Casamento arranjado. Capítulo 9

Um conto erótico de Alex Silva
Categoria: Gay
Contém 2578 palavras
Data: 23/01/2022 15:42:36
Assuntos: Gay, Homossexual

Os momentos que sucederam o soco que Eduardo deu em Edward se passaram como lampejos borrados. Eu, como já era de se esperar, não consegui fazer nada a não ser olhar como um idiota para a cena patética que se desenrolava a minha frente, pedindo a Deus pra que me levasse de uma vez; enquanto isso o Gustavo ainda tentava segurar o bicho que ele chamava de "amigo" e que atendia pelo nome de Eduardo. Edward por sua vez, não ficou por baixo, ele apanhou sim, mas também bateu e por isso eu pelo menos me senti um pouquinho melhor por ele, mas como um todo, foi um verdadeiro fiasco de noite e só depois de o Gustavo ter praticamente pulado em cima do Eduardo segurando ele no chão e eu ter puxado o Edward pra longe, foi que tudo finalmente se acalmou.

Agora temos quatro homens sentados um de frente para o outro em uma sala que, apesar de grande, agora se tornou minúscula com a quantidade de testosterona que tem no ar. O Edward está ao meu lado e segura um saco de gelo no rosto, eu já ajudei ele a por um algodão no nariz, que sangrava litros e quanto ao Eduardo, o Gustavo ajudou e agora ele tá sentado no outro sofá, encarando a gente com um olhar assassino; seu olho esquerdo está um pouco inchado e ele tá com um hematoma meio avermelhado no canto da boca, mas fora isso, ele parece bem.

- Você só pode ter ficado maluco! - digo sem conseguir mais me segurar.

- Cala a boca... Ele mereceu!

- O único que merece apanhar aqui é você, seu idiota. O quão infantil você é, afinal de contas?!

- André, eu tô te avisando, não enche o meu saco, beleza?! - ele diz e seu olhar prende o meu com uma seriedade avassaladora que faz eu me calar, pelo menos por agora.

****

Edward está sentado com a cabeça baixa, apoiando um cotovelo na coxa enquanto a outra mão segura o saco de gelo, agora no nariz. Odeio vê-lo desse jeito, ainda mais quando quem o convidou fui eu; nesse momento o peso da culpa tá quase me consumindo. Aquele imbecil estragou o rosto dele e isso também me dói, afinal o que ele vai dizer no trabalho?! Isso também mexe com a imagem pessoal dele, meu Deus...

- Olha, eu sinto muito mesmo, Edward! Por minha culpa você pagou caro... Eu não devia ter brigado com o Eduardo!

- Você sabe que a culpa não foi sua, não é?! - ele me encara e sorri divertido - Eu não sei se você também percebeu, mas ele só tava com ciúmes, e ficou tão óbvio que até o amigo dele percebeu.

- Não, eu não acho que seja isso... Eu não sei de onde que ele tirou isso, mas ele pensa que a gente tá se pegando e ficou com raiva, porque faz um mês que ele não transa e pensa que eu tô transando. - ele ergue as sobrancelhas - Eu sei, ele é um idiota!

- Você não tá com fome?! Pode ir comer, eu vou pra casa.

- Tks, eu fiz o jantar especialmente pra você, é uma pena que aconteceu esse... hum... acidente...! - ele ri - Mas eu não vou te deixar ir embora de barriga vazia... Nem pensar! Vem, vamos comer, o Eduardo já deve ter comido com Gustavo.

- Você tem certeza?! - ele me encara parecendo em dúvida, mas eu concordo insistentemente e então ele se levanta da poltrona e me segue - Se você insiste.

- Já lavei os pratos. - Eduardo fala passando por nós junto com o Gustavo, que me olha como se pedindo desculpa; respiro fundo e entro na cozinha já sabendo que vou ficar com raiva de novo.

- EDUARDOO!!! - grito com ódio e ele aparece na porta da cozinha com a cara mais cínica do mundo.

- O que é?! Pra quê todo esse escândalo?!

