O servente que veio com o pedreiro que contratei para uma obra na minha casa era muito diferente do estereótipo que qualquer pessoa possa ter de um profissional desse. Este cultivava vasta cabeleireira negra, cuidadosamente presa, formando um felpudo rabo de cavalo; falava pouco, mas nas vezes em que se expressava, seu linguajar destoava do comum – além de ter uma dentição branca e perfeitamente alinhada; a pele era bem cuidada, as axilas cuidadosamente depiladas; pernas firmes, embora não musculosas – o mesmo valendo para os braços. O rosto era jovem e belo, sem um pelo sequer, boca bem desenhada.
Interessei-me pelo inusitado servente de pedreiro. Mas não podia puxar assunto, senão o serviço não rendia. Então aproveitava o intervalo para o almoço, em que ele se servia com gestos também pouco próprios ao que comumentemente se via, nessa área. Depois de almoçar, colocava os fones no ouvido e descansava sob uma árvore, até o pedreiro chegar e retomar o trabalho.
Eu arranjava desculpas para ficar por perto, durante a jornada. Quando ele estava meio livre, eu o convocava para me ajudar em alguma arrumação de material, quando então podia sentir o quanto era cheiroso – outra característica pouco comum a quem passa o dia na lida braçal.
Sempre na dele, o carinha. Quis testar-lhe. Coloquei um calção folgado, sem nada por baixo, e o chamei para segurar a escada, enquanto eu subia ao sótão, a procurar certo material. Enquanto subia, devagar e desastradamente, olhava de soslaio para baixo e, mais de uma vez, flagrei seu olhar para cima. Exultei. Havia chance de foda, afinal.
O alinhamento conspiratório do universo veio quando o pedreiro constatou o esquecimento de um instrumento de trabalho. Eu me propus a ir buscar, e o servente precisava ir comigo, para dizer onde o patrão morava.
Eu estava super nervoso, com aquele belo jovem ao meu lado, no carro. Meu cérebro fervilhava e eu não sabia exatamente o que dizer. Terminei começando um papo pra lá de manjado:
– Faz tempo que você trabalha como servente?
– Uns dois anos. Mas não pretendo ficar muito tempo.
– É, você não parece mesmo um servente de pedreiro.
– Por quê? – Ele riu lindamente...
– Sei lá, não se encaixa, entende? Você é muito bem cuidado, não combina com os serventes que tenho encontrado.
Ele riu de novo, e a cada sorriso eu tinha ímpetos de pular em sua boca – mas me continha. Então contou que, à noite, ele fazia shows como drag queen. Samantha Flag era seu nome artístico. Disse onde se apresentava e me convidou para ir lá, noite dessas. Prometi que iria – e fiz isso com sinceridade: eu queria ver aquela diva no palco.
– No lance da escada, vi que você estava se mostrando para mim – o desmascaramento me deixou meio abalado, só não mais pela naturalidade com que ele falava –. Também fiquei bastante interessado no que vi.
Meu coração disparava. Eu jamais havia passado por uma situação daquela, senão em minhas fantasias masturbatórias – ao vivo parecia mais complicado. Ele percebeu meu atrapalho; tocou de leve na minha coxa e ronronou:
– Relaxe, querido! Deixe-se levar...
Eu sorri, meio sem jeito, e já parando na frente da casa do pedreiro. Ele foi buscar a ferramenta, e na volta estava bem na dele. Também não quis insistir – na verdade, não sabia bem o que dizer ou fazer. Voltamos o caminho todo em silêncio, apenas cortado, vez em quando, por um ou outro comentário aleatório.
Fiquei agoniado pelo resto da manhã. Não sabia exatamente como, mas eu queria sentir o corpo daquele carinha. Eu estava em puro êxtase. Ele provavelmente percebeu, pelas inúmeras vezes que passei na sua frente, enquanto ele descansava, após o almoço. Perguntou se podia ir ao banheiro, escovar os dentes. Disse que sim, e indiquei o da minha própria suíte.
Enquanto se agachava um pouco, para recolher a água na boca, sua bunda desenhava-se com nitidez, e seu cu parecia me chamar, com avidez. Resolvi ir pegar uma toalha, no interior do banheiro, e precisava passar por ele; num arroubo de coragem, aproveitei sua posição e, ao passar, rocei meu corpo em sua bunda. Ele não demonstrou incômodo, de modo que, ao retornar, com a toalha, novamente me esfreguei nele, agora mais intensa e demoradamente.
Ele sorriu aquele sorriso lindo, olhando para o espelho que me refletia atrás dele. Então endireitou o corpo, virou-se para mim e nossos rostos ficaram frente a frente, a centímetros de distância. Eu cravei os olhos em seus lábios perfeitos, semiabertos, que se aproximaram dos meus até me tocarem, e uma espécie de corrente elétrica percorreu meu corpo. Correspondi com sofreguidão ao beijo, enquanto nossos corpos se roçavam acintosamente.
Arrastei-o para a cama e me dei ao prazer de explorar aquele corpo moreno e cheiroso; ele também me explorava com tesão. Nossas mãos nos percorriam e em pouco nossas roupas jaziam, jogadas a um canto. Nossas rolas rígidas, nossas peles arrepiadas, gemidos e carícias ousadas – em pouco nos chupávamos em vigoroso sessenta-e-nove. Como era gostosa aquela rola! Como era cheiroso aquele carinha!
Senti raios de prazer convergindo para minha pica, que era por ele sugada, ao mesmo tempo em que percebi sua rola crescer em minha boca. Nenhum dos dois quis se livrar do volume com que nos deliciávamos, e foi assim que a explosão de seu leite em minha boca veio simultaneamente a minha própria explosão. Engolíamos a semente um do outro, com sofreguidão e rapidez, que os jatos não paravam de esguichar.
Após a última golfada, usamos nossas línguas para deixar completamente limpos nossos paus. Em seguida, nos beijamos e sentimos, na língua um do outro, nossos próprios gostos. Abraçamo-nos fortemente e eu lhe jurei, sussurrando ao seu ouvido, que, no próximo final de semana, eu iria conhecer e aplaudir Samantha Flag, para comprovar se ela era tão gostosa quanto ele.
O carinha sorriu, fechou os olhos, feliz, e respirou profundamente; em seguida, desprendeu-se de mim:
– Está na hora de voltar ao trabalho, querido...