Sinopse: Em uma noite típica e rotineira, Nívea escuta uma determinada conversa entre os pais deixando a aflita juntamente do medo de reencontrar aquele que por pouco não estragou a festa de aniversário de sua mãe.
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Eu cresci ouvindo uma frase que minha mãe sempre dizia: "O ano só começa depois do Carnaval." Era uma verdade. E nesse "começar" estava incluído o ano letivo.
Mesmo após conversarmos e nos acertarmos, fui me acostumando bem aos poucos com o fato de não me encontrar mais com o Eric nas tardes de segunda-feira após a aula. O meu alento foi a minha amizade com o Frederik, a Gabriele e o Patrick ter se tornado pra valer.
Nem todos os dias passávamos o intervalo no Lugar Secreto pois como o Frederik, por mais um ano, se tornara o representante de turma, ele precisava ser visto pelos alunos e pelos inspetores no pátio.
Ele era mesmo um garoto muito especial. Não era um ''moleque mimado'' como o Eric tinha falado. Bonito, gentil, que conversava e tratava todo mundo bem. No entanto, eu percebia que comigo era diferente: me olhava de um jeito doce, gostava de me agradar e sempre me cumprimentava com um carinhoso beijo no meio da minha testa. Infelizmente eu não podia oferecer mais do que a minha sincera amizade e ele entendia. Eric demonstrava ficar enciumado, mas não me proibiu de ser amiga do Frederik. Era até bonitinho esse ciúme.
As aulas com ele estavam cada vez melhores. Ele mantinha a postura séria mas sem parecer aquele carrasco de antes, o que fazia com que os alunos ficassem mais à vontade em conversar e tirar dúvidas. Ainda assim, o Frederik não estava acreditando muito nessa mudança e preferiu a distância. Aos poucos, eu o convencia de que o nosso Professor Schneider estava mesmo mudado. Era só ter um pouco de paciência. Como prova disso, Eric inesperadamente acabou se tornando mais amigável divulgando para a turma o seu perfil no Instagram mas deixou bem claro que se recebesse mensagens indiscretas por parte das alunas, ele bloqueava na mesma hora. Acredito que todas entenderam o recado. Sendo assim, voltei a segui-lo e a Gabriele, super empolgada, fez o mesmo.
Nosso namoro às escondidas estava tranquilo. Mesmo eu percebendo o cansaço em seus olhos, ao chegar na sua casa nos sábados, ele sempre me dava atenção, carinho e amor, muito amor em todas as formas. Cheguei a ficar preocupada com essa dedicação toda ao trabalho mas ele insistia em dizer que fazia isso por nós dois e que um dia eu entenderia.
Meus pais continuavam sempre dedicados ao trabalho, mas o jantar entre nós três era regra apesar da minha mãe, duas vezes por semana, chegar um pouco mais tarde em casa pois ia até a nova filial da clínica para acompanhar a reforma do lugar. Por causa do meu pedido, ela conseguiu marcar com a arquiteta a inauguração no sábado após a semana de provas.
Estudos em dia, aulas da academia nos sábados pela manhã e à tarde os passeios ao shopping com a Melissa. E de noite antes de ir dormir, eu assistia a um vídeo da Gabriele sobre maquiagem até me atualizar com todos eles. O talento dela era incrível. Ela conseguia se maquiar, conversar com os seguidores ao vivo e dar dicas de produtos. Além do Eric e eu trocávamos rápidas mensagens de carinho antes de recomeçarmos nossas rotinas no dia seguinte.
***
- Droga! - falei pra mim mesma sentada na mesa de estudos, no momento em que pus o meu trabalho de inglês para imprimir e a tela do meu notebook mostrar a mensagem de que a impressora estava sem folha - Sempre esqueço que os pacotes de blocos de papel ofício ficam no escritório do meu pai. Tenho que passar a deixar um bloco aqui no meu quarto. - bufei.
Era noite de terça-feira e terminei de fazer o trabalho em língua estrangeira após o jantar. Esse trabalho contaria pontos que iriam ser acrescentados à nota da prova e precisava ser entregue no dia seguinte. As provas (e os momentos de cansaço mental) do primeiro bimestre começariam na próxima semana. Não seriam tantos pontos, poderia ser 0,5 ou até 1,0 dependendo da apresentação e cuidado por parte do aluno. O professor Colin de inglês nos passou inúmeros trechos das peças de Shakespeare para serem traduzidos do francês para o inglês. Não foi difícil. Fiz as traduções e elas ocuparam três folhas do word.
Levantei da minha mesa e saí do quarto, indo até o escritório do meu pai para buscar as folhas e percebi a luz acesa com a porta um pouco aberta. Antes de bater, ouvi a voz da minha mãe:
- Estranho, Jacques...
- Quoi, Helena ?
- Telefonei para a churrascaria, querendo falar com o Heitor e convidar ele e a esposa para irem na inauguração da clínica semana que vem...
