Naquela noite, resolvemos colocar vários colchões na sala e dormirmos todos juntos numa festa do pijama sem pijamas, já que preferíamos a nudez dos nossos corpos. Depois de ter ficado várias horas na piscina com Bia, continuei a preparar o churrasco para o jantar. Pão de alho, salsichão, asa de galinha, maminha, tinha um pouco de tudo. Fui bebendo, comendo, conversando, e o tempo foi passando, até que o cansaço me pegou antes da hora. Sou daquelas pessoas que, depois de beber, dorme com facilidade.
Às nove horas da noite, eu resolvi deitar num dos colchões, para descansar um pouco, e acabei apagando por completo. Quando acordei, de madrugada, senti um incômodo, uma câimbra, um peso em cima do meu corpo. Bia havia deitado de ladinho, a perna direita em cima de mim e a sua xana friccionando a minha pele.
Procurei retirá-la de cima com cuidado, para não acordá-la. Lembrei da minha filha pequena, ela indo para minha cama e ficando encostadinha no papai, com pernas e braços me envolvendo. Naquela época, o corpo dela não pesava tanto, estava sempre de camisola, e não havia nenhuma atração física, sexual, ela era apenas uma criança.
Agora, a posição era a mesma, o rostinho terno era quase o mesmo, mas tudo havia mudado. Eu estava diante de uma garota de 19 anos, atraente, nua e cujo peso do corpo me deixava com câimbras. Uma garota que dormia com a xana friccionando-se sobre a minha pele, envolvendo as minhas coxas e me fazendo acordar com o membro ereto.
Levantei devagarinho e fiquei sentado na cama, massageando a minha perna, para passar a câimbra, e olhando para a nudez da minha pequena. Ao retirá-la de cima de mim, percebi que ela se moveu para o lado, ficando com as pernas bem abertas, a xana visível, reluzente, parecia querer me chamar. Será que ela havia se esfregado em mim antes de pegar no sono? Tinha usado o meu corpo para se aliviar e dormir mais rápido?
Curioso, toquei nas suas intimidades, ela estava molhada, como se tivesse gozado. Havia se esfregado em mim? Levantei, chovia lá fora, e vi a Gê no terraço, com uma camisola, deitada na rede. Era estranho não vê-la nua, já que o nudismo sempre tinha sido a regra entre nós. Ela estava com frio. Eu me aproximei, olhei para ela e vi que estava pensativa. Perguntei: “Está tudo bem?”.
“Não sei”, ela respondeu, “estou com medo”.
“Medo de quê?”, perguntei.
“Medo de perder vocês. Vocês são como uma família para mim. Eu não tenho mais ninguém com quem contar. Sinto-me sozinha”.
Fui até a rede e deitei junto com a Gê, abraçando-a. Por detrás da garota dominadora, existia uma menina desprotegida. Procurei consolá-la e dizer que mesmo que as nossas escolhas intimas não coincidissem, existiria sempre um lugar na nossa casa e no nosso coração para ela. Diferenças sempre vão surgir, a sexualidade é fluída, a gente vai se descobrindo nela, testando os nossos limites, vendo o que nos faz bem e o que não faz. É como um desenho inacabado que a gente nunca termina de fazer, um desenho que está sempre sendo completado.
“Álvaro, me beija”, ela pediu, “quero que você me beije como fez com a Bia, na piscina”.
“Isso é impossível”, falei, “aquele beijo interminável foi ideia da minha filha, desejo dela. Ela me deu o beijo que estávamos precisando”.
“Não importa”, disse a Gê, “agora sou eu quem estou precisando”.
Nós nos beijamos e abraçamos, procurando fazer com que os nossos corpos se amoldassem ao pequeno espaço da rede. Lágrimas rolavam da face de Gê, enquanto ela procurava me sentir ao seu lado. Ela, visivelmente, estava com medo de me perder e talvez tenha ficado com ciúmes, ao ver a minha intimidade com a minha filha, na piscina.
