- E o que a sensação de transar com o antigo colega de turma provocou em você? - perguntei para Patrick assim que ele acabou de narrar sua história.
- Sinceramente... Não sei exatamente enumerar. Na hora, na verdade, me deu apenas euforia, um sentimento de conquista, de ter dado a volta por cima. Mas depois, no dia seguinte, acordei assustado.
- Qual a raiz do seu medo?
- Fiquei pensando várias coisas, na verdade. E se ele contasse pra alguém? Ou se minha vizinha fofoqueira tivesse visto algjma coisa? A janela de minha cozinha da acesso ao muro da casa dela. E ela era do tipo bem capaz de se espichar por cima do muro para fofocar.
- Sentiu-se arrependido? - questionei.
- Bastante.
- Sentiu-se semelhante após a sua primeira noite com Jefferson? Pelo que me narrou, ele chegou a filmar você em sua cama, com seu consentimento.
- Sim, mas ele falou que não iria divulgar e não divulgou.
- Mas você não tinha como ter tal certeza na hora, não é mesmo? Então quer dizer que confiou nele de cara?
- Acho... Acho que sim.
- E Wallace? Imagina que ele iria contar para alguém?
- Pensando bem hoje... Creio que não. Ele não teria nada a ganhar, pelo contrário, só a perder. Mas isso foi um medo bobo que me acometeu na hora apenas. Foi só impulso.
- Exatamente. Impulso esse que não lhe acometeu em nenhum outro dos eventos até então narrados. Quando transou com seu colega em um vestiário onde a qualquer hora alguém poderia entrar. Em seu primeiro dia no colégio, de sua grande chance que lhe abriria portaa. Tal impulso não lhe acometeu quando Jefferson o filmou.
Patrick olhava o consultório, seus olhos vasculhando o interior de sua mente atrás de lembranças.
- Realmente, acho que não me preocupei com isso naquelas vezes... Talvez porque naquele dia eu estava em minha casa, eram pessoas íntimas. Minha família poderia saber.
- Tal como poderia com um sex tape vazado na internet - indaguei.
- Possivelmente... - sua voz se perdeu. Então me encarou e questionou - Imagina que tenha outra razão?
- Sim. Mas não vamos estragar algo que está fluindo tão bem, não é? - e sorri amistoso - por favor, continue. Como foi no dia seguinte, no campeonato?
Patrick queria perguntar mais, mas se contentou rapidamente em aceitar que talvez não obtivesse as respostas diretamente de mim. Na verdade, frustrar sua curiosidade foi mais uma estratégia que usei para certificar-me de minha teoria, que compartilharia com ele mais adiante.
*
Então, no horário marcado, Jefferson veio me buscar e me levou até o local da competição.
Me deu todas as dicas que lembrava durante todo o trajeto, me acalmou e tentou aliviar o clima. Porém, vendo que eu parecia distante, acabou por indagar:
- Alguma coisa te incomodando?
- hã... Não, desculpa. Só estou distraído.
Mas era óbvio que eu não poderia enganar por muito tempo, nem mesmo conseguiria me segurar muito além.
A medida que chegávamos ao local, senti o bolo em minha garganta crescer. Jefferson entrou comigo e, conforme prometido, foi me apresentando pessoas que julgou serem importantes para mim.
Eu me sentia acuado, como um pássaro em uma gaiola. Queria correr, gritar. Cada rosto que eu olhava, que eu via, eu imaginava um conhecido, um parente, alguém que apontaria e riria de mim, que diria: "Sabia que esse garoto ia acabar nesse esporte de frutinha"
Foi então que percebi o motivo de minha mãe não estar lá. Não foi uma urgência com meu irmão, não foi uma negligência como imaginei, foi pior. Foi vergonha.
Nesse instante, eu pedi licença e corri para o banheiro. Me tranquei em uma de suas cabines e ali fiquei, por não sei quanto tempo.
Foi então que escuto o som da porta e passos entrando. Andou pelas cabines e entrou na vazia ao meu lado. Ouço o som do ziper abrindo e da urina atingindo a água no fundo do vaso. Fiquei imóvel, esperando a pessoa terminar de usar e ir embora. Mas a voz de Jefferson saiu do outro lado.
