Daren estava nas nuvens e o que ele mais queria na vida era ter aquele garoto para si, e ele enfim teve, mesmo que não seja da forma como ele queria, mas teve.
Seu pai tinha um escritório de advocacia um dos melhores do país, devido a isso, um certo dia Daren viu seu pai conversando pessoalmente com o senhor Alejandro, a família dos dois eram próximas até demais, sempre um fazendo favores para o outro.
E naquele dia não seria diferente, apenas agora a diversão das famílias seria o que envolvia os filhos da família.
O pai de Daren era um senhor que estava com uma barriga de cerveja, de olhos verdes intensos, mãos grossas e dedos longos, cabeça com cabelos grisalhos e sem um fio de pelo se quer na barba, de baixa estatura, seu pai sempre estava fumando um charuto, dizendo o pai que não matava rápido.
Daren odiava sentir o cheiro daquilo e nunca colocou um cigarro sequer na boca por causa do mau hábito que o pai tinha, sua mãe era uma preta bonita e alta, quando mais nova era modelo é uma das melhores, mas se casou cedo com o brilhante Omar Maroki. E foi Aqui que ela se afundou, nos primeiros anos de casamento sua mãe era gentil e ainda continuava a trabalhar, sempre fazendo uma publicidade ou outra, ela ainda recebia elogios de homens, porém diminuíram por ser esposa do Pitbull dos tribunais.
Mas o ciúmes doentio do pai de Daren começou a aparecer, em seu terceiro ano de casado, a mãe conversava com um colega de trabalho que não via a anos e naquele dia seu pai estava com a cabeça lotada de ideia pra defender um caso quase perdido, sua paciência estava por um fio.
Eles estavam almoçando juntos e quando na bendita hora em que eles estavam brindando, o pai de Daren chega no restaurante e ver aquilo, o ciúmes subiu a cabeça e ele começa a fazer um barraco, levando a esposa para casa, foi quando Daren viu pela primeira vez uma discussão que acabava com um tapa bem dado na cara de sua mãe.
Mas isso não acabaria por ali, era apenas o começo, ela foi aos poucos parando de trabalhar por causa do esposo que foi comendo a cabeça dela para não trabalhar mais, porque não precisava, e foi afastando mais e mais todas as amigas que ela tinha, a família que a pertencia.
Até que ele ficou mais abusivo, brigas e mais brigas, discussões eram recorrentes para os dois, brigas e agressões verbais e físicas eram trocados todos os dias.
Até que ela não aguentou mais e cometeu suicídio, ela tomou vários remédios e misturou com as bebidas que ela tomava, a sua sorte foi que Daren chegou mais cedo da faculdade naquele dia e encontrou sua mãe convulsionando.
Ele conseguiu a salvar, mas desde daquele dia eu odiava seu pai, com todas as suas forças, e Começou a planejar a queda de seu pai.
Sua mãe teve que ser internada numa clínica psiquiátrica e todos os dias ele ia ver sua mãe, que começou a ter crises de Pânico, dependência alcoólica e de narcóticos, com a depressão e ansiedade.
Daren tinha TDAH alto, então nunca conseguia se concentrar em algo, mas ele começou a usar o seu hiper foco em como destruir e acabar com o próprio pai.
Daren indo visitar sua mãe certo dia, encontrou um garoto que nunca pensou em encontrar, o garoto era bonito, gordinho de olhos claros e sorriso estonteante, ele conversava com sua mãe e ajudava ela no que podia, era um paciente da Clínica. Ele tinha diagnóstico de dupla persona, hiper realidade, uma inteligência fora do comum. Daren se encantou com o garoto ao ve-lo.
"Muito prazer, eu me chamo Charles Valentim e como você se chama?"
Daren sabia que não era certo amar alguém que estava ali como paciente, porque ele não tinha psicológico com ele mesmo ou a família, imagina ter mais esta responsabilidade.
So que ele não conseguia controlar o sentimento. Ele começou a colocar como obrigação falar com ele todos os dias, a cada dia que se passava eles conversavam sobre tudo, e ali ele conheceu a segunda persona de Charles. A mãe do garoto ainda continuou no hospital, mas depois de um tempo, começou a esquecer que tinha um filho e em alguns de seus 39 anos, ela morreu por parada cardíaca.
Charles por outro lado melhorou e saiu do hospital, depois de anos que eles se reencontraram num almoço despretensioso.
Tudo isso passou na cabeça de Daren antes dele chegar onde seu pai pedia sua ajuda, ele abriu o escritório e lá estava seu pai olhando alguns vídeos para um cliente.
Daren ficou mais frio sem ao menos perceber, seu pai tirou tudo que ele tinha, o amor que ele dizia ter, nunca foi real para com o filho. Omar encarou seu filho e pediu pra sentar.
"Você vai fazer algo por mim. - Seu pai nem ao menos o encarou e cuspiu as palavras secamente. - Tenho uma aliança a se formar, exijo que você cumpra com o papel que irá nos render muitos benefícios."
Daren sabia que seu pai era ardiloso e cruel, reforçando a ideia do quão ele gostava dos Status e de tudo que sua imagem representava para seu patrimônio.
"Você irá se casar com filho de Alejandro Pantoja, dando apoio em sua candidatura e também trazendo votos a ele. - Seu pai ali naquele momento observou o filho como uma mercadoria que pode trazer dinheiro para família."
