Ao chegar em casa, meu pai estava sentado na sala lendo jornal como sempre fazia nas manhãs dos finais de semana. Minha mãe estava na cozinha com a comida quase pronta. Minha mãe é uma excelente cozinheira. Quando senti o cheiro da comida minha fome triplicou. Dei um beijo em minha mãe e elogiei seus dotes culinários.
Fui para o meu quarto dar uma relaxada. Deitado na cama eu fiquei pensando em toda a situação no futebol. Gustavo e eu sempre fomos muito amigos, mas naquele dia ele estava muito diferente comigo. Olhava-me toda hora no campo e sempre ia fazer uma brincadeira comigo me dando tapinhas e empurrões. Ele sempre foi muito brincalhão, mas todos notaram que ele estava muito mais engraçado e muito mais confiante. Confesso que eu gostava mais dessa versão de Gustavo e eu fiquei meio perturbado pelo fato de estar gostando disso. Virei-me de lado na tentativa de dormir um pouco, mas não obtive sucesso. Minutos depois meu celular começou a vibrar. Era ele. Gustavo. Fiquei nervoso na hora. Era um sentimento de ansiedade o qual eu ainda não sabia explicar.
— Alô.
— Coé, Vitor. Saca só. Cheguei em casa e meus pais estavam preparando um churrasco aqui na piscina. Tá a fim de vir?
—Pô cara, minha mãe acabou de fazer a comida aqui também.
— Que isso mano! Vocês almoçam e jantam sempre juntos. Olha e eu comentei com minha mãe que eu tinha te visto e ela disse que era pra te convidar. Ela disse pra te chamar porque você sumiu e nunca mais deu notícias.
— Tá bom! Minha mãe deve ficar bem bolada, mas eu vou sim.
— Isso! Aproveite as férias com seu brother. Deixa-me perguntar: E a Fernandinha? Vocês ainda estão juntos?
— Claro! Amo aquela garota.
— Moleque de sorte! Traz ela também. Mariana disse que queria vê-la.
— Tá okay.
— Como eu sei que você gosta, vou deixar umas carnes bem passadas aqui pra quando você chegar.
— Aí sim! Falou minha língua agora.
— Valeu então, moleque. Estou esperando vocês aqui.
Muito legal saber que Gustavo ainda lembrava que eu sempre gostei de carne bem passada. Só de imaginar o churrasco que me aguardava, a fome começava a gritar mais alto dentro de meu estômago. Falei com minha mãe que iria almoçar fora e, para minha surpresa, ela entendeu de boa. Ela disse que eu tinha que curtir mesmo as férias porque o ano todo ela me viu muito atarefado. É por essa e outras que amo minha mãe! Sempre pensou no meu bem.
Assim que terminei de me arrumar, despedi-me dos meus pais, peguei o carro e fui buscar Fernanda. Já havia ligado para ela avisando do churrasco. Só assim evitaria ficar esperando durante uma eternidade até ela se arrumar porque ela gostava muito de se produzir.
Lá chegando cumprimentei seus pais que estavam na cozinha conversando e preparando o almoço juntos. Eles conversavam comigo e faziam várias perguntas sobre meu trabalho e a faculdade. Eu tinha um bom relacionamento com meus sogros. Fernanda estava demorando tanto que o assunto estava quase se esgotando. Quase que eu tive que fazer aquela pergunta típica “Será que vai chover?”, mesmo que não houvesse uma nuvem no céu.
Minutos depois, Fernanda apareceu e, antes mesmo de me cumprimentar, voltou ao quarto para buscar algo que havia esquecido.
— Fernanda, é churrasco na piscina. Não precisa se arrumar toda não — falei em um tom de voz mais alto, porém moderado. Não estava em minha casa.
Segundos depois ela desceu com um chapéu na cabeça.
— Seu apressadinho!
Despedimo-nos de seus pais e fomos para o carro. Liguei o carro e, antes de dar partida, olhei para Fernanda todo enigmático.
— O que foi, Vitor? — perguntou Fernanda estranhando — Esqueceu alguma coisa?
Olhei para ela e respondi:
— Esquecemos — disse já puxando sua cabeça com minha mão em sua nuca e a beijei. O beijo foi tão quente que fiquei excitado. Estava há uns dias sem transar e me masturbar. Fazia questão de guardar todo o meu desempenho para Fernanda.
— Já está todo animadinho aí, né? Seu safado! — disse ela reparando no volume em minha bermuda.
— Você que me deixa assim.
Ela sorriu e nos beijamos de novo. Eu coloquei a mão dela em meu pau. Forcei uma cara de safado e ela riu.
— Aqui não, Vitor. Seu tarado!
— Eu sei que você gosta.
