CONFISSÕES QUE ME ALUCINARAM VI

Um conto erótico de Gleison
Categoria: Heterossexual
Contém 4607 palavras
Data: 26/12/2021 00:23:30
Última revisão: 16/11/2022 04:02:55

CONFISSÕES QUE ME ALUCINARAM VI (MARCAS DA LUXÚRIA)

Esta é a sexta parte. Os leitores que chegarem agora talvez não entendam bem o que se passa. Sugiro que leiam os relatos anteriores. As partes anteriores podem ser lidas aqui no site, basta clicar sobre o nome do autor.

Capítulo 6 – Processos

De fato, a Marina me ligou no dia seguinte. Eu havia acabado de tomar meu café da manhã. Ela já sabia da minha conversa com a Lanna, dos vídeos que ela enviara, e queria saber como eu estava. Não entrei em detalhes. Respondi que eu estava ainda processando tudo, ainda me sentia abalado, mas que estava confiante de que a Lanna iria buscar ajuda, orientação e eu ia esperar. Marina perguntou:

- Quer que eu vá aí? Quer uma companhia?

Eu fui muito sincero:

- Marina, como eu quero e gostaria de companhia, ainda mais da sua. Mas eu peço que não venha por estes dias. Preciso mesmo de ter um tempo de desintoxicação. Quero processar tudo o que aconteceu com muita calma, sem me desfocar. Ainda não sei o que fazer, e quero mesmo me desligar. Por favor, peço que compreenda.

Marina ficou um tempo em silêncio, talvez escolhendo o que deveria dizer. Ela arriscou uma última cartada:

- Tudo bem. Mas lembre-se que um raio não costuma cair duas vezes no mesmo lugar. Um beijo. Fique bem.

Eu não tive tempo de responder. Ela desligou e eu tive a certeza de que ela não contava com a minha recusa. Aliás, mulher nenhuma que eu tivesse conhecido lidava bem com uma coisa daquelas. Se oferecer e ser recusada. Mas estava feito. Ela esperava que eu ligasse de volta e eu não liguei. Estava começando a ficar mais hábil no jogo. Embora me sentisse muito fragilizado e carente. Resolvi me exercitar um pouco e fui para o quintal. Comecei a fazer séries curtas de exercícios, primeiro para me alongar, reativar musculatura, articulações. Eu praticara artes marciais orientais por muitos anos e ainda me recordava bem de todas as sequências de exercícios numa ordem programada. Aos poucos fui me desligando das coisas em volta e focando apenas nos exercícios, e isso me dava uma sensação agradável de relaxamento. Foi assim que eu me reconectei com o jovem esportista e bem-disposto que eu havia sido. Essa foi uma coisa mágica. Aos poucos, nos dias seguintes, eu entrei numa rotina de cuidar da casa, depois ia ao trabalho muito focado, com orgulho de ter feito o melhor. Ao regressar, praticava exercícios por uma hora, às vezes até mais, e aquilo me relaxava, me fazia bem. Em uma semana eu me sentia muito melhor. Meu espírito voltava a ser autoconfiante. Notei também meu físico mudando, perdi alguns poucos quilos na cintura, e voltei a me sentir mais esbelto, elegante. Como tomava sol uma hora todos os dias, minha cor de saudável ganhou realce. Reparei que as pessoas notavam e elogiavam. No final de semana seguinte eu já me sentia bem melhor. Duas semanas depois, acordei na manhã do sábado bem-disposto. Vi que havia chegado mensagem da Lanna no e-mail e outra no celular. Na hora me deu uma grande emoção. Ficara duas semanas inteiras sem trocar mensagens com ela e sem saber de nada. E eu confesso que sentia saudade. Muita saudade dela. Olhei no celular e ela havia gravado um vídeo, estava bonita, com o cabelo preso em um rabo de cavalo, malha colante de ginástica, num parque ensolarado. Ela falava:

“Bom sábado amor, espero que você tenha tido uma boa semana. Eu senti muita saudade sua, muita mesmo, mas fiz o que você me aconselhou. Procurei um terapeuta, aliás, uma terapeuta, recomendada por uma das nossas mentoras do curso. Eu gostei muito e fiz sessões diárias com ela. Isso me ajuda muito também na fluência da língua francesa. Tenho que falar e explicar bem o que desejo contar.

