Sinopse: A vida da nossa jovem após um término de relacionamento deverá ser vivida um dia de cada vez mesmo não sendo fácil encontrá-lo em sala de aula.
Tristes e dolorosas lembranças enfim, tendo um desfecho.
***
- Eu disse ao Eric que ele não te merecia - ouvi a voz do Felipe que estava sentado na poltrona ao lado da minha mesa de estudos e me observava - Mas não pensei que você colocaria isso na prática.
Meus dois melhores amigos estavam comigo no quarto. Era o fim da noite de domingo quando eles foram me fazer uma última visita para saber se eu estava bem.
Sentada no meio da minha cama com meu queixo apoiado nos joelhos dobrados, Melissa estava do meu lado em posição de borboleta e acariciando os meus cabelos enquanto eu encarava, quieta, um ponto qualquer.
- Você fez muito bem, amiga! Ele mereceu você terminar com tudo.
- E como se sente? Aliviada? - o mais velho perguntou.
- Triste.
- Normal. É apaixonada por ele.
- Eu ainda consigo ouvir os gritos dele, Lipe. - desviei meus olhos na direção de onde ele estava - Eu não podia perdoar o que o Eric me fez!
- Eu te entendo.
- Os meus pais nunca gritaram comigo. - as lágrimas rolaram pelo meu rosto - Nunca...
- Mas isso vai passar! - a ruiva se aproximou e me abraçou de lado - Daqui a pouco você nem vai se lembrar dele.
- Com eles dois se encontrando em sala de aula? Queria ter essa mesma certeza, Mel.
- Nas aulas dele você senta no fundão, Ni. É simples.
- O Eric não gosta que eu me sente no fundo.
- Alô-ow!!! Você terminou com ele, se esqueceu???
Mesmo chorando, eu ainda era uma estúpida por me preocupar com o que ele podia pensar.
- Você vai esquecer ele, vou torcer pra isso!
- Não sei se eu quero...
- Ah, não! - ela cruzou os braços - Vai dizer que se arrependeu do que fez?
- Do jeito que estávamos não dava pra continuar Meli, mas... - engoli em seco - Não vai ser fácil. - olhei pro meu celular no edredom e o peguei, tocando na tela e o desbloqueando.
- Vai fazer o quê?
- Não posso mais ter contato...
- Isso mesmo. Bloqueia ele em tudo!
- O telefone sim. - cliquei, fazendo o passo a passo e bloqueei o número do Eric - Mas o Instagram...
- Bloqueia também!
- E se eu apenas silenciasse o perfil? - olhei para Melissa - Assim eu não iria ver nada que ele postasse.
- E cair na tentação de stalkear ele?
- É... - respirei fundo, fui no perfil dele do Instagram e fiz o mesmo que tinha feito com o contato - Você tá certa. Vai ser melhor - e enxuguei as lágrimas do meu rosto.
Precisava cortar toda forma de contato com o Eric e as redes sociais seriam um bom início.
Força. Era o que eu iria precisar ter daquele dia em diante e entender que o Eric não estava mais na minha vida a não ser dentro de uma sala de aula. Eu não tinha certeza se conseguiria perdoar o primeiro e único homem que conquistou o meu coração, por mais que ainda fosse apaixonada.
- Se ele diz que eu sou mimada e tenho que crescer então que encontre uma mulher adulta pra ele. - e de novo, não consegui segurar as lágrimas por mais que eu tentasse secá-las do meu rosto com uma das mãos enquanto eu segurava o meu celular com a outra.
- Não chora mais... - a ruiva me deu um beijo no rosto - O Eric não merece as suas lágrimas.
- É melhor irmos pra casa, Mel. - O irmão se levantou da poltrona e veio na minha direção, ficando ajoelhado na cama e me deu um beijo nos cabelos - A Nívea precisa descansar.
- Obrigada por terem vindo.
- Somos seus amigos.
Melissa me deu um último beijo no rosto e se levantou da cama ficando ao lado do irmão.
- Qualquer coisa é só gritar que voltamos correndo! - ela brincou.
- Eu queria pedir uma coisa... - me peguei pensando em algo.
- O que é? Pode falar!
- Na verdade... Lipe, se acontecer de você e o Eric se esbarrarem pela faculdade, não fala mais nada de mim pra ele. Por favor.
- Bom, eu só estou indo ao campus duas vezes por semana mas... - ele sorriu - Tá bom. Se acontecer, eu não falo nada.
