Casamento arranjado. Capítulo 12

Um conto erótico de Alex Silva
Categoria: Gay
Contém 2424 palavras
Data: 24/01/2022 06:40:18

Por um momento esqueço de tudo ao meu redor e me perco na sensação dos lábios dele nos meus e de sua língua acariciando a minha, mas só por um momento de fraqueza mesmo. Acho que estou há muito tempo sem esse tipo de contato, estou perdendo a cabeça, só pode. Volto a mim e o empurro limpando a garganta, sinto o meu rosto queimar percebendo vagamente a paisagem atrás de nós e o calor de seu corpo passando para o meu. Deve ter sido isso que tirou o meu senso e me fez quase, de novo, QUASE pensar que o beijo valeu a pena. O encaro fingindo uma carranca.

— Quando for me beijar, por favor me avise antes, okay? — ele ri me encarando.

— Como você quiser!

***

Chegamos no hotel por volta das sete horas da noite já que o Eduardo insistiu para que a gente fosse ao shopping. Eu até tentei negar, mas ele praticamente me arrastou pra lá, então não tive outra escolha. Fomos ao shopping Bella vista e eu detestei, muito sem graça e sem conteúdo, total perda de tempo! Resolvemos voltar de metrô e pra isso tivemos que atravessar a passarela que leva a estação e como eu morro de medo de altura, sem nem perceber acabo segurando na mão de Eduardo com força enquanto ando pertinho dele e ele a segura de volta.

— Que pouca vergonha, meu Deus! — uma senhora que passa, fala enquanto nos encara balançando a cabeça em negação. Sinto o Eduardo tencionar e apertar minha mão com um pouco mais de força, sua mandíbula aperta marcando-a ainda mais e ele olha para a mulher com olhos em chamas.

— Fale mais alguma coisa pra senhora vê se eu não lhe empurro dessa passarela. — a mulher vira a cara e sai andando rápido. É a minha vez de tencionar enquanto o olho incrédulo.

— Você é louco?

— O quê? Você não achou muita ousadia daquela velha? — ele fala enquanto chegamos ao outro lado da passarela, e eu logo solto a sua mão sacudindo a cabeça em descrença — Você é muito fresco!

— E você é um idiota!

***

Suspiro no sono sentindo meu corpo despertar aos poucos. Abro os olhos sentindo a respiração quente do Eduardo no meu pescoço me fazendo arrepiar. Me ergo e vou ao banheiro me sentindo cansado; preciso de um banho urgente, não ligamos o ar-condicionado e agora estou pagando o preço. O quarto tá parecendo uma sauna de tão quente e ainda tem o Eduardo, que parece que tem é fogo correndo nas veias e não desgruda por nada. Eu até tento afastar, mas ele sempre volta a me agarrar durante a noite. Me pergunto o porquê dele ter se acostumado a dormir assim se, aparentemente, ele não namorava ninguém antes... mas ele parece gostar de dormir agarrado em mim... Saco!

Quando volto a sair do banheiro quase dou um grito do susto que levo ao ver o Eduardo parado de pé no meio do quarto, completamente nú com aquele troço enorme balançando me dando um "oi". Eu desvio os olhos rápido sentindo o sangue se concentrar nas minhas bochechas... Fala sério! Engulo em seco indo até ele com a minha melhor expressão de "exasperação", tentando com todas as minhas forças não olhar para aquela barriga malditamente trabalhada em músculos e para aqueles braços ridiculamente torneados.

— Será que dá pra fazer o favor de vestir uma cueca...?

— Porque, não gosta do que vê? — ele sorri e balança o pau pra mim, o olho irritado e lhe dou um tapa com força. — Aii!

— Vai logo tomar um banho, quero ir no Bonfim, e se você fizer muita hora eu vou sem você! — ele apenas sorri sarcástico e corre para o banheiro. Ele está ficando muito gaiatinho pro meu gosto.

