Casamento arranjado. Capítulo 1

Um conto erótico de Alex Silva
Categoria: Gay
Contém 2342 palavras
Data: 22/01/2022 23:12:29
Assuntos: Gay, Homossexual

— Então é isso! — o advogado fala se levantando e estendendo a mão para nós.

— Isso só pode ser alguma piada, certo?! — Charlotte fala vermelha de raiva — Meu irmão, gay?! Fala sério! Você quer mesmo que eu acredite nessa palhaçada?!

— Casar?! — Eduardo fala como se ainda não entendesse o que aquilo quer dizer — Só se eu fosse levado amarrado pra o altar, e olhe lá...

— Sessenta mil reais? O que eu vou fazer com tão pouco?! Nem mesmo depois da morte ele deixou de ser​ mão de vaca! — Charlotte continua a reclamar pra ninguém em especial.

— Meu Deus... — acabou de me cair a fixa do que isso significa — Eu tô rico, é isso?!

— Como assim, rico?! — Eduardo me encara.

— Já que você não quer casar, tudo fica pra mim. — respondo alegremente.

— Na verdade, se vocês dois não casarem, tudo fica pra Sra. Charlotte. — o advogado me corrige.

— Tem que ter outro jeito. — Eduardo diz baixinho ao meu lado.

— Pelo que eu tô vendo, sou a nova milionária do pedaço. — Charlotte comemora.

— Isso tudo parece uma piada. — agora é a vez do meu pai tomar a palavra; eu nem me lembrava mais que ele está aqui com a gente — Meu pai, gay?! Meu Deus... É muita informação pra um dia só.

— Poxa, é muito dinheiro e eu tô precisando tanto no momento. — digo me sentindo um pouco contrariado com a situação — Mas casar com um debilóide não vale a pena.

— Como assim, “debilóide”? — Eduardo olha pra mim como se quisesse me matar — Eu que não quero casar com um viadinho pão com ovo! — Reviro os olhos.

— Vai se foder! — digo com dentes trancados de raiva.

— Por favor, vamos todos nos acalmar. — o advogado, que até agora só observava a cena, pega uma caixinha e abre — Aqui estão os pingentes; neles têm a senha do cofre — fala tirando e nos dando um pingente em forma de coração.

— Tudo isso é patético. — Eduardo fala recebendo o pingente e o avaliando.

— Você vai mesmo se casar? — meu pai me segura pelos ombros e me olha nos olhos parecendo preocupado.

— Não sei pai, mas preciso do dinheiro e não é sempre que se tem uma oportunidade dessas. Até porque, tenho que pagar minhas contas atrasadas e a minha pós-graduação.

— Eu sei disso meu filho, mas seu avô me deixou dinheiro e a sua mãe também recebeu uma boa quantia... Nós podemos...!

— Não, pai! Eu jamais aceitaria... Esse dinheiro é de vocês! Já tava na hora de vocês descansarem dessa rotina terrível... Aproveitem o máximo que puderem.

— Bom, vocês dois precisam fazer logo sua escolha, porque se optarem pelo casamento, a papelada precisa começar a ser organizada. — o advogado avisa calmamente.

— Podemos conversar por um minuto? — Eduardo me encara parecendo muito sério.

— Tá bom! — concordo, mas me sinto apreensivo.

— Vamos conversar lá fora, no jardim. — ele diz já caminhando em direção a porta.

— Volto já, pai! — sigo o Eduardo.

***

— Meu Deus, isso é o jardim?! — digo encantado com o tamanho daquele lugar e também com a sua beleza — Nunca vi algo tão lindo na minha vida.

— Hunf... — Eduardo bufa e eu lhe encaro — Dá pra você sentar de uma vez?

— Fala! — sento ao seu lado, no banco.

— Olha, eu não sou gay e nem pretendo me tornar um, mas preciso desse dinheiro... Quero abri meu próprio negócio.

— E eu com isso? — cruzo os braços

— E, que eu quero que você desista do casamento, assim o dinheiro fica pra mim.

— Hunf, vai sonhando, baby! — digo me sentindo irritado.

— Então só resta uma solução!

— E qual seria?

— A gente se casa, mas depois de um ano pedimos o divórcio e dividimos a fortuna, aí cada um vai pro seu canto.

— É, pode ser! Mas se alguém descobrir esse plano, estamos fodidos.

— E quem descobriria?

— Fala sério, né!? É claro que meu avô deixou tudo bem armado, ou você esqueceu que vai ter um sistema nos monitorando?! Tenho certeza que tem muita gente nos vigiando.

— Então, é só termos cuidado.

— Então vamos falar com o advogado.

— Vamos!

***

Voltamos para a sala onde todos ainda estão nos aguardando; Charlotte conversa freneticamente com o advogado, ela realmente parece inconformada e muito irritada. Meu pai ainda está sentado no grande sofá parecendo pensativo, e o advogado ainda tem aquele ar meio incomodado; acho que ele nunca precisou lidar com um caso assim tão estranho.

Quando nos aproximamos todas as cabeças viram pra nos encarar, eu sento ao lado do meu pai de novo e o Eduardo ao lado da Charlotte, um pouco mais afastado de mim.

