionei não como uma reprimenda, mas como um alerta. Ele não gostou, engoliu o sapo sem revidar. Ainda era cedo e resolvemos seguir rumo ao cais, depois de pegarmos sorvetes no trajeto. Fomos até o ancoradouro dos barcos de pesca, no extremo do cais, pois alguns barcos que levavam turistas para passeios pelas ilhas próximas, começavam a regressar e encher o lugar de pessoas. Um ou outro pescador fazia alguma manutenção em seu barco e, naquele trecho do cais reinava o sossego de quem já tinha cumprido suas tarefas do dia. Subimos a bordo do barco do pai do Matteo e terminamos de tomar nossos sorvetes sentados no chão do convés. Ele olhou umas duas vezes para a minha camisa aberta pela qual conseguia ver o meu peitinho, sua aréola acastanhada e o biquinho insinuante se projetando dela. Ele enfiou o canudo com o finalzinho do sorvete na abertura e o esfregou no meu mamilo, para em seguida lamber o sorvete que havia grudado nele. Eu reclamei porque estava me lambuzando todo. Ele me ignorou e continuou a me provocar. Com a camisa cheia de manchas de sorvete, que eu teria dificuldade de explicar ao chegar em casa, dei um ultimato nele. Ele zombou e partiu novamente para o meu mamilo, desta vez cravando os dentes com tanta força nele que me machucou e me fez ganir. Empurrei-o com força contra a base da grua que servia para recolher as redes e ele acabou machucando as costas num parafuso saliente. Ficou furioso, me xingou e me acusou de não ter espírito esportivo, afinal era só uma brincadeira, asseverou. O bate-bocas começou e, num crescendo inflamado, descambou para os insultos. Depois de um deles, tendo perdido a paciência, ele me deu um bofetão na cara. Meu sangue ferveu. Nem meu pai tinha esbofeteado meu rosto uma única vez sequer, mesmo não lhe faltando motivos para isso em certas ocasiões. Eu parti para cima dele e começamos a nos atracar no convés a socos e pontapés. Mais uma vez com cotovelos e joelhos esfolados, sentindo o resultado de seus socos potentes à medida que meu corpo esfriava e a adrenalina se dissipava, rumei para casa jurando que nunca mais falaria com o Matteo, que o que existia entre nós acabava ali. Achei que ele viesse se desculpar comigo no dia seguinte, quando a raiva já tivesse passado, mas ele não me procurou mais.
Nosso casal de hóspedes temporários havia acabado de chegar, passava um pouco da meia-noite, e eles se dirigiram ao quarto cochichando e rindo baixinho de alguma coisa que deviam ter visto ao circularem pela noite de C.. O Alessandro era calorento, havia deixado as duas amplas janelas do quarto abertas, mas nenhuma brisa lá fora conseguia sequer mover as folhas das laranjeiras lá embaixo. O que invadia o quarto era o perfume de suas flores. Cada vez que o Alessandro se virava agitado na cama eu acordava. Era sempre assim durante os verões, onde eu já tinha dificuldade para conciliar o sono e, dividindo a mesma cama com sua agitação constante, ia me conduzindo de cochilo em cochilo até de manhã, quando eu acordava mais cansado do que quando tinha ido me deitar. Antes de me deitar naquela noite, eu tinha saído da ducha trajando a cueca com a qual ia dormir. Ele estava sentado no vão da janela, também só de cueca, uma perna para dentro do quarto apoiada no chão e a outra esticada no parapeito. Peguei a revista que tinha comprado naquela manhã e comecei a me entreter com os artigos, embora a visão do corpão viril do irmão me fizesse esticar constantemente o olhar na direção dele, e daquele cacetão que estava sensualmente alojado na cueca. Eu quase podia jurar que ele também não parava de espichar o olhar de soslaio na direção das minhas coxas, pois quando saí do banheiro e fui ajeitar os travesseiros, seu olhar ficou acompanhando o movimento da minha bunda, sem nenhum pudor ou disfarce.
- O que está lendo? – perguntou, quebrando o silêncio que já durava bem mais de um quarto de hora.
- Nada! – a discussão daquela tarde ainda me fazia enxerga-lo como inimigo.
- Estúpido! – ele esperava por uma reação, mas não lhe dei esse gostinho. – Não sei como o Matteo aguenta o seu mau humor! Você o deve estar recompensando muito bem com alguma coisa para ele te aturar! – continuou. Não teve retorno novamente.
Percebendo que eu não ia cair na armadilha dele e iniciar um novo bate-bocas, ele veio se deitar. Ajeitou os travesseiros dando uns socos neles, cruzou as mãos atrás da cabeça e a reclinou nos travesseiros. Minha leitura foi para as picas. Por mais que me esforçasse para continuar concentrado na leitura, o caralhão dele, agora que estava com as pernas abertas, ao alcance da minha mão, não me deixava pensar em nada, só na vontade de sentir o sabor daquela rola indecente.
- Você vai desligar essa luz hoje ou vamos ficar acordados a noite toda?
Era evidente que estava acontecendo alguma coisa que estava deixando seu corpo inquieto e sua mente tentando driblar o que o incomodava. Fingi que não ouvi, e continuei me esforçando a terminar o artigo que estava lendo. De repente, ele se atirou sobre mim para alcançar o interruptor do abajur, desligou a luz e me advertiu que se eu ousasse pronunciar uma única palavra de protesto que fosse, ele ia esquentar minha bunda na base da chinelada.
- Estúpido! Cavalo! – exclamei furioso.
- Então empatamos! – resmungou, virando as costas para mim.
Fiz o mesmo, mas o sono não veio, só uma cochilada leve que ainda me permitia ouvir uma cigarra cantando fora de hora. Estava prestes a descer para a cozinha e buscar um copo de água gelada quando o Alessandro se virou sobre mim. Se a noite já estava quente, com aquele corpão peludo e aquela pica roçando nos meus glúteos, ficou impossível pegar no sono. Ele não chegou a ficar imóvel nem por meia hora. Os pelos do peito encostados nas minhas costas lisas, uma de suas coxas musculosas debruçadas sobre as minhas logo fizeram-no começar a suar molhando minha pele. Com o incômodo, ele se agitou fazendo com que a pica sentisse o calor da minha bunda e a chapeleta se sensibilizasse com aquele roçar constante contra algo tão macio. O caralhão começou a endurecer, eu o sentia cada vez mais tenso, rijo e enorme, justamente onde a minha sensibilidade podia ser provocada com a maior facilidade. Dali há pouco eu começava a ficar de pau duro, o cuzinho cheio de tesão e tão afogueado quanto o Alessandro. Ele acabou acordando, embora eu fingisse estar dormindo. Agi assim porque sentir aquela excitação toda estava sendo maravilhoso. O safado se aproveitou da situação e me encoxou com força, movia a pelve para esfrega-la na minha bunda carnuda, o que só fazia o falo dele endurecer ainda mais. Deixei-o livre para fazer o que quisesse comigo. Na verdade, estava com tanta vontade de dar o cuzinho para ele que não pensava noutra coisa. Ele ficou com tanto tesão que a pica começou a minar pré-gozo, cuja umidade eu sentia ele esfregando na parte da nádega que a cueca não cobria e, cujo cheiro almiscarado começou a se espalhar pelo quarto. Notei que o tesão que estava sentindo o levou a um beco sem saída, ou ele tirava a cueca de cima da minha bunda e enrabava meu cuzinho, ou ele precisava sair dali imediatamente, tomar ar fresco lá fora ou se enfiar debaixo da ducha fria. Ele optou por deixar o quarto. O vulto que se dirigiu em direção à porta tinha uma projeção de um quarto de metro saliente entre as pernas, o que provocou um espasmo voluptuoso na minha fenda anal. Assim que o Alessandro saiu, eu tirei a cueca, primeiro para dar espaço para o pinto duro, depois para deixar a bunda livre para qualquer outra investida que ele porventura fosse fazer.
Não percebi quando ele voltou, nem quanto tempo havia se passado desde que deixara o quarto. Só reparei que ele havia voltado quando acordei com a mão dele acariciando e se insinuado no meu rego. Não o reprimi. As pontas dos dedos deslizavam pelo reguinho liso, tateavam curiosas e cobiçosas, tentando encontrar a entrada daquela bunda gostosa cuja pele era forrada por uma lanugem tão macia quanto ela própria. Soltei um leve suspiro quando o Alessandro tocou nas minhas preguinhas. Ele parou por alguns segundos, talvez temendo uma reação furiosa de minha parte, ela não veio e ele continuou. A ponta de um dos dedos chegou a entrar um pouco na portinha e tocar a mucosa úmida do meu cuzinho. Soltei um gemido longo e sussurrado. Ele soube que eu estava acordado.
- Não gosto de ficar brigado com você! Te adoro demais para ficarmos zangados um com o outro! – sussurrou ele junto ao meu ouvido, ciente de que eu podia ouvi-lo.