Daren se engasgou com a própria saliva e tentava balbuciar qualquer coisa em forma de protesto. Ele era gay e isso todo mundo sabia, mas se casar para enganar uma eleição e trazer votos já era algo muito além de si próprio.
"Eu não vou me casar desse jeito, você não pode me obrigar a dar esse golpe num país que mais mata LGBTs em massa só por causa de votos ou dinheiro público. - Daren tentava se controlar, ele odiava enganar pessoas, odiava o fato de ter gente que enganava e usava de má Fé para se aproveitar o maximo que podiam."
Omar encarou o filho e olhou aos céus pedindo para que Deus o levasse o quanto antes.
"Não vivemos num mundo colorido, unicórnios não existe, então temos que se vira o quanto podemos, então para de ser imbecil e faça o que mando. - Omar tirou os óculos e respirou fundo, ele sabia que o filho tinha um temperamento forte, disso ele tinha herdado dele, mas sabia como controlar o menino. - Eu não sou uma pessoa ruim, Daren. Eu fiz várias coisas que não me arrependo, mas foi para te dar uma vida boa, uma vida justa."
Daren não queria ouvir seu pai, de todas as coisas um casamento fajuto e aproveitar de sua orientação sexual para isso, mas seu pai continuava a falar.
"Não queria que passasse pelas mesma coisas que passei e Deus me ajude, eu nunca quis que o mundo machucasse meu filho, como fazem com muitos outros. - Omar respirou fundo e encarou seu filho tentando passar toda a emoção que precisava. - Não sou o pai perfeito, mas sou o pai que está aqui tentando fazer de meu filho um herdeiro e ele ser casado com uma pessoa que está no mesmo nicho que ele, que gosta das mesma coisas, que tem os mesmo sentimentos e mesmo pensamentos. Heitor Pantoja é a pessoa certa pra você. Sua mãe apoiaria o casamento, sendo arranjado ou não."
Omar olhou para o filho que ficou sentido ao tocar no assunto que não tocavam com muita frequência, a mãe dele.
"E sabe porque eu aceitei essa ideia maluca?"
Daren encarou o pai querendo avançar em cima dele por causa da audácia de usar a sua mãe como desculpa para seus atos.
"E qual seria?"
"Você sempre foi um idealista meu filho, uma pessoa que precisa de propósito na vida, que tem uma meta pra fazer a diferença no mundo, você tem visibilidade e ainda por cima teria como fazer a mais por todos aqueles que tanto defende. - Omar andou até onde seu filho estava em pé com os braços cruzados. - Sua Mãe tinha essa mesma qualidade, ajudar a todos que precisavam e esquecia de sua felicidade. Era por isso que eu a amo e nunca vou esquecer dela."
"Minha mãe não aceitaria isso por uma causa nobre, não desse jeito. - Retrucou Daren tirando as mãos de seu pai de seus ombros. - Minha mãe sabia o valor da causa e do quanto elas realmente importam, não faria sentido ela fazer isso."
Omar estava querendo acabar logo com essa situação, ele odiava quando qualquer pessoas fosse debater suas ideias, seu filho tinha esse mal.
"Sua mãe se casou comigo por dois motivos, um por me amar e o segundo por dar voz a todas as mulheres pretas que sonhavam em crescer na vida e não podiam ou que a sociedade a julgavam de todas as formas pejorativas possíveis. - Omar caminhou para a janela e deu a sua pausa dramática. - Então filho, vai ser igual a sua mãe ou vai fugir de seu destino?"
Daren queria ri tão alto de escárnio da ousadia do seu pai que ele teve que se conter, seus olhos esquadrinharam a sala toda, papéis e mais papéis estavam bagunçados em cima da mesa de trabalho em volta de um computador ligado, fotos de pessoas que ele não conheciam estavam entre os papéis.
Daren pensou rapidamente e ali viu uma oportunidade para começar a ter seu plano traçado para queda de seu pai.
"Vou honrar a memória de minha mãe, vou fazer isso."
Omar sorriu triunfante e logo se voltou ao seu filho, pegou uns papéis que estavam juntos com algumas fotos e entregou ao filho.
"O que são isso? Uma ficha do Heitor?"
"Está mais para um dossier dele, já que vai se casar com ele, tem que saber de tudo sobre sua vida. Aí dentro tem tudo, desde dos segredos mais obscuros que aquela familia tem e de tudo que já fizeram. Estude e decore tudo e depois queime, não quero isso vazado."
Daren encarou a foto e quando percebeu quem era a pessoa que ele se casaria seu coração bateu mais forte, Heitor Pantoja era o garoto que ele se apaixonou e isso não estava acontecendo, o garoto que ele gostava seria a pessoa que ele casaria.
"Hã mais alguma coisa meu pai?"
"Até agora nada, estude o garoto que você vai encontrar ele a alguns dias, já que o pai dele o está chamando pra voltar a cidade por causa do plano."
Omar dispensou o filho que logo pegou tudo e se trancou em seu quarto, seu pau estava rígido só por causa de uma foto, ele achava que enfim poderia ter um aliado em sua guerra particular contra seu pai, ele tocou na foto e seus pensamentos logo se deixaram para um tesão enorme e enfim lambuzando toda a foto com sua gala e rindo de prazer.