Eu não podia acreditar no que tinha acabado de ouvir. De repente, os momentos horríveis que vivi no aniversário da minha mãe voltaram à minha mente. Me encostei na parede e cobri a boca com as mãos, o ar parecia me faltar, o medo de reviver aquela atitude nojenta dele encostando em mim me fez tremer dos pés à cabeça com uma vontade enorme de chorar. Era um verdadeiro pesadelo que iria se formar diante de mim em mais um dia de festa. Eu nunca tive o hábito de ouvir a conversa dos meus pais atrás da porta mas saber se ele iria ou não foi mais forte do que eu e com isso, fiquei quieta ouvindo o que eles diziam.
- Desculpa querida, eu estava lendo aqui na tela... Você telefonou... E?
- A moça que me atendeu me disse que ele não estava mais trabalhando lá.
- Mesmo? De fato, é estranho...
- Tudo bem que nós não vamos almoçar lá tem um tempo, mesmo assim adoraria que eles estivessem no dia...
- Ligou para o celular dele?
- Foi a primeira coisa que eu fiz mas deu número inexistente...
- Sério?
- Sim, foi então que eu liguei para a churrascaria e pedi para falar com ele. Foi quando a moça me explicou o que aconteceu...
- Ela te deu mais detalhes?
- Não. Apenas isso... Que ele não fazia mais parte do quadro de funcionários.
Alívio foi o que eu senti após ouvir a conversa e saber que a minha mãe não tinha conseguido falar com aquele verme nojento. Ainda com as pernas bambas, andando devagar com a mão apoiada na parede, voltei para o meu quarto e fui me lembrando do abraço que a Dona Cecília deu em mim e na Melissa após expulsá-lo do meu quarto e fazê-lo ir embora da festa, dizendo que eu precisaria conversar com ela.
Fui até a varanda e pelas luzes do seu quarto, vi que a minha amiga poderia estar acordada. Voltei para dentro, peguei o celular na minha mesa, desbloqueando a tela e telefonei para ela com os dedos ainda tremendo. Dois, três toques e nada.
- Atende, Melissa!!! - bati o pé no chão.
- Oi, Ni.
- Que bom que você atendeu! Já vai dormir? - perguntei com a voz tomada pelo nervosismo.
- Daqui a pouco... Quê que houve? Que voz é essa?
- Tô com as minhas pernas tremendo até agora. Lembra do dia do aniversário da minha mãe?
- Lembro.
- Lembra do que aconteceu comigo e aquele lixo humano, amigo dos meus pais?
- Infelizmente eu também lembro.
- Quando eu fui agora no escritório do meu pai pegar folhas de papel ofício, eu ouvi minha mãe conversando com ele, dizendo que ligou para o trabalho daquele verme convidando ele e a esposa pra festa da clínica semana que vem.
- Puta que pariu, Nívea!!! Meu Deus... E agora?
- Ela não conseguiu. Disseram que ele não está mais trabalhando no restaurante. Também tentou o celular dele e nada.
- Então isso é bom, amiga!
- Sim! Quero dizer... Eu acho! - falei enquanto caminhava pelo quarto - Eu to tão nervosa que eu nem sei o que pensar. A sua mãe, depois de ter feito ele ir embora, disse que queria conversar comigo e o Felipe ficou com aquele bilhete imundo. Você ficou sabendo de alguma coisa depois disso?
- Ih, não tô sabendo de nada, não! Vem aqui em casa agora e a gente descobre. O Felipe tá conversando com eles no quarto.
- Não sei, Meli - andei até a mesa e vi a hora no notebook - Já vai dar dez horas. Meus pais vão encrencar.
- Inventa uma desculpa, fala que você veio tirar uma dúvida minha de escola.
- Tá. Eu vou ter que ir buscar as folhas mesmo...
- Isso. Vem que eu te espero. Beijos.
Desliguei a chamada, deixando o celular na mesa, cliquei na tela do notebook para salvar o trabalho e fui de novo até o escritório dando duas batidinhas na porta.
- Posso entrar?
- Claro meu anjo, entra! - ouvi a voz da minha mãe.
Entrei e meus pais sorriam pra mim. Minha mãe estava sentada no pequeno sofá preto em couro com o seu hobby de seda pronta pra dormir e meu pai na cadeira do seu computador com os óculos na mão e os braços cruzados com uma calça de moletom e blusa comum de se ficar em casa.
- Vim só pegar um bloco de folhas - sorri sem graça - estou sem nenhuma na impressora.
- Claro, mon ange - meu pai girou o corpo na cadeira, se abaixando e pegou um bloco de folhas em uma das gavetas do lado da mesa, me entregando em seguida.
- Merci - agarrei o bloco junto do meu corpo e quando ia sair, me virei de repente - Eu posso ir na Melissa rapidinho? Ela quer falar comigo...