Lanna parecia animada e entusiasmada:

- Só poder conversar com alguém de confiança, profissional, já me fez muito bem. Vamos iniciar um programa de terapia de duas semanas seguidas na semana que vem. Eu quero muito voltar e ter você novamente comigo, meu companheiro, com todo o carinho. Um beijo. Leia os textos que lhe mandei. Fique bem. Se puder me manda um vídeo também. ”

Assisti três vezes seguidas para poder olhar bem para a Lana. Estava bonita, sexy, graciosa com aquela malha de ginástica colante de cor cinza-chumbo. Sapatilhas pretas. Sem maquiagem ela continuava muito bela. Meu coração ficou apertado. Quando me lembrava de tudo o que eu havia ouvido dela, revelando como havia me enganado, e tido duas personalidades distintas, era como se mexesse numa ferida aberta. Eu temia que não voltasse a cicatrizar, ou se sarasse, a sensação da ferida deixaria um ponto frágil para sempre na nossa relação. Não sabia como iríamos superar. Mas decidi ler o que ela enviou e abri o notebook na sala. O arquivo de e-mail tinha blocos de textos separados por datas. Quase um diário mesmo. Ela fizera uma introdução:

“Amor. Eu não organizei muito o que vou escrever. Vou fazer conforme me ocorre e sinto necessidade de dizer. Por favor, esses arquivos são segredo absoluto entre nós. Desta vez, apenas a atual terapeuta sabe de algumas coisas. Não saberá de tudo. Nunca passe a ninguém e guarde onde ninguém possa acessar. Estou me entregando inteira. Farei um texto a cada dia, como prometi. Um beijo. ”

Primeiro dia: Não sei por onde começar. Eu tenho que admitir que tudo que já contei sobre minha iniciação sexual, meu pai, e minha vida sexual adolescente e adulta, como devassa, é verdade. Mas tem muita história, muitos detalhes que eu não contei. Se contar a parte mais suja, tenho medo de provocar uma repulsa em você. Então, por favor, entenda apenas que, eu com você, era uma pessoa, e sem você eu era outra. Mas não foi difícil fazer isso, porque você me despertou tudo de bom sempre, era e é a única pessoa que eu realmente amo profundamente. Então, com você, eu não sentia nenhum impulso de ser dominante, devassa, ou provocante, apenas me deixava levar pelo carinho e pelo clima de encantamento que sempre nos uniu. Nosso sexo não era uma disputa, mas um complemento. Até que você começou a ter dificuldades profissionais e emocionais e isso nos afetou. Aqui surgiram nossos desentendimentos. Depois escrevo mais.

Segundo dia: Eu desejo falar como me sinto com você. Sempre me senti segura, serena, acarinhada e feliz. Nunca tive de competir com você em nada. Tudo com você sempre fluiu em harmonia. E sempre tive muito orgulho de você, da sua grande paixão. Então, eu me pergunto, por que eu continuava a ter um comportamento diferente quando estava sozinha? Se eu já tinha você, por que continuava sendo a loba devoradora e devassa? Já me perguntei isso muitas vezes e não sei se tem uma única resposta. Pode ser que sozinha eu me sinta na necessidade de ser forte, de vencer o mundo. Vencer o mundo dominado pelos homens. Sempre me senti desejada por quase todos os homens, desde muito nova, e a maneira que eu tinha de dominá-los e ficar no controle era sendo a devassa alucinante e viciante para eles, que acabavam se rendendo ao meu poder de sedução. Eu sempre usei a todos. Também penso que a fragilidade com que eu fiquei, quando perdi meu pai, desenvolveu em mim essa vontade de vingança, de usar aos homens, de puni-los, e também a algumas mulheres. Bastava ter uma mulher bonita, sensual, e aparentando estar de bem com a vida e eu sentia uma compulsão de ou destruir sua relação seduzindo seu homem, ou seduzi-la e envolve-la comigo. Uma forma de dominar também. Não bastava eu ter a inteligência, eu tinha a beleza, a safadeza e a capacidade de sedução que me davam um poder enorme e tudo acabava no sexo.