***

Já arrumados, partimos para o Bonfim. Eu subo as escadas morrendo — acho que estou mesmo sedentário —, mas no fim, vale a pena. Estou distraído encarando aquele muro de fitas, quando ouço umas risadinhas, olho para trás só pra ver uma garota jovem, de mais ou menos dezenove anos, cabelos castanhos e pele bronzeada, praticamente se esfregando no Eduardo, que conversa alegremente com ela. Me aproximo curioso e a encaro com a minha melhor cara de "o que está acontecendo aqui".

— Com licença, querida, mas infelizmente ele ainda está casado comigo, então não vai poder satisfazer seus desejos. — a garota me encara assustada e o Eduardo com raiva — Ah, mas se você me passar seu número talvez quando nos separamos vocês possam se encontrar. — sorrio o mais docemente que consigo, mas ela parece em choque e ele ainda mais irritado.

— Espera, você é gay ? — ela vira para o Eduardo, que me fuzila com os olhos.

— Não! — ela fala, mas continua olhando pra mim.

— Então porque está casado com ele? — Eduardo faz uma pausa antes de responder.

— É complicado! — e eu continuo o que estava dizendo.

— Eu até permitiria que vocês ficassem, mas íamos acabar com problemas, entende?! Ele realmente não pode!

— Como você oferece seu marido desse jeito?! — a garota nos olha como se fossemos dois loucos.

— Como eu posso dizer...? Huum, digamos que eu não gosto dele!

— Então porque se casaram? — ela pergunta desconfiada e é a minha vez de hesitar.

— É complicado!

***

Resolvemos parar em uma sorveteira e quando finalmente me sento tentando apreciar a paisagem e o clima, percebo que o Eduardo não parou de me olhar atravessado desde o nosso encontro com a garota estranha que deu em cima dele. O encaro de volta vendo ele me olhar como se quisesse me matar. Ele nem tocou no próprio sorvete e olha que pra o Eduardo não comer o que está na frente dele, é porque tem algo muito errado. Sem aguentar mais ele me olhando daquele jeito, resolvo quebrar o silêncio que se formou.

— O que é? Será que dá pra parar de me olhar assim?

— Eu te odeio! É sério!

— E eu posso saber o​ porquê de todo esse ódio?

— "Por quê"? Você praticamente me entregou em uma bandeja pra aquela mulher.

— E daí? Não era você que tava todo felizinho conversando com ela? Tenho certeza que se tivesse tido a chance, você teria era ido com ela pra algum motel barato, então me poupa. — ele me encara sério e pela primeira vez não vejo um pingo do idiota que ele é, e aquilo junto com a luz dourada do pôr do sol que ilumina seu rosto deixando seus olhos e cabelos iluminados e suas feições ternas e marcadas, o faz incrivelmente bonito. Engulo em seco.

— Eu realmente odeio quando você faz esse tipo de coisa...! — ele faz uma pausa e olha para o horizonte estreitando os olhos — Na verdade, eu pensei que se você me visse conversando com ela, ficaria pelo menos com um pouco de ciúmes... Sei lá!

— Até parece! — não consigo segurar o riso, eu não estou ouvindo isso, estou?! — Porque você achou que eu ficaria com ciúmes de você?

— Talvez porque eu sou seu marido?!

— Acho que quando você se afogou, entrou água pelo seu ouvido e foi parar no cérebro, só pode!

— Então você não tem ciúmes de mim? Nem um pouquinho?

— Porque eu teria ciúmes, Eduardo? — ela parece cada vez mais irritado.

— Sei lá, cara! Que dizer, eu tô ligado que a gente não tem esse tipo de relação, mas os gays não gostam de... pica? E não é querendo me gabar nem nada, mas tenho orgulho da minha! — ele me encara e fala a coisa mais sem sentido que eu já ouvi ele falar até agora — E eu pensei que... Sei lá, depois de todo esse tempo, você acabaria meio que... Se apaixonando por mim?! — fico estatístico — Quer dizer, olha só pra o jeito que você age... Antes você vivia reclamando que eu dormia só de cueca todos os dias, agora você nem reclama mais e ainda dorme com essa sua bunda colada no meu pau... — tento controlar o meu nível de raiva que já está quase extravasando.