- Se for ficar aí até a competição acbar, por favor, me avise. Te levo embora e não precisamos os dois passarmos por tal humilhação.
Sua voz não soava irada, mas impaciente. Aquilo me apertou o peito.
- Desculpe - Foi tudo p que consegui falar.
Então, ouço o som do ziper fechando e da descarga. Logo após ele sai de sua cabine e bate minha porta.
- Abre - falou.
- Jefferson, eu...
- Agora - sua voz baixa e penetrante não me deixou margem para discussão.
Abri e ele entrou. Olhou em volta, a cabine apertada e riu sarcastico quando fechou a porta.
- Eh, isso me trás lembranças. - então se voltou pra mim, braços cruzados e feições curiosas
Esperava que ele estivesse irritado, decepcionado, ou algo assim. Mas ele apenas me encarava como se estivesse diante de algo incompreendido. Como a obra de arte de uma criança.
- Me diga, Patrick. Porque tem tanto prazer se sabotar? - Mas não queria uma resposta, e continuou, me atropelando - nesse pouco tempo que lhe conheço, tu já tentou se sabotar três vezes. Quando errou aquele salto na sua audiência que, eu tenho certeza, você não tinha nenhuma dificuldade em executar. Quando chegou ao meu Centro de treinamento e falou aquelas asneiras. E agora.
Agora era eu quem não queria falar
- Me diga, está chateado de sua família não ter vindo?
Fiz um sinal negativo com a cabeça.
- Viu alguém que não te agrade, que acha que pode te prejudicar?
Mais um sinal negativo. Não conseguia formar palavras.
- Então... - e esperou. Dessa vez eu teria de falar
- Só que... Eu cresci tanto tempo aqui, com o povo dessa cidade fazendo chacota com relação a ginasta que... Desculpe. Sei que não devia estar sendo covarde, só...
- E algum desses imbecis, você acha que viria assistir tal competição pensando dessa forma?
Ri sem graça, pois sabia o que estava parecendo bobo.
- Não. Acho que não.
Jefferson se agaixou disnte de mim para me encarar.
- Então, mais uma vez o problema não é ninguém além de você. Você e sua mania de se sabotar.
Não falei nada.
- Já que eu estava errado e você não é do tipo de pessoa que se cobra a tal ponto de não precisar de um avaliador. Façamos assim. Ou tu entta na merda daquele tatame e da um show, ou juro por Deus que nunca vou te perdoar. Não interessa nenhum desses merdas que estão lá fora. Você vai focar em mim, vai olhar pra mim, entendeu? Vai agradar apenas a mim. Te vejo lá fora em 20 minutos.
As palavraa me atingiram de forma tão violenta que senti como se ele me pegasse pelos ombros e me sacudisse. O que não precisou.
Saiu da cabine e do banheiro sem mais nada dizer. Fiquei em silêncio, imóvel, estático, absorvendo aquelas palavras e então o medo tomou conta de mim. Eu não queria decepciona-lo, afinal. Tinha medo que ele nunca me perdoasse. Se eu não pudesse ser corajoso por mim, ao menos tinha que ser corajoso por ele.
Levantei, lavei o rosto e cheguei ao tatame faltando dois minutos para minha hora de se apresentar.
Estava mais cheio que imaginei, plateia, equipe de apoio, juri e demais atletas. Não conhecia ninguém ali. Estava em minha cidade natal e não conhecia ninguém ali. Só então me dei conta como os anos de minha juventude foram solitários. Estando em um lugar onde não consegui criar laços com ninguém.
Foi então que realmente percebi a idiotice de meu medo inicial. E eu me foquei no único rosto conhecido, no único que me importava. Sentado na primeira fileira. Postura impecável e olhar penetrante. O nesmo que me deixava nu. Me imaginei novamente naquela cama, exposto para ele.
E a mesma sensação veio, o mesmo prazer. E então eu soube que conseguiria. Pois tal como estava na cama, não importava o medo, não importava minha vergonha. Eu não ia dar para trás, pois eu queria impressionar Jefferson. Queria agradar Jefferson.
E fiz.
*
- E como foi a apresentação? - Perguntei
- Dizem que fui muito bem. E acho que foi verdade, pois venci - e riu, meio abobado - A verdade é que não lembro de nada pois estava... Tão... Anestesiado. Era como se eu voasse. Como se não tivesse ninguém ali. Não lembro dos movimentos que executei, não lembro se segui ou não a coreografia direito. Eu só... Fiz.
Esperei ele absorver o peso das próprias palavras.
- O que Jefferson significou pra você naquele dia?
- Ele? Acho que... Um porto seguro. Não - corrigiu rápido - Mais que isso. Ele me incentivou, me deu força... Na verdade, ele foi praticamente a unica razão para eu conseguir. Se ele não tivesse me obrigado a ir eu...
- Acha que sua imperatividade, foi o empurrão que faltava pra você tomar a decisão?
- Tenho certeza - desta vez Patrick falou com a convicção que não tinha apresentado até hoje em todas nossas sessões. - Pra ser franco, acho que nunca consegui tomar uma decisão verdadeira em toda minha vida. Sempre deixei os outros tomarem por mim. Mesmo para sair de minha cidade e tentar a vida em um colégio interno, eu queria muito... Muito mas era incapaz de pedir para minha mãe. A prova que fiz, foi cortesia de meu colégio, e como foi gratuita minha mãe não se opos. Fiz e quando fui chamado, o pastor de nossa cidade quem teve de convencer minha mãe. Disse ser uma oportunidade única na vida e que eu tinha que aproveitar.
- O que te convenceu a vir fazer sessões comigo, Patrick?
- Uma amiga. Disse que eu tinha que fazer, pois me via muito triste - falou de forma perdida, como se ainda estivesse sonolento. Então, despertou rápido e riu - Acho que afinal é disso que eu gosto. Não gosto de tomar decisões. Prefiro quando os outros tomam por mim. Jefferson era ótimo em tomar decisões por mim e eu confiava nele e... - e mais uma pareceu despertar no susto - acho que entendi o que você quis dizer no início.
Sorri, e tomei notas.
- Foi mais rápido que pensei - admiti
Patrick começou a rir. Riu descontroladamente. Mente vagando por suas lembranças, provavelmente tentando achar todos os momentos de sua vida que comprovassem tal epifânia.
- Mas não era só isso... - refletiu, voltando a narrativa - Tinha um lado meu que só ele conhecia... Só ele sabia tratar... E começou na volta daquele torneio.
- Quando estiver pronto - convidei.
*
Iriamos aproveitar que tudo tinha acabado cedo e iriamos logo pegar a estrada. Seriam 3 horas de carro. Ele então me levou em casa para pegar minhas coisas.
Dessa vez, Jefferson aceitou neu convite para entrar. Me acompnhou até meu quarto e esperou pacientemente eu arrumar minha mala.
Percebi que ele olhava um urso marrom que eu tinha em minha cama. Ele olhava de mim para o urso, curioso, e senti que só não perguntou para não me deixar sem graça.
- Ganhei de uma namorada - Expliquei.
- Hum... - acenou positivamente, ainda achando graça.
- Vejo que ainda é um garotinho em essência.
Tinha carinho em sua voz, embora eu sentiase a necessidade de mostrar pra ele que não estava tão certo afinal.
- Mais ou menos - e ri.
- Fala sério, garoto. Diz aí, qual foi a coisa mais maluca que você fez? Antes de me conhecer, é claro.
Naquele momento, eu fui até meu computador e o liguei. Abri um blog na internet, meu blog. Em que eu escrevia com o pseudônimo de Michel.
- Nunca mostrei isso pra ninguém.
Engraçado como as vezes nos arrependemos tão rápido de alguma coisa.
Minha vontade era de desligar o computador na hora, antes que ele sequer pensasse em ler, mas não o fiz. Não ia dar pra trás naquilo também.
Jefferson então veio e se sentou à mesa do PC.
- E isso seria um diário? - Questionou, levemente interessado.
- Um pouco. Embora algumas coisas sejam somente fantasias. Mas algumas aconteceram.
Eu lutava para não sair correndo. Quando seus olhos correram rapidamente pelas linhas, senti sua expressão mudar. De uma aparente graça, para curiosidade. Então, surpresa velada. E depois espasmo.