Sei que essa atitude pode ser uma tara e estar relacionada aos meus traumas iniciais. Mas eu não sabia como evitar. Confesso, ainda não sei. Não estou curada. Todos os dias eu tenho que lutar contra esse impulso interior de ser sedutora, de ser sensual, de me envolver sexualmente com outras pessoas. Basta perceber o desejo no outro e eu fico compulsivamente excitada. Sinto vontade de fazer o jogo da sedução que sempre acaba em sexo. E eu dominando. Somente com você eu nunca senti essa necessidade. A entrega era natural. Depois continuo. Beijo.

Ao terminar a leitura desse segundo texto eu me sentia emotivo e excitado. Saber da Lanna assumindo seus impulsos mexia muito comigo. Eu sabia o poder natural dela e me afetava.

Terceiro dia: Hoje eu chorei muito diante da terapeuta. Não consigo me perdoar de ter sido tão danosa para você. Mas cheguei à conclusão de que só vou me libertar disso, quando assumir tudo e revelar tudo, confessando a você como sou, como eu fui, como eu fiz, o que eu fiz, para que eu não tenha mais a sensação de esconder nada. Para você não quero esconder nada. Você já provou seu amor me dando esta chance. Acho que só assim vou me libertar desse sentimento ruim. Se você nunca mais quiser nem olhar para mim eu terei que aceitar. Mas vou morrer por isso. Mas, mesmo assim eu vou contar. Todas as vezes em que eu via um homem com poder, com masculinidade e virilidade evidente, com desejo, com atitude de comando ou domínio, os “machos alfa”, isso me despertou uma vontade louca de seduzir, de conquistar, de fazer com que ele se submetesse a mim. O chamado Espírito da Loba. Isso me serviu em várias fases da vida, na faculdade, nos negócios, no crescimento dentro da empresa. Vou confessar: A única razão que eu não perdi o poder na empresa quando descobriram que eu havia traído você com um colega, é porque quase toda a diretoria, e algumas das esposas deles já estiveram fazendo sexo comigo e implorando pelo prazer.

Sim, eles não sabem uns dos outros, mas eu sei de quase todos. E com esses eu já tive a oportunidade de tomar o controle de tudo. Em vez de uma condenação pela falha, a minha vinda para cá, fazer o curso, foi um prêmio conseguido. E neste ponto, confesso que na empresa eu tenho tanta informação que me tornei quase intocável. O presidente me deu o curso em troca de minha cumplicidade com ele e sua mulher. Conto isso a você, sabendo que o posso magoar muito, poderá ter nojo, depois. Mas é para que tenha a noção de quanto você desconhecia da outra pessoa que eu era, quando não estava sendo a sua esposa. Agora você entende o motivo de eu ser tão refratária às suas ideias liberais de aventuras para apimentar nossa relação? Nossa relação era perfeita, plena de amor, eu não queria deixar que fosse contaminada com o meu lado podre, devasso, safado e libertino. Não queria soltar o monstro devorador dentro do nosso casamento. Mas ele estava de qualquer jeito bem ao lado, causando estragos na mesma. E você não tem culpa nenhuma. Paro aqui.

Ao terminar a leitura desse terceiro texto eu sentia meu estômago embrulhado, a boca seca, e um sentimento estranho, de quase vergonha, ao constatar como eu tinha sido ingênuo, ignorante, bobalhão, sendo enganado e sem perceber nada. E ainda queria sugerir à minha esposa, que se mostrava toda certinha, uma vida mais liberal, sem imaginar que ela já vivia uma devassidão completa. Ao mesmo tempo me admirava incrédulo de como era possível ela agir assim e não ser descoberta? Eu fora um total estúpido e inocente, e ela uma safada muito esperta. Acabava de confirmar que eu não fui corneado com o Suleiman, eu já era corno desde o começo, sempre fui, e o pior, aquele que não desconfiava de nada. Comecei a recordar a quantidade de reuniões que Lanna fazia fora de hora, as viagens frequentes a trabalho, as visitas a outras unidades em outras capitais, os demorados encontros de lideranças, os cursos de reciclagem. Todos eram excelentes oportunidades para suas aventuras.

