Casamento arranjado. Capítulo 15

Um conto erótico de Alex Silva
Categoria: Gay
Contém 1767 palavras
Data: 24/01/2022 22:11:47

Sexta-feira – Manhã

Acordo sentindo algo quente em meu pescoço, abro as pálpebras devagar para descobrir que o que sinto na minha pele é a respiração do Eduardo, que como sempre, está agarrado em mim, com o rosto enterrado em meu pescoço. Levanto meio desorientado e vou em direção ao banheiro ainda zonzo de sono, tomo um banho pra despertar e volto ao quarto já me sentindo bem melhor. O Eduardo já está acordado, sentado na ponta da cama parecendo sonolento; ele me encara quando entro.

— O dia hoje vai ser cheio. — fala coçando a cabeça e se ergue tirando a cueca. Ele coloca a toalha em volta da cintura caminhando na minha direção.

— Nem me fale! Hoje também é dia de eu ficar três horas em pé, tentando vender roupas pra pessoas bregas! — ele rir e meu coração quase acelera um pouco. Suas covinhas ficam aparentes e seus dentes ficam bem amostra com esse sorriso desenhado no rosto, seus cabelos estão bagunçados e ele está com cara de sono, mas ainda parece muito bonito. Ele tinha mesmo que ser tão bonito?!

— Vou tomar um banho... Por favor, faça um café bem forte.

— Ah, é mesmo, Edu, o pó já tá acabando.

— Você me chamou de "Edu"? — ele não consegue esconder sua surpresa e me olha desconfiado, com as sobrancelhas erguidas.

— Algum problema? Somos amigos, não somos?!

— Pode ser, mas não disse que você poderia me chamar de "Edu"...

— Eu não pedi sua permissão, a boca é minha e eu te chamo de como eu quiser! — fico na defensiva.

— Tudo bem! — ele ergue as mãos em sinal de rendição — Não se esqueça que estamos na paz!

— Realmente... Mas as vezes é difícil permanecer com essa paz.

— Eu que o diga. — ele fala entrando no banheiro.

***

20:41 – Sexta-feira

— Sinceramente, estou acabado... — digo sentando no sofá.

— Pelo menos amanhã é sábado e a gente folga! — Eduardo diz se jogando ao meu lado e tirando a blusa.

— Graças a Deus! Vou aproveitar que não preciso acordar cedo e ir a uma boate que o Feh não ​para de me perturbar pra ir com ele... — ele me olha de esguelha, com a cabeça deitada no encosto do sofá — Acho que vai ser o jeito eu ir.

— Posso ir com vocês? — ele pergunta casualmente e apesar de não me sentir totalmente a vontade com a ideia, tenho que concordar.

— Acho que não tem problema!

— Então vou me arrumar! — ele sai em direção ao quarto enquanto eu penso no que o Feh vai dizer quando nos ver juntos.

***

Eu já sabia que não era uma boa ideia trazer o Eduardo com a gente, mas meus medos se confirmaram depois do vexame que ele acabou de dar. Tudo começou quando chegamos e ele desembestou a beber como se nuca tivesse visto álcool na vida, a gota dágua foi quando um carinha chegou em mim.

— Sozinho? — ele perguntou olhando nos meus olhos. Era bonito, razoavelmente alto, moreno, cabelos escuros, usava jeans e uma blusa escura com gola V que deixava os braços a mostra.

— Não! — tive que ser sincero, hoje não tô pra papo — Estou acompanhando!

— Poxa, que pena! Não dei sorte hoje, tendo um pedaço de mal caminho desses e ele estar acompanhado... — ele sacudiu dramaticamente a cabeça decepcionado.

— Olha, eu não tô afim! — eu disse e fui saindo, mas ele segurou meu braço... Que clichê! E foi aí que a merda aconteceu. O Eduardo chegou e agarrou o braço do cara.

— Quer soltar meu marido? Ou vou precisar arrancar seu braço ? — não sei se é porque ele está bêbado, mas o tom de voz que ele usou foi tão sério, tão sério que até eu fiquei com medo... Engoli em seco pensando na forma como ele me chamou de marido com tanta confiança.

— O que foi cara? Eu não tenho medo de você! — fico tenso com a situação, já prevejo que nada de bom vai sair disso e estou certo. O Eduardo segura o homem pela gola da blusa e o outro faz o mesmo com ele.

