Esta é terceira parte de uma história real. Uma história que até parece comum e pode acontecer com qualquer um. Nela, temos amizade, paixão, companheirismo, tesão, aprendizado, e também de traição e sofrimento.
Naquela noite eu dormi como se fosse uma pedra. Nem mexi na cama. Só fui pensar no que tinha acontecido quando acordei na manhã do dia seguinte.
Contrariando o que faço todos os dias, em vez de me levantar logo e ir para o banheiro, fiquei deitado, quieto, tentando me recordar de tudo o que havia acontecido na casa do Sidney.
Eu havia participado de um suingue com o casal de amigos e a minha namorada. Tinha que admitir que era uma experiência inesquecível e tremendamente excitante e prazerosa. E durante a conversa que tivemos, eu fiquei convencido de que o casal de amigos, desde o início, não tinha agido de má fé, e tudo indicava que realmente, pensaram como contaram. Eram liberais e me tomaram por um liberal experiente e cúmplice. E havia uma coisa que eu precisava admitir. Eu, de fato, tinha ficado muito excitado de saber que a Martha tinha se soltado, excitada, e havia transado com o Sidney no dia do ensaio. Tanto é que quando ela me contou na praia, eu fiquei cheio de tesão e a fodi dentro da água. Então, precisava reconhecer que a minha zanga, não era um julgamento negativo meu sobre ela, por ela ter transado. Era porque eu pensava que o Sidney, como amigo, havia abusado da minha confiança. Não sabia, e nem podia imaginar que ele fizera tudo achando que eu estava de acordo ou sem me importar com aquilo, já que a Martha tomara as iniciativas e ele apenas aceitou tudo. Isso eu já havia entendido perfeitamente. Mas o que me tirou do chão, foi quando soube que ela deu o cu para ele. Fiquei muito bravo, morrendo de raiva e ciúme, e foi isso que contaminou tudo. Portanto, eu havia desencadeado a crise, porque não gostei do que a Martha fez. Se não fosse aquilo, podia estar tudo bem. Então, minhas análises se voltaram para a Martha. Eu estava descobrindo que não a conhecia inteiramente. O fato de eu ter conhecido a minha namorada totalmente inexperiente, e ter ensinado muito do sexo para ela, não significava que eu realmente a conhecia na sua essência, talvez nem ela se conhecesse. Aquele processo, de fazer com que ela descobrisse o prazer do sexo, se sentisse segura com seu próprio corpo, se liberasse, assumisse sua sensualidade, o desejo e o prazer sexual, era completamente novo para ela e muito provavelmente, aquilo mexeu tanto com ela que estava revelando um lado mais libertino, mais devasso, mais libidinoso, que nem ela conhecia. E estava levando Martha a agir e ser uma mulher mais tarada e incontrolável, cedendo às vontades e tentações sem impor limites. Mas a Martha não era estúpida, era muito inteligente. Então, eu sabia que mesmo tendo impulsos e desejos incontroláveis para dar para o Sidney ela tinha consciência de que estava fazendo coisas sem o meu consentimento, ou sem saber se eu aceitava. Ela havia alegado que no dia do ensaio achava que eu iria gostar de saber que ela havia se soltado, e feito o que fez. Até aí dava para aceitar. Mas, por outro lado, tinha a vingança desnecessária dela, dando o cu para o Sidney só para me punir de algo que a desagradou. Ela sabia que tinha feito algo bastante transgressor e que despertaria em mim no mínimo uma inveja.
Isso mostrava um lado genioso e egoísta dela, que mesmo confessando gostar de mim, ser apaixonada, tinha a maldade e o capricho de fazer algo que sabia que iria me ferir e magoar. Ela podia estar bastante arrependida ou assustada no domingo de tarde quando veio até o meu apartamento, e falou o que havia preparado para dizer. Eu podia até reconhecer o muito de verdade que existia naquelas alegações, mas depois, confessou que foi na casa do Sidney na segunda e acabou dando novamente para ele. Mas foi a Graziany que revelou, obrigando-a a assumir e confessar. Por mais que eu tentasse admitir que ela era livre para fazer com o seu corpo o que bem entendesse, Martha tinha deixado claro que não iria abrir mão de satisfazer os seus desejos e taras, mesmo sabendo que aquilo poderia me contrariar.