Momentos certos para que ela fizesse o que tinha vontade e eu sempre solidário, tranquilo, inocente, apoiando e sendo parceiro. Eu fiquei imaginando os outros homens, e a visão que eles deviam ter da minha pessoa. Eu me achava o rei do pedaço porque tinha a mulher mais bonita, mais gostosa, mais inteligente e competente, e que era só minha... Só que não, cada um que comeu, e eram muitos, sabia que eu era apenas o corno iludido, que chupava a boceta da safada que eles tinham fodido pouco antes. E me achava o único a desfrutar daquela delícia. Aquela constatação me deixou muito impactado. Parei para refletir e nesse momento veio à minha mente a lembrança das cenas do vídeo que eu vi, do marido que levou a esposa para o preto foder muito bem fodida. Ela e ele deliciados de mãos dadas com aquela aventura, vivendo apenas o prazer sem culpas e sem ciúmes. Na hora, foi inevitável, me veio à imaginação se Lanna tivesse me contado o que fazia, e me levasse para assistir uma cena dela com um dos seus amantes. Talvez fosse diferente a minha sensação. Ela fazendo tudo escondido tinha um sabor de enganação, e fazendo com consentimento e com cumplicidade tinha sensação erótica muito excitante. Ao me descobrir corno, enganado, em vez de me excitar, me deprimia. E aquilo me doía, justamente por ser algo que eu não tinha a menor participação, conhecimento e consciência. Naquela hora, me lembrei também da Marina, que também tinha conhecimento e uma visão muito mais verdadeira do corno que eu sempre fui, e não o gostosão marido da esposa bonita e certinha. Com aquelas reflexões constatei que aos poucos a imagem da esposa certinha e perfeita ia desparecendo e eu passava a ver a Lanna, como a verdadeira devassa e safada que sempre foi. Eu que era o otário. Cego e estúpido que não soube ver a realidade.

Com essa sensação depressiva fui ler mais um texto. Até naquele ponto o que havia lido tinha sido muito bem encaixado para me ajudar a ver as coisas com total clareza.

Quarto dia: Querido, hoje me sinto bem melhor. Acho que o fato de poder contar a você as coisas que eu fiz escondida, está me aliviando, e permitindo me revelar, com meus defeitos, sem ter que dissimular e disfarçar. Confesso que me doía, me fazia mal saber que estava agindo de um jeito que não era digno com você. Ao mesmo tempo, estou preocupada, não sei como você está recebendo tudo isso. Acho que está chocado, e pode ser até que sinta nojo e raiva do que eu fiz. Eu dou razão se estiver assim. Não sei como nem porque eu me tornei tão dissimulada, e falsa, agindo de modo totalmente diferente do que eu sabia ser o correto. Mas é isso que eu estou tentando entender, resolver e me tratar. Estou me entregando completamente aberta. Eu comentei com a terapeuta sobre o que você poderia achar de mim quando souber de tudo. Ela não sabe tudo que eu estou escrevendo e revelando. Mas disse que espera que se você puder ter distanciamento vai saber que não tem nada que se recriminar, se diminuir ou se depreciar. O enganado não é o humilhado, pelo contrário, ele fica sabendo do quanto ele é nobre e foi vítima de um comportamento indigno. A errada fui eu. Por isso, eu não vou esconder mais nada, vou revelar tudo a você, quero realmente lavar minha alma e me deixar totalmente exposta. O julgamento, a decisão será sua. Nada posso mais fazer sobre isso. Tenho apenas que encarar. Você está fazendo isso para me ajudar, mas eu tenho medo de acabar de enterrar o resto de respeito ou carinho que você ainda tenha por mim. Amor, eu tenho que assumir logo uma coisa. Eu sempre fui muito feliz com você, no carinho, na dedicação e no afeto que sempre tivemos. Nosso sexo sempre foi maravilhoso, já disse, sempre fizemos mais do que sexo, fizemos amor. Mas eu era uma mulher viciada em fazer sexo, e conforme a situação, era de modo avassalador e sem limites. Aliás, deixa eu corrigir. Eu era não, eu ainda sou. Ainda não consegui mudar. Estou só reprimindo, traumatizada pelo fato de ter sido indigna com você. Estou me sentindo muito mal, arrasada, mas dentro de mim, ainda pulsa a mulher devassa, insaciável e faminta por sexo.