- Filha, olha a hora, você acorda cedo amanhã - minha mãe alertou.
- Prometo não demorar!
- Leva o celular! Se você demorar, te passo uma mensagem pra você voltar.
- Tá bom, papa!
Saí e fui ligeira para o quarto, abri o pacote e coloquei as folhas na impressora, finalmente imprimindo o trabalho. Coloquei um hobbie de seda parecido com o da minha mãe por cima da camisola e peguei o celular, saindo à rápidos passos de casa e pelo corredor.
Nem precisei tocar a campainha. Melissa estava com a porta aberta me esperando também com o seu celular nas mãos.
- Fica calma, Ni - ela pegou na minha mão - Vamos saber o que aconteceu.
Minhas mãos estavam geladas e a cada passo que eu dava até o quarto deles, mais meu coração acelerava.
A porta do quarto estava aberta e os três me olharam surpresos. Com certeza não me esperavam ali naquela hora.
- Nívea, minha querida. Tudo bem? - Dona Cecília que estava sentada na sua cadeira do computador ao lado do marido, veio até mim e docemente me deu um beijo no rosto - Como você está?
- Bem, obrigada. Boa noite Sr. Henrique.
- Boa noite - ele sorriu e também estava sentado. O quarto possuía dois computadores que o casal com certeza usava para trabalho. Felipe estava sentado na cama deles com as pernas esticadas e as mãos apoiadas atrás da cabeça. Todos já com roupas de dormir.
- Vocês devem estar estranhando me verem aqui essa horapouco... - ela respondeu - Aconteceu alguma coisa?
- Aconteceu mãe. Mas a Nívea tá nervosa pra perguntar...
- É algo grave, meninas? - o dono da casa foi direto na pergunta, olhando sério para nós duas.
Fiquei de mãos dadas com a minha melhor amiga e ela apertou me dando apoio. Eu não sabia como começar a falar.
- Vai amiga, fala! - ela apertou um pouco mais a minha mão.
- Lembra, Dona Cecília, no dia do aniversário da minha mãe, que você queria conversar comigo sobre o que... O que aconteceu?
Ela me olhou, depois se virou para o marido e o enteado e os três se olharam como forma de entendimento.
- Lembro sim, querida - ela deu um meio sorriso e voltou a se sentar na cadeira me olhando.
- Então, agora pouco, eu ouvi sem querer por trás da porta, uma conversa dos meus pais e minha mãe dizendo que queria convidar aquele homem para a inauguração da clínica dela... - a vontade de chorar de novo veio com força.
- Fica calma, meu amor - Dona Cecília veio e me abraçou de lado - O quê exatamente você ouviu?
- Ela ligou pra churrascaria e falaram que ele não estava mais trabalhando lá.
- Sua mãe ligou para o celular dele? - Senhor Henrique perguntou.
- Ligou.
- E conseguiu falar?
- Não. Acho que ela falou em número inexistente...
- É... Imaginei mesmo que não conseguiria... - ele sorriu como se estivesse vitorioso e cruzou os braços na altura do peito.
- Como assim? O quê que aconteceu?
- Bom, eu passo a palavra para o futuro delegado da Família, Felipe Vilella - ele apontou para o filho que sorriu e se aproximou, sentando na beira da cama.
- Não exagera, pai - ele falou e se virou para mim - Isso vai demorar um pouco, Nívea - avisou.
- Meu pai não quer que eu demore tanto... falei preocupada - Amanhã eu acordo cedo...
- Se o seu pai ligar, eu falo com ele...
Acho que era costume no quarto dos pais, eles terem pequenos sofás pois havia um parecido com os dos meus, no quarto deles. Eu e Melissa sentamos e então o irmão mais velho começou a falar.
- Pois então Nívea, eu fiquei com o bilhete que você nos mostrou e no dia seguinte eu conversei com o meu pai e a minha mãe sobre tudo o que aconteceu contigo no restaurante, certo?
- Sim.
- Na segunda-feira, com a ajuda de alguns contatos que o meu pai fez, nós puxamos a ficha do cara na polícia depois é claro de descobrir o restaurante onde ele trabalhava.
- Encontraram alguma coisa?
- Não. Nada. Até então, ele estava totalmente limpo na Justiça.
- Como assim? Não está mais?
- Pois é, o cara é um verdadeiro maníaco sexual e o que aconteceu com você na festa, ele foi mais além. Desta vez dentro da churrascaria.
- Meu Deus... O quê ele fez, Lipe? - eu questionei e ele suspirou antes de me contar. O silêncio dominava o quarto.
- Quer mesmo saber?
- Claro que eu quero!
- Ele foi pego em flagrante assediando fisicamente uma adolescente, sobrinha de uma das clientes que foi almoçar no local.
Eu fiquei totalmente paralisada em choque ao ouvir o que ele tinha feito. Eu não era apenas o único alvo de assédio daquele monstro, ele fazia isso com várias!
