Casamento arranjado. Capítulo 2

Um conto erótico de Alex Silva
Categoria: Gay
Contém 1650 palavras
Data: 22/01/2022 23:14:09
Assuntos: Gay, Homossexual

Assim que termino o banho desço para a cozinha, estou varado de fome, afinal não comi nada o dia todo e só agora lembrei que sou humano e preciso de comida. No entanto, mal boto o pé na soleira da porta e sinto cheiro de queimado, me aproximo e percebo que o Eduardo está no fogão tentando fazer alguma coisa, porque comida mesmo não é... Se alguém come isso é capaz de morrer envenenado!

— Tá tentando me matar de susto?! — digo irritado, aparentemente ele não sabe fazer nada além de me infernizar — Pensei que estivesse colocando fogo na casa! — Eduardo grunhe irritado como sempre — E isso tá queimando!

— Tsk, não tem nada queimando aq... — o cheiro de queimado toma conta da cozinha — Droga!

— Eu avisei! — digo satisfeito, mas o idiota me olha com raiva e sem prestar atenção no que está fazendo, pega na panela quente e queima a mão.

— Porra... Olha só! É tudo porque você sempre aparece na hora errada. — ele diz enquanto sacode a mão queimada.

— Seu abestalhado... — digo caminhando até o fogão e desligando o fogo — Não ponha a culpa da sua lesera em mim.

— Que desgraça. — ele fala assoprando a mão.

— Lava com água que melhora.

— Merda. — ele vai até a torneira, liga e lava a mão — Eu tô morrendo de fome e nessa merda de cozinha não tem nada pra comer! — rolo os olhos para o drama que ele tá fazendo, vou até o armário mais próximo e abro.

— É, parece que aqui só tem um pacote de macarrão... — vou até a geladeira e abro também — E um ovo... Ah, também tem temperos e salsichas.

— É, só que essa merda não fica pronta sozinha! Eu tentei fritar os ovos, mas olha o que aconteceu... — Eduardo desliga a torneira e me encara com raiva, como se eu tivesse culpa de não termos o que comer.

— Isso é o cúmulo da burrice! Como a pessoa não sabe nem fritar um ovo, meu pai?! — digo debochando e ele me fuzila com o olhar — Temos que fazer compras, mas antes vou preparar algo pelo menos pra entreter por enquanto.

— Vou pegar o extintor, pra quando você atear fogo nessa cozinha. — Eduardo fala indo em direção a sala.

— Idiota! — falo tirando as salsichas e colocando na pia.

Após colocar o macarrão pra cozinhar faço o tempero e preparo tudo; não é uma comida chique nem muito elaborada, mas eu amo macarrão com salsicha. Quando termino coloco uma porção em cada prato e vou até a sala entregar um pro idiota, que está largado no sofá vendo TV, afinal não seria legal ele morrer poucas horas depois do nosso casamento, e ainda mais de fome.

— Toma! — digo entrando no campo de visão dele e tapando a imagem da TV, afinal ele tá agindo como se eu não existisse aqui — Anda!

— Tsk... — ele se senta e pega o prato avaliando o conteúdo com desconfiança — O que é isso?

— Comida!

— Tá com uma aparência horrível e se a cara tá assim, o gosto dessa porcaria deve tá muito pior.

— Só coma se quiser, ninguém ta lhe obrigando a comer essa “porcaria”... Uma “porcaria” que você não conseguiu fazer sozinho! — volto pra cozinha e começo a comer; não se passa nem sequer um minuto em que eu me sentei quando o Eduardo entra na cozinha novamente, meio ressabiado.

— Tem mais?! — pergunta ele sínico.

— Sobrou só um pouco na panela. — não dá tempo nem de eu fechar a boca e ele já está com a panela na mão, comendo — Pensei que tava “uma droga”.

— Quando a fome aperta, qualquer porcaria serve!

— Então pode ir me passando essa panela, pra eu comer a porcaria que eu fiz.

— Nem ferrando... Eu tô com mais fome que você, isso aqui é só meu! — o fuzilo com o olhar, mas ele apenas arrota descaradamente na minha frente, esse porco.

— Não precisa comer feito um animal, e, por favor, não arrote perto de mim... — suspiro exasperado e já me arrependendo dessa escolha — Francamente, me casei com um cavalo.

— Tsk, vai pro inferno!

— Quer saber?! Não vou brigar com você, não agora! — digo levantando da mesa — Vem, vamos abrir o cofre. Precisamos de dinheiro pra fazer as compras.

— Beleza, mas primeiro vou esperar você lavar os pratos.

— Eu fiz a comida, você lava os pratos!

— Vai sonhando!

— Okay, mas espero que saiba que essa foi a primeira e ultima vez que eu cozinhei alguma coisa pra você; agora cada um fica por sua conta. — ele fecha a cara e vai pra pia começando a lavar os pratos — Bom garoto!

***

— No meu pingente só tem dois números, mas a senha é de quatro dígitos...

— Será que você ainda não entendeu?! Seu pingente tem dois números e o meu mais dois, provavelmente ele fez isso pra que só pudéssemos abrir o cofre juntos.

— Quem vai primeiro?

— Você... Porque atrás do meu pingente tem o número dois.

— Tá certo! Agora vira pra lá, não sou idiota de deixar você saber os meus números.

— Palhaço. — viro de costas de má vontade — Pronto?!

— Pronto! Sua vez!