Com aquela análise feita, me levantei da cama para tomar café, tomar e banho e correr atrás de trabalho, me preparando para ter uma conversa definitiva com a Martha e saber exatamente o que ela tinha a me contar sobre seus motivos para fazer o que fez. Queria ouvir, embora já estivesse me preparando para cair na real, e assumir que eu havia despertado uma mulher devassa e incontrolável. Contrariando o que eu esperava, me sentia muito tranquilo. Estava preparado para enquadrar a minha relação com a Martha num acordo que talvez fosse confortável e nos levaria a saber até que ponto a gente estava realmente disposto a ser liberal.
Com aquela convicção e disposição, fui visitar algumas produtoras e agências de propaganda, apresentar meu trabalho, tentando ampliar o meu círculo de clientes. Mal sabia que estava para descobrir coisas que jamais podia sonhar.
Visitei primeiro uma produtora que fazia comerciais de TV e deixei meu portfólio. A seguir fui numa agência de modelos, onde também deixei meu material de divulgação, pois eles contratavam fotógrafos para fazer books e ensaios. No terceiro cliente, uma agência de propaganda, fiquei na sala de espera para falar com um dos produtores e enquanto aguardava a minha vez vi sobre a mesinha de centro um pequeno catálogo, um folheto impresso com quatro dobras e notei o logotipo da G-Spot. Reconheci a agência da Graziany e fiquei curioso para ver as modelos. Abri o folheto e estava examinando as fotos, sempre belas, feitas pelo Sidney. Tinha que reconhecer que ele é realmente um fotógrafo que sabe tirar o melhor das fotos. Estava distraído quando o produtor que iria falar comigo, entrou na sala de espera e me viu olhando o folheto. Ele disse:
- As fotos desse folheto são de um dos melhores do mercado.
- Eu sei. Conheço o Sidney, é meu amigo.
Ele então me perguntou:
- Então, conhece também a Grazi?
Fiz que sim.
- Claro, ela também é uma bela modelo.
Então sabe da GP Spot, que ela tem?
Fiquei olhando para ele sem entender, estava com o folheto da agência dela na mão. Achei que ele tinha errado o nome, mas como não disse nada ele completou:
- As modelos mais lindas que fazem programa estão com ela. É aí que ela fatura bem.
Eu não sabia daquilo, não esperava, e não sabia o que dizer. Para não dar uma de desentendido eu falei:
- Essa parte ela mantém em sigilo. Poucos sabem.
Ele estava me conduzindo para a sala de reuniões e pegou o folheto da minha mão, então, quando nos sentamos lado a lado à mesa de reuniões, para eu mostrar o meu portfólio, ele mostrou o folheto e disse:
- Vou lhe explicar como funciona. Repare nas fotos. Veja que em algumas tem um pequenino Logo P-Spot Precedido de um G. É mínimo. Passa despercebido, mas é o código. A modelo que tem esse loguinho no rodapé da foto faz parte do esquema e aceita programa, e você pode contratar usando o telefone que consta em baixo no rodapé da foto. Repara que o número é diferente dos números da agência em destaque no folheto. Muita gente nem repara. Só quem sabe.
Dei afirmativamente com a cabeça, dando a entender que eu sabia, e não falei mais nada. Entrei no assunto da minha apresentação, mostrei meu material e ele disse:
- Gostei das fotos. Se os seus valores forem acessíveis, acho que tenho um bom job para lhe passar.
Eu respondi:
- Estou criando novos clientes, abrindo meu leque de atendimento. É do meu interesse facilitar. Posso saber qual é o trabalho? Para avaliar?
Ele foi explicando o que desejava e eu fui ficando mais animado, pois achava que era a minha chance de mostrar do que eu era capaz, e do ponto de vista de produção a parte mais complicada era do cliente. Eu teria que fazer fotos, uma série delas, em locais do cliente, com a modelo usando o produto. Eles queriam fazer uma campanha onde as fotos fossem sempre novas e diferentes, o que obrigava que eu me deslocasse ao local, e a agência levaria a modelo escolhida para cada produto. Claro que eles queriam um fotógrafo bom mas de preço menor, para não encarecer o trabalho, e eu teria que me virar sem assistente, apenas uma pessoa cuidando da maquiagem e retoques se fossem necessários. Acabei combinando o preço que ele disse que cabia na verba. Para mim, foi uma porta maravilhosa que se abriu, uma chance de ganhos bem maiores do que eu estava acostumado, e me daria um passaporte para novos trabalhos. Estava encerrando o encontro feliz da vida, e dentro de dois dias iria começar o trabalho, eles iriam selecionar as modelos e notei que o produtor havia simpatizado comigo. Aproveitei e perguntei:
- Você tem outros folhetos da G-Spot com mais modelos, ou o casting é somente aquele?
Ele disse:
- Não, temos vários. Ela faz sempre novos, quando aparecem mais modelos.
Agradeci a informação e me despedi. Ele me pediu para esperar, pegou dois folhetos que tinha numa pilha numa estante da sala e me deu:
- Fique com estes. Tenho repetidos aqui.
Agradeci e saí muito satisfeito. Já era horário de almoço e resolvi antes de pegar o carro, ligar para a Martha, e saber se ela queria almoçar comigo, ali perto da casa dela. Chamou bastante e ninguém atendeu o telefone. Não devia ter ninguém na casa, pois os pais trabalhavam o dia todo. Então, fui almoçar sozinho. Durante o almoço fiquei pensando que havia descoberto um esquema paralelo da Graziany, onde ela fazia o agenciamento de modelos que aceitavam fazer trabalhos de programa, o famoso book rosa. Mas não mudava muita coisa.
De tarde ainda fiz duas visitas em duas agências, e lá também verifiquei que haviam novos folhetos da G. Spot. Em todos os que eu peguei, uns quatro, vi várias modelos com a marquinha indicando o esquema. Haviam muitas modelos e eu não fazia ideia.
No final da tarde, perto das dezessete horas, eu fui para a minha quitinete para tomar um banho e me preparar para ir à faculdade. Eu estava terminando o curso, e tinha que pensar em me organizar para preparar o meu TCC. Liguei para a Martha na casa dela, mas ainda não tinha ninguém pois tocou até cair. Achei estranho porque a Martha sempre ficava em casa. Mas como estava agulhado, fiz um lanche, tomei um banho e fui para a faculdade. Era terça-feira e já tinha perdido as aulas de segunda. Quando cheguei eu não vi a Martha e acabei entrando para a aula sem falar com ela. Não era comum aquilo. No entanto, quando deu o intervalo eu saí para o pátio, e ela estava ali no nosso ponto de encontro, um banco de madeira que ficava num canto, perto da entrada do pátio. Cheguei perto e ela estava linda, cabelo amarrado num rabo de cavalo, vestido como se fosse um camisão jeans, curto, amarrado com um cinto preto na altura do quadril. E sandálias de couro delicadas. Ela se levantou e veio me dar um abraço, e um beijo carinhoso. Senti uma agradável fragrância de alfazema de quem tinha acabado de tomar um belo banho e eu adorava aquele cheiro. Eu abracei e senti como ela estava quente. Pensei que eu gostava demais daquela safadinha. Eu perguntei onde ela tinha ido de tarde e ela falou:
- Recebi uma dica para tentar uma vaga de secretária numa empresa, e fui lá. Liguei para você antes de ir mas não atendeu. Tomei um chá de espera de mais de três horas. Aí tive uma entrevista de meia hora. E no final me disseram que se eu for aprovada me informam por telefone depois. Fiquei a tarde toda. Quase morri de fome. Fui pra casa tomar um banho, comi um sanduba e corri para cá. Cheguei atrasada na primeira aula.
- Eu liguei para almoçar com você mas você não estava mais.
Abraçados, ficamos ali enquanto não dava a hora da nova aula. Depois cada um foi para sua sala de aula. E depois das aulas, demos uma namorada de leve no carro, e fui levá-la em casa. Estava com saudade das nossas brincadeiras na escada, mas a Martha disse que se eu quisesse podia fazer uma chupeta para me satisfazer, mas ela não queria. Quis saber o que era e Martha disse:
- Amor, fiquei dolorida e ardida com aquela grande rola do Sidney. Abusei. Estou precisando recuperar.