- Obrigada.
- Eu só espero uma coisa, Nívea.
- O quê?
- Que você realmente não se arrependa.
- Vai defender ele agora? - a irmã o olhou com desprezo.
- Não, não estou defendendo.
- Nas horas que eu fiquei no hospital, eu pensei muito. Como o Eric pode dizer que me ama, que faz tudo pensando em nós dois se ele só me faz chorar?
- Tudo bem - ele suspirou - Você fez o que achou que era melhor. A gente se fala durante a semana. Tchau.
- Tchau, amiga.
- Tchau.
Melissa e Felipe deixaram o meu quarto. Finalmente aquele domingo terminou no momento em que desliguei a luz, pus minha cabeça no travesseiro e fui dormir.
Mas eu não conseguia parar de pensar em como tudo seria dali pra frente.
***
Durante o café da manhã e pronta para o colégio, enquanto eu bebia o meu achocolatado gelado e comia um misto quente, meus pensamentos ainda estavam confusos entre a noite de sexta-feira e o ponto final que eu tinha colocado.
Os lindos olhos azuis do Eric eram pura tristeza quando eu acabei com tudo. E por que eu estava me preocupando em como ele reagiu? Ele não pensou no quanto eu iria ficar magoada depois de ter gritado comigo e falado todas as coisas que me falou.
- Filha... - a voz da minha mãe me tirou dos meus pensamentos.
- Hã?- pisquei os olhos e a encarei. - Oi, mãe...
- Tá tudo bem? Se sente melhor? - ela e o meu pai me observavam com atenção.
- Sim, não sinto mais febre.
- Que bom. - ela sorriu e meu pai sentado na ponta da mesa entre nós duas fez um carinho na minha mão.
- Vamos então, mon ange? - ele deu um último gole no seu café e se levantou da mesa - Só preciso ir no quarto buscar minha pasta.
- Vamos sim. - terminei de tomar o meu café e também me levantei da mesa, indo até o sofá e pegando a minha mochila, pondo nas costas, ajeitando as alças nos ombros.
- Se você se sentir mal, peça ao professor para ir até a enfermaria - minha mãe me beijou no rosto e me abraçou de lado.
- Acho que não vou ter mais nada.
- Espero que não.
Meu pai apareceu na sala e enfim, saímos de casa.
O trânsito até o colégio era o mesmo de sempre mesmo não sendo um caminho longo. Seria a minha primeira aula em que Eric Schneider se tornaria apenas o meu professor.
E eu pediria a Deus para não começar a chorar no instante em que eu o encontrasse em sala.
- Você vai ficar bem? - meu pai perguntou, assim que parou o carro um pouco distante da entrada do colégio.
- Vou sim - sorri sem jeito.
- Almoça direitinho, ok?
- Vou almoçar pai, ne t'inquiète pas.
Trocamos um abraço e saí do carro em direção ao colégio que já tinha uma movimentação de alunos entrando e de carros pela rua.
Após ir até a cantina como sempre, comprar um sanduíche e ir ao banheiro, cheguei na sala de aula e não havia muitos alunos.
- Oi amiga. - Gabriele, que estava encostada na mesa do professor junto do Frederik e do irmão, veio na minha direção e me abraçou - Pensei que você fosse faltar hoje... - andamos juntas na direção dos meninos.
- A febre já passou. - dei um meio sorriso.
- Legal.
- Que susto você deu na gente, hein - Patrick brincou sentado em cima da mesa e Frederik me olhava como se estivesse preocupado.
- Eu imagino, Patrick. Mas não queria preocupar vocês.
Sem falar nada, Frederik gentilmente colocou sua mão na minha testa e depois no meu pescoço para saber se eu ainda estava sentindo algo.
- É... - ele sorriu e me olhava nos olhos - Tá mesmo sem febre.
- Obrigada por se preocuparem, mas eu vou ficar bem.
- Sua mãe falou que a febre foi muito alta, Nívea - ele comentou - E assim, do nada? Aconteceu alguma coisa pra você ficar desse jeito?
Engoli em seco com aquela pergunta. Por mais que os meus amigos soubessem que eu tinha uma pessoa na minha vida e que ela era a responsável por me deixar doente eu não estava pronta para respondê-la.
- Deve ter sido algo que eu comi. - menti.
Alguns alunos entraram em sala e em poucos minutos, a aula de geografia iria começar. Olhei toda a sala e lembrei do que a Melissa tinha me dito na noite anterior. As mesas no fundo ainda estavam vazias.
