Acordo com o braço do Eduardo em volta da minha cintura, sinto sua ereção matinal na minha bunda, mas como isso acontece frequentemente, apenas ignoro, saio da cama e vou para o chuveiro. Enquanto a água quente percorre meu corpo, fico me perguntando com que cara vou olhar pra Edward depois do que aconteceu. Saio do chuveiro e começo a me enxugar, então percebo que o meu celular está tocando, saio do banheiro e vejo o Eduardo atender.
Vou em sua direção, mas como ele está de costas com meu celular no ouvido, não me vê se aproximar.
— Certo, eu falo pra ele. — ele diz e desliga — Idiot... Ahhh — me encara e toma um susto — Quer me matar André?!
— Bem que eu queria... — digo sendo bastante sincero — Posso saber o porquê que você atendeu o meu celular?
— Essa droga me acordou! E deixa de ser chato — lhe dou um tapa — Você ama me bater, né?!
— Você não tem ideia! — ainda estou apenas de toalha, por isso vou em direção ao guarda roupas e começo a procurar uma calça jeans pra ir pra faculdade.
— O Edward disse que não vai poder te dá uma carona hoje... Acho que ele foi pro hospital!
— Como assim, “hospital”?!
— Não se preocupe, aparentemente ele queimou a mão cozinhando.
— Ah tá! Quando voltar da faculdade, dou uma passadinha na casa dele! — Pego a calça, mas a merda cai no chão, então me abaixo para pegar, só que a toalha resolve me sacanear e vai pro chão também; sorte que já estou de cueca!
— Você tem que malhar! — o Eduardo diz enquanto me assiste vestir a calça, eu o encaro.
— Não tínhamos combinados de parar de brigar?!
— Eu não to puxando briga com você, só estou dizendo que você precisa se cuidar mais, só isso.
— Rum... E então, tem como me levar na faculdade?
— Tem, mas antes, que tal um cafezinho fresco?! — reviro os olhos.
***
Assim que Eduardo dá partida, começo a revirar minha mochila em busca de uma partilha pra tirar o bafo do café.
— O que você tanto procura nessa mochila?
— uma partilha!
— Tenho balas, serve?
— Claro! — ele corre a mão pelo bolso da calça e me entrega algumas balas de gengibre com mel, minhas favoritas — Nossa, eu amo essas balas!
— Eu tava pensando... Que tal a tarde irmos dar uma passadinha no shopping?!
— Fazer o quê? — estranho o convite repentino.
— Olha, se vamos ficar casados durante um ano, temos que, no mínimo, virarmos amigos e aproveitar o que nos foi dado, ou ambos vamos perder a herança pra Charlotte.
— Hum... Tá certo! — respiro fundo — Mas vamos a algumas regrinhas... Primeiro, nada de me envergonhar, seja com peidos ou arrotos.
— Eu tenho educação, sabia?!
— Não é o que parece! — digo irritado — Segundo, nada de encontrar algum amigo e me deixar sozinho, e terceiro, não dar em cima de ninguém!
— Ciúmes?! — reviro os olhos e ele ri — Agora vamos as minhas regras... Na verdade, só tenho uma. Nada de ficar me oferecendo pra qualquer pessoa... E vamos agir como um casal!
— Rum... Por mim tudo bem.
***
— Sério?! — Feh me encara em choque quando conto a ele que vou sair com Eduardo depois das aulas, enquanto caminhamos para fora da faculdade — A relação finalmente evoluiu, amigo?! Então você tem que arrasar.
— Não sei se você lembra, mas eu moro com ele, então não tem necessidade de ficar me arrumando, além do quê, eu só quero amizade.
— Ai, que sem graça, André.
— Feh! — seguro ele pelos ombros — Eu ainda amo o vagabundo do Luigi!
— Aah... — ele revira os olhos — Eu sei, mas não custa nada abrir o coração pra um novo amor.
— Acho que tô feliz vivendo sem ter o coração partido de novo.
— E o Edward?
— Nem te conto — começo a contar sobre o jantar.
— Viadooooo! — ele grita quando termino tudo.
— Não grita, seu maluco. — lhe belisco.
— Au...! Será que você não vê?!
— O quê?!
— Aff, André, como voceé lento... Ele tava com ciúmes!
— Não viaja, Felipe!
— Olha, eu tô falando sério...
— Tchau, Feh! Até amanhã! — corto a conversa.
— Tchau, mas da próxima você não me escapa. Vê se beija ele viu?! E senta na pic... — Eduardo vem caminhando em minha direção.
— Vamos?
— Vamos!
Desde que entramos no carro, Eduardo está mudo, mas depois de quase meia hora de silêncio, resolvo perguntar se tem algo de errado.
— Algum problema?
— Não! Por quê?
— Sei lá... Você tá estranho!
— Impressão sua. — ele fala com certa rispidez.
— Olha, se tiver algum problema, me avisa!
— Não tem problema nem um! — resolvo testar sua paciência.
— Certeza?!
— EU JÁ FALEI QUE NÃO É NADA, DROGA! — começo a rir e ele suspira com raiva — Tá rindo de quê?
— Dá sua cara de bravinho! Eu amo te tirar do sério. — meu celular toca — Alô... mãe?!
— Oi filho! Esqueceu que tem pais foi?! — eu riu.
— Mas tá virando dramática, né dona Elisa?!
— Hum, só um pouquinho! — ela também ri do outro lado da linha.
— Quando a senhora e meu pai vão vir me visitar?
— Quando chegarmos de Búzios. Nós adoramos essa casa que seu avô deixou!
— Mas gosta de ostentar, viu?! — rimos.
— E como vai o casamento?