- Cadê a merda da comida que eu fiz?! - aponto para as panelas, agora vazias.

- Ué, eu pensei que tinha sido feita pra ser comida, então, obviamente, eu e o Gustavo comemos. - ele responde como se isso fosse uma coisa óbvia fazendo eu me corroer de ódio.

- Na verdade, você comeu praticamente só!

- Cala a boca, Gustavo!

- Eu não acredito que vocês comeram tudo... Esse jantar dava pra alimentar umas oito pessoas!

- E eu já te disse o que acontece quando eu fico com raiva! - ele sorri sarcasticamente - Então, tecnicamente, 50% da culpa é sua... A outra metade é desse cara aí! - ele diz apontando pra o Edward.

- É mesmo?! Pois eu também vou lhe mostrar o que acontece quando eu fico com raiva! - tiro a havaiana do pé e ele corre enquanto o Gustavo ri - NÃO OUSE CORRER, EDUARDO, SE VOCÊ CORRER VAI SER PIOR... EU TÔ AVISANDO! - falo enquanto corro atrás dele com sede de vingança correndo nas minhas veias - Eduardo, pare ai mesmo! Eu vou te fazer virar homem agora!

Ele vai em direção ao jardim; o infeliz é bem mais rápido que eu, então obviamente fico pra trás, mas por algum motivo, não demora muito e ele para sentando no chão enquanto segura o pé com as duas mãos e xinga alto; acho que ele pisou em algum espinho das rosas. Isso me faz rir internamente de uma forma bem maldosa... Bem feito, quem mandou ir correr descalço pelo jardim!

- Olha só... - me aproximo balançando a chinela, mas ele ergue a mão pedindo tempo.

- Espera aí, porra... eu acho que furei meu pé em alguma coisa nessa merda de jardim.

- O jardineiro tava trabalhando aqui hoje. - ele faz uma carranca e xinga mais uma vez olhando pra o pé - Agora, voltando a conversa de antes... Você comeu toda a comida que eu fiz, seu cuzão! Agora o quê que eu vou dar pro Edward comer? - ele me olha de uma forma maldosa e sorri maliciosamente.

- Que tal você?! Tenho certeza que ele não vai reclamar. - estreito os olhos e lhe dou um empurrão, ele tenta se equilibrar, mas no fim ainda acaba caindo com a cara no chão.

- Vou te ensinar alguns modos, seu merda! - sento na cabeça dele e lhe dou sandalhadas na bunda.

- Sai de cima da minha cabeça, merda... - ele consegue me empurrar e se virar sentando-se e eu acabo sentado encima das pernas dele, nossos rostos a centímetros um do outro; ele engole em seco e me empurra, eu saio de cima e ele se ergue com uma puta de uma ereção. Afinal, como viemos parar aqui, nessa situação macabra?!

- Você ficou excitado comigo te batendo?! Você é um pervertido?! - pergunto só pra zoar com ele, mas confesso que tô em choque por essa reação.

- Não fode... eu tava pensando na vizinha... - ele faz uma pausa, me encara e depois volta a se aproximar se inclinando pra frente ao falar, me deixando desconfortável - Quer saber, eu fiquei mesmo, e daí?! Não é minha culpa se você gosta de esfregar essa sua bunda gigante na cara dos outros, afinal bunda é bunda, não posso evitar se ela é gostosa! - eu o encaro sem fala, ele se inclina ainda mais, chega perto da minha orelha e diz baixinho - Da próxima fez que você fizer isso, eu vou te por no meu ombro, te levar praquele quarto e te fazer gemer tão alto que todos os vizinhos vão saber que 'cê 'ta de quatro comigo metendo bem fundo dentro de ti... inclusive aquele seu amiginho ali. Aí eu quero ver você conseguir correr, olhe lá se você conseguir levantar da cama de manhã!

