Casamento arranjado. Capítulo 14

Um conto erótico de Alex Silva
Categoria: Gay
Contém 2001 palavras
Data: 24/01/2022 21:46:55

Os segundos que se seguiram foram os mais longos que eu já vivi. O silêncio só é cortado pelos estalos de beijo e quando eu finalmente acho uma oportunidade, empurro Léo, que separa os lábios dos meus para respirar me dando um espaço. Eu levanto com as pernas bambas e os lábios dormentes, engulo em seco sentindo meu coração na boca e olho ao redor para me certificar de que não tem ninguém por perto, então o encaro com raiva, ele me olha de baixo, ainda sentado no chão.

— Ficou maluco Léo? — digo trêmulo e respirando pesadamente.

— Me desculpa, eu só me deixei levar pelas emoções!

— Dá próxima vez que fizer isso, vou dá um chute tão forte no seu saco que você vai precisar de um transplante! — digo e saio irritado pisando duro.

***

DOIS DIAS DEPOIS

Eu e o Eduardo fomos convocados pra uma reunião de emergência.

Chegamos ao local indicado e caminhamos em direção a um dos escritórios do lugar. Assim que entro já sei que tem algo muito errado, porque até o meu pai está aqui, juntamente com...

— Olá André! — Charlotte sorri amarelo como se fosse a pessoa mais feliz do mundo por me ver. Eu uno as sobrancelhas começando a ficar nervoso.

— Oi! — respondo seco. Tem cerca de seis pessoas em volta de uma mesa quadrada. Me aproximo e sento em umas das cadeiras disponíveis esperando a reunião começar.

— Bom, creio que todos estão curiosos pra saber o porquê desta reunião... — o representante da monitoria, que até então se mantinha calado, finalmente se pronuncia — Então vamos lá...! Primeiro gostaria de ressaltar que a monitoria está apenas cumprindo o que foi designado pelo Sr. Gustavo Arantes antes de sua morte! — ele fala em um tom sério e eu o encaro curioso, respirando fundo — Como todos sabem, o casal Eduardo e André, tinham uma série de regras, que deveriam ser cumpridas, ou a herança passaria para as mãos da senhora Charlotte. E como uma regra muito importante foi quebrada, gostaria de parabenizar a senhora Charlotte, a nova herdeira da herança do senhor Gustavo. Estamos aqui para reorganizar a papelada e deixar todos a par da situação.

— O queeee? — me levanto da cadeira em um salto e encaro o homem, incrédulo. — Isso é um absurdo...! Que brincadeira de mal gosto é essa?

— Sr. André, por favor, eu peço que sente-se novamente. Isso não é uma brincadeira, é apenas a consequência dos atos de vocês. — ele olha de mim para o Eduardo de forma acusadora e eu começo a ficar com raiva de toda essa situação idiota. O Eduardo se levanta também.

— Isso não faz o menor sentido! Não entendo o porquê de termos perdido a droga dessa herança!

— Se acalme André... — meu pai vem para o meu lado e coloca uma mão no meu ombro.

— Você disse que não entende? — o homem olha para Eduardo com olhos frios — Então vamos clarear um pouco a mente de vocês, senhores.

O Data show é ligado e nele há uma foto muito nítida do Eduardo beijando a vizinha. Viro o encarando com ódio, ele também olha para a imagem boquiaberto e um tanto vermelho, não sei se de raiva ou vergonha por ter sido apanhado em flagrante. Sinto vontade de correr e agarrar aquele maldito pescoço musculoso dele.

— Seu cretino... Você me traiu! — Eduardo vira pra mim em choque e balança a cabeça em negativo.

— Espera... Não! Foi ela que me beijou! Eu não correspondi a esse beijo, André, é sério.... Isso deve ter sido editado!

— A monitoria é composta por vinte pessoas, são câmeras espalhadas, por toda parte, além do quê, saberíamos se algo estivesse errado com esta foto, Sr. Eduardo. Ou você está insinuando que nós tramamos contra vocês? O que ganharíamos fazendo isso?! — aquele homem está me tirando do sério, mas o que mais me irrita é saber que o Eduardo me traiu. Nem sei porque isso me incomoda tanto, mas me incomoda... Afinal, não era ele que estava morrendo de amores por mim até um tempo atrás?