- Que verme nojento! - a ruiva retrucou de braços dados comigo no sofá.
- Sim, Mel...
- Mas como foi isso, Lipe?
- Pelo que foi divulgado, parece que a menina foi até o banheiro feminino e ele foi atrás dela esperando do lado de fora para dar o bote. A tia, estranhando a demora, foi no banheiro ver o que estava acontecendo e então flagrou a cena nojenta no corredor.
- Mas ele chegou a fazer...
- Estupro? Felizmente não, pois a tia chegou a tempo. Foi um escândalo! A mulher, que estava com um outro acompanhante, começou a gritar pois viu a sobrinha sendo encurralada por ele na parede e os gritos dela chamaram a atenção de todos! Isso foi umas duas semanas depois do aniversário da sua mãe.
- Mas Fê, essa mulher não foi na televisão?
- Então, antes disso, em meio ao escândalo todo, os outros clientes que estavam na churrascaria o seguraram e o trancaram dentro da sua sala, pois ele tentou fugir, até ela conseguir ligar pra polícia.
- E conseguiu?
- Sim, a polícia veio. A sorte é que ela não viu sozinha a cena e o acompanhante serviu de testemunha. Além disso, parece que um dos funcionários ligou para um dos sócios da rede de churrascarias em meio às ameaças dela de levar isso para a imprensa.
O meu estômago estava embrulhado em saber que essa menina sofreu o mesmo que eu sofri talvez de maneira pior. Mas diferente de mim, ela teve uma ajuda maior. No meu caso, o meu silêncio foi o meu apoio.
- Mas como você ficou sabendo disso tudo, Fê? - a ruiva questionou.
- Bom, junto de um desses sócios, o advogado do restaurante, chegou no local e com muito custo convenceram a cliente a não levar esse escândalo para a imprensa com a garantia de que a vítima teria todo o amparo necessário. E para provar, esse cara foi demitido na mesma hora por justa causa.
- Foi absurdo isso... - Senhor Henrique balançou a cabeça em negação - eles não estavam preocupados com a menina e sim com a boa imagem do negócio. Fizeram um acordo de merda para a tia da jovem não jogar na imprensa. Mesmo assim ela fez um boletim de ocorrência com o apoio do departamento jurídico. Pura fachada! O que eles não queriam é que a reputação do local ficasse queimada.
- E foi então que eu soube da história porque essa cliente relatou tudo pela Internet - Felipe completou - a mulher escreveu o que aconteceu no seu perfil do Facebook, o texto viralizou e com isso a merda em torno dele fedeu ainda mais.
- Aconteceu mais alguma coisa??
- Sim, após esse texto viralizar, outras clientes foram até a delegacia e o denunciaram por assédio. O cara é um verdadeiro predador! E então, a polícia começou uma série de investigações, fizeram uma busca na casa dele e levaram o computador particular o que piorou a situação.
- Piorou como?
- Esse homem... - ele pensou antes de falar... - Esse homem com quem você teve o desprazer de reencontrar na sua casa compartilha fotos e vídeos pornográficos com menores de idade.
- Acho que eu vou vomitar... - senti um bolo na garganta.
- Pois é. Um lixo humano da pior espécie.
- Mas Lipe, ele é casado!
- Isso é irrelevante, minha querida - a madrasta interferiu - homens que cometem esse tipo de crime possuem uma vida acima de qualquer suspeita. São casados, tem filhos... É triste mas é a verdade.
- Mas agora ele está preso não é? - perguntei esperando por um sim.
- Infelizmente não, Nívea - o pai afirmou - Ficou detido por alguns dias mas o cara por incrível que pareça possuía um bom advogado, conseguiu um habeas corpus e está respondendo o processo em liberdade.
- Mas ele é um tarado criminoso! - falei com a voz engasgada com vontade de chorar - Isso não é justo! E se ele atacar alguma garota de novo?
- Eu sei, minha querida. Com a minha influência, eu tentei mexer os meus pauzinhos jogando sujo, pra manter esse maníaco atrás das grades mas foi em vão. O juiz do caso concedeu a liberdade a ele.
- Mas tem a parte boa nisso tudo, Nívea...
- Não existe parte boa sobre um homem que assedia garotas da minha idade, Lipe! - falei e senti o abraço de lado da Meli.
- Tem sim. Ele agora está completamente desmoralizado. Quando o escândalo surgiu, a esposa pediu o divórcio na mesma hora e saiu da cidade com a filha deles por causa do vexame. Só conversa com ele através do advogado que está dando andamento no processo de separação.
- Era o mínimo né? Eu sinto pena é dessa filha, coitada... - a ruiva lamentou.
- É uma pena mesmo. Ter um pai que é um tarado sexual.
- E onde ele está agora se não está preso? - Melissa questionou.