— Ótimo, você tinha mesmo que estragar o clima que estava tão bom, né, babaca?! Sinceramente, você deve ter ficado louco! — sem querer aumento um pouco meu tom de voz — Deixa só eu te explicar uma coisa... EU NÃO GOSTO DE VOCÊ! Entendeu?! E não é porque eu sou gay que eu vou ficar me atirar em cima de "qualquer um", ainda mais de um como você!

— Ah, para vai, André! Vai bem mesmo me dizer que cê não quer transar comigo?!

— No momento o que eu mais quero é me livrar de você e desse casamento ridículo, e só!

— Vou fingir que acredito nisso!

— Olha, vamos pagar essa conta e ir logo embora. Eu não estou afim de brigar com você na vista de tantas pessoas! Na verdade, eu não quero me estressar com você! Nem agora e nem depois... eu só vou ficar com rugas.

— Por falar nisso, pra onde vamos agora? Ainda é de tarde! — ele deve ser bipolar, só pode.

— Tava pensando no Pelourinho.

— Pode ser...! E a noite? Você quer jantar em algum restaurante?!

— Restaurante? É sério?

— Algum problema?

— Além de ter que ir com você? Afinal isso é praticamente uma sentença de passar vergonha.

— Você não acha que é exagerado demais, não?! — abro a boca para responder, mas nesse momento meu celular toca. Pego o aparelho e verifico a tela, automaticamente um sorriso se forma no meu rosto.

— Oi, pai!

— E então, aproveitando a viagem? — olho para o lado, para onde o Eduardo está e suspiro.

— É, acho que sim... Pelo menos estou tentando, né?! Talvez se eu estivesse sozinho aproveitaria de verdade, mas... — suspiro novamente deixando claro o meu descontentamento — Além do mais, parece que o Eduardo ficou louco de vez.

— Como assim?

— Não é nada demais, esquece pai... Só tô um pouco estressado!

— Hum... Problemas né?

— Sim, mas não se preocupe. E então, já chegaram em casa ou ainda estão viajando?

— Vamos pra casa amanhã! — Eduardo paga a conta enquanto converso com meu pai!

— É pra irem me visitar na terça a tarde, viu?

— Tá certo, filho, vai ser bom, já que quero ter uma conversa séria com você!

— Meu Deus! Algum problema?

— Conversamos na terça!

— Sério que você vai me deixar só na curiosidade?

— Até terça, André! Tenho que ir agora, tchau. — ele desliga me deixando ansioso.

***

Já tem umas meia hora que estamos no Pelourinho e eu confesso que estou admirado com tudo aqui. Das casas até os ambulantes que passam tentando ganhar a vida.

— Isso é fantástico. — digo entregando a câmera ao Eduardo — Essa vai pro Instagram, certeza! — faço pose e ele tira a foto de mau grado.

— Argh, Esse lugar é insuportável! — ele reclama pela milésima vez.

— Nem comece! — pego a​ câmera — Esse lugar é espetacular!

— Eu só vejo ladeiras! O que tem de tão bom nisso? — reviro os olhos.

— Se você quiser, pode voltar para o hotel, mas eu vou continuar aqui!

Digo já me afastando dele. Começo a andar e me deparo com um tipo de museu, fico deslumbrado olhando por uns bons trinta segundos, mas antes que eu sequer faça menção de bater uma foto, a câmara é puxada da minha mão com certa agilidade. Eu dou um pulo com o coração dançando no peito enquanto o maldito ladrão ainda tem a audácia de sair rindo e me dando dedo enquanto corre. O Eduardo se aproxima emburrado.

— Podemos sair daqui agora? — o olho com raiva.

