Minha esposa se apaixonou por outro – 15ª parte

Um conto erótico de Lael
Categoria: Heterossexual
Contém 2133 palavras
Data: 21/12/2021 18:51:39
Última revisão: 21/12/2021 21:55:07

Leticia puxou Adriana para perto da porta, era a primeira vez que a coisa azedaria entre as duas, mesmo cheio de dores e dopado, consegui fazer uma piada comigo mesmo. “Finge que está dormindo porque qualquer coisa que disser, com certeza, vai sobrar chumbo para você também”. Deixei os olhos semicerrados e foquei na discussão.

Com seus grandes olhos negros e cara de furiosa, Leticia indagou:

-Que atrevimento é esse, Adriana?

Muito sem graça, Adriana respondeu:

-Só estava com pena de ver ele assim...E fiz um carinho nem acordado ele está.

-Ah, um carinho! Rá!. Já vi que seu eu piscar os olhos, é capaz de você querer fazer mais uma filha com ele e aqui mesmo dentro do hospital, mas eu vou te dizer uma coisa...

Leticia apontou o dedo para o rosto de Adriana, o contraste da altura entre as duas impressionava, Adriana ficava bem pequena perto de Leticia. Com voz firme e um olhar de botar medo, minha agora noiva passou a falar para minha ex, que intimidada, cruzou os braços passivamente.

-Presta bem atenção mesmo, quando soube que a Aline era filha do Paulo, fiz uma puta de uma burrada que seria a maior da minha vida e deixei campo livre para você, só faltei estender tapete vermelho para o retorno triunfal de vocês, mas ainda bem que tive tempo de me acertar com ele, e agora nem você nem ninguém vai nos atrapalhar, não sem uma boa disputa. Eu nunca ataquei pedras pelas costas quando soube que do nada, você não só o traiu, como ainda foi morar com outro logo em seguida. Nossas amigas em comum viviam falando de você nas rodinhas, mas eu não, primeiro porque não gosto de tititi, segundo porque não sabia o que se passava com vocês entre quatro paredes, talvez ele fosse um canalha, um monstro, mas hoje eu sei bem o que é estar com ele entre quatro paredes e não falo só do sexo, que é ótimo, mas de tudo, do amigo, do cara engraçado, da pessoa que se preocupa comigo até se eu tiver uma simples dor de cabeça.

Adriana interrompeu:

-Eu sei disso, ele sempre foi assim comigo também.

-Você sabe? Mas sabe o que você não sabe? É o que é viver por anos com um escroto, filho da puta como o Mauro Mantovani que me batia por qualquer coisa com toda força na cabeça e ainda dizia depois de me machucar que eu tinha sorte dele só me bater na cabeça para não deixar marcas, porque se batesse no rosto iria estragar minha beleza. Você não sabe o que é ser acordada no meio da madrugada com o marido em cima de você, tentando te penetrar e mesmo você pedindo para parar, ele continuar até o fim. Você não sabe o que é servir só de objeto de ostentação em público, ser anulada, e não passar um dia sem sofrer uma agressão verbal, apenas para ele ter o prazer de te diminuir, e o mais grave de tudo, você ainda achar que o jeito é se conformar. Então, quando alguém passa por tudo isso e de repente surge um homem que além de me conquistar, demonstra que quer ficar comigo e é o oposto de tudo que vivi, pode ter certeza, Adriana, eu não vou dar esse mole de deixar você atrapalhar a nossa felicidade. Hesitei sim, na hora que soube que você estava esperando outra filha dele, mas é porque eu achava que não estava a altura dele ou sua, que é toda inteligente e vencedora, hoje eu não acho, tenho certeza que sou a melhor companheira para ele do que você e não só na cama, mas no dia a dia. E que fiquemos acertadas, não tente atravessar meu caminho, suas filhas sempre serão bem-vindas em nossa casa, como a Andressa já é, e eu a adoro, a Aline quando estiver maior também será, mas não se meta na minha relação com o Paulo. Se quiser visita-lo aqui ou quando ele for para casa, tudo bem, mas não vai mais ficar aqui horas com ele sozinha, eu fico aqui o tempo todo ou arrumo alguém para revezar, mas você pode ir.

-Você entendeu tudo errado...

-Eu sei o que eu vi e já estamos conversadas. Deixa eu ver como ele está, nossa conversa acabou.

Leticia veio em direção ao meu leito e Adriana deixou o quarto literalmente sem palavras. Qualquer homem sem exceção, ficaria mesmo que um pouco cheio de si ao ver duas mulheres discutindo por ele, se bem que ali, praticamente só uma falou. Fiquei feliz por ver que Leticia não se sentia mais inferiorizada perto de Adriana e que realmente queria ficar comigo. Pouco depois,que ela se sentou ao meu lado, fingi que acordei, ela começou a perguntar se eu queria algo e aproveitei para fazer uma trolagem como as que ela adora fazer e com cara e voz de sofredor disse:

-Veja se tem alguma enfermeira no corredor e pede para ela mudar de canal ou desligar a TV.

-Mas a TV está desligada.

-Tem certeza? Porque agora há pouco, eu jurava que a TV estava num desses programas de baixaria e tinha uma barraqueira com voz esganiçada brigando com outra dizendo que ninguém tomaria o homem dela.

-Já tá ficando bom para fazer gracinha, né? Mas que bom que ouviu tudo, não vou deixar você nem que tenha que bater de frente com 500 Adrianas.

Após mais alguns dias, deixei o hospital, a dor ainda demorou um pouco mais a passar, mas o que mais me incomodou por um bom tempo, foi a perna.

Quando comecei a raciocinar melhor, vi que eram grandes as chances daquela surra ter sido preparada por Mantovani, afinal de contas, eu não só tomei sua esposa como precipitei sua bancarrota, já que tempos depois de cancelar o contrato dele com a nossa empresa, como o próprio previra, acabou falindo. Além disso, havia o áudio com ameaças dele, enviado a Leticia meses antes. Entretanto, ao investigarmos melhor, descobrimos que na mesma época da surra, Mantovani estava vivendo dias mais “intensos” em Miami, onde após vários golpes na comunidade brasileira que lá reside e nos próprios americanos, ele se envolveu em um pepino dos grandes relacionado a fraudes e como as leis lá não são iguais as nossas, ele acabou sendo preso. Ninguém de sua família quis pagar a fiança para que covardão pudesse aguardar o julgamento em liberdade e o nosso ostentador de carros, mocassins italianos e até da própria mulher, teve que passar um bom tempo enjaulado antes e depois de ser condenado. Creio que ele não deve ter gostado de ter que usar a mesma roupa dos demais amigos de xadrez.

Concluímos que havia sido mesmo mais uma prova da estupidez e banalização da violência em nossa sociedade.

Já que resolvemos falar de Mantovani, vale citar como ficaram os demais envolvidos. Edson seguiu tendo que correr atrás para pagar as pensões dos três filhos. Ana ficou bem melhor sem ele e após um tempo sozinha, começou a namorar um homem bem mais velho, pelo que soube.

Tavarez seguiu no condomínio, sempre que me via, tentava cortar caminho. Na verdade, só nos enroscamos uma vez quando o vi humilhando um funcionário do prédio porque esse não encontrava a chave de uma sala de reunião, mas após uma rápida e amistosa conversa ao pé de ouvido, fiz Tavarez entender que era melhor se desculpar com o rapaz e até lhe dar uma gorda gratificação e, quem diria! Ele concordou!

Giulia fez cursos de MBA e foi morar em outro local, pelo que soube estava indo bem na carreira.

Nunca mais soube de Alexandre, ele disse que voltaria a Porto Alegre, mas não tivemos mais nenhuma novidade.