Ele fala e depois se afasta e me encara erguendo as sobrancelhas, seus lábios se curvando em um meio sorriso torto totalmente malicioso. Ele vira e me dá as costas, indo embora ainda sorrindo, quanto a mim?! Eu estou escandalizado! Volto pra cozinha pensativo; será mesmo que o Eduardo sente algum tipo de atração por mim...?! Não, não pode ser... Ele deve tá só de zoação com a minha cara!

- Desculpa a demora! - digo quando entro na cozinha e vejo Edward sentado à mesa.

- E então, bateu nele?

- Um pouco, mas ele merecia mais!

- Pensei que você não tivesse batido, porque ele passou pra sala sorrindo como um idiota! Na verdade, era quase como se tivesse sido beijado!

- Credo, não! Foi só uma idiotice que ele disse e achou que arrasou, como sempre.

- Hum... e então, o que tem pra comer?! - "Eu, você quer?!" Era isso que eu queria dizer; que mundo injusto... Nem transar com quem eu quero, posso.

- Hum... Quer sorvete ?

- Claro!

Estamos conversando tranquilamente quando o Eduardo entra na cozinha, agarra meu pulso me fazendo levantar, então me puxa pra perto, agarra minha cintura e a minha nuca e me dá um beijo desentupidor de pia. Ele acaricia meus lábios com os seus, enfia sua língua na minha boca ferozmente, me arrancando um pequeno arfar e me mordisca a mandíbula e o lábio inferior antes de partir para outro, ainda mais intenso que o primeiro; seus dedos roçam no meu pescoço e sua mão aperta minha cintura exercendo pressão e me fazendo ficar com o corpo colado no dele, tão perto que consigo sentir os músculos do abdômen dele contra a minha barriga e a sua temperatura corporal esquentar tudo, ainda mais com os braços dele ao meu redor.

Nessa brincadeira, ele me rouba três beijos super quentes que, confesso, me deixou queimando, mas claro que é porque não transo há muito tempo e ultimamente também não tenho me masturbado com freqüência por conta do tempo corrido e do cansaço. Depois que ele se afasta eu o encaro confuso e ele dá de ombros parecendo muito satisfeito e até lançando um sorrisinho pro Edward.

- A monitoria ligou! - ele diz simplesmente e eu não consigo responder, porque minha mente ainda está em branco - Porque você não tá falando nada?

- Tô tentando recuperar o ar que me foi roubado! - ele sorri, beija minha testa e sai rindo; eu encaro Edward sem graça e ele não parece muito feliz - Desculpe por isso!

- Vocês são casados, não é?! - ele diz sem me olhar - Não é da minha conta a vida pessoal de vocês. - é, ele 'tá mesmo chateado.

- Hum, você tem razão, eu acho... Vamos acabar logo com esse sorvete!

***

Depois que Edward foi pra casa, eu vim para o quarto, tomei um longo e relaxante banho pra vê se o estresse da noite ia embora e depois de me trocar vim para a cama; agora me encontro deitado encarando o teto e ainda pensando no Edward. Eu sei que ele ficou bem chateado, afinal quem não ficaria?! Mas por outro lado, eu tô meio que feliz pela reação dele em relação aos beijos do Eduardo, porque isso dá a entender que ele tem algum interesse em mim.

Enquanto penso comigo mesmo, o Eduardo entra e tira a blusa jogando-a no chão, então entra no banheiro e depois de alguns minutos sai; seu cabelo completamente molhado e pingando em seus ombros, a toalha presa no quadril e sua roupa na mão. Ele faz questão de se vestir na minha frente; reviro os olhos quando ele deita ao meu lado e me encara estreitando os olhos.

- O quê?! Porque tá me olhando com essa cara?! Quê que eu fiz agora?!

- Deixa eu ver... Você bateu no meu amigo, comeu toda a comida que eu demorei a tarde toda pra fazer, me xingou, me beijou do nada, sem me avisar e sem o meu consentimento... Quer que eu continue?!

- Não, não, eu já entendi, me comportei como um idiota, certo?! Desculpa, eu admito! Mas sobre o beijo, a monitoria ligou, por isso eu...