- Nem eu, Alessandro! – devolvi, antes de me virar na direção dele e levar minhas mãos ao ombro e bíceps dele. Era a deixa de que ele precisava, era a deixa de que eu me entregaria e ele e aos seus caprichos sem fazer objeções. Ele tocou meus lábios com suavidade ao encostar sua boca quente e molhada neles. Eu apertei seus músculos e retribuí o beijo lascivo que nossas bocas trabalhavam em sintonia.
- Posso te pedir uma coisa? – perguntei, fixando meu olhar no dele, onde brilhava a mais primitiva das cobiças.
- Claro que pode, Lorenzo! – respondeu de imediato, crente que seria algo relacionado àquele clima de tesão que estava rolando.
- Você me leva até a capital no início da próxima semana? É para eu estar lá para deixar meus quadros na galeria daquele casal que eu falei. Já andei conversando com a mamãe, e ela me mandou perguntar para o pai. Você bem sabe, quando ela dá esse tipo de resposta é porque não está de acordo e quer que o pai faça o papel de malvado. Diz que me leva, vai! – supliquei, com uma cara indigente que costumava funcionar em certas ocasiões.
- Ah! É isso. – retrucou ele. O que só confirmava minha teoria.
- É, é isso! Vem comigo Alessandro, diz que vem! – esse pedido feito assim, quando o cacete dele já estava travado dentro do meu rego, só precisando de uma leve deslizada para que a chapeleta se posicionasse na entrada do meu cu, não lhe daria condições de ficar ponderando se aceitava ou não. Até porque, um simples sim, faria com que ele pudesse consumar o desejo que lhe assolava o caralho.
- Pode contar comigo, eu te levo! – exclamou sem pestanejar.
- Eu te amo, mano! Te amo muito! – devolvi exultante, ao mesmo tempo em que colocava mais um beijo em seus lábios e abria minhas pernas franqueando o cuzinho que o alucinava.
- Também te amo, irmãozinho! – ronronou ele, empurrando a cabeçorra do cacete para dentro do meu cu.
Agarrei-me ao seu tronco e gani. A pica estava tão lambuzada de pré-gozo que deslizou para o interior das minhas entranhas distendendo os esfíncteres, rasgando as preguinhas e abrindo um verdadeiro túnel nas minhas mucosas úmidas e quentes. Passada a dor da dilaceração, durante a qual ele não desgrudou a boca voraz da minha para que meus ganidos de suplício não fossem ouvidos no silêncio da madrugada no qual a casa estava imersa, eu comecei a afagar seu rosto acolhendo-o em toda sua plenitude e enormidade. Era o que ele queria, o que ambos queriam, dar vazão aquele tesão que há tempos vínhamos sentindo um pelo outro. Àquela necessidade de experimentar como a conjunção dos nossos corpos sedentos se comportaria. A reciprocidade com que eles se harmonizavam proporcionava um prazer ímpar, incestuoso é bem verdade, mas talvez até por isso, mais pecaminoso e libertino. Eu arfava e gemia baixinho debaixo dele com os impulsos vigorosos do vaivém com o qual ele me devorava, dando àquele sexo as características da luxúria e da devassidão que só duas criaturas em perfeita sintonia conseguiam produzir. A posição não permitia que ele socasse toda a pica no meu cu, e ele queria que eu a sentisse em toda sua grandiosidade, por isso, me virou ligeiramente de lado, ergueu e segurou uma das minhas pernas e voltou a meter o cacete no meu rabinho, desta vez estocando minha próstata, enquanto seus testículos batiam no reguinho escancarado. Gozei logo nas primeiras estocadas, envolto num tesão sem precedentes.
- Ah, meu irmãozinho tesudinho, como é bom te ver gozando e expressando o prazer que está sentindo! – balbuciou ele, prestes a chegar ao clímax.
O Alessandro parou com o vaivém, tinha metido a caceta até o talo no meu cu e se esfregava nas minhas nádegas fazendo com que a imensa pica se movesse de um lado para o outro dentro das minhas entranhas, explorando cada cantinho poupado de sua lasciva até então. Meus ‘ais’ o estavam deixando maluco. Seu corpo todo se retesava à medida que seus colhões ardendo de prazer queriam expelir seu farto conteúdo. Eu travei a rola dele contraindo os esfíncteres e mastigando aquela tora de carne pulsátil. Foi o suficiente para ele começar a gozar e inundar meu cuzinho lanhado com sua porra densa, esguichada em jatos mornos que iam umedecendo minha mucosa anal. Respirávamos exaustos, o suor cobria nossos corpos afogueados, eu o afagava e o beijava, enquanto ele se entregava às minhas mãos carinhosas, encostando sua cabeça no meu ombro e procurando o calor da minha boca receptiva.
Eu nunca havia levado a pica de um homem feito, como o Alessandro, no cuzinho. Assim que ele sacou a pirocona dele, o esfacelo se tornou visível, sob a forma de um filete de sangue escorrendo no rego. Ele pensou que eu fosse reclamar do que tinha feito comigo, mas quando fui me aconchegar em seus braços, como se estivesse à procura de proteção, ele se sentiu o mais recompensado dos machos. Fomos juntos para debaixo da ducha lavar o suor pegajoso das nossas peles, um sorria para o outro como se tivéssemos burlado alguma lei, cúmplices num delito, cupinchas de um sacrilégio. Ensaboei o torso dele, deslizando as mãos ensaboadas sobre aqueles redemoinhos de pelos sedutores, lavei o sacão e pica pesada dele, massageando delicadamente os testículos e a verga que ainda não tinha perdido totalmente a consistência rija. Rolavam beijos curtos, trocados em silêncio. Ele deslizava o sabonete sobre as minhas nádegas e o levava para dentro do reguinho que suas mãos apartavam.
- Quer lavar a porra do cuzinho? – perguntou ronronando.
- Não! Quero continuar te sentindo dentro de mim. – respondi. Um beijo longo e devasso uniu nossas bocas enquanto a água tépida escorria sobre nossos corpos enlaçados. Ver com que zelo eu tratava sua virilidade, o deixou maluco.
Descemos tarde para o café na manhã seguinte, uma vez que só tivemos poucas horas de sono depois da transa. Ele ficava me olhando e, quando nossos olhares se encontravam, ele esboçava um disfarçado sorriso de alegria. A acessão sobre o meu corpo estava abrindo um caminho cheio de perspectivas que ele estava a fim de explorar ao máximo. Não demorou para que todos começassem a reparar naquele clima de camaradagem que se instalou entre nós. A bem da verdade ele sempre existiu, ninguém o ignorava, mas ele tinha ganho novos contornos, cuja origem era desconhecida. E era como o Alessandro e eu queríamos que continuasse.
O verão chegava ao fim com aquela última semana de turistas perambulando por C., depois disso a calmaria voltaria às ruelas íngremes da cidade. Achei-o o verão mais curto da minha vida, as noites passadas na cama com meu irmão deram essa configuração. Deitar-me nu ao lado dele e explorar todo o potencial másculo do dele, tinha se tornado uma experiência maravilhosa. Eu queria ter um homem como ele, dividindo definitivamente todos os dias da minha vida. Acordar sentindo o cuzinho úmido, o calor do macho sobre a pele, ouvir o ressoar de sua respiração eram coisas que se tornaram vitais para mim. Fui à escola renovar a minha matrícula para o meu último ano. Na volta, com a mágoa em relação ao Matteo já superada, resolvi passar na casa dele, pois era caminho.
- O Matteo seguiu ontem para a universidade, Lorenzo! – disse o pai dele, me deixando abalado. – Você não sabia? Estão sempre juntos andando por aí! – é, mas seu filho resolveu me cortar de sua vida, pensei comigo mesmo. – Entre um pouco, a Martina acaba de tirar uma focaccia do forno, e me conte como está a sua mãe, faz tempo que não a vejo. – emendou, companheiro como sempre.
- Obrigado, Sr. Marino! Fica para uma próxima, estou com um pouco de pressa, ainda tenho que fazer umas coisas para o meu pai. – respondi, para sair o quanto antes dali, e não dar o vexame de ele me ver chorando.
Que ingrato, pensei remoendo a situação. Aquele imbecil, babaca, nem se despediu de mim, depois de tudo que rolou entre a gente, depois de eu ter ajudado ele a deixar de ser um moleque e se transformar num homem, permitindo que enfiasse aquele caralhão pela primeira vez numa fendinha de outra pessoa. Cretino desalmado. E eu me declarando e confessando os mais sinceros e puros sentimentos por aquele estrupício.
Não fosse chegar a notícia de que a galeria havia vendido boa parte das minhas obras e, que eu deveria indicar uma conta bancária para que o dinheiro pudesse ser depositado, eu não teria saído daquele estado de desânimo e frustração que a partida, sem despedida, do Matteo havia deixado em mim.