— Tá bom! — Eduardo fala finalmente quebrando o silêncio que segue a nossa entrada — A gente casa!

— Bando de viados — Charlotte fala e levanta pisando duro até a saída, ela está visivelmente alterada.

— Bom... — o advogado fala após uma pequena pausa constrangedora — Então, acho melhor vocês começarem logo a organizar esse casamento.

— Por mim, a gente casa no cartório mesmo. — falo tentando amenizar o máximo possível toda essa estranha situação.

— Por mim também! — o Eduardo concorda — Não quero ter que ficar dando uma de bom marido na frente dos convidados.

— Então está tudo certo! — o advogado fala — Vocês que sabem, vou dar um jeito de organizar tudo o mais rápido possível. — ele se levanta da cadeira.

— Eu posso continuar dormindo na minha casa, né? — pergunto esperançoso.

— Só enquanto vocês não se casarem.

— Tsk, tá certo, então.

***

DUAS SEMANAS DEPOIS

Finalmente terminei de me arrumar; esse terno preto ficou ótimo em mim. Acho que ainda não me caiu a ficha de que eu vou me casar. Tenho a estranha sensação de que eu vou me arrepender amargamente de ter tomado essa decisão.

Essa sensação começou hoje mais cedo, quando eu trouxe minhas coisas para mansão; eu não gostei nada da ideia de ter que ficar no mesmo quarto que o Eduardo. Além de eu não ter privacidade alguma, esse cara é muito grande, com certeza vai ficar apertado com ele na cama.

— Não me conformo de você tá casando por dinheiro. — minha mãe fala chorosa — Isso é muito feio!

— Mãe, eu já te expliquei, eu só tô pensando no meu futuro.

— André, você não vai se arrepender disso? Já parou pra pensar que você vai ter que morar com aquele brutamonte?! E ainda por cima, vão ter que dividir a mesma cama!

— Eu sei, mãe, mas vou ficar bem.

— Seu avô só podia ser louco, não tem outra explicação. — riu do comentário dela.

— Tá pronto? — meu pai abre a porta do quarto.

— Tô, pai... vamos!

— E ainda por cima vou ter mais um desgosto, meu filho vai casar em um cartório! — minha mãe continua a se lamentar — Cadê a linda celebração em um lugar bonito? Cadê a comemoração e a alegria?

— Mãe, chega! Prometo a senhora que quando eu me separar, caso no lugar que a senhora quiser.

— E ainda tem esse plano maluco! Ah meu Deus...

— Mãe, o dramático aqui sou eu, lembra?! Agora, chega!

***

Quando chegamos ao cartório, tomo um enorme susto. O lugar está lotado e pra piorar a situação, a maioria das pessoas é da equipe de monitoramento.

— O quê que eu te falei?! — Sussurro para o Eduardo enquanto a oficialização do casamento acontece — Eles vão ficar atentos a cada passo nosso.

— Então vamos tomar cuidado! — ele olha para seu relógio de pulso — Quando essa porcaria vai acabar? — pergunta no meu ouvido.

— Isso é muito romântico! — falo lhe lançando um sorriso sarcástico e depois rolo os olhos.

***

— André Luis Arantes Silva, você aceita Eduardo Arantes Costa como seu legítimo esposo?

— Aceito — ah como eu sei que vou me arrepender.

— Eduardo Arantes Costa, você aceita André Luis Arantes Silva como seu legítimo esposo?

— Não sei... — ele fala pensativo e eu o encaro com ódio; maldito filho da puta.

— Como? — o celebrante o encara.

— Hum... Aceito!

— Sendo assim, eu vos declaro casados, podem concretizar essa bela união com um beijo — droga, preciso mesmo beijar ele? Agora fudeo.

— Droga — Sussurro enquanto o Eduardo põe sua mão na minha nuca; fecho os olhos e digo a mim mesmo “pensa no Cauã Reymond” e então sinto seus lábios encostarem levemente nos meus me dando um selinho.

— Isso não é um beijo — Charlotte fala assim que nos afastamos — Vocês se casaram, deviam beijar com vontade e não esse selinho idiota. — será que se eu matar ela, eu perco a herança? — E então?! — ela continua, então Eduardo vira pra mim com ar feroz.

— Tá bom, então, se é isso que você quer. — eu nem entendi direito o que tá acontecendo quando sinto sua língua invadir minha boca em uma velocidade alarmante; isso quase me faz desmaiar, não fosse pela sua mão boba apertando minha bunda, como se eu fosse algum garoto de programa, isso me faz tornar a mim — Satisfeita? — ele pergunta sorrindo muito satisfeito consigo mesmo, fazendo Charlotte ficar totalmente desconcertada.

***

— Tchau pai, tchau mãe — aceno pra eles me sentindo meio triste — Venham me visitar, por favor. — eles assentem — Vamos, Eduardo. — Chamo meu “marido” que conversava com um de seus amigos que havia ido ao cartório.

— Espera aí. — fala voltando a gargalhar com algo que seu amigo diz.