— Pois pode virar, você também. — falo colocando os dois dígitos finais assim que ele se vira — Pronto!

— Caraca, quanto dinheiro! — até o Eduardo, que mora aqui desde pequeno, se impressionou, mas também, o cofre está repleto de notas, na sua grande maioria, notas de cem reais.

— Vamos pegar só um pouco, pra comprar comida e produtos de limpeza. — digo tentando controlar o impulso de pegar algumas notas e comprar tudo que eu quero.

— Pega mil! — Eduardo diz enfiando a mão e enchendo-a.

— Nada disso... — bato na mão dele pra ele soltar — vou pegar só quatrocentos; deve ser o suficiente pra o que a gente vai comprar. — falo pegando o dinheiro e fechando o cofre.

— Só isso?!

— Lembre que esse dinheiro é pra durar um ano, ou por acaso você esqueceu que o dinheiro da conta só pode ser retirado depois de um ano?!

— Tsk, tá, tá! Me dá o dinheiro. — ele estende a mão.

— Toma. — dou duzentos reais a ele e fico com duzentos.

***

O supermercado até que está vago há essa hora, eu gosto do clima aqui, porque tá bem tranquilo e eu consigo fazer minhas compras com calma e sem pressa. Meu carrinho já tá quase todo abastecido com o que eu vim comprar; já tenho em mente que boa parte do dinheiro que eu trouxe acabou, mas pelo menos já peguei todos os produtos de limpeza e comida que estamos precisando, agora estou pegando umas frutas, já que ainda tem um pouco restando.

— Pelo visto você vai gastar seu dinheiro todo. — Eduardo aparece de algum lugar e olha pra o meu carrinho; enquanto o meu está lotado, a cestinha dele parece miserável — Eu só vou gastar ciquentinha!

— Claro, eu peguei tudo que precisava, enquanto você, só pegou barbeadores, vinho, cerveja e pasta de dente​! — digo avaliando o conteúdo da cestinha dele enquanto ele ri orgulhoso de si mesmo — Francamente!

— Isso se chama ser “prático”.

— É mesmo?! Pois escuta aqui, Sr. Prático... eu não quero você bêbado, tá me ouvindo?! Já não basta ter que te aturar sóbrio, o que já é bem difícil, imagina então alcoolizado.

— Não enche! — ele diz e se afasta enquanto eu termino de pegar as frutas e me aproximo de uma prateleira.

— Eduardo, me dá cinquenta reais do que eu te dei.

— Não!

— Anda logo! Quero comprar leite condensado pra fazer um mousse de maracujá, mas o dinheiro não vai dá.

— Se eu te der, você faz um bolo de chocolate pra mim?!

— Tsk, eu faço! Anda logo!

— Toma. — ele me dá os cinquenta reais estreitando os olhos pra mim.

— Com cobertura?

— O quê?! — franzo as sobrancelhas, confuso.

— O bolo!

— Ah... certo! Então eu vou pegar mais uma caixa de leite condensado.

— E eu acho que vou pegar mais uma caixa de cerveja. — ele diz voltando pra trás pra pegar.

— Dai-me paciência, Senhor. — digo indo em direção ao caixa.

— Só isso?! — a atendente me pergunta.

— Não! — digo procurando o idiota do Eduardo com as malditas cervejas.

— Huum... — ela me encara — E o que mais seria, senhor?

— Eduardo, seu Idiota, traz logo essa merda. — digo quando o vejo vindo lentamente, como se tivesse todo o tempo do mundo.

— Toma! — ele diz empurrando a caixa de cerveja nos meus braços com raiva, mas se ele não quisesse que eu fosse grosso, ele não faria por onde.

— Muito obrigado! — eu agradeço a atendente, após pagar.

— De nada! — ela me responde com um sorriso meigo — Acho melhor você chamar seu irmão pra te ajudar, isso tá muito pesado.

— Verdade, mas ele não é meu irmão, é meu marido... Infelizmente! — rio baixo.

— Haha, você é uma pessoa de sorte! Ah eu com um homem desses... — ela diz sonhadora e rimos juntos.

— Vamos?! — Eduardo se aproxima parecendo curioso pra saber o porquê de eu já estar tão amigável com a atendente.

— Vamos, mas me ajuda aqui, porque tá pesado. — digo lhe dando umas sacolas — Obrigado de novo, minha querida, e quando eu me divorciar dele, prometo que armo vocês. — ela parece surpresa, mas eu apenas pisco pra ela sorrindo.

***

Após guardamos tudo no porta-malas e no banco de trás do carro, entramos e o Eduardo dá partida.

— É impressão minha ou você tava me oferecendo pra moça do caixa?! — ele fala, mas continua encarando a estrada, sério.

— Ah, foi, mas não se anima, você só pode ter outros relacionamentos quando nos separarmos.

— Eu não tô nem aí... Não é legal você ficar fazendo isso! O que as pessoas vão pensar se verem?!

— Eu não me importo!

— Mas eu sim! Para todos os efeitos, estamos casados e aquela mulher deve tá pensando que eu não sou um bom marido, pela forma como você falou.

— Bom, “se” ela tiver mesmo pensando isso, ela tá certíssima. — digo rindo alto.

— Há há há... Muito maduro da sua parte! Não sabia que você era tão engraçado! — ele diz emburrado por algum motivo.

Continua...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 15 estrelas.
Incentive Alex038282722 a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários