Pessoal, Estou de volta. Nesse capitulo teremos transição de narração entre o Lucas e o Vitor, sempre que ver o nome do personagem a história estará sendo narrada por ele.
-Estranho: Bom dia, desculpa por incomodar mais você pegou o melhor lugar da praia para ver o nascer do sol, posso me sentar com você?
Olhei para o lado meio assustado e me deparei com um garoto de mais ou menos 17 anos, cabelos castanhos claros olhos verdes e corpo bronzeado, ele estava sem camisa “quem ficaria sem camisa tão cedo assim” foi o pensamento que me veio a cabeça mais ao olhar melhor percebi que ele tinha um corpo bonito, o tórax definido, peito largo e liso usa um calção e uma mochila nas costas.
- Estranho: Então?
- Eu: Claro que pode, desculpe eu não funciono muito bem pela manhã.
Ele soltou uma gargalhada. – A propósito me chamo Matheus.
- Eu: Prazer, me chamo Lucas.
- Matheus: Então Lucas, você mora por aqui ou está passando férias?
- Eu: Estou passando férias com uns amigos moro em Goiânia e você?
- Matheus: Sério? Legal também estou passando férias mais com a minha família, sou de Brasília a propósito.
- Lucas: Legal, é bem perto de Goiânia.
- Matheus: Droga, o Sol já nasceu.
Ele me olhou meio indignado. – Você me deve um nascer do Sol. E abriu um sorriso, a indignação momentânea era apenas um teatro.
Olhei para ele meio indignado enquanto ele procurava alguma coisa na mochila.
- Matheus: Achei, me dá a sua mão.
Entreguei a minha mão pra ele meio relutante e ele começou a escrever um número.
- Matheus: Tá ai, esse é meu número, me liga ou manda mensagem aparentemente perdemos o nascer do sol quem sabe amanhã não conseguimos ver juntos.
Não sabia como reagir ele era um tanto quanto intenso seja lá o que ele estava tentando fazer.
– Eu: ok, vou ver se consigo levantar cedo amanhã.
Ele percebeu que eu não pretendia entrar em contato e no lugar de afastar-se e dar espaço ele aproximou-se ainda mais olhando fixamente nos meus olhos, aqueles grandes e belos olhos verdes olhando direto para os meus era hipnotizante.
- Matheus: Por favor, não é possível que você tem tantos amigos que não pode fazer mais um.
Com os olhos dele ainda fixos nos meus sorri para ele. – Ok, vou te mandar uma mensagem logo após o café da manhã, agora preciso ir porque estou morrendo de fome.
Ele sorriu em resposta. – Perfeito, te vejo amanhã.
Falou isso e pulou em pé novamente e correu para o lado contrário ao que hotel que eu estava hospedado, retornei ao hotel e fui direto para o saguão do café da manhã, era hora de encontrar meus amigos, entrei e logo identifiquei, Daniel, Carla e Danilo em uma mesa, “poderia ser pior” foi o que a voz em minha cabeça dizia, peguei algumas coisas para comer e um café e me dirigi a mesa que eles estavam.
-Eu: Oi.
Daniel me olhou com um misto de preocupação e raiva.
- Daniel: você está bem? Cara porque você faz isso eu não preguei os olhos a noite toda.
Carla apenas observava enquanto o Dani me questionava, coloquei o prato na mesa e fiquei ao lado do Daniel.
- Eu: Dani, levanta.
Ele levantou e eu o abracei e sussurrei no seu ouvido. - Desculpa, eu não queria te preocupar eu só precisava ficar sozinho para absorver o que eu vi.
Ele ficou sem ação com a minha atitude.
- Daniel: Tudo bem Lucas, mais o que você decidiu?
- Eu: Estou esperando-o acordar para conversarmos, já tomei minha decisão do que devo fazer.
- Daniel: E o que você vai fazer?
- Eu: Dani, eu preciso conversar com ele e deixar ele falar o que tem que falar, mais ja devolvi a chave do quarto pra ele.
Depois dessa declaração o clima ficou pesado e terminamos de tomar o café meio em silencio.
Vitor
Acordei, mas não consegui abrir os olhos, meu estômago está revirando e minha cabeça latejando de tanta dor, lentamente tentei abrir os olhos mais a claridade me fazia sentir pior, aos poucos meus pensamentos estavam retornando e as lembras da última noite também.