— Quase todas as fotos da viagem estavam naquela câmara... Só restaram algumas no meu celular agora! Mas que droga!

— Talvez se você não fosse tão distraído...

— Nem termina a porcaria da frase, Eduardo, eu não quero me estressar, já disse.

— Você não acha que é muito estressadinho, não?! — ele ri bagunçando meus cabelos.

— Com licença... — eu olho para quem falou e meu queixo cai fascinado com o negro maravilhoso vendendo água. Empurro a mão do Eduardo que está nos meus cabelos e me afasto um pouco dele, mantendo certa distância, então encaro o homem e sorrio — Água mineral?

— Não só a água! — digo sem me sentir e mordo o lábio... O que eu acabei de falar meu Deus! — T-também gostaria de um sorvete — tento disfarçar e ele sorrir de volta me tirando o fôlego. O que é esse sorriso, meu pai?!

— Você mora aqui? — ele continua e eu aproveito, é claro. Só porque não posso ficar, não quer dizer que não posso flertar, né?!

— Quem me dera, sou de São Paulo!

— Uma pena mesmo, em! Se morasse, eu te mostraria o lado bom da vida!

— Acho melhor você ir mostrar pra outra pessoa, cara! — já tinha esquecido que o idiota do Eduardo está aqui também e o fuzilo com os olhos enquanto ele fuzila o negro com o olhar também.

— Se ele quiser, eu mostro! — o negro rebate.

— Seria maravilhoso... mas infelizmente não posso! — digo sentindo a raiva percorrer meu sangue, e o desejo também, então algo me ocorre. Tá bom, eu devo ter enlouquecido, mas porque não?! — Mas podemos conversar pelo WhatsApp, que tal? Quem sabe em breve né...?! Afinal o futuro a Deus pertence!

— Ótimo! Então adiciona aí. — pego meu celular e digito seu número — Vai ser um prazer ser seu... "amigo". — digo enquanto pago a água e o sorvete, me demorando em soltar o dinheiro só pra pegar na mão dele então dou tchau aquele pedaço de mau caminho, mas antes recebo uma bela apalpada na bunda.

— Mas que porra...? — Eduardo surge do além e dá um empurrão no rapaz, que desequilibra e cai sentado — Seu tarado infeliz.

— Porque você fez isso, seu idiota? — vou acudir o rapaz que já se levanta.

— Por quê? Porque você é um idiota oferecido que se insinua a todo macho que passa, como se fosse uma vadia, é por isso! Ou você esqueceu que está CASADO comigo e eu tô bem aqui? — o homem encara o Eduardo com desdém e sacode a cabeça como se dissesse que não vale a pena brigar com ele, o que é verdade.

— Eu só não vou revidar porque estou trabalhando, além do mais... Você é ridículo!

— Ridículo é você!

— Eu tô cansando de ter que aguentar esse seu temperamento de merda! — falo olhando pra ele com mais raiva do que eu já senti antes.

— Cansado está eu dessas suas criancices! Diz que não esqueceu o tal Luigi e fica dando em cima do primeiro que aparece! Sua bichinha pão com ovo! — ele fala com raiva indo na direção do elevador Lacerda a passos rápidos enquanto eu o encaro pensando em mil maneiras de como poderia matá-lo e me divertindo com cada uma das ideias.

Continua...

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Comentários

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Curto muito este tipo de conto cheio de desavenças rsrsrsrs, acho q a reconciliação vai ser estrondoso Kkkklkl. Agora fica realmente complicado se quando o Leonardo tenta alguma coisa e vc boicota mas quando é com vc a coisa pode correr solta, como fica isso ???quando ele estava com a menina vc ñ deixou aí vc sabendo como ele é ( sereno ...kkkkk) quer que ele aceite ??? Erro totalmente seu .e só estou pegando leve porque seu personagem é meio tento no raciocínio e Ñ pegou que na realidade o Leonardo já está na sua .

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