— De qualquer forma, não era pra só o Eduardo perder a herança? Eu não o traí...

— Tem certeza? — todos na sala me encaram.

— Como é? Eu não... — O data show agora exibe um vídeo do Léo me beijando apaixonadamente; eu prendo a respiração. Isso só pode ser uma piada. — Espera aí, eu não correspondi a esse beijo, ele forçou tudo... Eu até me debati tentando empurrar ele... Vocês não estão vendo?

— Na verdade, o Sr. Leonardo faz parte da Comissão e é de extrema importância para a equipe. Não adianta você inventar desculpas, Leonardo foi designado para saber se você era fiel as regras, mas pelo visto...

— Ele forçou esse beijo, eu não quis! — digo com raiva. Eu estou falando grego ou esse cara é surdo?

— Depois eu sou o infiel?! — Eduardo fala me empurrando com o ombro enquanto passa por mim com raiva.

— Isso não vai ficar assim, ah não vai mesmo! — digo batendo o pé no chão, mas o representante só me ignora e vira pra Charlotte, que assiste a tudo calada e com um sorriso na cara.

— Parabéns dona Charlotte, você é a nova herdeira do Sr. Gustavo.

***

Encaro as crianças brincando ao longe, o vento calmo da tarde trás os sons até mim, mas nem mesmo o bom tempo melhora o meu humor. Eduardo está sentado ao meu lado, jogado no banco com a cara de quem chupou limão e os braços cruzados encima do peito. Nós viemos parar aqui depois de sair daquele escritório infernal. A minha cabeça doía e eu sentia vontade de gritar, bater no Eduardo e chorar, então acabamos caminhando até essa praça que tinha nos arredores e nos sentamos para tentar esfriar a cabeça. Agora, cá estamos nós, um sentado ao lado do outro nos esforçando ao máximo para não se matar.

— Eu não menti quando disse que não te traí, André! — Eduardo é o primeiro a quebrar o silêncio que se formou desde que chegamos aqui, sua voz está baixa, mas eu consigo sentir a raiva nela — A Patrícia realmente me beijou, mas eu não retribui... Na verdade, fui pego de surpresa por aquilo, nem soube como reagir.

— Então o nome da vadia é Patrícia, hum? — respondo mais seco do que queria e ele me encara com as sobrancelhas erguidas.

— Você tá com ciúmes ?

— Eu estou com raiva, muita raiva, Eduardo! — o olho sério — Por culpa de vocês dois perdi a merda da herança e destruí meu futuro.

— É muito mais fácil bancar a vítima do que assumir a culpa junto, não é? — ele diz com raiva — Só que, segundo o representante, você também me traiu... E com o jardineiro! Mas que clichê! — ele bufa.

— Não, não, ele me pegou de surpresa, e eu não retribui o beijo! Na verdade quase me desesperei tentando me soltar daquilo e não tinha ninguém pra pedir ajuda...! Agora você... — então algo na minha cabeça faz um clic e uma ideia louca surge — Espera aí...

— O quê? — ele me olha.

— Acho que armaram pra gente, Eduardo! — falo me levantando e ficando de frente pra ele, que me encara como um idiota, ainda sem entender.

— Como assim?

— Pensa bem, não era impossível haver uma traição, mas se isso acontecesse, um de nós ainda ficaria com a herança do mesmo jeito...

— Sim, e?

— Ai, como você é lento! Pensa comigo... Se só um traísse, a herança ficaria com o outro, mas se fosse os dois traindo... — o Eduardo se levanta e me encara finalmente entendendo onde eu quero chegar.

— A Charlotte ficaria com a herança! — ele completa minha frase e eu concordo com a cabeça — Ela deve ter armado isso tudo!

— Exatamente... E provavelmente esse plano foi bolado por ela, Patrícia e Leonardo!

— Mas como vamos fazer pra provar?

— Esse é o problema, uma vez que, aparentemente, até na monitoria tem corruptos!