- Tem mais uma coisa, Lorenzo! Duas obras, o crayon retratando o filhote de cachorro molhado sendo resgatado da chuva e, o impressionista azul do promontório dos albatrozes, foram adquiridas por um dono de galeria de Nova Iorque e fazem parte do acerco dele. Ontem recebi um telefonema dele, querendo entrar em contato com você. Acho que é uma grande oportunidade, meu rapaz, de você projetar seu trabalho internacionalmente. Posso fornecer seu endereço a ele? – eu o ouvia com o coração aos saltos dentro do peito. Não podia ser verdade. Meus rabiscos e minhas pinceladas feitas na solidão do meu quarto ou ao ar livre longe de tudo e de todos, parecia ter realmente algum valor. Não era pura vagabundagem como meu pai afirmava.
- Sim, claro, pode! Eu nem sei como agradecer ao senhor! Muito, mas muito obrigado! – exclamei em êxtase.
- Só não vá se esquecer de mim. Assim que tiver mais alguns trabalhos concluídos, por favor me avise. Faço questão de negociá-los para você. Outra coisa, veja se concorda com o valor que vou lhe enviar, se julgar que é pouco, posso aumentar nos próximos. – sentenciou.
Não, não era pouco. Ao menos não para um cara de dezoito anos vendendo os frutos de seu hobby predileto, que não podia ser considerado um trabalho, mas um prazer e uma fuga de uma vidinha vivida numa pacata vila de pescadores bucólica, mas esquecida pelo mundo. Jamais tinha sido dono de tanto dinheiro, e isso me motivou a continuar.
Um ano se passou, mas meu rancor pelo Matteo não. Quando pensava nele me voltava a zanga pelo que tinha feito comigo e, eu jurava que o esqueceria e que não me importava mais com ele. Pura falácia, pois ele não me saia do pensamento. No segundo ano após a partida dele, eu queria me convencer de que ele nunca teve nenhuma importância para mim. Tinha sido apenas o bobalhão que se arvorava conhecedor dos mistérios do sexo, mas que na hora H eu precisei ajudar para que conseguisse colocar a caceta no meu cuzinho. O que esperar de um sujeito desses, que só me devolveu ingratidão?
Nesse mesmo ano, após outra remessa dos meus trabalhos para a galeria de Nova Iorque, recebi o convite para fazer uma exposição solo, uma vez que a venda das obras seguia em alta. Atulhando meu quarto, eu ainda tinha desenhos e pinturas do tempo em que incursionei nesse ramo e, que tinha tentado vender aos turistas na praça da matriz, sem sucesso. Resolvi leva-las à exposição. Talvez com meu nome já circulando nesse mundo das artes, eu conseguiria negociar algumas delas. Eu mesmo, ao selecioná-las dias antes do meu embarque para Nova Iorque, encontrava defeitos nelas. Ora era o traço ao qual faltava algo, ora era o contraste de luz e sombra que precisava de algo mais para refletir com mais exatidão o momento que estava registrado na obra, ora era a cor que deveria ter chegado a um tom mais representativo. Eu precisava me aprimorar, essa era a questão. Mergulhei na Internet a procura de cursos de pintura, de história da arte, de algo que me desse background. Encontrei um curso de História da Arte e Arqueologia com duração de dois anos na Universidade de Nova Iorque, e expus meu interesse ao dono da galeria. Ele imediatamente se prontificou a me conseguir uma bolsa de estudos, uma vez que tinha bons relacionamentos dentro da universidade. E eu parti.
Na véspera da minha partida, a nostalgia veio bater à minha porta. O Matteo estava mais vivo na minha memória do que eu gostaria. Fui à casa dos Marino e conversei com a mãe dele. Ela me mostrou algumas fotografias que ele havia mandado, falou das conversas que tinha com o filho por vídeo-chamadas, revelou que ele estava entusiasmado com a universidade e o curso, mas nunca havia perguntado por mim, quando me fiz de desinteressado querendo saber se ele mencionara algo sobre saudades da nossa amizade. Pedi o e-mail dele, decidido a perdoá-lo, mesmo que ele não tivesse se desculpado. Enviei o e-mail contando que estava partindo para os Estados Unidos por dois anos, perguntando como ele estava, mas deletando antes de clicar no ‘enviar’ a frase na qual contava que já não estava mais zangado com ele. Ele tinha que se desculpar, não dava para ser diferente. Eu não ia dar ao babacão a chance de me achar um fraco, de aceitar sem discutir as sacanagens que fazia comigo e, de ele achar que por ter aquele pintão, podia me manipular a seu bel prazer. Não, as desculpas dele precisavam ser verbalizadas, ou nossa amizade já era. Os meses se passaram e nem um mísero ‘oi’ veio em resposta ao meu e-mail. Eu tinha de deletar aquele paspalhão ingrato. Como, era a grande questão.
Na minha segunda semana em Nova Iorque, numa tarde gelada de inverno, fui conhecer o Moma, havia uma exposição de obras de Cézanne com o qual eu me identificava bastante, mesmo sem conhecer a fundo as suas obras. Nas poucas que tinha visto na Internet, notei que meus traços continham nuances parecidas com as dele, particularmente quando retratamos a natureza a partir de algumas formas fundamentais como o cilindro e a esfera. Minhas pinturas do farol, de uma lua cheia tinham muito da volumetria e da cor que ele também usava. Não imaginei que a exposição fosse ser tão concorrida, na bilheteria soube que os ingressos haviam se esgotado para aquela tarde. Insisti com a moça da bilheteria, choramingando se talvez não houvesse uma entrada perdida no fundo de sua gaveta. Ela riu, se solidarizou com o charme que lancei sobre ela, mas foi categórica, infelizmente não havia mais ingressos. Ao me virar para ir embora, pisei acidentalmente no pé do cara que estava atrás de mim na fila. Ao encará-lo para me desculpar, encontrei um rosto másculo de um cara que devia ter a idade do meu irmão Alessandro, os mesmos ombros largos que o sobretudo pesado fazia parecer maiores, o tronco sólido como uma coluna de concreto e um par de olhos tão expressivos que me deixaram cheio de tesão.
- Bem persuasiva a sua tentativa! Pena que não deu certo, mesmo a garota estando lisonjeada até agora. – disse ele, sem prestar muita atenção ao meu pedido de desculpas.
- Para você ver, preciso reavaliar o charme que julgava ter, pois nem uma bilheteira consegui convencer. – devolvi com um sorriso.
- Pois eu já acho que foi apenas pela falta de ingressos mesmo, uma vez que seu charme não precisa de retoques! – retrucou, também com um sorriso. Era imaginação minha ou ele estava me dando uma cantada? Por que cazzo eu senti que meu rosto estava em brasa?
- Gentileza sua, obrigado! De qualquer forma, tentarei outro dia. Boa diversão! – respondi.
- Não será necessário, tenho um ingresso sobrando aqui comigo. – revelou ele, entregando à moça os dois ingressos e mencionando que eram para nós dois. A moça me dirigiu um sorriso e me desejou uma boa visitação.
- Obrigado! Nem sei como te agradecer! Aqui está o valor do ingresso. – disse, querendo lhe entregar as cédulas.
- É um presente! Não precisa me pagar. – retrucou ele, recusando o dinheiro.
- Não posso aceitar! Só o fato de me ceder o ingresso já é mais que um presente, acredite! – afirmei. Ele foi irredutível.
- Vamos ficar nesse impasse ou vamos ver a exposição? – perguntou ele, dando por encerrada a questão.
- Lorenzo, muito prazer! – exclamei, estendendo-lhe a mão
- Mark, o prazer é meu! – devolveu, apertando minha mão na dele, enquanto aquele olhar fixo em mim, desencadeava uma centelha que percorreu toda minha espinha.
Percorremos os corredores juntos. A conversa dele não era apenas inteligente, mas divertida e sedutora. O ingresso era para a namorada que lhe deu mais um bolo. Ela não curtia as mesmas coisas, isso ficava cada vez mais claro. Tinha-o deixado a ver navios no concerto com clássicos de Mozart na semana anterior, da mesma maneira que o fez naquela tarde, simplesmente não aparecendo e depois inventando uma desculpa qualquer. Ele trabalhava no mercado financeiro desde que se formou há pouco mais de seis anos, um trabalho rendoso, mas estafante segundo suas palavras que estavam me cativando mais e mais a cada minuto. O interesse por arte era sua válvula de escape, pois não tinha a racionalidade, objetividade e competitividade do seu dia-a-dia.
- E você, o que veio fazer em Nova Iorque? – perguntou, com a certeza de que eu era estrangeiro.
