Entrei e ela me pediu pra sentar ao seu lado, num olhar rápido o Atelier não estava igual como havíamos deixado na tarde/noite anterior.
Continuando...
Na conversa com mamãe, era nítido que eu estava escondendo coisas, mas ao mesmo tempo em que conversava com ela meu intimo cada vez mais sabia que eu não era o menino que até então ela imaginava, mas também sabia que mamãe não era boba, ela sabia que na sua frente estava alguém indeciso, em conflito entre seus desejos, suas ações e as palavras que diziam.
Quando ela pediu para eu escolher qual roupa, eu sabia que se escolhe-se a menos feminina, estaria me traindo, meu olhar e jeito dizia que queria a outra, se escolhesse a minissaia, seria mais correto mais justos era isto que meu instinto de menina queria libertar-se.
Escolhi a roupa mais comum, mas ao ser indagado se não faltava nada, ali eu tinha a certeza que mamãe já sabia, ela sabia que em sua frente estava seu filho, mas que na verdade gritava por ser menina, sua filha.
Quando voltei às novas perguntas, as novas indagações apenas confirmaram o que mamãe já sabia.
Mas o mais importante, eu havia me descoberto definitivamente.
O difícil foi tentar esconder, disfarçar, mas quando girei-me quando minha mãe conseguiu ver milha silueta com calcinha e soutien e percebeu meus seios, creio que ai a ficha caiu para ambos, ela me via como menina, eu me mostrava como menina, meus trejeitos, meu girar, meu parar, meu corpo agora era reflexo de minha mente, apenas que mamãe não havia assimilado por completo que era tarde demais.
Até então ate mesmo na cabeça dela era uma travessura, o que ela não imaginava que fisicamente eu já me encontrava uma menina quase perfeita.
Seu pedido, seu comentário "Meu Deus..." era a nítida certeza que era alem do que ela pensava, era alem do que eu podia ter escondido.
Como eu intimamente queria poder dizer: Mãe esta aqui a sua outra filha é assim que eu quero ser. Mas eu não tinha a maturidade, apenas os desejos.
Sabia que mamãe estava também em conflito. Seu "descuido" comigo levou ao que ela estava vendo agora, somente agora.
Quando ela me ordenou para subir, eu já era outra pessoa, já era uma menina, devo ter dado todos os trejeitos e motivos para ela, não olhei para trás, mas sei que ela me seguiu com os olhos pensativa.
Tirei a roupa, como uma menina, dobrei com cuidado, me vi no espelho, não foi uma troca rápida, indolor.
Doeu em mim, abandonar a silueta que estava naquele espelho. Mas me assustei novamente. Tirei tudo, coloquei meu uniforme e desci sem saber o que falar e como falar como agir, mas era nítido meu desconforto.
Eu não demonstrava se estava desconfortável com a roupa de menino, com ter vestido a roupa de menina e como me comportei ou pelo silencio sepulcral que se instalou naquela cozinha.
Mamãe estava com um turbilhão de pensamentos, via isso em suas feições como se estivesse conversando com alguém invisível, com sua consciência sei lá.
Dali pro carro a mesma coisa, apenas olhares. Sai do carro em disparada, eu também nem vi minha irmã, Matheus e sua irmã.
Só percebi tudo isso quando sentado na sala, já no segundo ou recreio, nem tinha mais ideia do tempo, mas acho eu era um intervalo, Matheus veio me tocou no ombro e falou.
- Precisamos conversar, mamãe veio conversar comigo depois que te levou para casa, ela me pegou chorando no quarto quando subiu antes de te levar e na volta conversamos por longas horas.
Bom se o dia já estava uma loucura, agora havia desabado tudo, não tinha ciência de como Matheus falou com sua mãe, mas sabia que ele jamais mentiria a ela e se ela fosse tão intuitiva como a minha ambas agora já sabiam que seus filhos, não eram mais o que haviam sonhado e sim o que cada um escolheu para ser sua nova vida.
Eu me assustei, mas respondi a Matheus que eu também tinha coisas para contar para ele.
Continua ...
