Minha vida tem sido toda fora de ordem, desde cedo, e as confissões também não seguem qualquer ordem cronológica: vou anotando na medida em que for me lembrando do que merecer ser lembrado, antes que eu me esqueça.
Estou com quarenta e muitos anos, razoavelmente bonito, cheio de fantasias muito loucas, mantendo minha melhor forma física na base de muita musculação e boa alimentação, e um pau de 18 centímetros com uma grossura e um jeitinho de usar que põem de quatro (muitos) homens e (algumas) mulheres.
As histórias são todas reais. Todos os nomes são fictícios. Detalhes sobre pessoas e locais serão omitidos para não comprometerem a privacidade e a segurança dos envolvidos.
Depois de passar uns 14 anos me divertindo com homens (não com dedicação integral, mas aproveitei o que pude), experimentei ver qual era do sexo pago. Não com mulheres, que eu já tinha como muito natural, mas com homens. Foi mais para provar e ver. Sexo por sexo, eu, jovem e cheio de energia, conseguia facilmente. Mas queria algo diferente dos caras que eu costumava pegar nas saunas. Desde jovem tive atração por caras grandes e musculosos, do tipo físico que faz programa, mas quem mais frequentava as saunas, e mais se jogava aos meus pés, eram os coroas barrigudos.
Procurei dica de local numa revista especializada, e fui lá. Era um casarão com jeito de que já foi alguma coisa, num bairro montanhoso e discreto. O carro mal cabia no pequeno estacionamento. Lá dentro era um esqueminha de sauna, com toalha na cintura e vários espaços para circulação, só que com prostituição mais escancarada. Aí foi ficando meio desagradável. Os garotos eram até bonitinhos, mas meio agressivos na abordagem (eu não sou obrigado a dar ideia a ninguém!). Escolhi um cara alto e parrudo, não muito bombado, que pareceu interessante. Combinei o programa. Foi uma grande enganação: ele dizia que era passivo, mas na hora dos finalmentes ele só deixou meter um pouquinho e ficou enrolando de outras formas. Enfim, usei de talento e criatividade para chegar ao fim da sessão. Paguei lamentando ter entrado naquela furada.
Daí em diante, até conheci uns garotos de programa militantes, em suas glórias e decadências, mas é mais fácil que me paguem (o que nunca aconteceu) do que eu pagar novamente. Até que...
Incontáveis famílias inocentes passeavam entre as árvores sem saber que uma imensa área pública funcionava como território semi-livre do sexo entre homens. A qualquer hora do dia ou da noite. Eu era um dos participantes habituais daquele paraíso das delícias.
A vida dos tarados nunca foi muito fácil, pois sempre aparecia um guardinha, como que vindo do nada, para no mínimo dar um susto em quem avançava o sinal. Mas a adrenalina prevalecia. Era só parar o carro e esperar as trocas de olhares, a curiosidade, a vontade: todo mundo sabia que quem estava “lá” só tinha um objetivo mesmo. Caras de todo jeito. Muitos casados dando uma escapada para o outro lado do desejo. Uma cota de gente sem noção, uns drogadinhos, uns 5% que posso classificar como gostosos, uma mulher ou outra fazendo a alegria da galera, e uns garotos de programa.
Como já expliquei no conto anterior, paguei uma vez só por sexo com homem. Só que naquele gramado circulavam alguns GPs que eram “instituições” em seus horários de atividade. Ajudavam a tomar conta do pedaço e aumentavam a tranquilidade de todo mundo. Devia compensar financeiramente, ou não perderiam tempo debaixo do sol. Mas, do que eu vi, às vezes aparecia um coroa disposto a levar um GP para fora dali.
É claro, há quem pense que basta ser jovem, ter corpo legal e um pau grande para ganhar dinheiro desse jeito, mas, no microcosmo de aventuras eróticas, os frequentadores do terreno trocavam ideias e já sabiam quais eram os GPs que prestavam e quais eram picaretas dos quais era melhor mantermos distância. Pelo menos dois se ambientavam bem e valiam nem que fosse uma conversa rápida. Um era negro, muito definido, pau enorme. O outro era Sandro. Ele ficou praticamente meu parceiro, apesar de nunca ter rolado sexo mesmo. Uma mistura racial como só existe no Brasil, gigante de altura, de músculos e de caralho. Muito parecido com o jeito do primeiro cara bombado que eu comi há décadas. Frequentava tanto o terreno quanto as saunas ocasionais. Dizia que tinha namorada, esposa, o que fosse, mas deixei para lá. Sempre conversávamos quando ele não estava procurando “atividade”. Pelo corpo trabalhado, não rasgado, mas duro como pedra, e vendo que ele não fascinava só a mim, merecia algo melhor do que sua casinha na periferia e viver da mão para a boca. Trocávamos ideias sobre fantasias. Quase gozei sem pegar no pau num dia de pouco movimento quando perguntei se ele mijaria na minha frente. Mijou. Depois Sandro perdeu grande parte da forma física e, com a pandemia, tudo mundo e nunca mais o vi.