Eu tentava entender os últimos acontecimentos, juntá-los, e não conseguia. A Gê dominante daquela tarde, que sentia o prazer de me humilhar junto com a amiga, era a mesma que chorava ao me beijar e deixava as lágrimas rolarem? E eu? Onde eu me situava nisso tudo? De certa forma, eu deixei as coisas aconteceram e até senti prazer com elas. Fui a putinha da Gê e da amiga dela, aceitei a inversão, a calcinha que me mandaram vestir, até que algo despontou em mim, e tive a sensação de que aquilo não era eu, não me fazia bem, e fui juntando os cacos do que eu imaginava ser a minha identidade.
Eu não podia culpar a Gê pelo ocorrido, mas tinha medo do sexo que deixa de ser afeto e se torna degradação, vício, o prazer na dor do outro, na humilhação do outro. Tinha que ter um limite e talvez nem eu nem a Gê soubéssemos qual era esse limite. O fato é que a Gê não havia feito nada que eu não houvesse deixado e quando, finalmente, eu demonstrei que não queria mais, ela soube que havia rompido a corda da minha aceitação.
Então, eu jamais poderia culpá-la por alguma coisa. Na verdade, eu não tinha medo da Gê. Eu tinha medo de mim mesmo. Talvez as maiores violências nasçam não do outro, mas da gente mesmo, da nossa capacidade de se autodepreciar, de ser autodestrutivo, da ausência de amor.
Agora, as bocas se juntavam e as lágrimas escorriam, fazendo com que o nosso beijo tivesse gosto de sal. Um vento mais forte trouxe um pouco de chuva para perto de nós e fechamos a rede para nos proteger, e foi como se estivéssemos numa espécie de casulo, eu e Gê precisávamos nascer de novo, sermos gestados ou trançados dentro do tecido de algodão que nos reunia. Gê foi enroscando-se em mim, deixando-se penetrar, amoldando os nossos corpos àquele pequeno espaço.
Aquela era uma cama que nos abraçava e que se movimentava junto com os nossos corpos. Era diferente. Os movimentos precisavam ser mais contidos, a cama se balançava, afundava um pouco, movia-se conosco. Eu sentia a excitação de Gê envolver-me, meu membro estava melado com o seu líquido, o mel que saia dela, nós dois juntos naquela cabana improvisada.
Nossos corpos afundavam, a rede se movimentava muito, fazendo ondas. Senti a necessidade de fixá-la, ancorá-la, parar os movimentos. Abri a nossa cabana para o mundo, fixei os meus pés no chão e, levantando, continuei a penetrar o corpo de Gê. Lá fora continuava chovendo e os ventos mais fortes traziam a chuva para dentro do terraço, respingando em nós.
A rede sacudiu, o corpo de Gê tremeu, e vi no seu rosto o prazer do gozo. Gê me puxou para junto dela, querendo os meus braços, os meus abraços. Deixei-me ir, a nossa cabana fechou-se novamente, protegida contra o vento e a chuva, eu dentro de Gê, dentro da cabana dela. Na ternura do seu corpo, apenas senti o líquido quente da sua xana abraçando o meu pau. Não fiz mais nenhum movimento, não precisava, o calor daquela xana, a humidade do seu gozo, o rosto de prazer de Gê, o seu sorriso, o abraçar dos corpos, isso foi suficiente para que eu gozasse, enchendo-a com o meu leite.
Disse para Gê se levantar e ir no banheiro, para não sujar a rede. Ela falou que não precisava, foi tirando a porra da boceta com as mãos e engolindo os nossos líquidos, secando com a língua os nossos corpos e me beijando. Depois, ela me pediu: “meu amor, dorme aqui na rede comigo”.
Atendi o pedido e fiquei lá, abraçadinho com ela, sentindo-me um índio que dorme na rede com a sua amada, estando na companhia da chuva, do vento e do balançar das árvores ao redor. Fazia frio de noite, e Gê colocou a sua camisola, eu continuava sem nada, tendo apenas o calor do corpo da minha companheira para me aquecer.
Gê dormiu, mas eu não conseguia. Não sei se era por conta do frio, da chuva ou do balançar da rede. Idealizar dormir agarradinho é ótimo, mas nem sempre a gente consegue. Eu fiquei um tempão acariciando o corpo de Gê ao meu lado, alisando os seus cabelos, chupando os seus seios como uma criança pequena no colo da mãe, mas o sono não chegava. Então, tive que me levantar e acabei por acordá-la com os meus movimentos. Ela se segurou nos meus braços e fez questão de ir de mãos dadas comigo para os nossos colchões.