Contei-lhe como tinha vindo parar na cidade e que estava frequentando um curso de dois anos na Universidade de Nova Iorque, falei um pouco da minha vida pregressa em C. e do pouco glamour que minha vida tinha. Ele discordou, quis saber detalhes sobre C. alegando que gostava da vida à beira mar, durante o café para o qual me convidou ao deixarmos o museu. Houve momentos em que fiquei constrangido quando me via observando aquele sorriso caloroso no rosto viril dele; e imaginando como seria ter aquele machão na cama, ao alcance de afagos, do sabor daqueles lábios, da voracidade do seu caralho que devia ter as mesmas dimensões avantajadas daquele corpo atlético.
Não era possível que o Mark não tivesse algo mais interessante para fazer do que desperdiçar seu tempo com um estrangeiro que acabara de conhecer. Foi o convite para jantarmos, na sequência, perto dali, uma vez que nem nos demos conta de que havia anoitecido, que acendeu o alerta. Ele estava flertando comigo, sem nenhuma dúvida, o que era assustador e emocionante ao mesmo tempo. Será que a inquietação do meu cuzinho, enquanto o ouvia e me sentia atraído por ele, me faria deixar que se satisfizesse no meu rabo? À medida que as horas passavam, essa hipótese ganhava força.
- É bom saber que terei companhia por pelo menos dois anos! Te ligo dentro de alguns dias para combinarmos nosso próximo encontro, e espero que também não me dê o cano! – disse ele, ao nos despedirmos, tarde da noite, na porta do edifício estudantil da universidade.
- Obrigado pelo dia maravilhoso, Mark! Adorei te conhecer! Pode ter certeza que não vou te deixar na mão! Boa noite! – respondi. Ele segurava minha mão e aparentemente se esqueceu de soltá-la, já que ela se aquecia nas dele. Olhando ao redor, ele a trouxe até a boca e colocou um beijo sobre ela. Eu estremeci da cabeça aos pés, estava entrando mais uma vez em terreno desconhecido, com consequências imprevisíveis, bem ao estilo Lorenzo.
O Mark me ligou dali a dois dias, tinha adquirido ingressos para um show da banda Wilco. Ou ele é eclético, ou sua única intenção é estreitar relações comigo, pensei ao desligar o telefone. As semanas seguintes me mostraram que a segunda opção era a que estava valendo. A namorada tinha ido para o espaço, após ele concluir que nunca dariam certo. E, numa sexta-feira, ele me ligou combinando um chopp no final da tarde. Ele já me esperava no lugar combinado, após eu me atrasar devido a extensão da última aula. Não era um barzinho, um restaurante ou um fast-food como pude constatar ao chegar. Caminhamos cerca de seis quarteirões dali para o lugar onde estava me levando, seu apartamento. Entre surpreso e apreensivo, acabei curtindo o segredinho que ele veio disfarçando ao longo da caminhada, com um sorriso enigmático acompanhando cada uma de suas frases. O apartamento antigo não era grande, tinha um teto alto e janelões que davam para as copas das árvores na calçada, uma espécie de loft. A mobília moderna e essencial, contrastava com a idade do apartamento. Ele me observou em silêncio, deixando seu corpo pesado cair sobre o sofá e começando a desatar o nó da gravata, abrindo o colarinho e arregaçando as mangas da camisa até os cotovelos, enquanto eu percorria o espaço e me distraía com o movimento da rua lá embaixo.
- Então é aqui que você abate suas presas! – exclamei, ao me virar na direção dele e ver como ele estava sensual na roupa de trabalho propositalmente afrouxada, pela qual se viam os pelos do peito, e dos braços musculosos, o contorno desmesurado do cacete ao lado da coxa esquerda e, aquele ar de tesão brilhando nos olhos encantadoramente verdes.
- O que te leva a pensar isso? – questionou, com um risinho ladino, sabendo que eu acertara o alvo em cheio.
- Esse ar viril e másculo que domina todo o apartamento, o jeito com que se pôs à vontade nesse sofá, esse brilho predador no olhar, estou certo? – devolvi. Ele acentuou o sorriso.
- Então está se sentindo minha presa?
- De certa forma, sim.
- Que tal vir diretamente para a boca do lobo, então?
- Pode ser uma decisão perigosa!
- Tem medo do perigo?
- Desse tipo de perigo, sim. Porque posso gostar do que o lobo venha a fazer comigo. – retruquei.
- O lobo com certeza vai gostar muito mais! – o joguinho de palavras estava me excitando, meu cuzinho se contorcia vendo o tesão dele provocar uma ereção indecentemente volumosa dentro da calça.
Aproximei-me capciosamente dele até chegar ao alcance de seus braços. Ele terminou de me arrastar até seu colo, acariciou meu rosto, acompanhando com o olhar vidrado as costas de seus dedos deslizando sobre a pele imberbe.
- Você é lindo, Lorenzo! Me apaixonei por esse rosto no instante em que te vi naquela fila da bilheteria do Moma. – confessou.
- Tenho que admitir que estremeci quando vi seu olhar pousado em mim, como agora. – revelei.
- É sinal que temos muito a viver juntos, não acha?
- Me parece que sim!
As mãos dele entraram por baixo do blusão que eu estava usando e deslizaram curiosas sobre meu tronco, elas emanavam um calor cobiçoso. Ao alcançarem meus mamilos, ele os apertou com força, roçou as pontas dos dedos sobre os biquinhos que desavergonhadamente excitados expunham o tesão que aquilo me fazia sentir. Ele tirou o blusão pela cabeça e começou a lamber vorazmente um dos mamilos, passou a mordê-lo cada vez mais faminto, prendeu o biquinho entre os dentes e o puxou até eu gemer. Impacientes, suas mãos agora se concentravam na minha bunda. Ele a apertava, me erguia de seu colo, o que me fez tombar sobre ele e tomar sua cabeça em minhas mãos afagando-o, enquanto ele sugava meu peitinho como se estivesse mamando.
- Quero você, Lorenzo! Agora! Já! – grunhiu ele, sem parar de chupar.
Enquanto eu desabotoava a camisa dele, a abria e tirava a gravata afrouxada, ele desabotoava a minha calça, abrindo-a até o acesso às minhas nádegas estar livre para suas mãos sedentas. Ao redor dos mamilos dele se concentravam dois redemoinhos de pelos que se afilavam num trajeto estreito que percorria seu abdômen e entrava pelo cós da calça. Eu o explorei com carícias suaves que aceleravam sua respiração, especialmente quando meus dedos se aproximavam da barriga e mergulhavam sorrateiros para dentro da calça. Ora nos beijávamos demoradamente, ora ele voltava a mastigar meus mamilos; primeiro um, até constatar que estava eritematoso de tanto ser judiado, depois o outro. A mão dele entrava cada vez mais fundo no meu rego, vasculhando à procura do cuzinho corrugado. Quando o encontrou, um dedo cutucou meu orifício anal numa obstinação crescente, me obrigando a gemer de tanto tesão. Subitamente, ele se levantou comigo nos braços, me soltou sobre o encosto do sofá e arriou completamente a minha calça. Em seguida, abriu as bandas da bunda, deslizou o polegar pelo rego exposto e o comprimiu contra a fendinha estreita e rosada que piscava para ele. Um sonoro e permissivo ‘ai’ escapou dos meus lábios. Ele enfiou a cara nos meus glúteos, beijou, lambeu, mordeu a pele quente e lisinha como se fosse me devorar. Outro ‘ai’ me escapou quando senti a língua úmida dele dançando tenazmente sobre as minhas preguinhas. Ele se inclinou sobre mim, apertou meu torso com força como se estivesse me segurando para eu não escapar e, sussurrou no meu ouvido.
- Me entrega esse cuzinho, Lorenzo!
- É seu, Mark! – gemi excitado.
Ele se postou ao meu lado, que permanecia largado sobre o encosto do sofá com as pernas pendendo até o chão, com a ereção já babando como pude constar pela rodela úmida no tecido da calça. Eu abri a braguilha, enfiei minha mão lá dentro depois de beijar algumas vezes a barriga dele, e tirei a pica para fora. A cabeçorra já estava completamente exposta, lambuzada e cheirosa. Eu a beijei delicadamente antes de a colocar na boca e a comprimir entre os lábios. Ele gemeu, agarrou meus cabelos e pronunciou meu nome soltando o ar entre os dentes. Enquanto ele terminava de baixar a calça, eu me concentrava naquele sacão no qual os testículos pesados pendiam em alturas diferentes. Ele era macio ao toque, enquanto os colhões borrachóides tinham uma textura mais consistente. A densa pentelhada dava um ar viril e de garanhão ao cacete e ao sacão revestidos por ela. O caralho, troncudo e reto, terminou de endurecer na minha boca, estimulado pelas sugadas delicadas que eu dava para sorver o pré-gozo visguento, que formava um fio translúcido entre meus lábios e o orifício uretral quando eu me afastava um pouco para respirar.
