Ninguém entendia bem o por quê do Bernardo ser casado com a Verônica. Ela ridicularizava ele na frente de todos, o chamava de imprestável, burro e vagabundo. Além disso, tem fama de dever a todo mundo no bairro e de ser intratável. Neste quesito, tanto seus funcionários quantos os clientes do pequeno comércio que ela tem são muitas vezes vítimas de suas atitudes, vamos dizer assim, pouco cristãs.
Muitos dizem que ele poderia ter vida melhor se largasse ela, que uma parte de sua família vive no Canadá, que está bem situada. Mas ele de forma misteriosa permanece ali.
Eles faziam um par muito bonito mesmo. Daqueles que você admira -e inveja- quando vê passar na rua.
Mas o que são 12 anos de casados, duas filhas para criar, um negócio para gerir e contas para pagar?
Ela conservou apenas o cabelo loiro pintado, e temperamento de pavio curto. Ele ganhou peso, mas continuou sempre gentil e prestativo.
Desde que nos conhecemos ele me trata muito bem e é o raro tipo de pessoa que apesar de você não ter muito assunto para falar com ele, é sempre agradável de encontrar.
É claro que, com maldade, eu pensava que a mulher dele devia ser uma tarada na cama para compensar todos os seus pontos negativos. E pensar nele transando com ela, metendo como um touro com raiva, me deixava de pau bem duro.
Eis que após um dia de muita chuva, a rua da minha casa fica obstruída por uma barreira. O secretário de obras veio em uma reunião conosco e, numa rara demonstração de interesse, diz que tudo será resolvido em duas semanas com a retirada do material e construção de um novo muro de contenção. Porém, não poderia haver trânsito de carros por ali nesse período até que fosse retirada toda lama.
Com isso, passei a deixar meu carro em uma garagem de um amigo que morava antes da barreira e atravessava pelo barro até chegar em casa.
Já passado alguns dias dessa nova rotina, ao fechar a porta da garagem vejo o reflexo do farol de uma moto que ofuscava a minha visão e eu não conseguia ver quem estava pilotando. Até que ele vira o guidom para o lado oposto e diz:
-“Oi Pedro, como vai? Me desculpe a luz na sua cara.”
-“Ah, oi Bernardo, é você? Sem problemas, pensei que era um assalto.”
-“E eu tenho cara de assaltante?” Riu debochado o Bernardo
-“Claro que não.” Falei em tom de brincadeira.
-“Que chato essa obra aqui na rua, não é?” Começou ele
-“Pois é, mas daqui a pouco acaba. Eles até que estão fazendo um bom serviço, não acha?” Respondi
-“É sim. Mas para você deve ser muito ruim ter que deixar o carro aqui e ir subindo até sua casa. De moto agora está passando, você quer uma carona? Ele ofereceu.
-“Para mim é tranquilo, eu gosto de andar. Muito obrigado.” Respondi com minha polidez habitual.
-“Mesmo nesse frio? E a sua casa é a última da rua. Aliás você não tem medo de andar nesse escuro?” Ele retrucou.
Na verdade senti a insistência dele um pouco anormal. E falei:
-“Não cara, eu nunca andei de moto, vou te fazer cair, vai ser um prejuízo e a gente ainda vai ficar todo doído amanhã de manhã. Muito obrigado mesmo, de verdade, aproveita a chance de dormir com a sua moto inteira. Pode deixar que eu subo sozinho.”
E ele respondeu:
“Pode deixar que a gente não vai ficar doído não. Eu te ensino direitinho.”
Foi engraçado nessa hora porque eu não sei se foi maluquice da minha cabeça mas eu senti um leve duplo sentido no ar.
Subi na garupa, todo desajeitado e perguntei:
-“Aonde apoio meus pés?”
Ele dá uma risada e me mostra o suporte de apoio. E diz:
-“Achei que você estava brincando quando disse que nunca tinha andado de moto. Segura firme”
Nessa hora, por conta da proximidade senti nitidamente um bafo alcoólico no hálito dele. Pensei na má escolha que eu tinha acabado de fazer em subir em uma moto com um semi conhecido embriagado naquela escuridão.
Não tive muito tempo para refletir porque a moto rosnou por aquele caminho que parecia uma trilha de Cross. Íamos rápido, às vezes sem muito controle. Quando começou a subir a moto começou a empinar e ele gritou:
-“Você tem que ficar bem perto de mim, senão a gente vai cair.”