Minha perna demorou para ficar 100%, mas segui minha rotina, até que chegou a hora da verdade para mim e Adriana. Tivemos uma conversa e ao sair de lá fui direto conversar com Leticia. Ela estava em seu apartamento, envolvida com sua pintura, inclusive, mesmo levando como um hobby, já havia conseguido vender alguns quadros, o que muito lhe orgulhou e a mim também.

Entrei sério e disse que precisávamos conversar. Com a expressão carregada, contei detalhadamente o que Adriana havia me proposto ainda antes de eu levar a surra. A expressão de Leticia mudou completamente, da mulher fatal muitas vezes ou da palhaçona que gostava de brincar em outras, vi que ela perdeu a cor, engoliu secou, mas talvez num rasgo inconsciente de orgulho misturado com pânico, fechou o rosto, desviou o olhar como quem se prepara para ouvir o pior e perguntou.

-Ah é? E o que você decidiu?

Respirei fundo, olhei para ela por alguns segundos, mas não aguentei aquela cena dela quase se desmanchando e disse:

-Decidi o óbvio, ficar com a pessoa que eu amo hoje. Você é o meu presente e o meu futuro, só quis te dar um trolada antes com esse suspense barato para me vingar das várias pegadinhas que você já me fez, como a última de colocar sal no meu vinho e fazer eu ir reclamar com o gerente do restaurante.

-Filho da puta! Quase enfarto! E se eu tivesse problema no coração?

Leticia correu para me abraçar no sofá e se pôs a chorar demoradamente. Após um tempo, ele passou a me fazer perguntas:

-Mas e agora? Ela não pode levar as meninas? Você não vai aguentar ficar longe delas.

-Relaxa. Ela deixou bem claro que só iria para a Europa se eu fosse também. Adriana foi muito digna nessa parte e disse que jamais teria coragem de me afastar das crianças. O que ela pretende fazer é mudar para uma casa maior, para as meninas terem mais espaço, mas vai ficar por aqui.

Naquela noite, após o susto, Leticia foi bem recompensada e no auge de nossa luxúria, eu disse enquanto a chupava:

-Acha mesmo que eu conseguiria ficar sem esse gosto e esse cheiro?

Ela riu orgulhosa.

Nos casamos em uma cerimônia simples, mas muito bonita, restrita apenas às pessoas mais próximas. Depois saímos em lua de mel com passagens por vários locais na Europa.

Sobre a conversa com Adriana:

Em nenhum momento cogitei a possibilidade de aceitar a proposta de voltar com Adriana, mas fiquei muito constrangido em dizer a ela. Sim, constrangido, quando ela estava com Alexandre, imaginei milhões de vezes esse momento dela pedindo para voltar, como eu a humilharia, a espezinharia e a despacharia com muitas ofensas, mas, talvez, a pior das vinganças, a sacada das sacadas não tivesse o mesmo efeito sobre ela que teve no momento em que Adriana me perguntou o que eu havia decidido.

Ao invés de ódio, senti pena não necessariamente de Adriana, mas de como tudo o que vivemos, havia se perdido e meu olhar e o meu simples fungar deixando os ombros caírem foram suficientes para ela entender, tanto que nem esperou eu responder e falou:

-Eu sei...Eu sei...Nosso tempo passou. Depois de tudo, você merece ser feliz com a Leticia e por mais que me doa fundo dizer isso, acho que ela vai te fazer feliz.

Sai de lá e fui falar com Leticia como já contei um pouco acima. Foi libertador ver que dentro de mim não havia mais nenhum resquício de vingança.

Adriana se mudou para uma linda e ampla casa em um condomínio fechado, com segurança e mais privacidade. Ela trabalha da própria casa, duas, três horas no máximo por dia, comprando e vendendo ações. Ela também sai com amigas, viaja sempre e deixa as meninas com a gente.