- Pelo que eu soube, ele está morando de favor na casa de um irmão e proibido de deixar a cidade. O passaporte e celular estão em poder da justiça enquanto o processo está correndo. Sem família, sem emprego e vivendo da caridade de um parente. Além disso, bilhete que ele te enviou eu iria usar como prova mas vai ser desnecessário. Ele tá fudido até o último fio do cabelo por si só.
Eram tantas as informações que mesmo sentada eu fiquei tonta. Não era justo um homem como aquele estar livre sendo que ele tentou fazer uma maldade, não apenas comigo, mas também com outras meninas. Foi quando me veio em mente algo que poderia acontecer indiretamente à mim.
- Posso fazer uma pergunta?
- Claro, fique à vontade.
- Isso vai afetar os meus pais?
- Sabia que ia perguntar isso - Felipe sorriu - Mas meu pai correu na frente e puxamos a ficha dos seus pais.
- E eles estão envolvidos? - meu coração batia acelerado feito um tambor.
- Nívea, fica calma - Senhor Henrique me pediu - Os seus pais não serão atingidos em absolutamente nada. Eu nunca vi uma ficha tão limpa como a deles.
- Mesmo? - sorri em meio ao nervosismo.
- Sim. Eles estão totalmente limpos em absolutamente tudo: impostos em dia, transações bancárias, a clínica da sua mãe principalmente. Basta apenas ela inaugurar a nova filial. E como são apenas clientes do restaurante que ele gerenciava, o máximo que pode acontecer são eles irem à delegacia prestarem algum esclarecimento.
- E quando eles vão?
- No que depender de mim, nunca. Eu sou amigo do delegado que está conduzindo a investigação e enviei a ficha dos seus pais para ele. Helena e Jacques não vão precisar passar por isso. Nisso, eu consegui interferir.
Consegui respirar aliviada.
- Nós não íamos contar nada para você, Nívea - Dona Cecília tomou a palavra - Eu e o Henrique não estamos no caso, apenas acompanhando de perto. Mas como você ouviu essa conversa dos seus pais... - ela deu de ombros e esticou o braço pegando na minha mão - Foi melhor saber da verdade.
- Eu preferia que meus pais não soubessem de nada...
- Nós também preferimos. Isso ficará entre nós aqui.
- Mas você hein, Felipe! Podia ter contado tudo pra mim que sou sua irmã! - Melissa reclamou.
- É uma investigação, Mel. Não posso dar detalhes sobre isso. Principalmente pra você que tem uma língua do tamanho de um bonde!
- Eu não ia contar nada! Eu sei guardar segredo! - ela fechou a cara.
- Crianças, por favor se acalmem! - o pai pediu aos dois e se virou para mim - Nívea, eu gostaria de te pedir um favor...
- Qual?
- Eu preciso do endereço do seu colégio - ele pegou um pequeno bloco junto de uma caneta que estava na mesa e me entregou - Pode anotar?
- Posso, mas por quê?
- Mesmo com esse maldito proibido de sair da cidade, eu estou com dois policiais fazendo um serviço extra pra mim e estão na cola desse bandido pro caso dele fazer alguma gracinha e tentar fugir. Como você foi uma das vítimas, esses meus dois homens vão ficar na porta do seu colégio te vigiando. Pra sua segurança.
- Então é melhor que vocês saibam, mesmo o Frederik me pedindo segredo...
- Saber do quê? - Felipe me perguntou.
- Todos os dias desde que as aulas começaram, eu vou embora com o Frederik e o motorista dele me deixa em casa.
- Que bom.
- Só que na verdade, Lipe, o motorista dele é um guarda-costas. O nome dele é Evandro e foi contratado pra fazer a segurança dos meus três amigos - suspirei abaixando o olhar - Me sinto até mal em fazer isso, era pra ser segredo.
- Que ótimo, agora todo mundo vai ficar de segredinhos pra mim, até a minha melhor amiga!
- Eu não podia contar, Meli!
- Melissa, isso é sério! - a mãe chamou a atenção da filha.
- Saco - ela cruzou os braços - Eu sempre sou a última a saber de tudo nessa casa.
- Nívea, continua - o irmão me pediu - o seu amigo então tem um segurança particular?
- Sim. E muito gentilmente ele me leva pra casa pois o pai do Frederik autorizou.
- Isso é muito bom. O que você acha, pai? Eu poderia conversar com esse guarda-costas e contar toda a história.
- É uma boa intenção, filho mas não é uma boa ideia. Se você deixar esse rapaz ciente do que aconteceu, ele vai se sentir na obrigação de contar o que está se passando para o família do amigo da Nívea.
- Sim e o pai do Frederik trabalha com o meu pai e vai contar pra ele. Isso não pode acontecer!
- A Nívea tem razão - ele completou - Isso vai virar uma bola de neve desnecessária sendo que eu e a Cecília estamos no controle da situação e acompanhando tudo. Não precisamos envolver mais ninguém nisso.