Nem pensei duas vezes coloquei as mãos em sua cintura e me
coloquei o mais próximo possível dele. A moto ia subindo pela rua e com o passar do tempo fui relaxando naquela situação, sentindo o vento batendo no meu rosto, sentindo o calor daquele homem colado em mim, sentindo o cheiro de fumaça de escapamento, cerveja e desodorante de macho. Cheguei a apoiar minha cabeça em suas costas como se estivesse dando um grande abraço nele. Segurava ele como se fosse um tronco. Meu pau estava duro como uma rocha com aquele homem entre minhas pernas.
Uma brecada repentina e chegamos em frente ao portão da minha casa. Levei alguns minutos para voltar a realidade sai da moto e um pouco constrangido pelo agarramento, disse tentando evitar olhar para o rosto dele:
-“Muito obrigado pela carona.”
E ele respondeu:
-“Só pela carona?”
E eu respondi:
-“É, muito obrigado por você ter me trazido até aqui. Foi muita gentileza sua.”
-“E da casquinha que você tirou de mim? Você não vai agradecer por ter deixado?”
Fiquei muito nervoso e sem graça na hora e falei:
-“Que isso cara, você sabe que eu sou casado.”
E ele:
-“Mas isso não te impediu de tirar uma casquinha de mim, confessa. Disse em tom brincalhão e depois emendou:
-“Se você quiser eu subo contigo todos os dias para você tirar uma casquinha. Mas eu vou querer algo em troca.”
Eu ri meio amarelo e esperei ele continuar a falar.
-“Desde que nos conhecemos eu fiquei com você na minha cabeça. Nunca consegui uma ocasião em que a gente estivesse a sós para te falar. Por alguma razão senti que poderia ser recíproco.”
-“E aí você tomou umas cervejas e ficou me esperando chegar?” Interrompi ele.
E ele disse:
-“Sim. Nós somos casados né? Fiquei tentando encontrar maneiras de falar contigo mas não sabia como chegar em você.”
Ele desligou a moto e disse com a voz arrependida e amarga:
-“Me desculpa cara se te ofendi, só faço besteira. Vamos, esquece isso, finge que nada disso aconteceu.”
Nessa hora, na segurança da escuridão da noite pego ele pelo rosto, olho bem em seus olhos e suavemente dou um selinho em seus lábios. Depois outro. O próximo vou enfiando a língua bem devagar e ele como em um primeiro momento estático, como se não estivesse acreditando naquela situação se deixa levar em relação aos meus movimentos. Minha língua começa a se esfregar cada vez mais rápido em sua língua. Aquela sensação que eu adoro ao beijar outro homem, a disputa para ver quem vai conseguir dominar o outro traduzida em beijo. Tudo aquilo vai me deixando louco. Minha mão percorre todo o seu corpo. Nossos corpos se roçam loucamente. Para minha surpresa ele me vira de costas e me abraça por trás, me dando uma mordida na orelha e imprensando a vara contra o meu cu através de nossas roupas.
-“Você disse que queria alguma coisa em troca pela carona. Do que você estava falando?” Perguntei com voz de safado.
-“Você todinho” disse ele.
-“Se você me quer todinho também vai ter que ser meu todinho. Fazer tudo o que eu falar. Me obedecer mais do que a sua esposa.” Propus em tom de provocação.
-“Não. Aqui quem vai obedecer é você. Me chupa porque eu sei que você não está se aguentando de vontade.” Ele respondeu.
Fiz uma cara de não muito satisfeito e disse:
-“Então depois voltamos a essa questão.”
Abri o zíper da sua calça, abaixei até os seus joelhos, senti aquele cheiro que me fez ir ao delírio e caí de boca. Sua pica estava toda babada o que facilitou o boquete. Ele começou a foder minha boca como um animal bem do jeito que eu imaginava ele metendo. Logo em seguida ele anuncia que ia gozar. Esporrou na rua, sujou o dedo de porra e deu para eu chupar. Depois sujou de novo e lambeu.
Me levantei, nos demos um longo beijo e ele disse:
-“Amanhã te pego no mesmo horário.
-“Até amanhã” respondi
Mas amanhã se depender de mim esse desfecho vai ser bem diferente, pensei.