Eu e Leticia também nos mudamos para uma casa, mas em outro condomínio. Vendemos nossos apartamentos e ficamos livres daquela papagaiada toda que tínhamos em nosso antigo condomínio. Com bem mais espaço, Leticia criou seu ateliê e seguiu firme com a pintura. Ela se dá muito bem com as crianças e acaba fazendo o papel da adulta legalzona, pois gosta de brincar, jogar videogame etc.

Uma vez por semana, me sento para conversar com Adriana, na varanda dos fundos de sua casa. Às vezes, ela segura minha mão, nos abraçamos, mas sem nenhuma intenção de passar disso. Ela brinca que parecemos dois velhos sentados em um banco de praça, mas que é muito bom ter a minha presença ali. Creio que ela saia de vez em quando com alguém, afinal de contas é uma mulher linda e jovem, mas para mim, ela só diz que nunca mais irá morar com alguém, apenas curtir a vida, as filhas e viajar. Sei que às vezes, ela deve lutar contra os seus fantasmas, especialmente o do arrependimento, mas eu torço para que um dia, Adriana consiga exorcizá-los de vez, assim como fiz com os meus.

Fim

Abraço

Contato: laelocara@gmail.com

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Foto de perfil de Lael Lael Contos: 245Seguidores: 745Seguindo: 11Mensagem Devido a correria, não tenho conseguido escrever na mesma frequência. Peço desculpas aos que acompanham meus contos.

Comentários

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Essa história foi muito bom, fique pensando em mim e como andei fazendo menda ficando com mulher casada,e resolvi que não vou mais fazer esse tipo de coisa pois o que não quero pra mim não posso deseja pro próximo, obrigado auto pela história me fez abrir meus olha .

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Porra dps de tudo o cara teve dúvidas ainda se voltava ou não. Cara q ódio vai toma no cu vc q escreveu a história e esse paulo fictício ai, dois corno manso fdps.

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Caro Lael reli esta sua história de vidas, você realmente é muito bom de escrita, é uma pena que não venha para Portugal pois seria um grande prazer tê-lo como amigo e parceiro de conversa. Um abraço

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Parabéns cara maravilhoso conto como todos que vc escreve continui assim.

Nota 10

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nossa, eu li todos, muito top, obrigado por compartilhar conosco

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Um conto digno de um belo livro, fiquei preso a ele conforme estava lendo, parabéns pelo ótimo escrita, me envolveu.

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Lael, muito boa noite!

Deixei meu comentário para o final dos contos, pois, queria ver como tudo terminaria.

E, só tenho que parabeniiza-lo, pois, todos os contos, sem exceção, foram ricamente muito bem redigidos e detalhados.

Para mim, tenho plena convição, que em todas suas atitudes, não poderiam terem sido melhores orquestradas, vc agiu com muita sabedoria e inteligência indiscutiveis

Sei que houve os momentos difíceis para vc, que foram momentos que vc estava se entregando à bebida, colicando toda sua vida em um risco maior.

Mas, Deus esteve com vc em todos os momentos, fazendo vc dar a volta por cima e ainda mais vencedor.

Parabéns.

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Nossa, maratonei seu conto. Amei.

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Oi,princesinha,vc sumiu! Muito bom ver vc comentando novamente. Muito respeito por uma leitora assídua. Um abraço e um 2022 com muito sucesso e aventuras proveitosas e momentos de felicidade

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Oi, Astrogildo. Realmente andei sumida. Muito trabalho por aqui, mas nas folguinhas sempre prestigiamos os talentos desta casa. Lael foi uma surpresa.Comecei a ler e não consegui parar... Espero ter aventuras para voltar a escrever esse ano kkkk Vamos ver!!! Um excelente ano para vc também!

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Adorei a história, cheia de dramas e reviravoltas e um final justo.

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Boa noite,até agora não dei estrelas e n comentei nenhum conto,mas o seu foi de mais,digno da netflix comprar e fazer uma serie ,parabéns muito bom,abraço

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Um bom começo.. um bom meio.. e um bom fim. Aula de conto. 3 estrelas e parabéns.

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Parabéns, uma ótima história e um ótimo final.

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