Diante da negativa dela, eu também desisti, perdi um pouco do embalo, então nos despedimos com beijos carinhosos e fui para casa. Eu sentia que a crise do domingo entre nós tinha abalado um pouco a nossa relação. Tanto eu ficara magoado como ela também tinha sofrido uma mudança. Mas eu pensei que logo no primeiro final de semana que a gente pudesse ficar junto, tudo se normalizaria.
Martha era uma jovem muito linda, sexy, um corpo perfeito, uma menina alegre, e bastante descolada. Eu gostava muito dela e tinha sido um namoro muito gostoso onde pude ensinar muitas coisas para ela. Realmente a gente se gostava. Só que do sábado para aquela terça feira, tantas coisas tinham acontecido, que eu imaginava que tanto eu como ela tínhamos mesmo que ter uma conversa e acertar nossas pontas. Entender melhor o que estava acontecendo. Então, no dia seguinte, pela manhã, como eu estava esperando o contato da agência me ligar para marcar o dia e local das fotos, fiquei em casa e liguei para a Martha. Ela atendeu ensonada, eu dei bom dia, querendo saber o que ela pretendia fazer. Ela me disse que a secretária do escritório onde ela fizera a entrevista, acabara de ligar e pediu para que ela fosse lá levar os documentos e preencher uns formulários. Perguntei se queria carona ou ajuda. Martha disse:
- Não, não precisa. Mas quando acabar lá, eu ligo e a gente pode se encontrar.
Concordei e fiquei apenas cuidando de detalhes, aproveitei e fiz uma faxina na quitinete. Quando deu hora do almoço a Martha não tinha ligado e eu resolvi não sair, então, fiz um sanduiche de presunto com queijo e um pouco de extrato de tomate, salpiquei um pouco de orégano e esquentei numa torradeira. Depois coloquei iogurte de morango, uma banana, uma maçã e uma fatia de mamão e bati no liquidificador, fazendo uma vitamina e comi sossegado. Depois tomei café com um pedaço de chocolate mentolado. Estava alimentado. Depois, deitei para fazer hora e acabei cochilando. Despertei assustado com o telefone. Perto das quinze e trinta era a Martha, dizendo que ia pegar uma condução até à Praça Nossa Senhora da Paz, se eu poderia ir ao encontro dela. Claro que concordei e marcamos uma das esquinas para nosso encontro. Fiz um pouco de hora e fui de carro buscar a Martha. Quando cheguei na praça, seguindo pela rua Joana Angélica, bastou dar uma volta, dobrei na rua Barão da Torre e contornei voltando pela rua Maria Quitéria. Ela estava ali perto, quase esquina com a Visconde de Pirajá. Eu a vi e ela se aproximou. Parei e ela entrou no carro. Estava vestida mais formal, uma saia verde escura, cinto preto largo, uma blusa bege de malha com frente trespassada formando um belo decote, e sandálias pretas de salto alto. Uma secretária executiva muito gostosa. Eu elogiei:
- Assim será contratação na certa. Está muito elegante.
Ela me deu um beijinho, agradeceu, e seguimos. Perguntei se ela já tinha comido e ela disse que comeu já fazia muito tempo e estava com fome. Resolvemos buscar um lugar para comer. Desci a Rua Visconde de Pirajá, até na altura da Jangadeiros, onde eu sabia que tinha uma cantina legal, com variedade de lanches e pratos da culinária italiana. Martha estava diferente, era sempre comunicativa e estava falando pouco. Nesse trajeto a única coisa que a Martha disse foi: “Ufa... Cansativo. ”
Quando nos acomodamos na cantina não havia muito fregueses devido o horário ser muito depois do almoço e muito cedo para o jantar. Depois que pedimos a comida, foi que começamos a conversar e eu vi que a Martha estava um pouco esgotada. Eu disse:
- Você parece cansada. O que foi?
Ela fez um gesto vago, e disse:
- Hoje foi um dia tenso. Cansativo. O dia que aprendi a atender um executivo muito exigente. Não tenho experiência ainda.
Eu disse:
- Você logo tira de letra. Mas, porra, estou com saudade. Faz dois dias que não ficamos juntos.