Ela sorriu balançando a cabeça em reprovação à minha atitude.
Liguei o carro novamente e seguimos para a casa de Gustavo. Sua irmã nos atendeu no portão. Quando as garotas se viram, soltaram um grito ensurdecedor e se abraçaram empolgadas. “Tomara que Fernanda nunca desconfie que eu já fiquei com Mariana” pensei eu. Eu havia ficado com a Mariana antes de começar a namorar com Fernanda, mas isso aconteceu num passado remoto. Mariana sempre foi uma garota muito bonita, mas eu estava muito feliz com minha namorada.
— Entrem gente, o Gustavo tá lá na piscina. Fiquem à vontade.
Olhei para a piscina e avistei Gustavo. Ele estava tomando banho no chuveiro da piscina, usava apenas uma sunga vermelha. Estava de olhos fechados e, despreocupado, esfregava o rosto sentindo a água. Assim que ele me viu, acenou empolgado para eu me aproximar.
— Aeee. Você veio! — disse Gustavo se aproximando de mim e me abraçando.
Fernanda e Gustavo se cumprimentaram.
— Fernandinha tá cada vez mais gata! — disse ele.
Fernanda deu um sorriso leve. Mariana foi logo tratando de puxá-la e quando vi as duas estavam sentadas na beirada da piscina conversando.
— Pelo visto o namoro está firme e forte, hein, meu amigo!
Fiz que sim com a cabeça observando Gustavo arrumar o cabelo molhado.
— Já tem carne assada na churrasqueira.
— Ah valeu. E por falar em namoro, e você? Também está namorando, ou continua naquela vida de pegar geral? — perguntei.
— Mais ou menos — disse ele apontando com o rosto para uma garota que vinha andando ao lado da mãe dele. Elas saíam da cozinha pela área de serviço da casa e se aproximavam da piscina com panelas e potes com arroz, farofa e outras comidas para o churrasco.
— Vitinho! — disse dona Laura, mãe de Gustavo. Ela deixou as coisas em cima da mesa e me abraçou — Que bom que você e a Fernanda vieram! Quanto tempo, rapaz! Você deu uma sumida!
— Verdade, dona Laura. O trabalho e a faculdade estão me deixando ocupadíssimo. Aproveitando agora as férias para rever os amigos.
— Pois é! E vê se não some, menino! Nós gostamos muito de você. Saiba que você e sua namorada são muito bem-vindos aqui.
— Muito obrigado, dona Laura!
Enquanto eu conversava com sua mãe, Gustavo nos observava com um sorriso no olhar. Não sei porquê, mas seu olhar me deixou completamente sem graça. Ele, então, puxou a garota que ajudou a trazer a comida da cozinha, aproximou-se de mim com ela e disse:
— Essa aqui é Jéssica. Jéssica, meu melhor amigo Vitor.
— Oi — disse ela com um sorriso simpático.
— Oi Jéssica, prazer! — disse eu.
— Prazer!
Dona Laura e Jéssica foram cumprimentar Fernanda que estava do outro lado da piscina se bronzeando ao lado de Mariana.
Foi então que Gustavo falou para eu ir com ele ao seu quarto porque ele queria me mostrar algo.
— Tenho até medo do que você vai me mostrar, cara. Doido do jeito que você é.
— Relaxa, Vitor. Não é nada demais. É uma parada que eu ganhei.
Ao entrarmos em seu quarto, Gustavo abriu uma das portas de seu guarda-roupas e tirou uma caixa. Era o último Playstation.
— Meu pai me deu.
— Caralho moleque! Tu é rico mesmo, né! Tá geral reclamando do valor do Playstation na net e você compra.
Naquela época o Play Station tinha acabado de sair e estava bastante caro. Havia vários posts no Facebook com memes sobre o quanto estava caro aquele videogame.
— Sou rico nada. Tá doido? Mas aê… vem aqui em casa um dia pra gente jogar.
— Claro!
— E é para vir mesmo, cara. Não é só porque a gente parou de estudar juntos que a gente tem que parar de ser amigos.
Gustavo continuava o mesmo de sempre e isso me deixava mais contente ainda em ter um amigo como ele. Seu jeito, suas traquinagens e modo de levar a vida era o que o fazia ser rodeado de pessoas que o admiravam.
Voltamos para a piscina e ficamos conversando do lado da churrasqueira. Gustavo disse ao pai que podia deixar com ele o comando da churrasqueira. Enquanto virava umas carnes no espeto, Gustavo me perguntou:
— Vitor, você veio preparado pra tomar banho de piscina, né? Veio de sunga?
— Aham.
— Então, tá o maior calor. Tira essa roupa. Fique à vontade.