Todos os dias eu tenho que enfrentar isso. Foi toda uma vida agindo assim, usando esse meu lado libertino e devasso para vencer e me satisfazer. Essa sou eu. Não se muda isso por decreto. Confesso que sinto falta de sexo. Olho homens na rua, que me admiram, que me desejam, que se insinuam, e eu fico me controlando, fugido deles para não voltar a fazer tudo de novo. Eu amo você e por você quero ver se consigo mudar, vencer esse impulso. Mas tenho que assumir e lhe confessar. Eu gostava de ser safada, de ser devassa. É muito forte em mim isso. Quando você propôs sermos mais liberais eu achei que isso iria revelar meu lado safado, e tudo de errado que eu já havia feito e me apavorei. Tentei evitar. Deu tudo errado. Talvez se eu tivesse aceitado e iniciado com você, fazendo juntos, a gente poderia estar em outra. Não sei. Agora não sei mais nada. Só quero me abrir e revelar tudo. Não sei se consigo mudar algo. Um beijo.

Ao terminar este quarto texto da Lanna, eu me sentia mal, uma sensação incômoda, com frio na barriga, ao ver sua confissão, assumindo que sentia impulsos e tinha que se reprimir. Ali ela revelou a sua verdadeira natureza. E eu devia saber que a verdadeira Lanna era aquela. A esposa perfeita, dedicada e certinha havia sido uma versão temporária e irreal para atender uma determinada situação, no nosso casamento. Era totalmente falsa, pois ela sempre teve o lado devasso e infiel, libertino e incontrolável atuando na surdina. E eu é que fora cego, surdo e estúpido de não perceber. Naquele ponto da leitura eu sentia três coisas muito distintas, mas encadeadas. A primeira, era que eu gostava muito da Lanna, mesmo sabendo que ela era aquela que se revelava nas confissões que me alucinavam, e não a que eu tive como esposa. E tivera uma versão falsa. E eu gostava porque ela se assumia, se expunha, e mantinha sua declaração de paixão por mim, mesmo sabendo que eu talvez não a quisesse mais, não a perdoasse.

A segunda coisa que eu me certificava era que eu sabia ser casado com uma profissional inteligente e competente, e que sabia jogar o jogo da vida como poucas, e nunca perdia. Portanto, eu sabia que se ela estava aceitando minhas condições quaisquer que fossem as minhas decisões, se permitia revelar e se declarar sem filtros e sem esconder nada, e se ela decidia tomar aquela via, era porque deduzia que era a única que talvez ainda pudesse ter algum crédito comigo. Ela raciocinava que se tivesse uma mínima chance de eu a perdoar, seria jogando todas as cartas abertas, e sendo sincera ao máximo. Isso ela tinha certeza e por isso resolvera se assumir.

A terceira coisa é que ela tinha conhecimento dos meus desejos, taras, fantasias, fetiches, me conhecia muito bem, e saber disso, saber que eu sempre fora um liberal, sem ser ciumento e possesivo, deixava a ela uma grande chance de que eu gostando dela, como ela sabia que eu gostava, talvez pudesse aceitar tudo e relevar os erros cometidos. Ela esperava que eu pudesse passar uma borracha em tudo e começar em bases novas. Ela sabia que eu no fundo preferia que ela fosse uma esposa liberal e safada em vez da certinha e contida que ela tinha sido, apenas para passar uma imagem de respeitável e fiel. Com isso, mesmo entendendo que a Lanna estava sendo sincera, e se abrindo, eu sabia que ela estava trilhando o único caminho que ela tinha a certeza de conseguir uma possível reconciliação. Por outro lado, ela havia jogado imediatamente a amiga Marina em cima de mim, para ter também uma pequena coisa a seu favor, pois sabia que nós dois havíamos sido adúlteros, e mesmo assim, nos gostávamos e colocávamos o caso extraconjugal como apenas sexo, e não uma relação afetiva. Ou seja, Lanna jogava, como uma campeã de xadrez, pensando e armando jogadas dez lances na frente. Com essa consciência fui ler o último texto.