O tesão acumulado durante nossos encontros, se transformou numa noite de luxúria e sexo, onde meu cuzinho e, como eu havia suposto, seu cacetão, comungaram prazeres. A primeira penetração aconteceu ali mesmo, na sala que ia mergulhando em sombras à medida que ia escurecendo lá fora. O Mark tinha tirado a pica da minha boca por duas vezes ao sentir que já não conseguia mais segurar o gozo iminente, antes segurá-la com uma das mãos e a pincelar no meu reguinho até se posicionar sobre a portinha do cu, que se contraia voluntariosamente abrindo e ocluindo a fendinha. Uma enfiada certeira e abrutalhada colocou o caralho além dos esfíncteres que distendeu dolorosamente, me fazendo ganir. Como que para me compensar pela agrura, o Mark me envolveu com seus braços, procurou minha boca virando meu rosto em sua direção, e me beijou lasciva e persistentemente, enquanto continuava estocando meu rabo até toda a pica estar entalada nele. Eu me agarrava ao espaldar do sofá, cravando os dedos no tecido almofadado, procurando suportar a ganância com a qual ele me possuía.
- Caralho de rabinho apertado, Lorenzo! Você acaba me matando de tanto tesão. – grunhiu ele, socando a jeba num vaivém cadenciado e profundo, que esfolava minha mucosa anal produzindo um calor que se espalhava por todo meu corpo.
O Mark me arrancou do espaldar, caminhou comigo preso por seus braços musculosos até o quarto, me fazendo ganir e gemer ao sentir aquele cacete indo de um lado para o outro dentro das minhas entranhas e, me fazendo gozar espirrando porra para todo lado, que o tesão não me permitiu controlar. Ao me soltar sobre a cama, acabei ficando de quatro e a rola dele escapou do meu rabo. Mas, antes mesmo de eu conseguir me firmar, ele a meteu novamente no meu cuzinho e reiniciou as estocadas rítmicas até a comichão de seu períneo se concentrar na chapeleta e ele ejacular toda a porra que abarrotava seus testículos no meu cuzinho hospitaleiro. Os gemidos e os grunhidos roucos dele soprados no meu cangote eram o testemunho de que havia entre nós algo mais profundo do que a simples atração física. E, foi esse algo mais, que alimentou nosso relacionamento dali em diante.
Com a chegada de mais um verão, liguei para os meus pais pedindo que deixassem meu quarto livre por três semanas, pois tinha a intenção de levar o Mark para conhecer C., uma vez que ele ficava me dando indiretas da vontade que tinha de conhecer onde nasci, e havia tirado um mês de férias para as quais ficava me consultando sobre onde e o que faríamos. A primeira semana fui passar com os pais dele, que moravam em Burlington no Estado vizinho de Vermont. Ele já havia me levado para conhecê-los, durante um final de semana prolongado, pouco depois de termos transado pela primeira vez. Fiquei um pouco constrangido quando o pai dele me perguntou se eu era o namorado do Mark, o que confirmei após consulta-lo com um olhar entre envergonhado e perdido.
- É sim, pai! – exclamou o Mark, após eu ter apenas acenado positivamente com a cabeça.
- Desta vez me parece que você acertou, filhão! – respondeu o pai, o que quase deu um nó na minha cabeça.
- Quer dizer que você já apresentou outros namorados para seus pais? – perguntei, assim que me vi a sós com ele.
- Não sei se posso classificar os carinhas e as garotas que apresentei a eles de namorados e namoradas. – respondeu ele. – Sou meio carente, preciso de muito sexo, sabe como é! – emendou.
- Então eu tinha razão quando falei que seu apartamento era para onde levava suas presas, eu inclusive! Vou fazer parte da sua coleção?
- Enciumado?
- Não é uma questão de ciúmes, mas de saber que sou mais um. – retruquei, um pouco triste por perceber que talvez eu não tivesse a mesma importância que ele tinha na minha vida.
- Lembra das palavras do meu pai?
- Como assim? Que palavras?
- Ele não acabou de dizer que – parece que desta vez você acertou filhão – ele nunca disse isso antes, talvez porque percebeu que, o que eu sinto por você, não se limite a sexo. – expressou.
- Como vou ter certeza disso?
- Ficando comigo e me fazendo feliz como tem feito! – respondeu, me apertando contra o peito e me dando um beijo que refletia toda a verdade contida em suas palavras.
Eu já não consegui ser tão verdadeiro ao apresentar o Mark à minha família, era um amigo que fiz ao chegar aos Estados Unidos, e mais nada. Foi o que me limitei a dizer. Não entrei em detalhes, omiti que dormia de duas a três vezes por semana no apartamento dele e, obviamente, que ele e eu trepávamos até eu ficar com as pernas cambaleantes. O Alessandro logo matou a charada daquela amizade. É só ver como ele olha para você para saber que estão tendo um caso, afirmou ele. Não neguei. Não havia porque negar isso a ele, afinal, nós dois também havíamos transgredido os costumes.
- Você o ama? – perguntou o Alessandro, desconfiando dos meus sentimentos.
- Claro! Por que a pergunta? – retruquei de imediato.
- Nada não, só para saber! – disfarçou, sabendo em seu íntimo que muito provavelmente nem eu tinha certeza disso. – O Matteo voltou para C. há seis meses, depois que concluiu a faculdade. Está fazendo um excelente trabalho no comando da fábrica que a cooperativa instalou por sugestão dele. Agora parte do pescado é processado na fábrica, embalado e congelado antes de seguir para o comércio, agregando valor aos produtos. – revelou meu irmão.
- Bom para ele! – devolvi, como se aquilo não me interessasse.
- Logo que chegou, ele veio te procurar. – mais uma revelação que me deixava surpreso. – Pelo que pude perceber, apesar de ele ter disfarçado muito bem, é que ficou chateado ao saber que você estava nos Estados Unidos. – afirmou.
- Engano seu, para ele não faz diferença aonde e com quem estou. – retruquei com desdém.
- Creio que não é bem por aí! Se ao descobrir que você estava levando uma vida longe de casa já o deixou com aquela cara, o que não será quando souber que você está de volta com um homem à tiracolo?
- Ainda não estou de volta! Portanto, é bom que ele não saiba que trouxe um amigo para passar as férias de verão comigo. – respondi.
- Não vai procura-lo?
- Óbvio que não! Por que o faria? Ele nunca se dignou a me mandar notícia alguma depois de partir sem nem ao menos me avisar e se despedir de mim, também não respondeu às minhas mensagens, deixando claro que eu era carta fora do baralho. – respondi.
- E o que vocês sentiam um pelo outro, você já esqueceu?
- Fui obrigado! Não podia ficar atado a algo que para ele nunca teve importância.
A partir dessa informação eu passei a me preocupar quando levava o Mark para conhecer os recantos de que gostava em C., a última coisa que eu precisava era que o Matteo e o Mark se encontrassem.
No meu quarto haviam restado apenas dois desenhos a crayon, um autorretrato e aquela cena do dia em que conheci o Matteo, sentado sobre um cordame no ancoradouro enquanto esperava o barco do meu pai atracar. Ambos despertaram a atenção do Mark. Quanto ao autorretrato, ele observou que eu era um garoto lindo desde a infância se meus traços refletissem a verdade quando os pus sobre o papel filiado, já o garoto sentado no ancoradouro o deixou intrigado.
- A imagem dele é contraditória! – exclamou, depois de ficar uns minutos estudando o desenho
- Como assim, contraditório?
- O rosto ainda é infantil, adolescente se formos querer atribuir uma idade. Mas o corpo, todo musculoso, braços e pernas vigorosas, tronco bem desenvolvido que esses pelos deixam com aparência mais madura, bem como a potência que parece existir nas mãos contrastam entre si, como se fossem partes tiradas de dois corpos distintos, um de um adolescente, outro de um homem no vigor da idade.
- Eu desenhava mal naquela época! – afirmei.
- Não, não desenhava! A perfeição dos traços te desmente. Veja a que refinamento você chegou ao traçar os músculos, é como se pudéssemos ver as fibras por baixo da pele dando textura e volume. Aqui também, o sexo do rapaz. É como se o tecido da calça não camuflasse o tamanho do pinto, sua grossura, sua potência latente, a virilidade do saco volumoso expressa pelo contorno dos testículos. Você foi minucioso em cada detalhe e deu vida a sensualidade do rapaz. – afirmou, começando a me deixar inquieto. – Quem é ele? O cara que tirou sua virgindade? – perguntou, ao se virar na minha direção. Eu engoli em seco, pego de surpresa.
- Não! Lógico que não! É só um cara que estava no cais no dia que fiz o rascunho. – sempre fui um péssimo mentiroso.
- Qual o nome dele? Por que não ficaram juntos? Ele é daqui? – perguntas e mais perguntas, nenhuma cuja resposta eu queria dar.
- É um cara sem a menor importância! – exclamei, tentando encerrar aquela conversa embaraçosa.