- Podemos sentar hoje no fundo da sala?
- Tá falando sério? Você toda certinha indo sentar no fundão?
- Só por hoje, Gabi.
- Xiii, ainda está doente. - O irmão continuou a debochar.
Não pensei em nada, fui para o final me sentando na última fileira com a cadeira encostada na parede. Gabriele se sentou do meu lado enquanto que Patrick e Frederik se sentaram na nossa frente.
Era o mais longe do Eric que eu conseguiria ficar ao menos naquele dia.
***
Depois de almoçar, falei com os meus amigos que iria passar o restante do intervalo na enfermaria do colégio descansando. Não estava querendo ficar perto da agitação do intervalo. Ainda não tinha visto o Eric, nem mesmo no refeitório e estranhei. Será que ele havia deixado o colégio? Uma sensação estranha tomou conta do meu peito.
Quando o intervalo estava perto de acabar, deixei a enfermaria, voltando em direção para a minha sala. Meu coração batia acelerado. Teríamos aula de Literatura com algum professor substituto?
Chegando na porta, Eric estava ali. Sentado na mesa do professor fazendo as suas anotações e lindo como sempre. Fiquei aliviada em vê-lo pois ele continuaria a nos dar aula. Por que a preocupação com isso, Nívea? Vocês não estão mais juntos! E se ele realmente deixasse de ser o seu professor? Você não terminou com tudo?
Sim, sim! Eu terminei e o que ele iria fazer da vida dele não me interessava em mais nada. Era isso que eu precisava enfiar na minha cabeça. Não era?
- Excuse-moi - dei duas batidinhas na porta e ele olhou na minha direção.
- Entrez, mademoiselle Martin - seus olhos por baixo do óculos se voltaram para o que estava na mesa.
- Merci.
Entrei caminhando rapidamente até o fundo da sala e me sentei. Gabriele nem tinha reparado em mim pois estava totalmente atenta ao seu celular e comendo uma barra de chocolate.
Guardei minha bolsa e o celular na mochila e peguei o meu estojo junto do livro de Literatura, colocando ambos na mesa. Quando olhei para frente, os olhos azuis dele estavam paralisados na minha direção. Eric não estava acreditando em me ver sentada no famoso fundão. Se ele tentasse me enviar alguma mensagem iria se dar mal.
O sinal tocou dando o fim do intervalo e todos os alunos estavam em sala. Eric esperou todos se sentarem em suas mesas para dar início à aula.
-D'accord, reprenons là où nous nous étions arrêtés lors du dernier cours. - ele anunciou em pé diante de todos.
(Certo, vamos continuar de onde paramos na aula passada.)
Eric voltou para a mesa abrindo o livro e de novo, seus olhos se cruzaram com os meus. Ele não ficou nada contente em me ver sentada onde estava.
- Ele parece mau humorado. - Gabriele comentou baixinho perto de mim - Será que vai voltar a ser aquele professor chato do ano passado?
- Eu espero que não...
Ele não podia voltar a ser o que era apenas porque tínhamos terminado. Não seria justo e os alunos não tinham culpa de nada. Felizmente, a aula ocorreu de forma tranquila. Eric conversava e nos explicava com muita calma sobre o período literário daquele terceiro bimestre. Como eu o conhecia bem e melhor que os outros alunos, ele não estava de mau humor.
Apenas estava mais sério do que os outros dias de aula.
***
Mais um dia terminado e eu não chorei. Mesmo não sentindo mais febre, ela foi uma boa desculpa por estar na verdade triste e seria um dia de cada vez sem o Eric.
Chegamos na portaria do colégio e Evandro prontamente já nos esperava. Ele falava no celular e prestava atenção em cada palavra que a outra pessoa do outro lado da linha dizia. Seu rosto parecia um pouco tenso.
- O que será que houve? - perguntei enquanto o encarava.
- Aconteceu alguma coisa... - Patrick também o olhava.
Evandro se afastou um pouco de nós com o aparelho no ouvido mas logo em seguida voltou, desligando o telefone e então nos deu atenção.
- Desculpem crianças. - ele continuava a olhar o telefone nas mãos - Mas aconteceu um imprevisto.
- Algo sério? - Frederik questionou.
- Mais ou menos. - e então ele olhou para mim - Os seus pais e o senhor Bertrand estão na sua casa, senhorita.
- Tão cedo? - era estranho aquilo acontecer.