— Escute aqui seu... — me aproximo dele pronto para fazer um escândalo, mas então vejo de relance duas mulheres da equipe de monitoramento nos observando — Querido, é melhor nós irmos. — digo entre os dentes.

— Porque a pressa?! — ele me encara despreocupado e até meio divertido, como se eu fosse algum palhaço.

— Porque​ eu preciso de um banho... e você também! — me aproximo e o abraço — E se você não vier agora, faço um escândalo na frente do pessoal do monitoramento e bau bau herança. — sussurro no seu ouvido e ele estreita os olhos para mim.

— Bom, eu vou indo, Gustavo. Vê se aparece na minha casa pra conversarmos, cara. — sorrio diabolicamente, satisfeito comigo mesmo e o meu poder de persuasão.

— Cadê seu carro? — pergunto já exausto de andar.

— Tá logo ali — ele fala andando na frente. — Pronto, vamos! — Eduardo entra no carro e o liga.

— Vamos! — entro logo em seguida agradecendo a Deus — Não aguento mais esses sapatos. — tiro os malditos sapatos do pé enquanto Eduardo dá a partida com o carro.

— Se você deixar meu carro com cheiro de chulé, você que vai limpar.

— Eu não tenho chulé, seu idiota! Além do mais, esse carro não é seu, é nosso.

— E por acaso você sabe dirigir?

— Não, mas vou aprender.

— Então, enquanto você não aprende, eu mando nessa merda.

— Vai sonhando, babaca! — abaixo o vidro.

— Sua bicha!

— Seu pau no... — falo indo pra cima dele pronto pra dar um bom tapa na sua cara, mas quando olho pela janela do motorista, vejo homens do monitoramento nos seguindo — Mas que merda... — disfarço passando a mão no rosto do Eduardo o acariciando.

— Dá pra parar com essa merda?!

— Tem dois carros seguindo a gente.

— Ladrões?

— Não, seu idiota, são umas pessoas da droga da equipe de monitoramento.

— Você não precisa ficar disfarçando, sabia? — ele me encara.

— Como assim?

— No contrato não dizia nada sobre não poder ter brigas; a gente só não pode trair.

— Não havia prestado atenção nessa parte.

— Sei... — ele fecha a cara.

— Algum problema?

— Eu sei que você tá pensando que eu vou te comer, mas se pensa que vou me apaixonar por você, como nessas histórias idiotas, está completamente enganado. — fiquei estático — E não é porque casamos que você tem que ficar tocando em mim, eu quero distância, tá ouvindo?! Sei que a gente tem que se beijar, mas não sou boiola como você!

— Para o carro! — nós estamos passando em frente a um ponto de ônibus, eu engulo em seco e respiro fundo tentando me segurar.

— O quê?

— PARA A MERDA DESSE CARRO! — ele para e eu desço.

— E pra onde você vai?

— Pro inferno, é pra lá que eu vou! — lhe dou as costas e vou em direção ao ponto de ônibus.

***

O táxi para em frente à enorme mansão, pago o motorista e sigo para dentro. Assim que entro no quarto tiro as minhas roupas e vou procurar algo para usar quando sair do banho.

—Tks... Aonde eu coloquei aquele short?! — enquanto procuro a minha roupa me pergunto onde o cuzão do Eduardo está — Ah, aqui está, mas... AAAAH — coloco a mão no coração — Que susto, seu idiota!

— Isso é hora de você chegar em casa?! — ele me encara — Já pensou se a equipe chega aqui e não te vê?!

— Primeiro, vista pelo menos uma maldita cueca, porque eu não sou obrigado a te vê pelado. Segundo, tira a merda da toalha molhada de cima da cama, e terceiro, eu não lhe devo satisfação. — falo indo pro banheiro.

— Espera! — ele segura meu braço — Se eu perder a herança...

— Será por sua culpa, que é um ogro e um idiota. Tenho certeza que quem tava no carro nos seguindo viu quando eu saí do carro.

— E por acaso eu tenho culpa de você ser um maluco?!

— Se eu saí do carro, foi por causa do seu preconceito... Eu jamais iria querer tocar em você!

— Até parece! Quem foi que ficou alisando meu rosto, se insinuando pra mim? — ele solta meu braço.

— Eu ia te dá um tapa na cara, mas... Olha, não vou perder meu tempo te explicando nada.

— Porque não tem explicações! Você está pensando que vou transar...

— Me erra, Eduardo! — viro de costas.

— Não sou viado, tá bom?!

— Fico muito triste em saber disso, acho que vou até chorar. — ironizo — E outra coisa, quando estiver tomando banho, fecha a merda do box pra não molhar toda essa merda.

— Ah, vai tomar no cú!

— Vai você — bato a porta do banheiro.

Ah meu Deus, porque tem que ser tanto dinheiro?! Se eu não precisasse tanto iria embora agora mesmo. E o pior é que ainda falta um ano pra esse circo acabar; não sei se vou aguentar até lá, pelo menos, não com esse idiota me infernizando... Mas se ele pensa que vai me fazer de trouxa, está muito enganado! Vou mostrar pra ele quem é o diabo na arte de infernizar, ah se vou.

Continua...

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