- Ele não estaria pendurado na parede do seu quarto se fosse! – retrucou
- É um babaca, uma besta! Está satisfeito agora? – explodi, cheio de vergonha.
- Eu não quis te magoar, não imaginei que ele te trazia lembranças dolorosas. – disse, vindo me abraçar. – Me perdoe, não vou te pressionar! – exclamou, acariciando meu rosto, enquanto eu me aconchegava nele. – Fiquei com ciúmes! – acrescentou depois de algum tempo.
- Bobão! Ciúmes de um desenho?
- Não! Do sujeito que te cativou a ponto de você conseguir retratar até o mais ínfimo detalhe do corpo dele. – confessou. Eu o beijei, com toda a ternura e carinho que sentia por ele.
- Está vendo, ô fulano! Olhe bem, ele está ‘me’ beijando e não a você! – disse ele, como se estivesse conversando com o desenho na parede. Eu precisei rir.
- Você é um tonto, mesmo! Vem cá, seu enciumado sem causa! – exclamei, puxando-o para a cama e começando a despir sua bermuda para ter acesso ao cacetão, que fiquei chupando até ele se lançar sobre mim e enfiá-lo no meu cu com devassidão e carinho.
Apesar de todo o cuidado que tomei para evitar o encontro dos dois, ele acabou acontecendo, por acaso, num final de tarde quando o Mark e eu voltávamos de um passeio e uns mergulhos junto ao promontório dos albatrozes. Eu não pude imaginar que o Matteo e o pai tomassem a viela da fonte para irem do cais até a casa deles, pois isso significava uma volta desnecessária ladeira acima.
- Oi Lorenzo! Seu pai comentou comigo que você veio passar as férias. Por que não apareceu lá em casa? Faz tempo que nos deve uma visita! Nem no cais você apareceu! Já mostrou ao seu amigo a chegada agitada dos barcos carregados? Aposto que ele vai gostar! – dizia eufórico o Sr. Marino enquanto me abraçava com a ternura de um pai.
- Pois é, ainda não deu! Não paramos para nada, tem tanta coisa para o Mark ver. – respondi, encabulado, me esforçando para não encarar o Matteo que, felizmente, ficou calado só medindo a mim e ao Mark da cabeça aos pés.
- Bem! Preciso ir ou minha mãe me dá uma bronca por chegar atrasado para o jantar. Qualquer hora passo para dar um beijo na Sra. Marina, lembranças a ela! – minha voz gaguejava, apesar de eu me esforçar para parecer inabalado com aquele encontro.
- Faça isso! O Matteo tem um monte de novidades para te contar, isso se seu pai já não adiantou as notícias.
- Até mais Sr. Marino! Até mais Matteo!
Não foi difícil o Mark perceber como eu estava tremendo, como aquele encontro mexeu comigo, quando retomamos nosso caminho.
- Então meu rival se chama Matteo! – exclamou o Mark depois de alguma centena de metros.
- Ele não é seu rival! Ele é passado! – devolvi convicto
- A cara que ele fez ao me encarar não dizia isso! Pelo contrário, se fossemos dois leões a essa hora estaríamos nos atracando pelo domínio do território. – afirmou
- Deixa de falar besteira! Era só o que me faltava! Vamos nos apressar, ou você vai descobrir o que é alguém se altercar por conta de um atraso. – sentenciei, apertando o passo.
Quando fomos dormir naquela noite, dei pouca chance do Mark retomar o assunto. Parti para cima dele assim que ele deixou a ducha enrolado com a toalha na cintura. Minha nudez, minha pele em brasa, minhas carícias não deixaram espaço para nada além de uma farta esporrada na minha boca que foi sensualmente engolida com muita voluptuosidade e, um coito demorado que terminou de esvaziar os colhões ingurgitados dele. Exaustos, enroscados em conchinha, a pica amolecendo no meu cuzinho, o sono nos envolveu deixando para trás mais um dia compartilhado.
Não tive um sono tranquilo. Após a primeira cochilada, ficava acordando de hora em hora pensando no futuro, que parecia enredar por um caminho que eu não havia sonhado. O Mark dormia o sono dos justos, ficava ainda mais lindo e sexy quando aquele corpão estava relaxado. Fui à cozinha tomar água, não era sede, era só inquietação. Na volta entrei no quarto do Alessandro. Ele também dormia feito um anjo, o meu anjo da guarda aqui na terra. Calorento como sempre, dormia nu. Aquela nudez máscula que mesmo ele estando no milésimo sono, mantinha aquele caralhão à meia-bomba. Tirei a cueca e me deitei aconchegado a ele. Minutos depois, o calor do meu corpo fez com que acordasse, e passasse o braço ao meu redor trazendo-me mais para junto dele. Roçou carinhosamente a pica nos meus glúteos, até eu me manifestar.
- Estou te atrapalhando? – questionei
- Nem um pouco, pelo contrário! – respondeu, beijando meu ombro e acariciando meu ventre. – O que faz aqui, não devia estar oferecendo essa bunda para o Mark?
- Já a dei para ele! Mas, estou precisando do amor do meu irmãozão. – murmurei baixinho.
- É por causa do encontro dessa tarde com o Matteo?
- Não sei! É meu futuro, eu acho. – respondi
- O que tem o seu futuro?
- Acho que não será como sonhei. Isso me angustia!
- Deixe as coisas acontecerem no seu tempo, sem sofrer se não acontecem exatamente como você gostaria. Viva a intensidade de cada momento, o destino se encarrega do resto. – o Alessandro sempre tinha um colo, uma palavra de conforto, um abraço seguro.
Eu me virei na direção dele, beijei-o com toda ternura e me mostrei disponível. Ele aprendeu a reconhecer os sinais de quando eu queria que me possuísse, e precipitou-se com o cacete em riste sobre a bunda que eu lhe franqueava. A penetração me fez ganir, pois o Mark havia deixado meu cuzinho bastante esfolado. Aquela aflição passageira ao ter meu ânus distendido sempre instigou o tesão do Alessandro. Ele cobriu minhas mãos, que estavam crispadas agarrando o lençol, com as dele, deslizando seus dedos entre os meus. Eu fechei as mãos e me agarrei nas dele, o apoio do qual eu precisava não era somente para suportar a dor da foda, mas também para me reencontrar com o equilíbrio. Ele movia o cacetão num entra-e-sai ritmado, usufruindo a estreiteza do meu cuzinho agasalhando firmemente sua pica. Mesmo tendo sido arregaçado há pouco, ele não perdia a capacidade de encapar estoicamente uma rola grossa como a do Alessandro. Somava-se a isso a minha completa doação, o que desde a primeira pica que levei no cu, se mostrou uma qualidade que os machos adoravam.
- Senti tanta falta de seu corpo generoso, dessa maneira como se doa para mim, desses seus beijos e afagos carinhosos quando partiu, maninho. É tão bom ter você aqui comigo. – sussurrou ele, metendo num vaivém excitante aquele caralhão nas minhas entranhas.
- Também gosto muito de estar assim com você todo dentro de mim, todo envolvido nos teus braços e no teu corpo. Amo muito você, mano, muito! – devolvi, gemendo libertino e receptivo, segundos antes de me esporrar todo comprovando a veracidade das minhas palavras.
- Nada me deixa com mais tesão do que ver você gozando com a minha pica fodendo seu rabo! – grunhiu em êxtase.
Depois de pouco mais de uma dúzia de estocadas, vigorosas e lascivas, socando minha próstata e me fazendo gemer, ele gozou liberando o ar dos pulmões num ruído gutural, arfando e chupando a pele da minha nuca como um touro ensandecido. A quentura pegajosa dos jatos de porra ia banhando minha mucosa anal esfolada trazendo a paz de espírito da qual eu tanto precisava. Faltava pouco para o despontar da aurora quando voltei ao meu quarto, deixando o Alessandro com um beijo suave nos lábios para que não acordasse.
- Onde esteve? Senti sua falta! – perguntou o Mark, assim que entrei no quarto, pé ante pé, imaginando que estivesse dormindo.
- Fui tomar água na cozinha. Quer que eu traga um copo para você?
- Não! Quero que se dispa e entre aqui comigo, preciso do seu cuzinho, preciso de você. – respondeu ele, erguendo o lençol sob o qual estava sua ereção deflagrada. Entreguei-me à luxúria e gana de seu tesão, ainda embebido na porra formigante do Alessandro.
Voltei aos Estados Unidos para o último semestre do meu curso sem ter me encontrado com o Matteo. Era melhor deixar tudo como estava, o não dito pelo dito, uma vez que nunca mais nos falamos depois daquela briga que no dia da minha partida, já me pareceu a maior tolice que fizemos. A motivação fútil, a exasperação exagerada, tudo fazia lembrar uma rusga infantil, nada que dois adultos perpetrariam em sã consciência.