Deitamos, a Gê no mesmo minuto pegou no sono. Do colchão do lado, uma voz sussurrante me chamou, pedindo: “Painho, vem cá, eu tô com frio, traz um leitinho quente para mim, traz, como você fazia antigamente”. Fui na cozinha, esquentei uma xícara de leite quente com um pouco de achocolatado e entreguei para Bia. Sentamos juntos no colchão, ela tinha um rosto feliz. “Paizinho, agora deita, quero dormir com você”.
Deitei e ela colocou a perna em cima de mim, deixando a sua xana esfregar-se na minha coxa. “Paizinho, falou ela, eu tenho uma confissão para fazer. Quando eu era menor, lembra que eu gostava de dormir assim, com aquele meu pijaminha rosa, agarradinha em você”.
“Lembro sim”, respondi, “era um pijama rosa com desenhos de moranguinhos. Mesmo velho e desbotado, você não me deixava jogar aquele pijama fora”.
“Um dia, eu não lembro da idade que eu tinha, você já estava dormindo, e eu fiquei friccionando o meu corpo na sua perna, nas suas coxas, e senti uma sensação diferente, um tremor esquisito, era algo novo para mim, eu não sabia o que era, parecia uma coisa proibida, mas era tão gostoso. Hoje, quando você estava dormindo, resolvi fazer de novo, para ter certeza do que eu sentia, do que era aquele tremor que eu sentia, e gozei na sua perna, nas suas coxas, e dormi depois de gozar, igual como eu fazia quando era menor”.
“Eu não sabia de nada disso”, falei. “Se soubesse, teria proibido”.
“Eu sei, papai”, ela respondeu, tocando de leve nas minhas mãos e me pedindo para ser compreensivo. “Eu também não sabia. Não sabia nada de sexo. Só agora, repetindo os movimentos, é que tenho certeza que o meu primeiro gozo, o meu primeiro orgasmo, não foi usando as mãos, foi me friccionando nas suas pernas antes de dormir”.
Fiquei mudo, sem palavras.
“Pai, não precisa ter vergonha, não foi uma coisa consciente, mas talvez seja o nosso destino. Hoje, estando consciente e sabendo que você também já sabe de tudo, a sua menina crescida, aos 19 anos, gostaria de te pedir permissão. Papai, finge que está dormindo, fecha os olhos, e deixa eu dormir me esfregando nas tuas pernas, deixa, eu quero que você perceba a filhinha atrevida e sapeca que você tem”.
Enquanto Bia se esfregava em mim para dormir, perguntei-me como não havia percebido aquilo antes. Lembrei que chegava muito cansado do trabalho e sempre tive um sono muito pesado. Jamais poderia ter consciência daquilo e nunca teria aprovado. Sempre quis preservar a inocência da minha pequena. Agora, enquanto ela se friccionava em mim, eu não sentia nenhuma excitação, estava confuso. O quanto da Bia pequena sobrevivia na garota de 19 anos que estava ao meu lado? O que eu deveria fazer? Ser pai e amante não é tarefa fácil, porque os sentimentos se misturam. Eu queria ter sexo apenas com a Bia madura, de 19 anos, questionadora e consciente das próprias decisões. Mas, da casca dessa Bia, surgia a menininha que eu sempre criei com todo o amor do mundo e cuja inocência eu sempre quis preservar.
Sendo esse um conto erótico, e até pornográfico, talvez eu devesse terminá-lo de outra forma. Mas não quero. Desejo que vocês, leitores, percebam as dificuldades que existem em qualquer relação familiar que se faz mais íntima. Os sentimentos se confundem e, se você não for um pai completamente canalha, o que acredito que não é o meu caso, cedo ou tarde terá que lidar com conflitos, tensões e sentimentos que se confundem. A vida é como aquela rede, em que eu havia deitado com a Gê minutos antes: às vezes, parece uma cabana confortável, e outras vezes afunda demais, balança demais, como se não tivesse nenhuma estabilidade.
Por favor, comentem e nos ajudem a continuar publicando.
Para entender melhor a história, bata clicar no nome Álvaro Campos e procurar a primeira sequência do relato (O Novo Normal: Nudismo em família - Parte 1).