— O casamento parece uma montanha russa, vive de altos e baixos. — Eduardo ri baixinho — Mas tá bem... eu acho!
— Vocês já se acertaram?
— No momento, sim!
— Então, já transaram? — meu Deus, que pergunta é essa mãe?!
— Óbvio que não, mãe! Quando falo que nos acertamos, quero dizer que estamos tentando não brigar mais.
— Eu pensei que ele já tinha comido seu cuzinho, querido! — morro com essas palavras.
— Ficou louca, mãe?! Jamais daria meu cú ao Eduardo!
— Mas ele é bonito, filho!
— Pensei que você não gostasse dele!
— E não gosto, mas já que você tá na chuva, porque não se molha?!
— A senhora deve ter sofrido uma lavagem cerebral!
— Falando sério, você não sente nada por ele?! Nem uma atração física?!
— Não mãe, nada!
— Mas você acha ele bonito?!
— Acho, mas nem tudo é beleza!
— Nunca nem te passou pela cabeça ele te pegando com aqueles braços fortes, te jogando na cama...?
— Não acredito que a senhora tava olhando pros braços do meu marido. — digo divertido.
— E tem como não olhar?!
— Meu pai vai gostar de saber disso, ah se vai!
— Olha filho, tchau, seu pai chegou aqui! Depois nos falamos!
— Esper... — ela desliga, queria falar com meu pai.
— O que a sua mãe tava falando de mim?
— Não queira nem saber!
***
Passo na casa do Edward, mas a empregada me fala que ele ainda não voltou pra casa; fico bastante chateado, afinal quero conversar um pouco com ele.
Volto pra casa e após tirar um tanto de dinheiro do cofre, começo a mie arrumar, estou pensando em me arrumar de maneira casual, mas no final, resolvo me vestir pra matar.
— Vamos ao shopping ou a um concurso de beleza? — o Eduardo me pergunta assim que desço as escadas.
— Vou me exibir no shopping horas.
— Rum...
***
Estamos em uma loja de roupas, o Eduardo reclama da demora, mas eu nem ligo, estou mais afim de comprar algo que prestasse do que ouvir o que ele tem a dizer.
— Vamos embora logo, André!
— Porque você não compra algo pra você também, em?! Assim talvez pare de encher o meu saco! Que merda.
— Não gosto de comprar roupas. — lhe jogo uma calça e uma camisa.
— Aqui, experimenta essa, vai ficar legal em você!
— Não vou experimentar nad...
— Vai sim. — o empurro pra dentro do provador.
— Como sabia meu número?!
— Esqueceu quem coloca suas roupas na máquina?! — ele estreita os olhos, mas depois entra no provador, então depois de alguns minutos sai.
— E então, ficou legal?
— Muito! — ele realmente ficou espetacular.
Nós estamos andando pelo shopping quando alguém segura meu ombro.
— André, é você?! — ouço a voz de Luigi e fecho a cara sentindo minha garganta secar.
— Não, é chapeuzinho vermelho!
— Pelo visto, continua com a mesma ironia!
— E você o mesmo palhaço! — Eduardo só nos encara ouvindo tudo.
— Porque que você sumiu?! Eu tava com saudades... — ele olha de esguelha pro Eduardo, então se aproxima da minha orelha e fala baixo, porém alto o suficiente pra o Eduardo ouvir — Saudades principalmente de meter nesse cuzinho apertado!
— Vai se lascar. — vou saindo, mas ele me segura pelos ombros.
— Solta ele! — o Eduardo segura o pulso dele apertando, mas ele continua me segurando.
— Nós podemos conversar a sós? — ele ignora o Eduardo por completo — Depois você encontra seu amigo de novo.
— Não tenho nada pra conversar com você... E me solta logo! — empurro a mão dele.
— Não faz assim bebê!
— Cadê o vizinho? Enjôo dele foi?!
— Aquilo foi um grande erro!
— O único erro foi eu ter me envolvido com alguém feito você!
— empurro o ombro dele lhe afastando de mim — E caso você não saiba, eu me casei!
— Até parece... — Luigi me encara com deboche e ri — Quem é que casaria com você?! Um brocado desse...
— Eu estou casado e muito feliz. — seguro a mão do Eduardo ele a segura de volta, então me viro e o beijo — E ele não é meu “amigo”, é meu “marido”.
— Não acredito que ‘cê tá namorando com esse... esse... hum... Hulk! Ele deve te esmagar na cama!
— Ah, você não tem ideia de como eu gosto de ser “esmagado” por ele na cama! Agora, tchau! — vou saindo, mas ele me segura pelo pulso.
— Então, tudo o que eu preciso fazer é te lembrar o que é um homem de verdade. — ele me puxa pra perto e me beija, mas assim que ele me solta e nosso lábio se separam vejo o Eduardo socar seu rosto. Ainda um pouco atordoado pelo beijo, começo a tentar separar os dois.
— Eduardo, para com isso... Para, Eduardo. — tento puxar ele.
— Mas ele te beijou!
— E daí?! Só para com isso, estamos no meio do shopping. — ele solta o Luigi e me encara.
— “E daí”?! então não importa você ser beijado por um cara qualquer durante o nosso encontro no shopping?! Então eu devo só ignorar o fato de que o meu marido foi beijado por outro cara bem na minha frente?! então você gostou?! — fico em silêncio, porque, honestamente, ainda me sento um pouco atordoado — Hunf... Foi o que eu pensei! — ele fala correndo os olhos de mim para Luigi, que mesmo sangrando ainda sorri sarcasticamente pra ele, que me olha uma última vez e me dá as costas saindo a passos rápidos.
Continua...