Como deixei a situação chegar naquele ponto, a algumas semanas eu vinha trocando mensagens com o Cauan mais sem nenhuma conotação sexual, como me deixei levar a ponto de corresponder aquele beijo? E o pior, eu realmente gostei do beijo, quer dizer, não era igual ao beijo do Lucas que sempre era carregado de carinho e sentimentos mesmo quando as coisas esquentavam eu percebia que ele controlava seu desejo para não descompassar minha respiração, o beijo do Cauan foi selvagem carregado de desejo e me fez sentir único, “mas o do Lucas te faz sentir querido e protegido” retrucou a voz em minha cabeça, o Lucas não vai me perdoar, logo não sou eu quem vai escolher o que fazer da minha vida, mais uma vez eu estava completamente rendido esperando pela absolvição, condenação ou o purgatório em qual ele me colocaria, “ você está transferindo a culpa do seu erro para ele” me irritei comigo mesmo, essa discussão interna não vai me levar a nada, com um certo custo abri os meus olhos e procurei meu celular, ele estava no criado mudo ao lado da cama junto com um remédio e um copo de agua, sorri, achei que tinha sonhado que ele tinha me colocado na cama, meu coração disparou de felicidade “ você ainda tem chance” era o que a voz na minha cabeça dizia, levei o comprimido ate a boca e tomei um gole de agua para ajudar a descer e foi então que percebi um pequeno papel que deveria estar embaixo do comprimido peguei-o em cima do criado mudo e abri, identifiquei a letra dele:
Vitor, bom dia!
Não quero mais brincar ou fazer jogos onde nos dois saímos machucados, precisamos conversar e ajustar tudo que precisamos ajustar. Te espero no jardim do hotel ao lado da piscina das 08:00 até as 12:00.
Obs.: Deixei a chave do quarto na mesa, e já retirei todas as minhas coisas do quarto.
A felicidade do comprimido havia acabado, aquele bilhete havia me trazido de volta a realidade e da gravidade do que eu havia feito. Respirei fundo e olhei no celular para saber as horas, o mostrador indicava 09:00 horas, respirei fundo e levantei da cama, o mundo girou a minha volta, “caralho, que merda eu fiz comigo mesmo bebendo uma garrafa de vodka”, fui ate o banheiro com certa dificuldade, olhei-me no espelho e não reconheci o reflexo, meus olhos estão com um tom avermelhado, meu cabelo suado e grudado no rosto, meu hálito estava horrível além do tom de pele amarelado da minha pele, definitivamente parecia um zombie. Liguei o chuveiro e deixei a água cair pelo meu corpo, não tinha muita pressa pois estava com medo da conversa com o Lucas, demorei o máximo possível, escovei os dentes arrumei o cabelo, passei o perfume que eu sabia que ele gostava, escolhi uma camisa branca e um short liso, respirei fundo e sai do quarto rumo ao jardim do hotel.
Sai do elevador totalmente desmotivado, andei sem muita pressa ate o jardim e de longe já o identifiquei, tentei sorrir para ele mais a expressão em seu rosto era indecifrável, não existia raiva ou rancor, porem também não transparecia amor ou amizade me aproximei e sentei na cadeira que esta do lado oposto da mesa, fiquei olhando para os meus dedos sem ter coragem de olhar nos olhos dele.
Lucas
Após o café, sentei-me no jardim para esperar por ele fiquei posicionado estrategicamente em uma mesa que me permitia ver o elevador, enquanto o tempo passava diversos pensamentos surgiam em minha mente como: “mas ele pode ser uma vítima, pois o Cauanã foi quem o beijou”, “mas ele sorriu após o beijo” ou “nossa história até agora foi tão bonita”. Precisava me distrair desses pensamentos, olhei no relógio do celular e ainda era 09:00 horas da manhã, “droga ele ainda deve estar dormindo” após esse pensamento acabei me lembrando do menino da praia e resolvi mandar mensagem.
Lucas: Oi, aqui é o Lucas o cara da praia de hoje cedo.
Fiquei olhando para o celular rezando para ele responder para me distrair dos pensamentos ligados ao Vitor, e então o telefone apita com o sinal de uma nova mensagem.