- E você não precisa se preocupar com mais nada, Nívea - Dona Cecília sorriu pra mim me tranquilizando.
- Tem certeza?
- Absoluta.
Suspirei tentando me acalmar, escrevi o endereço do meu colégio no pequeno bloco de notas e devolvi para o senhor Henrique.
- Certo... - ele afirmou com a cabeça enquanto lia o endereço escrito - Amanhã mesmo vou entrar em contato com os dois policiais e pedir para que fiquem em frente ao seu colégio. Pelo menos um deles.
- Eu saio do colégio sempre às cinco da tarde.
- Perfeito.
- O Evandro vai poder continuar a me levar em casa?
- Ele não só pode como deve, Nívea - Felipe confirmou - Você assim está em segurança.
- E vou informar a um dos homens que você volta pra casa com o seu amigo.
- Tudo bem, então - falei bem mais aliviada quando olhei na tela do celular e havia uma mensagem do meu pai.
- Ma fille, il est tard !
( Filha, já está tarde!)
- Eu preciso ir agora - Me levantei do sofá e Melissa fez o mesmo - Meu pai já me mandou mensagem.
- Tudo bem, minha querida - Dona Cecília sorriu - Mais tranquila?
- Vou tentar ficar. Boa noite e obrigada por tudo - olhei para aqueles que eram mais do que amigos e sim, anjos na minha vida.
- Fazemos isso porque gostamos muito de você e dos seus pais - o dono da casa piscou pra mim.
- Vamos Nívea - Melissa cruzou o braço dela no meu - Vou contigo até a porta da sua casa.
- Tá. Não acho que vou ser atacada por ninguém no corredor mas tudo bem - zombei e nós duas começamos a rir e saímos do quarto.
- Boa noite, Nívea - Felipe se despediu de mim de volta.
- Durma bem, querida.
Chegamos na porta da sala e Melissa me puxou pra fora até ficarmos no meio do corredor.
- Eu queria ficar sozinha com você, bobinha - ela me falou baixinho - Você vai contar pro Eric tudo o que a gente ficou sabendo, não vai?
- Eu não queria deixar ele preocupado, Meli...
- Tu sabe que se acontecer dele descobrir de outro jeito, vai ficar puto contigo não sabe? Você está escondendo isso dele!
- Eu sei... - abaixei o olhar pensativa - Eu vou pensar com calma se conto pra ele ou não...
- Conta sim, amiga. Ele merece saber.
Fiquei quieta pensando no conselho da minha amiga. Se eu e o Eric combinamos de não ter mais mentiras e segredos entre nós, eu não poderia guardar isso só comigo. Tinha receio de como ele iria reagir com esse tarado à solta e o conhecendo bem, o sentimento de proteção que sempre teve comigo aumentaria ainda mais.
A semana passou tranquilamente apesar dos meus pensamentos voltarem para as coisas horríveis que o Felipe havia me contado. Procurei me concentrar em estudar para as provas e prestar atenção nas aulas como sempre fiz. No sábado, eu estaria nos braços do Eric e, com ele, esqueceria do mundo que existia do lado de fora além das paredes do seu apartamento.
***
O vento frio da noite soprava para dentro do grande e único cômodo daquele lugar onde eu me sentia amada.
Eu estava deitada na cama de bruços, com o corpo em posição diagonal, a cabeça de lado totalmente repousada no colchão e meus olhos voltados na direção da varanda. A luz do poste da calçada iluminava parte do piso de madeira, pois a luz do quarto estava apagada dando um clima mais íntimo.
Com os meus cabelos presos no alto em um coque meio largo, o corpo forte e grande do Eric estava por cima do meu, sem me esmagar tanto, e sua boca quente deixava beijos e chupões lentos na minha bochecha e a nuca. Meu corpo úmido pelo suor ainda se recuperava da transa gostosa que tivemos minutos antes e o corpo dele também relaxava aos poucos. Nossas mãos estavam entrelaçadas uma na outra no lado da minha cabeça e podia sentir a sua barba arranhando lentamente junto dos lábios pela minha pele.
- O quê que você tem? - ele questionou baixinho no meu ouvido em meio aos beijos deixados na bochecha - Ficou tão quietinha...
- Nada... - suspirei, sentindo todo aquele carinho - Gosto dos seus beijos e estou curtindo cada um deles...
- Hum... - e continuou a me beijar e sugar a minha pele - Hoje você não foi a mesma de sempre...
- Como assim?
- Não sei... Me diz você.
A verdade é que eu tentei disfarçar como pude, em cada minuto que eu pertencia ao Eric mas não foi fácil pois toda aquela história nojenta me dominava a mente. E talvez ele tivesse percebido algo em mim fora do normal.
- Você estava longe daqui, ma petite...
Sim, ele percebeu.