Martha me olhou carinhosa, e me beijou:
- É verdade amor. Estou com saudade também. Mas pelo jeito as nossas horas de namoro vão ficar mais curtas.
Nesse momento, chegaram as bebidas que tínhamos pedido, e eu estava ansioso para tocar no assunto que me intrigava, que era a ida da Martha na casa do Sidney de tarde da segunda feira. Aproveitei a quebra da conversa para dizer:
- Martha, eu queria que você me explicasse a sua ida na casa do Sidney da segunda de tarde. E acabou trepando de novo. O que se passou com você? Pode ser sincera e dizer a verdade.
Martha estava bebendo um suco de laranja, com canudinho no copo. Parou. Depositou o copo e me olhou muito atentamente. Naquele momento, eu vi que ela estava confusa e angustiada. Esperei. Martha falou:
- Jura que quer falar nisso agora?
- Eu queria falar desde ontem, mas não tivemos chance. Algumas coisas no seu comportamento não estão batendo com o que você diz.
Martha fez um gesto carinhoso, passou a mão pelo meu rosto. Seu olhar era um pouco triste. Ela disse:
- Tenho muito medo de magoar você, mas eu vou ter que falar de uma vez. Me desculpe, já que você quer a verdade, vamos à verdade.
Ela depositou o copo na mesa. E me olhava séria.
- O sábado, do ensaio, eu não fiquei somente com o Sidney, a Graziany também participou. O Sidney disse que ela saiu, mas saiu só pouco antes de você chegar para me buscar. Nós ficamos juntos toda a tarde. O Sidney fez um ensaio erótico com nós duas e eu fiquei alucinada de tesão.
Eu ouvi e fiquei admirado olhando. Não sabia o que dizer. Ela continuou:
- Mas eu preciso contar desde o início amor. No dia que falamos no ensaio, na casa deles, lembra que a Graziany me chamou para buscar suco? A Graziany me levou para longe e perguntou se eu já tinha feito sexo com você. Eu disse que não, ainda era virgem. Ela me disse para perder a virgindade logo, antes do ensaio. Eu queria que fosse você e mais ninguém. Por isso fizemos na sua casa na voltada praia. Depois que combinamos de fazer o ensaio, a Graziany me ligou todos os dias e contou que um ensaio erótico envolvia provocações, deixar a pessoa excitada, e certamente aconteceria sexo. Ela foi fazendo a minha cabeça e me deixando excitada, perguntou se eu estava com vontade. Eu confirmei, pois estava muito tarada. Ela disse que você ia adorar saber depois. Foi você que me apresentou a eles e me estimulou para fazer o ensaio. Eu achava que tudo fazia parte. E ela ficou me falando que o marido estava cheio de desejo para ficar comigo e ela também. Todos os dias ela me provocava muito ao telefone. Fui ficando tarada e louca por dar para o Sidney. Lembra que naquela semana nós transamos quase todos os dias, menos na sexta? Então, na sexta, eu fui ao salão me depilar e depois fui até na casa deles. Você não soube disso. Antes do sábado eu já tinha ficado com o casal. Foi a primeira vez. O Sidney me comeu duas vezes na sexta. A Graziany me ensinou a fazer a higiene íntima e eu dei o cuzinho primeiro para ela, com um pinto de silicone, e depois o Sidney me arrombou com aquela tora. Nossa, foi dolorido demais, mas eu gostei muito. Amor, tenho que confessar, eu sou tarada. Estava louca naquele pau dele. Por isso, na sexta, eu não podia fazer sexo com você, estava ardida e com muita dor ainda. Mas eu pensava que aquilo tudo fazia parte de um processo de preparação da nossa inclusão no mundo liberal, como disse a Graziany. E eu achava que estava me liberando para você. E que você iria gostar e participar. Eu não esperava mesmo a sua reação contrária no domingo. Juro. Mas quando eu vi que já tinha feito merda fiquei transtornada. Mas, aí o ensaio já tinha acontecido. O tempo todo era a Graziany me dando dicas, me ensinando como falar com você, como provocar você, como deixar você tarado. Ela disse que você ia ficar com muito tesão e ia acabar gostando.