— Tranquilo, daqui a pouco eu tiro — disse eu meio embaraçado.
— Pode parar com essa cara de vergonha, rapaz! Calor da porra e você aí cheio de roupa.
— To com vergonha não.
— Duvido — disse ele com um olhar provocativo.
— Eu hein! Não sei por que tanta insistência! Parece que quer me ver de sunga! — acho que o olhar provocativo de Gustavo me deu coragem pra falar essa besteira que imediatamente tinha me arrependido de ter dito.
— Se eu quiser que você fique só de sunga, Vitor, eu simplesmente tiro sua roupa à força.
Gargalhei muito, pois fiquei sem graça e muito nervoso com a situação. Realmente não tinha o que dizer. Só consegui rir para piorar tudo. Acabou que eu o provoquei mais ainda.
— Ah você está rindo? Quer dizer que você não está acreditando em mim!
Gustavo fez uma cara de safado. Ele deixou de lado a churrasqueira e se aproximou de mim tão rápido que eu não consegui fugir. Começou a tentar tirar minha bermuda à força enquanto prendia minha cintura com um dos braços. Acabou que eu mesmo tirei minha camiseta com medo de molhar.
— Para com suas brincadeiras de mau gosto, Gustavo! — gritou dona Laura, que estava entrando na cozinha e observava tudo de longe — Deixa o menino em paz!
Gustavo nem deu atenção à mãe. Jéssica e as outras garotas observavam tudo e gargalhavam alto. Gustavo lutava para tirar o resto da minha bermuda. Eu estava com vergonha, mas eu poderia fazê-lo parar, se quisesse, mas o deixei abaixar toda a minha bermuda revelando minha sunga preta. Pensei que ele sossegaria depois daquilo, mas eu havia esquecido que ele era “insossegável”. Acho que acabei de evitar esta palavra.
Gustavo me agarrou por trás me imobilizando e me empurrou na água. Mergulhamos, com ele ainda me agarrando. Senti o volume do pau de Gustavo encostando em minha bunda. Fiquei excitado na hora.
— Me solta, Gustavo! Já conseguiu o que queria: me molhar!
Gustavo me soltou e me olhou com aquele olhar sacana, que eu tentava interpretar. Não sabia se ele queria dizer com o olhar coisas do tipo: “Te encochei de propósito mesmo” ou se tudo aconteceu sem querer e ele simplesmente me olhava daquele jeito porque era doido. Só sei que parecia que eu não conhecia mais meu amigo. Havia alguma coisa diferente nele. As brincadeiras que ele fazia naqueles dias me deixavam confuso.
— Assim vou ficar com ciúmes, Gustavo — disse Jéssica do lado de fora — Fica agarrando homem!
— Não precisa ficar com ciúme, Jessiquinha! Meu lance com o Vitor não é coisa muito séria não — disse ele daquele jeito irônico fazendo as garotas começarem a rir logo em seguida.
Enquanto isso eu tentava controlar minha ereção dentro da água para poder sair. Mas ficou difícil quando Gustavo me olhou de novo rindo junto com as garotas do que ele acabara de dizer.
— E você, Jéssica — continuou Gustavo — é bem mais gostosa que o Vitor.
Mano do céu! O que estava acontecendo com o Gustavo? Ele não era daquele jeito!
Dona Laura escondeu o rosto com a mão.
— Começou o Gustavo com as safadezas dele — reclamou Mariana.
Jéssica mergulhou na água em direção ao namorado e eles protagonizaram uma cena de esfregação dentro d'água. Pude ver as línguas dando nó.
Curti o resto da tarde me entupindo de churrasco. Mas estava ficando cada vez mais complicado para mim. Gustavo não parava de me perseguir com suas brincadeiras sacanas. Pior era admitir para mim mesmo que eu estava gostando, mas tentava fugir porque eu estava de sunga e não seria fácil de esconder se eu ficasse excitado de novo fora da água. Estava há muito tempo sem transar. Era isso! E eu precisava tirar meu atraso. Era capaz de eu ficar excitado se encostasse em uma cadeira!
Parecia que Gustavo tinha tirado o dia para me provocar. Ele vinha para perto de mim toda hora. Em uma das vezes ele conversava comigo em pé e eu pude perceber quando ele segurou o pau por cima da sunga e ficou assim por alguns instantes. Acabei dando uma olhada. Senti-me um fracassado por perder a luta de resistir olhar. Eu já o tinha visto pelado diversas vezes no vestiário do clube onde a gente joga futebol. Ele tinha um pau um pouco grosso e fazia bastante volume no calção de futebol. Em sua sunga vermelha o volume parecia maior ainda. Ele aproveitava que as garotas estavam conversando no outro lado da piscina e vinha para perto de mim fazer ou falar alguma gracinha.