- Mas eu estou aqui com você - virei meu corpo e ele se afastou um pouco, me dando espaço para novamente depois ficarmos colados - Não estou? - fiz um carinho na sua barba como de costume o olhando com ternura.
- Seu corpo sim mas a sua cabecinha em outro lugar...
- Impressão sua...
- Eu conheço cada parte do seu corpinho delicioso.
- Eu sei...
- E sei quando ele reage diferente.
- Hoje foi ruim?
- Nunca é ruim fazer amor com você... - recebi um selinho com a sua mão na minha bochecha e o polegar passeando pela minha pele - mas há tempos que consegue gozar sozinha, sem a minha ajuda e hoje você me pegou pela mão levando o meu dedo até o seu ponto mais sensível. Fizemos de quatro como você tanto gosta e ainda assim por pouco eu não te levei até as estrelas - deu um meio sorriso.
Engoli em seco, chocada com aqueles detalhes tão íntimos. Se eu tinha alguma dúvida de que o Eric me conhecia por inteiro, a partir daquele instante não teria mais.
- Aconteceu alguma coisa com você, Nívea?
- Não! - balancei ligeira a cabeça.
- Está mentindo pra mim... - a tranquilidade na voz dele me deixava mais aflita - Qual foi o nosso combinado?
- Sem mentiras e segredos entre nós.
- Exato.
Meu colo subia e descia mesmo com o peitoral dele grudado nos meus seios indicando a tensão que ganhava força. Nossos olhares permaneceram fixos e se eu desviasse poderia ser pior pois estaria enfim entregando que alguma coisa estava errada.
Empurrei o corpo dele pelos ombros fazendo com que ficasse sentado na cama e então fiz o mesmo. Estávamos frente à frente e eu não enxergava outra saída a não ser contar a verdade.
- Você promete não ficar bravo comigo? - perguntei colocando a mão no seu rosto.
- Não. - ele rapidamente balançou a cabeça negando.
- Eric...
- A verdade, Nívea! - me pediu com firmeza na voz e eu suspirei lento.
- É sobre o que aconteceu no aniversário da minha mãe... - abaixei o olhar e na mesma hora ele me puxou pelo queixo me impedindo de desviar.
- Continua.
- Aquele verme que me assediou. Ele fez o mesmo com outra adolescente.
- É sério? Então você não foi a única?
Fiz que não com a cabeça e então contei para ele em detalhes tudo o que o Felipe me contou dias antes. Me senti aliviada por dividir com o homem que eu amava aquela angústia.
- Mas agora tá tudo bem... - sorri sem jeito.
- Tudo bem? Você acha que realmente está tudo bem, Nívea? - questionou de uma maneira que começou a me assustar fazendo o meu coração saltar.
- Os pais da Melissa e do Felipe estão tomando conta da situação... - falei com uma voz que nem eu mesma consegui ouvir.
- Você faz ideia do absurdo que acabou de me contar??? Você não quer que os seus pais saibam e pra piorar um juiz e uma promotora de justiça estão apoiando essa sua decisão!
- Eu não quero preocupar os meus pais, Eric...
- Pelo amor de Deus, Nívea! - ele segurou nos meus braços - São os seus pais! Eles precisam saber o que está acontecendo! - a tranquilidade que estava no seu rosto desapareceu e o tom vermelho de raiva surgiu no seu pescoço - Você precisa parar com isso! Parar de blindar os seus pais sobre o que está se passando com você!
- Eles não precisam saber...
- Ah, não precisam? É isso o que você pensa?
- Do mesmo jeito que eles não precisam saber sobre nós dois. Por enquanto.
- Isso é totalmente diferente! - ele parou e respirou fundo - Tudo bem, eu joguei a minha ética profissional no lixo mas eu jamais faria mal a você!
- Eu sei que não - sorri e segurei no seu rosto com as duas mãos - Porque você me ama...
- Nívea, isso é muito sério! - ele afastou as minhas mãos - Tem um maníaco solto pela cidade, disfarçado de cidadão comum que conseguiu se livrar da cadeia e você não quer que os seus pais saibam disso! Percebeu a gravidade da situação?
- Esse verme não vai me fazer nenhum mal...
- Que garantia você tem? Desses dois capangas do pai do Felipe?
- Sim. E eu não volto mais para casa sozinha. O motorista do Frederik me deixa na porta do meu prédio todos os dias.
- É, eu sei... E de agora em diante mais do que nunca vou ter que me conformar com a boa ação do seu amigo querido - O tom debochado na voz dele aparecia toda vez que eu tocava no nome do representante da turma.
Se aquela conversa estava sendo difícil para nós dois, então eu precisava dar um jeito de fazer com que o Eric ficasse mais tranquilo. E um segredo que até então estava guardado comigo, eu me vi forçada a dividir com ele também apesar da conversa na casa da Melissa.
- Se eu te contar uma coisa, você me promete guardar segredo?