- Pois é, eu estava falando com o senhor Bertrand. Ele pediu para que eu fosse com vocês pra lá.
- A vovó pode ficar preocupada.
- Tudo bem, Gabriele. Entrem no carro que eu telefono para a Dona Raquel. Vamos logo. - ele ordenou.
Entramos no carro e Evandro ficou do lado de fora por mais alguns minutos. Após falar com a avó dos irmãos, ele entrou no carro, colocando o cinto de segurança e deu a partida, dirigindo ladeira abaixo da rua do colégio.
- Falei com a avó de vocês. Ela está ciente e apenas pediu para que não demorássemos.
- A vovó se preocupa mas é tranquila. - Gabriele sorriu encostando a cabeça no assento do carro.
Chegamos no meu prédio e quando entramos no apartamento, me assustei quando vi que não apenas o pai do Frederik estava na sala mas Dona Cecília e o Senhor Henrique estavam presentes.
- Meu anjo! - minha mãe que estava sentada no sofá ainda usando roupas de trabalho, se levantou e veio na minha direção me dando um abraço. Todos se viraram na minha direção e dos meus amigos parados perto da porta ao lado do Evandro.
- O que foi mãe? - ficamos abraçadas e depois ela me levou para o centro da sala em silêncio. Meu pai se aproximou e me beijou nos cabelos.
- Vocês estão me assustando...
- C'est incroyable. - meu pai balançava a cabeça se lamentando - Eu e a Helena éramos clientes há anos...
(É inacreditável)
- Eu também estou sem acreditar. - senhor Bertrand emendou o comentário - Eu, Denise e o Frederik íamos almoçar lá por diversas vezes aos domingos.
Fiquei paralisada e senti meu corpo congelar. Meus olhos se encontraram com os da mãe da minha melhor amiga que rapidamente entendeu a minha reação.
- O que aconteceu, pai? - Frederik se aproximou do pai e os dois ficaram lado a lado.
- Mãe... - olhei para ela que me encarava com ternura mas ao mesmo tempo parecia tensa - O que houve? Me fala... Você e o papai nunca chegam tão cedo em casa.
- O Heitor foi pego assediando uma jovem, Nívea. - Senhor Henrique tomou a frente - E o assunto foi parar nos noticiários.
- Meu Deus...
- Quem é Heitor? - Gabriele perguntou.
- Por acaso vocês estão falando do caso daquele gerente do restaurante que foi pego em flagrante por assediar uma cliente menor de idade? - o guarda-costas perguntou.
- Esse mesmo, Evandro. Você conhece a história?
- Sim, Senhor Bertrand. - ele que estava perto da porta, também se aproximou - Eu lembro que foi no ano passado que o caso viralizou na internet mas não chegou a virar notícia. Li o relato que a parente da vítima postou no seu perfil. Mas depois não acompanhei mais a história.
- Ele estava solto devido a um habeas corpus mas agora ele voltou para a cadeia já que mais uma vez, atacou uma outra adolescente.
- Ele esteve na nossa casa, no meu aniversário - minha mãe parecia aflita - Como podemos nos enganar tanto com as pessoas?
- Vocês não tiveram culpa alguma. - Dona Cecília tentou acalmar a minha mãe - Tudo bem, vocês o consideravam um amigo mas quem vê cara...
- Ele vai permanecer na cadeia?
- Bom Jacques, diante deste novo caso, não tem como a defesa deste bandido tentar tirá-lo da prisão. Foi mais um flagrante. A menina morava na mesma rua onde ele estava vivendo com o irmão.
- Ele é um doente.
- Isso é o que a defesa dele irá argumentar, Helena. Mas não se pode ter pena. Ele fez o que fez tendo plena consciência dos atos.
''Então não tem mais perigo'', eu pensei diante de mais um caso em que aquele verme atacava uma jovem que poderia ter a minha idade ou mais nova. Homens iguais a ele mereciam ficar pra sempre na cadeia para que nunca mais outras meninas sofram o que eu sofri.
Coloquei a minha mochila no sofá e abracei a minha mãe com mais força em forma de conforto. Nunca mais aquele homem iria chegar perto de mim.
- Filha, me diz uma coisa. Esse monstro chegou a fazer alguma coisa com você?
- Comigo? - engoli em seco, olhando nos seus olhos.
- Sim. Durante a festa ou em alguma outra ocasião?