Quinto dia: Boa noite amor. Escrevo este texto na sexta-feira, sabendo que você em poucas horas estará lendo tudo. Não pensei em dar ordem ao que ia escrever, mas vendo o que já escrevi, sinto que houve conexão entre cada um dos textos. Não premeditei. Saiu assim. E eu não posso deixar de dizer com todas as letras. Amo você mais do que tudo. Não vou me importar com a decisão que você tomar, embora sofrerei demais se decidir pela nossa separação. Ainda tenho mais duas semanas de sessão com a terapeuta, e está sendo muito bom. Alimento a esperança de conseguir reconquistar o seu amor, o seu afeto, e a sua aceitação para que possamos continuar casados. Me questiono: Hoje, sabendo como eu sou, as minhas taras, fetiches e impulsos, será que você terá vontade de me ajudar a melhorar, a me encontrar, e aceitar sua esposa com os defeitos que ela tem? Isso é muito importante para mim. Tem horas que eu fico pensando se eu tivesse aceitado fazer as aventuras liberais com você, será que hoje estaríamos diferentes? Melhores? Essa é uma questão que teremos que descobrir agora.

Assisti várias vezes aquele vídeo que você me enviou onde o marido leva a esposa para ficar com um amante preto e avantajado, satisfazendo um desejo da esposa, que ele foi cúmplice. Eu me pergunto, você faria o mesmo comigo? Aceitaria voluntariamente me deixar ser possuída pelo Suleiman, por exemplo, enquanto você assistia? Eu me faço estas perguntas, pois se eu não tivesse me entregado a ele antes, se entrasse no jogo com você, e eu aceitasse a sua proposta, de experimentar, e só depois realizar, você acha que hoje sentiria tudo de forma diferente? Será que não estaria impactado como ficou ao me ver com ele? Eu sei que nada disso desculpa todas as traições e enganações que eu fiz antes disso, não estou querendo anular o peso do que eu fiz. Mas se tivesse aceitado a sua sugestão, acha que você aceitaria melhor a minha característica de devassa?

Tudo isso passa na minha cabeça. Eu hoje tenho coragem de me assumir como sou. Eu gosto de sexo, tenho necessidade, e sou libertina. Você me aceitaria?

Eu quero deixar claro a você que está sendo muito difícil me manter na linha, sem sexo, e resistindo às tentações e impulsos que eu continuo tendo. Estou fazendo isso porque prometi a você. Mas está sendo muito difícil. Estou tarada o tempo todo. Então, repetindo o que você já me perguntou, você aceitaria fazer sexo virtual comigo? Agora eu preciso. Me responda logo. Por favor. Eu o amo muito.

Naquele momento eu sabia que teria que tomar logo uma decisão, porque a Lanna estava a perigo e poderia perfeitamente cair em tentação novamente. E faltavam ainda mais duas semanas para o o final do curso, quando a Lanna estaria de volta e teríamos que decidir o que faríamos.

Resolvi responder a ela gravando um vídeo. Fui para o quintal, estava vestido apenas com um calção e aproveitei para tomar um sol e fazer um pouco de exercício, Depois de meia hora eu estava suado, a musculatura havia reagido e eu parecia bem, mais queimado de sol e saudável. Queria passar uma imagem de vencedor e não de sofredor. Não ensaiei o que iria gravar, fiz de improviso.

Então, apoiei o celular sobre o beiral da janela da copa que dava para o quintal e ficando a um metro de distância aparecia quase todo de corpo inteiro diante da câmera. Liguei e gravei, enquanto fazia alguns alongamentos. Não falei o nome dela nem querida, nem nada:

- Bom dia, boa tarde. Aqui ainda sábado de manhã. Estou fazendo exercícios matinais. Agora virou rotina. Tenho me exercitado mais. Me sinto melhor. Acabei de ler os seus textos. E fiquei mais uma vez muito impressionado.

São cinco diferentes textos, mas de fato encadeados fazem muito sentido. Não vou poder comentar seus textos agora. Gostei muito de ler e saber que você está firme com a terapeuta. Gosto de sentir você decidida. Gosto de você sendo sincera. Nesta segunda semana ainda estou tentando não mexer nas feridas. Todas ainda abertas e doendo muito. Não decidi nada. Foquei no trabalho. E respondo para você agora, que me perguntou. Se precisa de mim e quer um encontro virtual mais tarde, eu aceito, farei isso por você, por nós. Talvez isso nos ajude neste momento crítico. Também estou com saudade. Muita. Me manda mensagem de qual horário será e eu espero você. Tenho saudade. Um beijo.

Desliguei o vídeo. Havia gravado fazendo movimentos, para não dar ênfase a nenhuma emoção, nem permitir que a Lanna pudesse olhar em meu olhar. Não queria que ela visse que eu estava apavorado, com medo enorme de ter um encontro virtual com ela.