- Eu não sei, Nívea... Depende.
- É sobre o Frederik...
- Não me interessa saber nada sobre esse garoto! Me interessa é saber que você está segura e que esse bandido não vai encostar em você!
- Tem a ver com isso de segurança, Eric...
- O quê? - ele ficou sem entender.
- O Evandro, o motorista do Frederik, na verdade é um guarda-costas.
E eu consegui o que queria. Eric me olhou sério sem nenhuma expressão. Não ficou surpreso mas o vermelho tomate no seu pescoço tinha diminuído.
- Guarda-Costas?
- Sim - me aproximei dele, sentando no seu colo, envolvendo os meus braços no seu pescoço e Eric permaneceu parado apenas me encarando - Os pais do Frederik e os pais da Gabi e do Patrick o contrataram para cuidar da segurança dos três. Não te contei antes porque o Frederik me pediu segredo. Nem a Melissa sabia.
- E por que ele precisa de segurança particular? Os irmãos eu até compreendo por serem filhos de quem são mas o Frederik...
- Foi uma história de sequestro que quase aconteceu com um amigo deles então os pais acharam melhor que eles ficassem sendo vigiados.
- Entendi.
- Você guarda segredo disso? Eles são seus alunos, Eric... Por favor...
- Eu suponho que a diretoria do colégio saiba.
- Sabe sim. Mas a dona Jacqueline também não fala nada, não é?
- Ela é uma diretora bastante discreta.
- Promete não contar pra ninguém?
- Mas é claro. Não vou contar pelo fato deles serem meus alunos e é importante para a segurança deles. Não por causa do seu amiguinho.
- É tão bonitinho esse seu ciúme! - não consegui deixar de rir.
- Acha que eu não percebo o jeito como ele te olha? - e finalmente ele me abraçou de volta, trazendo o meu corpo junto do dele - De longe, na hora do almoço eu vejo vocês conversando e ele quase te devorando com os olhos.
- Não confia em mim?
- Confio em você, não nele. - e o seu abraço se tornou mais apertado.
- Agora você está mais tranquilo?
- Mais ou menos... Não vai mesmo contar nada para os seus pais? - ele questionou e eu me afastei dele apenas para olhar no lindo azul dos seus olhos.
- Eu prefiro assim. - respondi séria - Não quero que eles fiquem preocupados...
- Nívea, pensa bem.
- A minha mãe tá muito mais ocupada por causa da nova clínica que vai inaugurar semana que vem, não é justo ela se preocupar comigo por causa disso.
- Eu entendo, mas não estou dizendo pra você contar amanhã.
Eric continuou a me olhar ao ver que eu não lhe dei nenhuma resposta e, mesmo abraçado comigo, suspirou como se estivesse desistido de me convencer.
- Você realmente ama muito os seus pais...
- Claro que amo. Eles são tudo pra mim.
- Eu sei. Ama tanto a ponto de não querer que eles saibam sobre o que está acontecendo com esse homem imundo.
- E amo você porque além de ser lindo, se preocupa comigo - Dei um abraço apertado pelo seu pescoço e senti uma de suas mãos deslizar pela minha coluna me acariciando de leve - Mesmo me sufocando às vezes.
- Porque eu me importo com você, ma petite... Se te acontecer alguma coisa, eu vou ficar de pés e mãos amarrados e não vou poder fazer nada, afinal eu sou apenas o seu professor daqui deste apartamento pra fora.
- Vai ficar tudo bem comigo. Eu prometo.
Carinhosamente, me aproximei do seu rosto e a pontinha do meu nariz se esfregou na dele. Eric enfiou sua mão por entre os meus cabelos na minha nuca e sua boca deliciosa me engoliu em um beijo me deixando quase sem ar.
O corpo dele aqueceu o meu contra aquela noite fria com os seus braços e minhas pernas circularam pela sua cintura em que o encaixe ficou perfeito.
Mesmo demonstrando estar tranquilo, talvez Eric ainda estivesse preocupado comigo pois uma história como essa é difícil de engolir. De novo, ele estava com a razão sobre os meus pais precisarem saber o que aconteceu com aquele maníaco e pior, dele ter a ousadia em se aproximar de mim e fazer alguma maldade. No entanto, após essa conversa, a aflição que estava me atingindo fisicamente foi diminuindo e pude me entregar por inteira ao homem que estava ali me amando de todas as formas: de preocupação, de beijos e abraços, com o olhar intenso e querendo que virássemos um só.
O medo não existia quando me sentia segura e com Eric do meu lado.
Continua...
Sem cenas 🔥por hoje não é? Mas se rolar em todo capítulo, eu corro o risco de cair na mesmice e os momentos íntimos entre nosso casal acabam soando repetitivos.
No próximo capítulo, uma surpresa pra vocês 😉
''Conta, Ana!''
Se eu contar aí deixa de ser surpresa 😁
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