Ele olhava de mim para o escrito com aquele olhar penetrante, repleto de malicia. Um meio sorriso brotava. Jefferson chegou a lamber os lábios.
Aquilo era muito pior do que estar nu em sua cama
Jefferson não via meu corpo, via minha alma. Nunca ninguém tinha olhado tão fundo em mim. Eu me abracava como que tentando proteger e resguardar alguma partes de mim.
Cada hora que ele me olhava, o brilho em seus olhos e o olhar predatória pareciam se intensificar mais. Eu começava a ficar excitado na mesma medida em que queria fugir dali. Aquela mesma dualidade que encarei em sua cama.
Jefferson não fazia sequer um som, seus olhos correndo livremente pelas linhas de meus relatos. Vi que ele chegou no conto em que me imaginei sendo currado no vestiario pelos meus colegas de escola
- Esse... Esse é ficção - gaguejei, mas se ele ouviu ou não, eu não saberia dizer.
Quanto tempo ele ficaria ali, preso lendo sobre minha vida. Comecei a achar que ele estava fazendo aquilo de propósito. Uma vontade louca de me masturbar me acometeu, mas eu segurei a onda. Com mais uma espiada, vi que ele chegou em um relato verdadeiro. Quando eu quase chupei meu padrasto.
Foi numa noite de sexta, minha mãe tinha compromisso com a igreja e meu padrasto ficou bebendo com amigos. Chegou em casa um pouco antes dela e se esparramou no sofá. Lembro que reparei em seu volume a primeira vez aquela noite. Não lembro exatamente o que me acometeu, mas quando eu menos esperei, estava de joelhos diante dele. Abrindo seu zíper e pondo aquele membro pra fora
Ele sequer se mechia, desmaiado pelo álcool. Minha boca chegou a salivar e, quando eu já tinha arregaçado a cabeça pra fora e preparava para por na boca, escuto o som do carro de minha mãe estacionando.
Corri feito louco para meu quarto e chego a tempo de ouvir minha mãe gritando com ele por estar bêbado e com "as vergonhas a mostra" no sofa da sala
Viajei nesta lembranca e, quando volto a realidade e dou por mim, vejo que Jefferson já parava de ler e estava de pé, diante de mim. Me olhava como se eu fosse algum tipo de animal raro e maravilhoso. Uma espécie em extinção.
Ele pegou meu queixo e ergueu meu rosto, me fazendo encarar fundo em seus olhos. Que tinham um brilho ainda mais sedendo do que todos os que eu havia testemunhado até então.
- Você é um... Pevertido...
Apesar das palavras, não havia acusação em sua voz, e sim uma profunda admiração.
Sem falar nada ele puxou minha blusa, arriou meu short. Me empurrou contra a cama e comecou a arrancar o que faltava de minhas roupas.
Não fiz qualquer resistência. Quando nu, fiquei esperando deitado na cama enquanto ele me admirava. Uma presa novamente sobre seu olhar
Instintivamente, agarrei meu urso e o abracei. Meu gesto fez seu rosto se contorcer em extase
- Ah garoto... Assim você acabada comigo
Abriu o zíper e pôs o órgão pra fora. Me puxou para a borda da cama, me pôs de bruços, ainda agarrado ao urso. O pau enorme entrou de uma vez, me rasgando por dentro.
Afundei a cara em Sebastian (era o nome do meu urso) para abafar o grito.
Ele meteu com força, sem dó. E eu aguentei firme.
- Achei que tinha ido longe demais com você.... - Arfou - Mas agora que sei quem você é... Garoto... Eu vou com tudo - e me pegou pelos cabelos e trouxe meu ouvido para perto se sua boca. Encravou o pau o mais fundo que conseguiu, me fazendo delirar - Você é meu a partir de hoje.
E me soltou, se ajeitou e agarrou minha cintura. Agarrei Sebastián com força e aguentei firme as estocadas violentas que vieram depois.
Abafei meu grito enfiando a cara no urso, maa ele não deixou. Mais uma vez me puxou pelos cabelos e me forçou a soltar a voz. Aquele gemido manhoso e fino que parecia gostar tanto. Pobre Sebastian, estava todo sujo com meu semem ao final daquela tarde. Tive de leva-lo comigo para lavar.