NA TEMPORADA ANTERIOR
Em doze contos, narrei como eu, Álvaro Campos, um professor viúvo de quase quarenta anos, e a minha filha Beatriz, aos dezenove, transformamos a nossa casa num espaço de nudismo e intimidades. A quarentena e suas imposições haviam isolado os nossos corpos e feito explodir os nossos desejos. Eu e minha filha, cada vez mais próximos, resolvemos nos permitir o impensável: nudismo, intimidades, sexo. E o impensável se expandiu ainda mais com a chegada de uma terceira pessoa: Ângela, a melhor amiga de Bia, uma morena inteligente e sensível.
Ângela, a nossa Gê, entrou na casa para nunca mais sair. Fugindo dos assédios sexuais do padrasto e de uma mãe omissa e manipuladora, Gê adentrou a nossa família com o desejo de se despir de corpo e alma. Juntinhos, formamos um trio de nudismo e muitos amores. Não tardou para que os encantos de Gê me dominassem e se transformassem num sentimento mais forte. Nós dois formamos um casal e minha filha, aos poucos, resolveu ir se afastando. O que inquietava a minha pequena era o fato de viver conosco uma relação que nunca poderia ser assumida em plenitude. O tabu do incesto a impediria de revelar para os demais os seus afetos. Mesmo assim, na busca por sol e liberdade, os três resolvemos ir em direção à praia de Tambaba, onde tivemos uma inusitada experiência sexual.
Em doze episódios, narrei todos esses fatos e agora busco a continuação. No momento em que escrevo esse conto, minha filha Bia e a minha amada Gê estão na universidade, onde, na mesma turma, fazem o curso de Direito. Enquanto isso, eu aproveito o dia de folga do colégio público em que ensino para escrever.
A AUSÊNCIA DE BIA
Tenho estado melancólico. Na minha casa, o nudismo ainda é a regra. Em poucas horas, minha filha Bia vai chegar da Universidade e, junto com a minha amada Gê, irá se despir na minha frente, com o máximo de naturalidade, como se nada tivesse acontecido entre nós. Para muitos, isso não seria um problema, porém, para mim, que a tive em meus braços e ainda não me conformo em havê-la perdido, é uma imensa tentação. Minha alma não se conforma em havê-la perdido.
Minha pequena Bia havia me tirado da viuvez em que eu estava metido. O meu pequeno inferno de culpas, depois que a sua mãe tinha morrido de câncer de colo de útero. Eu havia me entregado a uma viuvez de roupão e pantufas de quem aceita a própria idade e deixa a sexualidade adormecer. Minha filha, com a inteligência sagaz dos seus 19 anos, seduziu-me, fez a vida soprar nos meus poros novamente, e depois me deixou. Era direito dela. Estava na flor da idade, deveria namorar, se divertir. Com isso, eu concordava.
Mas ela precisava torturar-me? Sempre nua ao meu lado, abrindo-se, mostrando a bucetinha sempre depilada, a beleza da pele macia. Precisava disso tudo, se ela era agora uma flor que não podia mais ser tocada? Talvez ela fizesse de propósito, gostasse de ser o jardim das tentações. Provocava-me? Ou apenas brincava com meus sentimentos?
Eu me esforço bastante. Concentro o meu olhar na beleza morena de Gê. O dourado da pele, os contornos, as partes mais brancas e as mais escuras. Gê tem um corpo de contrastes: pernas fortes, cintura fininha, braços delicados. O corpo de Gê adora brincar comigo, num jogo de se mostrar e se esconder. Ao mesmo tempo em que os seios pontudos e firmes despontam, querendo aparecer, um simples manear de cabeça e a imensa cabelereira de Gê é capaz de tudo esconder, com seus fios escuros e lisos. Eu sempre brinco com ela:
– Você está vestida com os próprios cabelos, assim não vale.
Ela responde:
– Um dia, eu corto tudo e você vai sentir saudades. O importante é que a parte de baixo está lisinha, depiladinha, do jeitinho que você gosta.
Gê e as suas pernas, sempre me dizendo que mesmo a beleza mais encantadora precisa de força.
Lembro dela me falando:
– Não sou uma ave de pés de barro, meu amor. Sei quando voar e quando colocar os pés no chão. Os meus pés são firmes.
Na cama, Gê demonstrava a sua força. Adorava fica por cima e nunca se cansava. Às vezes, ela fazia do próprio sexo uma ginástica. Dentro do calor do meu membro, era capaz de repetir os mesmos movimentos da academia. Abria-se em escala, fazia um L com as pernas, inventava as mais diferentes posições. Olhando para Gê, não era tão difícil esquecer que a minha filha, meses antes, compartilhava conosco o mesmo triangulo amoroso. Não era tão difícil esquecer que foi ela, a minha filha, no ardor fervoroso e voluntarioso da sua juventude, quem libertou-me do meu ostracismo. Porém, a minha alma possuía suas próprias recordações.