Matheus: E ai Lucas, para ser sincero achei que você não iria enviar mensagem, mas fico feliz que você tenha mandado. O que esta fazendo de bom?
Lucas: esperando para ter uma conversa difícil.
Matheus: ixi, complicado, tem planos para o almoço?
Lucas: Não estou sem planos.
Matheus: ótimo, quer almoçar comigo? (não me leve a mal não eu estou aqui com meus pais e não conheço ninguém e já estou cansado do papo de velho deles).
Sorri ao ler a ultima mensagem, mas será que seria uma boa ideia almoçar com um completo estranho? Não tive tempo de responder a minha pergunta nem a mensagem pois o Vitor havia acabado de sair do elevador, parecia que ele andava em câmera lenta conseguia ver cada detalhe enquanto ele andava, seus cabelos estavam cuidadosamente penteado, usava uma camisa polo branca que realçava seus músculos e um sorriso torto que ele fazia quando estava desconcertado com a situação ( em suma estava lindo), mais esse era o pensamento errado, enquanto se aproxima perdeu o sorriso do rosto e mantinha uma expressão que beirava a tristeza e após o que pareceu horas pra mim ele senta-se na minha frente olhando para as próprias mãos sem me encarar.
- Eu: Oi Vitor, como está a ressaca?
- Vitor: Bom, a ressaca moral está pior.
- Eu: É uma pena, te chamei para conversar porque não quero encarar essa situação como fizemos da ultima vez, como dois meninos. Quero evitar alguns meses de sofrimento e partir logo para a parte em que conversamos e resolvemos as coisas.
- Vitor: Eu estou totalmente de acordo com isso.
-Eu: então, eu estou ouvindo e quero saber o que aconteceu.
Ele ainda não tinha me olhado nos olhos, começou a entrelaçar os dedos e não conseguia falar nada.
- Eu: Vitor, olha pra mim.
Ele lentamente levantou a cabeça e olhou nos meus olhos, mas ainda não conseguia falar, sempre foi assim quando ele estava nervoso e apesar de tudo eu não sentir raiva dele, tive a súbita compreensão de que uma parte de mim sempre amaria ele, sorri para ele e tomei a sua mão. – Pode falar, não vou te julgar e eu mereço saber de tudo pois nos ainda somos amigos.
- Vitor: Então, a algumas semanas o Cauan começou a mandar mensagens e trocamos muitas ideias, ate que começamos a falar do meu relacionamento com você. Discutíamos como você me sufocava e que sempre estava no comando do que fazíamos e quando fazíamos e que ate meu dinheiro você controlava, eu acabei dando ouvidos para ele e concordando com algumas coisas, depois discutimos como você era competitivo e como nos parecíamos casados, eu sei que me deixei levar pela conversa dele, mas eu não imaginava que ele queria... me beijar.
- Eu: entendo, e o que o beijo significou pra você?
Nessa hora ele abaixou a cabeça novamente.
- Vitor: Me senti único, desculpa mais não vou mentir para você.
- Eu: Agradeço por isso, e o que você quer fazer.
- Vitor: eu estou totalmente confuso, eu logicamente amo você, mas não posso ignorar que tive sentimentos naquele beijo, eu não sei o que fazer.
- Eu: bom, eu sei. Uma parte de mim sempre irá amar você, mas estamos tendo um relacionamento muito sério no momento e acho que você não está pronto para isso.
Quando eu falei isso as lágrimas começaram a cair pelo rosto dele, era um choro calado que não pretendia protestar pelo que estava por vir.
- Eu: É melhor nos terminarmos esse relacionamento Vitor.
- Vitor: Mais eu te amo.
- Eu: Nem sempre é o suficiente, eu também te amo Vitor, mais e claro que a situação com o Cauan nos mostra que não estamos prontos para um relacionamento único, ainda temos muito o que aprendermos e aproveitarmos antes de nos entregarmos a um único relacionamento, e por mais que eu te ame não vou aceitar você ficar comigo e com outras pessoas e é claro que você possui sentimentos que ainda quer explorar na vida, se for pra gente ficar junto o destino vai se encarregar de nos juntar outra vez.
- Vitor: Se você me ama como pode falar isso com tanta calma?