O Mark estava um pouco calado demais nos últimos dois dias antes do nosso voo para os Estados Unidos, e aquilo me preocupou. Me desmanchei em carícias para tentar desanuviar os pensamentos que o afligiam, ele me retribuía com um sorriso tristonho, como se eu não estivesse mais conseguindo satisfazer plenamente suas necessidades. Tudo podia não passar de imaginação minha. Mas, a minha sensibilidade tinha acendido o alerta, e eu costumava me fiar nela. A 41000 pés de altura, após todas as luzes da cabine do avião terem sido apagadas e, os passageiros se reclinarem nas poltronas para as longas horas daquele voo noturno, eu abri a braguilha do Mark, sob o anonimato da manta que nos cobria, tirei o caralhão e o saco para fora, massageei as bolas dele e chupei a cabeçorra sensual e demoradamente, até ele esporrar na minha boca, contorcendo-se no assento estreito que mal continha seu corpão. Seu olhar brilhava quando recoloquei a pica zelosamente no lugar e lhe dirigi um sorriso amoroso.
- O que foi isso? – perguntou, ainda no transe do gozo.
- É para você saber o quanto eu te amo, e nunca duvidar desse amor! – sussurrei. Ele me agarrou e me beijou feito um louco.
Contudo, ao longo dos meses, percebi que nosso relacionamento já não era o mesmo, o Mark já não era o mesmo, apesar de continuar carinhoso e sempre presente. O jeito com o qual ele me olhava depois de treparmos era uma completa incógnita. Eu nunca sabia se ele estava realmente satisfeito com o que eu lhe entregava, ou se me deixava pensar que tinha dado o máximo de mim. Eu estava assoberbado de trabalho no último semestre do curso, tinha trabalhos a serem apresentados, tinha uma demanda da galeria por novas obras, tinha vernissages a comparecer agendadas pelo dono da galeria para me apresentar a potenciais compradores das minhas obras; especialmente depois que uma delas foi adquirida num leilão, por um executivo colecionador de obras de arte de Cingapura, pelo maior preço que já havia recebido por uma das minhas telas. O trabalho do Mark também estava a lhe cobrar mais envolvimento e tempo. Das costumeiras três vezes por semana que dormia no apartamento do Mark, passei a dormir uma e, algumas semanas, nenhuma. Talvez também fosse isso a estar fazendo com que nosso relacionamento estivesse passando por um período glacial, muito embora continuássemos a sentir o mesmo tesão um pelo outro, e nossos esparsos encontros serem dignos de um bacanal.
- Você vai me deixar quando terminar o curso, não vai? – perguntou ele, certo dia, após ter inundado meu cuzinho com sua porra.
- É isso que você quer? – devolvi, pois eu não tinha uma resposta sincera e definitiva para essa pergunta.
- Não! Quero que fique comigo, mesmo sabendo que seu amor por mim jamais será igual ao que sempre pelo agora homem que você desenhou quando rapaz e que não está só na parede do seu quarto, mas também aqui dentro. – afirmou, colocando a mão sobre meu coração.
- Como você pode dizer uma coisa dessas, Mark! Eu amo você! Você, entende? Só você! – retruquei sincero e determinado.
- Por que é a verdade! Não sei o que houve entre vocês que os levou a trilhar caminhos divergentes, mas o que sentem um pelo outro continua vivo dentro de ambos. Por isso, não sei se há espaço dentro de você para mais alguém. – ele falava pausadamente, sem ser crítico ou acusativo, só um tanto tristonho.
- É você quem está aqui ocupando todo o espaço que eu tenho para oferecer, só você! – devolvi.
- Sou eu a estar presente ao seu lado, e isso te dá a falsa impressão de que o que sinto por você lhe basta. Porém, sempre haverá um vazio não preenchido, não vivido, que aquele cara deixou em você. Por mais que eu me esforce, nunca vou conseguir suprir essa coisa deixada sem ser vivida. – afirmou.
- Está me dispensando? – duas lágrimas desceram pelo meu rosto quando o encarei, segurando seu rosto entre as mãos para fazer a pergunta.
- Não, pois isso ia doer muito em mim. Estou te libertando! – respondeu, com um sorriso amargurado. Lancei-me em seu peito e chorei, compreendendo que ele só estava se poupando de uma dor e, que eu deveria aceitar sua decisão.
O Mark não me poupou na última noite que passamos juntos, ao término do semestre e, às vésperas do meu regresso para C., e eu nem quis que fosse diferente. Era direito dele se aproveitar de mim o quanto pudesse, por tudo que vivemos juntos. Ele merecia cada afago, cada gemido permissivo meu, cada preguinha que seu caralhão viesse a rasgar naquele último coito cheio de ternura. Íamos ser amigos para todo o sempre, jurou ele, pois a distância só é capaz de manter vivas as amizades; os amores esfriam, se esvaem, se perdem. Ele era a parte racional, sensata do nosso relacionamento e podia nos guiar pelo caminho certo, enquanto eu era a parte emocional, a sensibilidade, o devaneio da relação, que costuma não ser a melhor conselheira. Deixei um desenho, um pouco camuflado para que ele só o encontrasse depois da minha partida, como lembrança do que tivemos juntos. Era ele na tarde em que me levou pela primeira vez ao seu apartamento, quando se largou displicente sobre o sofá, com a gravata afrouxada, a camisa aberta e a ereção atiçada ao me ter em sua alcova.
Fazia quase um mês que eu estava de volta a C., onde algumas novidades aconteceram desde a minha partida. O Alessandro estava namorando. Uma dentista que tinha passado os dois últimos verões em férias na cidade arrebatou o coração gentil do meu irmão. Logo depois que embarquei com o Mark para os Estados Unidos, ela se mudou para C. e abriu um consultório. Não era apenas a quase total falta de concorrência, a vida pacata e as belezas daquele trecho do litoral que a atraíram, mas aquele macho intrépido, de torso muitas vezes nu e cabelos espalhados pelo vento reluzindo ao pôr-do-sol, que conduzia seu barco e seus funcionários de volta ao cais todas as tardes, comandando o desembarque do que havia caído em suas redes, com a determinação e habilidade de um expert. Meu irmão Felipe também era dono de seu próprio barco e o mais novo cooperado da cooperativa que nosso pai havia ajudado a fundar. Meu pai reformava uma casa ampla não distante da nossa, ele e minha mãe haviam resolvido fazer dela uma pousada, um trabalho menos estafante do que sair de madrugada mar adentro para ganhar o sustento. A princípio fiquei sem saber onde me encaixar novamente na família. A experiência de morar sozinho tinha me modificado, e a necessidade de ter um canto só para mim, agora que eu podia bancá-lo com meu trabalho, se tornou imperativo. Havia pedido ao corretor da única imobiliária de C. que me ajudasse a encontrar esse lugar.
- Está com sorte! Uma casa recém reformada, quando digo recém quero dizer há cerca de dois anos, foi posta à venda esta semana. O dono está se mudando de C. – informou o corretor.
- Ótimo! Quando podemos vê-la? Hoje? – eu estava ansioso para ter o meu canto.
- Creio que sim, vou confirmar com o proprietário e, se estiver OK, podemos ir até lá esta tarde. – respondeu ele, fazendo imediatamente uma ligação, e me confirmando a visita após ter conversado com o dono.
Qual não foi a minha surpresa quando me deparei com o Matteo abrindo a porta para receber o corretor. Ele e eu nos encaramos sem conseguir proferir uma única sentença.
- Você? – disse ele, quando a estupefação passou.
- Vocês se conhecem? – questionou o corretor.
- Sim. – respondemos ao mesmo tempo
- Bem! Então isso facilita tudo! – exclamou alegre o corretor, achando que o negócio já estava fechado. A decepção não tardou a vir.
- Talvez eu queira outro imóvel, o local não é bem onde eu pretendia. – fui logo expressando, pois não queria entrar na casa e, principalmente, não queria negociar com o Matteo.
- Você tinha achado o lugar esplendido até há pouco! – me denunciou o corretor com sua indiscrição.
- Mudei de ideia! – exclamei, e comecei a retornar em direção ao carro, deixando-o sem ação.
- Ora essa! Que cara indeciso! – resmungou o corretor, vindo ao meu encalço.
- Nem perca seu tempo tentando entender o que se passa nessa cabeça, é pura perda de tempo e desgaste! – afirmou o Matteo em alto e bom som só para me provocar.
- Ora veja quem fala! O enfezadinho que nunca se dignou a pedir desculpas por suas grosserias, e que nunca se deu ao trabalho de responder ao e-mail de um amigo de infância! – devolvi exasperado. O corretor que já não estava entendendo nada, ficou ainda mais perdido no meio daquela discussão.
- Bem, se me dão licença, vou deixar que resolvam suas diferenças a sós! – exclamou frustrado por ver seu negócio indo por água abaixo.