— Gosta de linguiça, Vitor? — perguntou ele se aproximando de mim com uma linguiça espetada no garfo.
Ele me esperava responder e estava com um olhar bem sacana. Fiquei meio sem graça e fiz que não com a cabeça, mesmo gostando de linguiça.
— O que foi cara? — perguntou ele rindo — Eu to falando de linguiça de porco, cara.
Ele fazia a só para provocar! Não é possível! Gustavo não valia nada.
— Eu sei que você está falando de linguiça de porco! Não tem outra.
— Tem sim — disse ele me olhando misteriosamente. Depois continuou — Vai me dizer que você nunca comeu linguiça de frango?
Ele riu.
Foi essa provocação toda aquela tarde. E eu comecei a reparar no corpo de meu amigo. Uma hora eu estava sentado à beira da piscina e ele veio andando, parou perto de mim com sua mala pesada bem perto de minha cara. Fiquei aliviado quando ele resolveu se sentar de vez se não eu ia ficar olhando sem querer, toda hora.
Aquela foi uma tarde estranha, mas agradável pelo fato de estar passando um longo tempo com meu melhor amigo. Estávamos aproveitando para colocar nossos assuntos em dia. Gustavo conversava comigo, às vezes rindo, às vezes muito sério, prestando atenção em tudo o que eu falava. Tinha hora que ele me olhava tão compenetrado e sério que eu ficava sem graça e tinha que desviar o olhar.
Gustavo me contava como estava sendo suas experiências no estágio. Disse que estava meio perdido ainda em relação à sua profissão, mas estava gostando da experiência.
Estava começando a escurecer e Fernanda e eu quase indo embora quando dona Laura falou para lancharmos. Ela fez bolo e não pudemos desperdiçar. Ficamos mais uma hora lanchando e conversando.
Anoiteceu e finalmente fomos nos despedir. Fernanda se despedia das mulheres enquanto Gustavo veio falar comigo.
— Cara, muito obrigado por ter vindo — disse ele apertando minha mão e me dando um leve abraço.
— Eu que agradeço. Estava um calor da porra! Essa piscina salvou meu dia. E mano, estava com saudades do futebol e de todo nosso tempo de moleque.
— Vê se não some mais tá? E venha mais vezes porque a casa é sua.
Nos despedimos e fomos embora já tinha anoitecido. Durante a ida para casa, Fernanda me perguntou se eu estava bem. Ela percebeu que eu estava meio estranho. Eu só estava pensando nas atitudes de Gustavo desde o futebol naquele dia.
— Está tudo bem, amor? Você está meio calado, pensativo.
— To bem, meu amor — disse olhando para ela dando um leve sorriso — Só um pouco cansado.
Eu não podia dizer para ela o que estava acontecendo. Todo problema começou quando eu decidi pegar o número de Gustavo de sua mão e liguei para ele. Não sabia que traria esse tipo de consequência. Depois daquele dia eu estava sentindo coisas que eu nunca havia sentido antes. Em um só dia Gustavo reapareceu na minha vida e começou a mexer comigo de uma forma que eu ainda não estava conseguindo compreender.
Deixei Fernanda em casa e fui logo embora. Estava bastante cansado do futebol e da tarde inteira de churrasco. Tomei um banho e jantei com meus pais. Minha mãe havia deixado estrogonofe do almoço para mim. Estava realmente delicioso. Comi e subi direto para o quarto. Tirei a minha roupa devido ao calor que fazia e dormi apenas de cueca, o que era normal para mim. Acho que fui dormir naquela noite por volta das dez horas de tão exausto que estava.
Tive um sonho. Sonhei que estava jogando futebol com a galera no clube. Eu era do mesmo time de Gustavo. Estávamos fazendo a nossa jogada de sempre para tentar marcar o gol. Gustavo driblava Ricardo e tocava a bola para mim e eu fazia o gol. Na hora de comemorar o gol, Gustavo vinha correndo em minha direção com uma cara de safado e, ao me abraçar, mordia minha orelha e depois colocava a mão em meu pau por cima do calção. Eu ficava excitado na hora. Gustavo começava a olhar em meus olhos de um modo bem sensual e não tirava a mão do meu membro. Nessa hora eu acordei.
Conferi no rádio relógio em cima da cabeceira. Eram seis horas da manhã. Senti que minha cueca estava molhada e abaixei o lençol para conferir que havia melado a cueca toda por causa do sonho. Fui ao banheiro me limpar e prometi a mim mesmo ficar longe de Gustavo, pois não queria aceitar que estava ficando excitado por causa do meu amigo.
continua...
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