***

UM MÊS DEPOIS

Fomos expulsos da mansão no dia seguinte ao acontecido e agora estamos morando em uma micro casa, casa esta que é alugada, e se estamos nela, devemos tudo aos meus​ pais , eles nos deram dinheiro para comprar uns móveis, comida e pra pagar o primeiro mês de aluguel. E eu não quero soar mau agradecido, mas se já era difícil dividir uma mansão com o Eduardo, dividir um cubículo não dá nem pra falar, né?! Pelo menos eu consegui um emprego como vendedor de roupas e o Eduardo como garçom, então só nos vemos na parte da noite.

Não pedimos o divórcio, pois estamos vendo um jeito de conseguir a herança de novo.

Vocês devem está se perguntando cadê os dois carros que ganhamos, pois é, os carros simplesmente desapareceram, aparentemente segundo a monitoria, os carros foram roubados, ou seja, eles venderam e ficaram com o dinheiro, pois não tem como aqueles carros terem sido roubados sem ninguém ver nada, não com tantas câmeras e proteções que aquela mansão tem. Eu procurei o Leonardo, mas ele e a Patrícia simplesmente desapareceram do mapa, o que só arruinou ainda mais nossas chances de conseguir a herança de volta.

Coloco o jantar na mesa enquanto o Eduardo senta em uma das cadeiras com uma cara nada boa.

— Aconteceu alguma coisa?

— Só estou cansado dessa droga de vida!

— Então se mata, ué...

— Acho mais fácil matar você...! — ele diz irritado e eu suspiro. Não tô com paciência pra essa merda de mau humor dele e nem tô afim de brigar agora.

— Sinceramente...? Eu sei que a nossa vida tá uma droga, mas se nos estressarmos é pior, ou por acaso você acha que eu fiz faculdade pra depois virar vendedor em uma loja de roupas? — ele me olha desconfiado — Mas não devemos desistir... Vamos ter a herança de volta... Custe o que custar!

— A gente tem que achar a Patrícia e o Leonardo!

— O Leonardo é da monitoria, mas como não sabemos onde eles ficam exatamente, então é praticamente impossível achar ele! — eu também me sentei e começamos a comer. A comida é simples, mas eu fiz o melhor possível.

— Estamos num mato sem cachorro!

— Sem cachorro e sem dinheiro. — digo divertido e acabo lhe arrancando um sorriso.

— Você... quer assistir um filme depois do jantar? — ele pergunta meio cauteloso.

— Pode ser! — dou de ombros, afinal não tenho nada melhor pra fazer mesmo.

***

Pego um recipiente com pipoca e vou em direção a nossa micro sala, sento no único sofá que tem, ao lado do Eduardo, e tento me concentrar no filme.

— Pelo menos paramos de brigar tanto! — Eduardo comenta de repente, eu o encaro.

— Na verdade, acho que estamos tão cansados por causa do trabalho, que falta ânimo até para brigar.

— É... Talvez seja isso mesmo! — ele soa meio desanimado e eu tento mudar de assunto.

— Tenho medo de não conseguirmos a herança de volta...

— Não se preocupe, nós vamos conseguir... — ele diz, então parece pensar em algo — A propósito, se não conseguirmos a herança, vamos pedir o divórcio?

— Claro! Não vai ter mais motivos pra morarmos juntos.

— Verdade...!

O filme é surpreendentemente bom e eu estou muito concentrado assistindo quando de repente sinto algo pesado tocar meu ombro. Viro a tempo de ver a cabeça do Eduardo tombar do meu ombro indo pro meu colo enquanto ele dorme pesadamente. Coitado, tem trabalhado das oito as sete da noite, é normal está tão cansado.

O encaro por um momento percebendo que sua pele pálida está um pouco mais bronzeada e ele tem olheiras abaixo dos olhos. Seus cílios são grandes e fazem sombra em suas bochechas. Sua boca está entreaberta e eu posso sentia a respiração quente dele bater nas minhas coxas, tenho que concordar com o Feh, ele é realmente bonito. Volto a prestar atenção no filme e meio que sem perceber estendo a mão levando-a até seu cabelo, que é macio e está meio comprido. Enquanto assisto ao final do filme, faço cafuné nos cabelos dele e penso em como a vida pode ser dura as vezes.

Continua...

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Comentários

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foda com essas armações, mas vai servir pra unir os dois de vez e penso que pra desmascarar a charlote poderia pedir ajuda do edward, vizinho, as vezes tentar seduzir alguem ou a propria pra arrancar uma confiçõa.

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