Uma hora depois veio um áudio da Lanna:

“Amor, que bonito que você está. Muito gostoso, queimado de sol, suado, eu amei. Nossa, fiquei tremendo aqui. Fiquei muito feliz de vê-lo assim. Ainda bem que dispensou a Marina. Ela ia ficar louca ao ver você, aquela maluca é vidrada no meu marido. Olha, estamos com quatro horas de diferença. Portanto se puder ser às vinte horas daí, aqui será meia-noite. Pode ser? ”

Tratei de confirmar sem muito mais papo.

“ OK. Combinado. ”

Eu estava numa situação meio delicada. E tinha receio daquilo.

Não queria me deixar envolver pelo poder sedutor e aliciante da Lanna, e desconfiava que ela estava realmente muito tarada. Mas por outro lado, ela estava me oferecendo tudo o que antes da crise, eu queria e tinha pedido.

Negar aquilo era praticamente deixar a Lanna no vazio, e eu temia o que ela poderia fazer se batesse mesmo o desespero. Eu imaginava que se ela não fizesse sexo virtual comigo, se não se aliviasse um pouco, do jeito que eu agora sabia que era, corria o risco de ela dar para o primeiro macho que chegasse cheirando testosterona perto dela. Fiquei tão tenso que aproveitei que terminara os exercícios, estava suado, e fui tomar uma ducha no quarto. Era já perto do meio-dia. Durante o banho, só de imaginar a Lanna tarada e louca por sexo, eu já ficava de pau duro. Se ela não podia negar a sua natureza devassa e libertina, eu também não conseguia esconder ou abafar o meu espírito safado e fetichista. Nem o meu tesão pela fêmea deliciosa que ela era. Depois que me enxuguei fui até à cozinha e preparei dois sanduíches de pernil com rodelas finas de abacaxi e tomate. Comi bebendo suco de laranja. A seguir, fui escovar os dentes e deitar em nossa cama. Fiquei quieto, tentando relaxar, não pensar em nada e deixar rolar para ver o que acontecia. Acabei adormecendo e acordei às dezenove horas, faltava uma hora para o tal encontro. Estava com um pouco de fome, mas só bebi dois copos de suco. Estava um pouco tenso.

Continua.

leonmedrado@gmail.com (novo e-mail)

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Comentários

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Cada um tem o seu entendimento. O marido tem outro. Quando você gosta da pessoa a sua leitura dos fatos sempre é diferente. Não vou dar spoiler mas houve muita mudança.

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Me bateu uma duvida aqui. Sendo ela a devassa que descobrimos, não me pareceu normal ela passar mais de um mes antes de pegar o Suleiman.

Ja ia chegar la pegando geral.

Outra. Não parece lógico o ciunes qdo descobriu a traição e transou com o colega na tal convenção! Nem a quase demissão por isso. Ela ja tinha passado o rodo na diretoria toda e nas esposas 🤣🤣

Esse colega era mais um entre tantos.

Mas ela parexe realmente dedicada em recuperar o marido e colocar a vida nos trilhos. To na torcida pela Lanna.

⭐⭐⭐

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Edu e Silvana, vocês mais adiante vão encontrar mais respostas. O que me deixou admirado com essa personagem foi exatamente isso, suas atitudes paradoxais. Neste caso, nada do que a Lanna faz parece lógico. Por isso o título: "Confissões que me alucinaram", pois as emoções que eles vivenciam são mesmo muito incríveis. Boa leitura. Esta é apenas a primeira temporada. Ah, ela não passa mais de um mês. isso é o que ela disse... A Lanna é sempre uma caixa de surpresas.

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Caralho véi, tive que maratonar toda à série para lembrar-me deste conto....que história do cacete irmão...rs...e é claro que tenho minha opinião à respeito desta história....rs...mas só as darei ao final de mais está bela aventura narradas por ti ...rs...não interferirei no destino destino do qual tu reservou á cada personagem...rs

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Cara que louco já estou pra ver no que vai dar isso tudo, nota mil amigo.

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nossa Leon... bom demais... já estou ansioso pela continuação

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Amigos leitores. Esta parte é inédita. Estava sendo preparada quando tive que parar para realizar um trabalho. Agora vou priorizar em terminar esta história, antes de retomar as outras. Boa leitura.

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