Naquele ponto da confissão eu tinha perdido a fome. Depositei os talheres e ouvia ela falar como se eu fosse um robô. Estava sem saber o que fazer. Eu falei:
- Quer dizer que a Graziany e o Sidney armaram tudo, e quem levou você nessa arapuca fui eu, e ainda dei força.
- Amor, foi, você que começou, mas eu tenho que assumir. Eu estava gostando, nunca podia imaginar que eu ia gostar tanto de safadeza, de dar para eles, de ficar com mulher. Eles são tarados demais e eu descobri que também sou.
Ouvir a Martha assumir me dava mais tristeza.
- Você agiu porque quis e ainda repetiu? Foi isso?
- Isso, amor. Eu tinha consciência de que estava entrando um processo meio louco. Completamente tarada. E quando eu fui pedir ajuda a eles na segunda-feira de tarde, porque você agiu contrário ao que era esperado, eles me convenceram que era normal, e se estivéssemos juntos com eles você ia participar. Mas a Graziany e o Sidney disseram que você ia gostar, e ia acabar se envolvendo. Por isso o Sidney chamou você para a gente ir lá. E foi o que acabou acontecendo.
Naquele momento, eu tinha a sensação de que havia perdido o chão, não sabia mais de nada, e percebia que fora o agente que levara a minha namorada linda e virgem para os devassos transviados. Eu disse:
- Caralho, Martha, que merda! Eu comecei essa porra!
Martha me fez um afago e disse:
- Amor, eu amo demais você, eu fiquei transtornada quando você se revoltou. Perdi totalmente a noção, mas eles me disseram que ia dar tudo certo, que eu devia confiar. E nós fomos na casa deles, e acabamos transando. Eu vi como você ficou tarado. Então não achei que eles estivessem errados. A Graziany falava que aos poucos você ia se acostumar e iríamos formar uns pares bem safados.
Eu não sabia mais o que estava certo nem errado. A única sensação era de que eles armavam escondido, tramando, nos envolvendo. Foi o que eu disse:
- Eles tramaram. Agiram por trás, usaram você e eu acabei envolvido. Assim não posso reclamar nem questionar.
Martha fez que sim, engoliu em seco e falou séria:
- Acontece amor, que eu acabei gostando. Me descobri uma safada, e foi mais forte do que tudo. Eu adorei trepar com eles, transar com você junto com eles. Eu adorei ver você tarado ao me ver dando para o Sidney. Amei isso. Não posso negar. Acho que você também gostou. Não é só culpa deles.
Naquele ponto, nenhum de nós estava mais comendo. Pedi para retirarem os pratos e fechar a conta. Eu me sentia mal, revoltado, mas não conseguia definir exatamente com o que. Queria sumir dali. Eu falei:
- O que eu não gostei e não vou gostar nunca é essa forma de agir escondido, por trás, e eu ficar sabendo depois. Isso não está certo.
Martha ficou calada. Esperou eu pagar a conta. Trouxeram um café. Ela disse:
- Vou contar tudo de uma vez. Esse emprego que eu disse, não é nada disso. A Graziany tem uma agência de garotas de programa.
Ela me olhou para ver se eu me espantava, mas eu fiquei olhando para ela sem reação. Ela continuou:
- Ontem e também hoje eu fui atender um executivo que ela agenciou para que eu pudesse experimentar como é. Dei dois dias seguidos durante a tarde toda. Ontem foram três homens. Ela quer que eu trabalhe com ela. Fui ser puta amor. Fui hoje dar para um cara que eu nunca vi na vida.
Nessa hora eu estava querendo sumir, queria detonar a Graziany e o Sidney, fiquei com gosto de fel na boca. Não dei na cara da Martha porque não tenho instinto de bater em mulher, mas estava quase em vias de fato. Me sentia arrasado. Ela terminou dizendo:
- Pior que eu gosto amor. Adoro sexo, e essa adrenalina de foder com quem eu não sei nada, me excita mais ainda.
Olhei para ela como se fosse outra pessoa. Não sabia como ela poderia ter chagado naquele ponto tão depressa. Eu disse:
- Como você pode fazer isso? Martha, a gente era namorado. Eu a amava tanto! O que você foi fazer?
