- Mas meu bem, isso é muito estranho!
- Pode ser, mas ninguém vai ficar sabendo.
- Ora, mais eu vou e você também. E se depois você nunca mais conseguir me ver com os mesmos olhos?
- Deixa disso, homem. É só sexo, só fetiche.
- Mas isso é demais! Não coloco e pronto.
Apesar da enérgica recusou, bastou a mulher pedir com mais carinho (leia-se: durante um boquete) que Carlos Alberto reviu suas convicções e decidiu que não seria nada demais usar a calcinha da mulher.
Teve vergonha de colocá-la na frente da esposa e preferiu ir até o banheiro. Puxou o fio dental pernas acima, encaixou o pau meia bomba de um jeito que ficasse tapado, ajeitou na bunda e deu uma pequena conferida no espelho. Não admitiria nem sob tortura, mas achou que a calcinha vermelha da esposa lhe caíra bem.
Na cama, a esposa se contorcia de excitação e ansiedade, não sabia explicar o porquê, mas a ideia de estar no comando, de se sentir o homem da relação, a deixava molhada. Sempre foi assim, desde que começou a ser cortejada pelos rapazes. Sempre preferia aqueles que parecessem mais suscetíveis ao seu comando. E com Carlos Alberto não foi diferente.
Desde o início ele era um enorme "tanto faz", enquanto ela era dada às "ideias fixas". Ele fazia sempre a vontade da amada e ela se apaixonava mais e mais por isso.
Ele, enfim, saiu do banheiro e não é que a droga da calcinha lhe caíra bem? As pernas torneadas de ciclista e o físico em dia, garantiam uma imagem jovial para Carlos Alberto. Mas ela se fixou no mastro completamente ereto, que tentava saltar para da calcinha. O marido sempre foi pirocudo e ela sempre amou isso, mas naquele momento o pau dele parecia ser duas vezes maior. Deve ser o contraste, ela pensou.
Carlos Alberto abriu a boca para falar algo, com uma expressão de contrariado.
- Cala a boca e vem me comer.
Carlos Alberto se assustou com a naturalidade feroz com que ela proferiu as palavras. Mas ficou satisfeito; tanto que a cabeça saltou para fora da calcinha.
Ele se dirigiu para o criado-mudo, onde guardavam o lubrificante, mas foi interrompido por ela.
- Não precisa... tu tem que ver como estou molhada!
Carlos Alberto foi ver e no primeiro toque ambos pareceram levar um choque de tão intenso que era o clima. Ela puxou o pau do marido de lado, deixando a calcinha toda enfiada no rêgo.
O pau deslizou para dentro dela, como há tempos não fazia.
Foram alguns orgasmos dela, e dois dele. No final da noite, estavam suados, lambuzados de porra e ofegantes.
- Aí, Lurdinha... - Carlos Alberto suspirava - sou doido em tu.
Não muito longe dali, noutra cama, outro casal deitava emburrado.
- Desculpa, amor, tenho tido muito trabalho... tô estressado... tu sabe como é.
- Eu sei, Gustavo, eu sei. Tem meses que tu tá nessa de muito trabalho, muito estresse, e eu fico na mão, né.
- Poxa, Paula, não fala assim também.
Paula se sentou na cama e fuzilou Gustavo com os olhos.
- Não fala assim? Porra, eu tô batendo mais siririca do que quando era adolescente. Minhas amigas ficam comentando das coisas que fazem na cama com os maridos e eu fico só ouvindo, Gustavo. A única coisa que poderia falar é sobre as velocidades do vibrador novo que tu me deu de dia dos namorados.
Gustavo não tinha o que argumentar, murmurou um lacônico "boa noite" e virou para o canto. Paula levantou e foi assistir TV na sala.
No dia seguinte, no elevador de um belo escritório de contabilidade, dois colegas de trabalho conversavam:
- É óbvio que aquilo foi pênalti.
- Foi, sim, foi.
- Mas de todo caso, o negócio é que depois do jogo quem marcou um gol fui eu, Carlinhos.
- Espero que dessa vez tenha sido com a Paula, né Gustavo?
- Ah, foi sim. Metei umas três vezes ontem. Tenho que dar atenção pra patroa, também, senão ela acaba encrencando e daí começa a investigar e acha coisa que não deve. É como eu sempre digo, Carlos Alberto, se a mulher tá bem comida, ela nem liga que tu tem amante.
- Bom pra Paula então.
- Pois é, pois é - Gustavo coçava a testa enquanto falava - Bom pra Paula.
Algumas ruas mais a frente, duas mulheres conversavam no banheiro da academia:
- Tô te falando, Lurdinha, não sei mais o que faço com esse homem. O negócio não sobe de jeito nenhum.
- O segredo, Paula, tá na calcinha.