"São os seus pais! Eles precisam saber o que está acontecendo! Você precisa parar com isso! Parar de blindar os seus pais sobre o que está se passando com você!"
As palavras do Eric surgiram em pensamento e eu não podia negar que ele estava certo. Meus pais deveriam saber o que aconteceu comigo. Mas se aquele monstro já estava preso novamente, falar a verdade não ia mais fazer diferença para mim.
- Não, mãe... - sorri e calmamente lhe fiz um carinho no rosto - Ele não fez nada comigo.
- Não tenha medo, mon chére. Pode falar a verdade. Estamos entre amigos.
- É a verdade, papa. Ele não me fez nada.
Olhei para os pais dos meus amigos que me observavam e me mantive abraçada com a minha mãe. Fiz o que achei melhor em não contar o que tinha acontecido naquela noite de festa. E a opinião do Eric também não me importava mais.
- Vamos precisar ir até a delegacia, Cecília? Prestar algum esclarecimento? Detesto esses lugares mas eu irei se necessário.
- Não Helena, de forma alguma. Você e Jacques eram clientes do restaurante apesar do longo tempo que frequentavam o local o que poderia sim configurar uma amizade. Mas não haverá necessidade desse tipo de exposição.
- Menos mal. - minha mãe respirou aliviada.
- Vão ficar em casa? - olhei para os meus pais, questionando os dois.
- Vamos sim, meu anjo. A Cecília e o Henrique entraram em contato comigo e com o seu pai para nos contar tudo o que aconteceu.
- Posso trabalhar daqui de casa. - meu pai beijou a minha testa - Essa tarde de hoje foi tensa demais para voltar ao escritório.
- Vamos para casa também, pai? - Frederik se virou para o senhor Simon.
- Então filho... - ele sorriu sem jeito - Infelizmente vou precisar voltar para a empresa e finalizar alguns assuntos pendentes. Apenas acompanhei o Jacques até aqui para o caso de ele precisar de alguma ajuda.
- Entendi.
- Mas você pode voltar para casa com o Evandro e os meninos - ele sorriu - Não é Evandro?
- Claro, Senhor.
Olhei para a Gabriele e o Patrick. O irmão abaixou a cabeça e entendemos no mesmo instante o que realmente significava aquela volta do pai do nosso amigo ao escritório.
- Bom, se não tem mais nada a ser feito, eu e o Henrique vamos para casa - Dona Cecília se levantou do sofá junto do marido - Mas vamos continuar acompanhando tudo a respeito desse caso.
- Obrigada, amigos. - minha mãe agradeceu - Ficaremos tranquilos se ele apodrecer na cadeia.
- Farei o possível para que isso aconteça. - Senhor Henrique enfatizou.
Nos despedimos de todos e finalmente eu estava a sós com os meus pais. Depois de saber o que aconteceu com aquele verme, fiquei contente por eles estarem em casa tão cedo e dei um beijo no rosto de cada um.
Fui para o meu quarto, colocando minha mochila na poltrona e tirei os meus livros e as folhas onde fiz minhas anotações durante as aulas.
Ao olhar para o fundo, os livros que eu trouxe de Lyon e que seriam um presente para o Eric ainda estavam lá, intactos. Peguei os dois e fiquei observando, pensando que talvez ele nunca mais receberia as duas lembranças de viagem. Coloquei ambos junto do meu peito em forma de abraço indo até o meu criado-mudo do lado da minha cama. Guardei na última gaveta, trancando com a chave. ''Posso dar de presente para outra pessoa'', pensei sentada na cama e tirando os meus sapatos com os pés ficando apenas de meia.
***
Depois que terminei de estudar, já de pijama, sentindo o sono se aproximar e me preparar para ir dormir, arrumei o meu material para a aula do dia seguinte na mochila e peguei o meu celular de dentro dela. Notificações no Instagram, mensagens no grupo da família... As mesmas coisas de sempre. No entanto, uma mensagem em áudio no Whatsapp vinda de um número desconhecido chamou a minha atenção.
Apaguei a luz do quarto, acendendo apenas o abajour e me deitei na cama. Pus o fone e meu coração acelerou quando cliquei e ouvi a mensagem gravada.
▶️
Eu não vou desistir de você. Eu te amo.
Continua...
Nota da autora: É, meus queridos. Eric Schneider não está disposto a perder a sua petite assim tão fácil. O que será que vai acontecer? Hm...
Contato: a_escritora@outlook.com
Instagram: /aescritora_
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