- Não tem "mas", não! Você inda precisa me avisar que vai fazer isso pra que eu possa... Espera aí, você me pediu desculpas?! - ele rolou os olhos e me olhou fixamente.

- Pois é...Me desculpe!

- Tá bom, quem é você e o que fez com o Eduardo?! Se você sequestrou ele, tô deixando bem claro que não aceito devolução! - faço uma pausa e estreito os olhos - Ou você quer alguma coisa de mim?! Olha se for sobre aquela vizinha, eu já disse que não vou te ajudar...

- Rá Rá Rá. Muito engraçado! Será que dá pra calar a boca?!

- Foi mal... Mas sério, fala o que você quer.

- Eu não quero nada, André, só...

- Eu não sou idiota, não Eduardo, fala o que você quer logo! Isso tá me irritando!

- Quero transar com a vizinha!

- Hunf... - deito na cama - Sabia! Mas você sabe que não pode fazer isso!

- Eu sei, mas...

- Eduardo, isso é impossível. Mesmo que eu te ajudasse, nós seríamos pegos pela monitoria e perderíamos a herança. - ele coça a cabeça - E tudo ficaria pra Charlotte! É isso que você quer?!

- Não, mas também não sei se vou aguentar ficar um ano sem transar, é muito tempo!

- Devia ter pensado nisso antes de assinar o contrato de casamento.

- Bom, na hora não pareceu tanto tempo assim, levando em conta a quantidade de grana, mas agora... - ele deita de lado e me encara, eu faço o mesmo - Ah, é... um representante da monitoria ficou de vir no sábado conversar com a gente... Deve ser algo importante!

- Hum... Mas falando sério, eu tenho muito mais tempo do que você sem transar!

- Tá bom, e quanto tempo seria?!

- Dois anos!

- Noossa... Sério mesmo?! Isso tudo?! Você deve tá pegando fogo em!? Agora entendo o porquê da sua tara no Edward! - reviro os olhos.

- Tsk, larga de ser besta!

- Boom... - ele me encara e por esse olhar eu sei que não vai vir nada de bom - Então... que tal se nos ajudarmos?!

- Como assim? - pergunto temeroso.

- A gente pode transar e...

- Não!

- Eu nem terminei!

- Eu não vou transar com você, isso está fora de cogitação!

- Eu sou tão feio assim?! - ele pergunta carrancudo - Pra sua informação, eu sou muito bom na cama... Eu nunca fiz com um cara antes, mas não deve ser tão diferente, certo?! E nós já vimos que eu consigo ficar duro com você, então...

- Não é "não", Eduardo! E você é lindo... por fora! - mordo o lábio o avaliando; percorro seu corpo com o olhar vendo as voltinhas de seu abdômen subirem e descerem de acordo com sua respiração, subo por seus mamilos e então para as clavículas marcadas, o pescoço forte e a mandíbula, foco em sua boca e então chego novamente aos seus olhos, que também me observam - Mas por dentro, que é o que realmente importa, você tem muito a mudar, muito mesmo!

- Você é muito cruel, sabia?! - ele suspira - Até fica me olhando assim, com esses olhos pidões e mordendo esses lábios, dormindo bem do meu lado só de boxer... Que homem cruel esse que eu casei.

- Larga de drama... - corto ele antes que fale mais besteira - Eu não sou cruel, sou sincero. E se formos falar sobre "crueldade", eu não chego nem aos seus pés quando se trata de ser cruel! - seus olhos ficam muito sérios de repente e eu não consigo quebrar o contato visual que se prolonga.

- Então vamos fazer assim: Eu não te chateio mais e você também não me chateia mais.

- Por mim tudo bem! Mas pra isso funcionar, vamos dividir as tarefas, porque é o que mais me irrita!

- Tá bom! Mas você cozinha!

- Óbvio, eu não quero ver essa casa em chamas!

- Nisso eu concordo! - rimos juntos e meu coração se sente leve pela primeira vez na companhia dele - E então, paz?!

- Paz!

Continua...

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