- Eu pedir desculpas? Quem começou a briga foi você, não eu! Se um pouco de sorvete nos mamilos é capaz de te tirar do prumo, o que dirá de algo maior! – proferiu exaltado e ultrajado.
- É porque você se acha no direito de fazer o que bem entende só por carregar esse troço enorme no meio das pernas. – revidei
- Você bem que gostou de me deixar fazer com você o que me aprouvesse! Do que está reclamando agora? Talvez seu amiguinho americano goste do seu joguinho, eu não!
- Cretino! Você nunca entendeu nada, não é! Vá se foder! – berrei encolerizado.
- Vá você se foder! Abra as pernas que eu providencio isso agora mesmo! – revidou ele.
Eu tinha chegado ao meu limite. Depois daquela ausência toda, onde ele nunca saiu da minha cabeça e do meu coração, recomeçar uma discussão desestruturou meu emocional. Descontrolado, comecei a chorar. Bastou ele notar meus olhos empossados em lágrimas e a atitude dele mudou. Subitamente, não sabia como agir, se sentia um idiota por me lançar aquela velha e esfarrapada mágoa na cara, ainda mais que já havia concluído que fora ele o culpado por tudo que aconteceu.
- Caralho, Lorenzo! Você vai apelar para isso? – questionou, querendo manter o restante da arrogância que lhe sobrara.
- Não estou apelando para nada! Só não aguento mais a maneira como me trata. Eu sempre achei que nós nos amávamos, mas sua atitude me prova o contrário. – respondi.
- Você é foda! – exclamou, passando a mão na cabeleira, como se estivesse desnorteado. – Eu amo você, caralho! Amo como nunca amei ninguém! – confessou
- Então por que me maltrata dessa maneira? – eu não o encarava com receio de que o choro voltasse com mais intensidade.
- Não sei o que fazer com você. Só sei que te quero ao meu lado, que quero fazer amor com você, que quero mergulhar fundo em você. Aí sim, sei como fazer. – revelou, vindo me tomar em seus braços, arrependido até a raiz dos cabelos.
Relutei em entrar na casa, temendo me deixar enredar e acabar fazendo mais uma das minhas gigantescas cagadas, pelas quais sempre fui reprimido. Porém, ele dominou a conversa, me revelando as besteiras que vinha fazendo desde que encasquetara que tinha que me esquecer. Confessou que tinha se envolvido com um carinha na primeira oportunidade que teve, depois de me ver junto do Mark. Não sentia nada por ele, além da atração física, por ele ter uma bundinha dura e volumosa como a minha. As diferenças com ele eram imensamente maiores do que as nossas, confessou.
- Quando soube que você havia voltado decidi me juntar a ele na capital. Só fiz cagada depois da nossa briga. Tudo inútil, pois você não me saía da cabeça. – afirmou
- Você ia partir mais uma vez sem falar comigo? – questionei.
- Idiota, não é? Só depois de ter posto a casa à venda e de confirmar minha mudança para a capital é que descobri que você havia regressado sem o Mark e que ia ficar definitivamente em C., não raciocino quando se trata de você. – concluiu
- Me beija, Matteo! – mais do que nunca eu precisava do beijo dele, do beijo do meu primeiro macho, do beijo reconciliatório que só a boca dele podia me dar. Ele me puxou para junto dele e me beijou, um beijo lascivo, um beijo depravado de língua, um beijo que fez nossos corpos sentirem um frenesi.
Nem tudo ficou resolvido com aquele beijo e naquele encontro. Eu fui para casa pensativo, questionando se o amor do Matteo por mim era o mesmo que eu sentia por ele, uma vez que ele se mostrava capaz de abdicar dele com muita facilidade, apenas para manter sua hegemonia de macho. Ele me exigia uma posição antes de me deixar ir, eu não a tinha.
Então veio o dia seguinte. Eu pensava melhor quando estava produzindo. Munido de cavalete, tela, pinceis e tintas fui refletir sobre a minha vida no penhasco do farol. Em meio às pinceladas haveria de surgir uma solução, imaginava eu enquanto a tarde caia e nuvens prenunciavam uma mudança no tempo. Porém, a solução veio com a chegada inesperada do Matteo, que sabia muito bem onde me encontrar quando estava vivenciando um conflito. Quando rumava para o farol, estava decidido a me conquistar a qualquer preço, pois sua vida dependia disso, como me revelou poucas semanas depois do encontro daquela tarde, descrito em detalhes nos parágrafos que iniciam esse conto.
O que mais me surpreendeu foi a resolução e a pressa com as quais queria solucionar peremptoriamente a nossa relação, vivermos sob o mesmo teto, explicitarmos nosso amor para todo mundo, fazer da conjunção carnal e de almas a nossa premissa de vida.
- Eu pretendo viver aqui com você. Não vou me esconder do mundo só porque me apaixonei por um gay e tenho uma vida em comum com ele. Não devo nada a ninguém e, pelo que eu sei, você também não. Portanto, está mais do que na hora de você abrir o jogo com a sua família, e revelar que sou seu marido. – sentenciou o Matteo.
- Pirou? Imagina se essa história chega nos ouvidos do meu pai, eu tendo um caso amoroso com o filho do amigo dele. Nem vamos precisar nos esconder do mundo, pois ele vai desmoronar. – devolvi.
- Na clandestinidade é que não vou viver! Se você não contar, conto eu. Você é maior de idade, vacinado e paga suas contas, do que tem medo? – questionou ele.
- Não se trata de ter medo, é apenas uma questão de evitar discussões. – ponderei.
- E desde quando você evita discussões? No seu histórico de vida o que não falta são discussões e brigas. Até comigo você já se atracou, ou esqueceu? – retrucou ele.
- Só não levei desaforo para casa, o que é muito diferente. E você sabe muito bem porque me atraquei com você. Você não me deu outra opção, está lembrado?
- Bem, não é isso que está em discussão. Estou dizendo que você vai contar para a sua família sobre nós dois. Eu fiz a minha parte, meu pai já está sabendo de tudo, portanto, deve ser bem mais fácil do seu pai aceitar, eles são grandes amigos. – revelou
- Você não pode estar falando sério, você contou para o seu pai que estamos namorando? – questionei incrédulo. – Você não podia fazer isso sem me consultar!
- Para você mijar para trás e dizer que não! Eu assumo meus atos, e você devia fazer o mesmo. Só para deixar bem claro, não estamos ‘namorando’ eu sou seu marido, sou seu macho, mesmo que ainda não morando sob o mesmo teto, o que é uma questão de tempo, entendido? – afirmou categórico.
Pedi a opinião do Alessandro antes de me aventurar a fazer a revelação aos meus pais. Ele concordava em gênero e grau com o Matteo, o que eu deveria ter imaginado, uma vez que ambos tinham aquela mesma empáfia de macho resoluto que não aceita ser pressionado ou julgado em suas decisões.
- Por que será que eu já não me espanto com mais nada que venha de você, Lorenzo? – questionou meu pai, quando contei sobre o Matteo e eu. – E tinha que ser justamente com o filho do Marino, meu amigo de infância. – argumentou inconformado.
- Por aí você vê que não sou o único filho desse mundo a ser a ovelha negra da família. Além do que, foi o Matteo quem deu em cima de mim até conseguir o que queria. – respondi.
- Poupe-nos desses detalhes, pelo amor de Deus! Saber que você se juntou de corpo e alma com o Matteo já é o suficiente para sua mãe e eu. Não queremos saber da intimidade de vocês dois.
- Tudo bem, não falo mais nada. Mas, posso pelo menos saber se estão de acordo em ele e eu morarmos juntos? – perguntei.
- Que seja! Com tudo consumado, o que mais poderíamos dizer? – ele nem estava tão furioso como pensei que ficaria. Minha mãe aceitava as decisões por tabela, se o marido estava de acordo, ela também estava. Até porque, ela sempre gostou muito do Matteo.
- Ai paizinho, fico feliz que estejam de acordo! Eu amo tanto vocês! – devolvi sincero e aliviado.
- Tenho lá as minhas dúvidas quanto ao amor que diz sentir por nós. Os problemas que você nos causou ganham em número e aborrecimentos os que seus dois irmãos somados não conseguiram nos trazer. – afirmou.
- É por isso que vocês me adoram, nunca deixei que a vida de vocês fosse monótona! – ousei, abraçando os dois.
- Não abuse da sorte só porque estou de bom humor! – retrucou ele.
No dia seguinte eu me instalei na casa do Matteo, e ele instalou, naquela mesma noite, o cacetão no meu cuzinho, ronronando no meu cangote que eu nunca me esquecesse de que eu era dele e ele era o meu macho.
- Eu sempre soube disso! – balbuciei no meio do gemido sensual que deixei escapar dos meus lábios quando sua verga se fez sentir nas profundezas mais íntimas do meu ânus.