Quando anoitecia, era ainda pior. A minha pequena escondia-se em outro recinto e só a Ângela se encostava em mim. Eu ficava distante, pensativo. Nessas horas, uma voz se formava em mim, bem mansinha, repetindo: “A cama é imensa sem ela. A noite é imensa. Em noites como essa você a teve em seus braços... você se conforma em perdê-la?”. Racionalmente, eu respondia para mim que não havia perdido, que os filhos são criados para o mundo. Mas não era suficiente. Por isso, eu cheguei a me confessar para Ângela. Falei que sentia falta do corpo da minha pequena ao meu lado. Mesmo que eu soubesse que seria melhor para minha filha termos parado com o nosso trio amoroso, algo no meu corpo, na minha alma, ainda sentia uma profunda falta.
UMA SUGESTÃO BASTANTE CONVENIENTE
Gê me olhou compreensiva e disse que, mesmo que passasse a manhã junto de Bia, também sentia falta da amiga. Ela me falou o seguinte: “o meu lado lésbico ainda sente falta dela, mas sou obrigada a respeitar a decisão da minha amiga, afinal estou praticamente casada com o pai dela”. Depois de dizer isso, Gê começou a me cobrir de beijos e a me pedir para chupá-la e fazer carícias no seu clitóris, penetrando-a apenas com os dedos. Deixando-me guiar por ela, fiz o que ela me pediu e senti a sua buceta tremer na minha boca e me encher de líquidos. Gê, então, beijou-me, compartilhando o gosto do próprio gozo. Depois, olhou firme para mim e falou:
– Você sabe chupar quase tão bem como uma mulher. Não sinto falta da chupada de uma mulher. Sinto falta de também poder chupar uma buceta. Quem sabe se a gente encontrar uma outra mulher para a nossa relação, a gente sinta menos a falta da Bia? O que você acha?
Aquilo era uma ideia. Eu considerava a Bia insubstituível. Mas, sentia tanto a falta do nosso antigo trio que concordei de imediato. Falei:
– Eu topo. Precisamos encontrar a felizarda que vai se unir a nós.
Para a minha surpresa, Gê já tinha alguém em mente:
– Eu tenho uma amiga colorida que com certeza vai aceitar.
Depois dessa resposta tão assertiva, fiquei cabreiro:
– Quer dizer que você anda me traindo com uma mulher?
Gê respondeu:
– Tentação não faltou. Mas não, não te trai. Cheguei perto, mas me controlei.
Gê, então, abriu o whatsapp e me mostrou uma conversa com a amiga Letícia. A menina, sem nenhum pudor, chamava Gê para uma tarde íntima, afirmando que estava com saudades. Gê respondeu que não podia, porque estava comprometida, mas adoraria se ela topasse algo a três. Letícia, que também era bissexual, indica aceitar, colocando uma imagem de um trio sexual, com duas mulheres e um homem.
Depois, a garota, mais desinibida ainda, fala que estava com muita vontade de chupá-la e que adorava a sua xota e o seu cuzinho macio e rosado. Gê responde, dizendo que também sentia falta e que, por mais que gostasse do seu amado, às vezes queria mesmo era uma bucetinha carnuda. Nesse momento, a Lê manda a foto da buceta dela, uma senhora buceta, carnuda, vermelhinha, e com um fio de gozo saindo pelas beiradas. Gê coloca uma imagem de susto e a interrompe, teclando: “maluca, eu estou em sala de aula, se alguém tiver visto essa foto, você vai ver só”. A amiga se desculpa e elas interrompem a conversa.
No dia seguinte, a Lê pergunta se a proposta era de verdade mesmo e quando é que ambas podiam se encontrar. Minha amada diz que ainda precisava falar com o marido e que tinha ficado muito excitada com a foto do dia anterior, tendo gozado ao pensar nos três juntos, mas precisava desligar porque o marido já estava chegando e ela ainda não tinha contado nada.
A amiga, então, pede uma foto íntima para Gê e ela responde que mais tarde mandaria algo bem especial. Duas horas depois, a foto aparece. É possível ver a foto da xana da Gê bem abertinha e toda cheia de porra, pingando prazer. Na legenda, está escrito: “olha só o que o meu marido acabou de fazer comigo”. A Lê, de imediato, responde: “adoraria te secar todinha, fala logo com o teu marido, precisamos colocar em prática as nossas fantasias”.
As mensagens me excitaram e me deixaram um pouco enciumado. Ela havia se masturbado com a foto da buceta de uma outra mulher. Mas aceitei a desculpa da Gê de que em todas as mensagens ela me incluía na cena, como parte importante do prazer com a amiga. No final das contas, aquela conversa chegava numa boa hora para nós. Eu precisava esquecer a minha filha e a Gê sentia falta de um prazer mais lésbico. Estava decidido. No final de semana, a Letícia entraria em cena. O que não sabíamos é se deveríamos contar a novidade para Bia ou não. Em breve, Gê e a minha filha chegariam da universidade e decidiríamos se contaríamos ou não.
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