Martha segurava o choro. Me levantei e ela veio atrás. Nem dei a mão para ela. Fui para o carro e abri, ela entrou e eu segui direto para levá-la para casa. Levamos uma hora de lá até onde ela morava em botafogo. Estava acabando o dia com o sol se pondo. Eu sentia uma raiva tão grande que não queria falar. E ela sabia que não tinha o que dizer. Durante o trajeto vi Martha chorando e disse três vezes: “ Eu amo você amor, eu amo você!”
Eu não respondi, deixei-a em sua casa e nem disse adeus. Fiquei três dias sem ir na faculdade. Estava muito mal. Se não fossem os trabalhos de fotografia da agência, para ocupar o meu tempo e a minha atenção acho que teria ficado maluco. Quase não comi direito por uma semana. Meu sono era agitado e sem relaxar. As cenas não me saíam da cabeça. O Sidney e a Graziany me ligaram várias vezes, algumas até tarde da noite, mas eu desligava sem falar nada. Depois de três dias eles pararam de ligar.
Um dia, acordei e vi que haviam enfiado um bilhete por baixo da porta. Fui pegar e li as letrinhas miúdas e bonitas da Martha: “ Amor, eu amo você demais. Disse para a minha mãe que eu fui pega em flagrante namorando outro, e você terminou comigo. Ela me xingou demais, e está sem falar comigo. Por favor se ela perguntar confirme. Um beijo. ”
Guardei o papel dentro da agenda, e tratei de procurar uma outra quitinete para morar. Em duas semanas eu tinha me mudado para um outro edifício. Até o número do telefone que era do apartamento eu deixei para trás. Tentei sumir da vida da Martha, e na faculdade evitava cruzar. Mas reparei que ela aparecia menos por ali. Acho que trancou a matrícula. Minha carreira decolou, consegui mais trabalhos com agências e gradativamente fui ganhando dinheiro, prestigio profissional e fama. Eu sempre fui um homem considerado atraente e com a crise emocional, me dediquei mais ao físico, peguei mais massa muscular, e bronzeado.
Quando terminei o curso no final daquele ano, com um excelente trabalho de TCC, estava numa fase maravilhosa da carreira em ascensão, as modelos estavam cada dia mais acessíveis e interessadas. Troquei de carro, saí com um monte de novas garotas, fazia sexo como bebia água. A Martha sumiu do meu radar. Mas no fundo, eu sentia uma tristeza muito grande de ter perdido aquela paixão. Era realmente uma química perfeita e eu gostava muito dela.
Um dia, numa agência onde fui ter reunião, abri uma revista e dei com um anúncio de página inteira da safada, doce, e minha querida ex-namorada.
Martha estava belíssima, uma maquiagem impecável, sua beleza mais madura. Cheguei a ficar sem fôlego. Mas admirei e vi que era uma foto do Sidney. O cara era mesmo muito bom naquele ofício. Assim, aos poucos, à medida que os meses foram passando, eu fui crescendo profissionalmente, consegui encontrar um estúdio de fotografia na cidade onde eu poderia dividir horários e meus trabalhos foram ficando mais sofisticados. Já fazia ensaios elaborados. Eu também crescia na carreira. E nas revistas e alguns outdoors a beleza da Martha passou a ocupar mais espaços. Ela se tornava uma modelo famosa de publicidade. Além certamente dos programas do book rosa, que deviam estar bem mais caros.
Até que num dos trabalhos eu conheci uma outra modelo, novinha, linda, perfeita, e começamos a sair mais. Quase dois anos se passaram, eu já morava num belo apartamento de dois quartos, num prédio mais elegante numa área nobre do Largo dos Leões, perto do Humaitá. Da minha janela da sala eu via o Cristo Redentor. E minha nova namorada estava também aprendendo aos poucos a ser uma grande amante.
A vida estava nos ensinando que sempre temos a aprender nas armadilhas da paixão e nas dores da traição.
Continua.
Meu e-mail: leomed60@zipmail.com.br
A CÓPIA E A REPRODUÇÃO DESTE CONTO EM OUTROS SITES OU BLOGS ESTÁ PROIBIDA. É EXCLUSIVIDADE DO SITE CASA DOS CONTOES ERÓTICOS.