- Eu: Chorei tudo o que tinha pra chorar ontem Vitor, corri feito louco pela praia ate minhas pernas não aguentarem mais e acabei caindo na areia de exaustão, raiva, dor e amor, não deixa essa calmaria aparente enganar você, eu estou sofrendo muito com o que estou fazendo, mas vou sofrer ainda mais se for permissivo com essas traições, eu amo você e uma parte de mim sempre ira te amar, mas eu tenho que amar mais a mim.
- Vitor: Nos pelo menos podemos ser amigos?
- Eu: Vitor, acho que no momento precisamos de um tempo para cicatrizar as feridas, mas você sempre será importante para mim então com o tempo acredito que possamos ser amigos novamente.
O fluxo de lágrimas que ele tinha aumentou, aparentemente ele não conseguiu ter qualquer reação.
- EU: Por favor não chora.
- Vitor: Como não chorar, você está terminando comigo não só como namorado, mais como amigo também, você está tirando tudo de mim.
- Eu: você mesmo falou que o beijo com o Cauan despertou sentimentos em você, você está livre para viver isso com ele ou com qualquer pessoa, e aos poucos nossa amizade vai se reestabelecer, não vamos ser dramático. Eu ainda quero o seu bem e estou fazendo isso da melhor forma que eu consigo.
- Vitor: O que eu quero não importa?
- E o que você quer?
- Vitor: Eu não sei.
- Eu: Se nem você sabe o que você quer, não pode arrastar quem te ama para o buraco, eu não quero mais sofrer.
Ele não respondeu, levantou e correu em direção ao elevador, “ótimo foi tudo pior do que eu imaginei”, respirei fundo levantei e sai pela porta do hotel, não queria encontrar ninguém naquele momento, andei meio sem destino ate que meu telefone toca, ao olhar no visor percebo que não era um numero conhecido, mas resolvi atender de qualquer forma.
- Eu: alo?
- Pessoa: Alo, Lucas?
A voz era familiar mais não conseguia relacionar a nenhum conhecido.
- Eu: Sim, quem fala.
- Pessoa: É o Matheus, você parou de me responder então estou ligando para perguntar se quer almoçar comigo.
- Eu: Não sei Matheus, não vou ser uma boa companhia.
- Matheus: Qualquer companhia é melhor que nenhuma, vamos la eu pago o almoço e você me fala o que está de errado com você.
- Lucas, mas eu não falei que tinha alguma coisa errada.
- Matheus: você não ser uma boa companhia quer dizer que alguma coisa está errada.
“Você não tem nada a perder”, ah foda-se. – Ok, onde você quer almoçar?
-Matheus: Me passa o nome do hotel que vou te buscar.
Passei o numero do hotel e resolvi que era melhor me preparar para o almoço.
Vitor
Sai correndo da mesa sem pensar no que estava fazendo, não por medo ou qualquer outra coisa, eu bem queria debater ate ele mudar de ideia, mas um dos argumentos do Lucas estava certo, eu estava confuso e apesar do Cauan não estar mais em porto de galinhas e a Valeria não estar grilada comigo eu realmente sentia alguma cosia por ele e também sentia muita coisa pelo Lucas, eu estava perdido e como ele mesmo disse, “se eu não sei o que eu quero não devo puxar quem me ama para o buraco”,” mas eu também te amo” era a frase que ecoava na minha cabeça naquele momento, respirei fundo e tranquei a porta do quarto e deixei o pesar daquele termino tomasse conta de mim, fui ate a janela e fiquei olhando o mar ao longe, “ ao menos e uma boa paisagem para curtir a dor do termino de um amor” mais eu não sei se realmente é o fim, quer dizer eu o amo e ele claramente ainda tem sentimentos por mim, debati com a voz da minha cabeça, fiquei debatendo comigo mesmo e olhando a paisagem por incontáveis horas, ate que a visão de uma figura familiar me traz de volta a realidade, era o Lucas entrando em um Jipe na porta do hotel, onde ele estava indo? Quem era aquele que dirigia o carro? “são perguntas que você não tem mais o direito de fazer”, dessa vez a voz tinha razão. Uma lagrima solitária saiu dos meus olhos quando finalmente entendi que havia acabado.