— Você tem certeza disso, cara? — ele se inclina e cochicha algo no ouvido do rapaz que bufa e solta meu braço — Tchau!

—Obrigado! — digo encarando ele chocado e agradecido ao mesmo tempo. Ele continua olhando o cara se afastar por mais um momento e então me encara; seus olhos estão em chamas, eu desvio os meus e limpo a garganta, que está seca — Que cara idiota!

— Se não quer que isso continue acontecendo, você talvez devesse parar de rebolar desse jeito... — ele parece irritado, ja está bêbado.

— Eu rebolo do jeito que eu quiser! — ele me encara estreitando os olhos.

— Você é casado, sabia?!

— Você bebeu, não foi ? — ele une as sobrancelhas parecendo meio desorientado.

— Isso não importa!

— De qualquer maneira, só estamos casados no papel, Eduardo. E, até onde eu sei, você é hétero, não é?!

— Eu nunca disse isso! Eu sou bissexual! — O QUÊ?! Okay, agora isso é uma surpresa, tipo... Como assim?! Ah meu Deus!

— Como é a história?

— Tô morta! — me assusto com a voz aguda do Feh às minhas costas. Os olhos dele brilham ao olhar de mim para o Eduardo e perceber a tensão que se formou entre nós — Então você é mesmo do balacobaco? — Feh o provoca e sua risada sai aguda se sobrepondo o barulho alto da música e das vozes agitadas ao redor.

— Sou! — ele diz com firmeza e me olha como se esperando eu confrontá-lo, o que, obviamente, eu não faço. Estou chocado demais pra falar qualquer coisa que seja. Quem tem está passada sou eu!

— Seu safado! — digo tentando recuperar minha pose e fingir que isso não me abalou como eu me sinto abalado, o que provavelmente o Feh já percebeu. Não é à toa que ele é meu melhor amigo.

—Safado por quê? — ele me encara sério, então me puxa pra perto e põe uma mão na minha cintura colando nossos corpos — OLHA SÓ, ESSE CARA AQUI É MEU MARIDO, BELEZA?! E SE ALGUM FILHO DA PUTA SE APROXIMAR, VOU ARRANCAR O PESCOÇO DO DESGRAÇADO! — ele se inclina e me dá um beijo no topo da cabeça fazendo meu rosto esquentar. — Pronto, recado dado! Problema resolvido!

— Que merda foi essa? Que mico, meu Deus!

— Tchau, mô. — seus lábios se curvam em um meio sorriso que acentua a covinha esquerda. Eu reviro os olhos e sou pego de surpresa com o beijo que ele dá no meu rosto, perigosamente perto da minha boca, então pisca um olho para o Feh e sai caminhando preguiçosamente até o bar.

— Tô chocada, amigo! — o Feh se aproxima de mim se apoiando no meu ombro direito enquanto observa o Eduardo sentar em um dos bancos do bar e pedir uma bebida.

— Eu tô é morto de vergonha, isso sim.

— Isso foi bem chocante e tudo, ele ficou gostoso pra caralho fazendo isso, mas você não acha que ele tá bebendo muito? — suspiro e olho na direção a tempo de vê-lo virar o copo, sou um suspiro.

— Acho que vou dar uma circulada.

— Eu também, depois do showzinho quente do teu maridinho, também fiquei quente... Tô precisando de uma pica! — balanço a cabeça rindo e saímos para a pista.

***

Depois de beber uma bebida meio estranha oferecida por um rapaz que chegou em mim, estou me sentindo meio estranho, era bebida grátis, então aceitei, mas começo a me perguntar se fiz o certo. Minha cabeça parece meio confusa e não consigo me controlar direito, sinto que estou perdendo o controle do meu corpo. Me sinto quente e muito ligado. A animação ao redor, as luzes piscando e a música alta junto com o álcool no meu sangue ajudam; eu não me sinto assim há um tempo. É bom lembrar que ainda sou jovem, acho que preciso me divertir mais.

A música que começa a tocar é uma das minhas favoritas e antes que eu consiga me parar, me pego descendo até o chão, já estou na quarta decida quando o Feh se aproxima me olhando com uma cara de preocupação. Sua mandíbula está apertada e suas sobrancelhas unidas, se ele está preocupado, acho que deve ter mesmo alguma coisa errada, afinal é do Feh que estamos falando.

— Aconteceu alguma coisa? — tento encará-lo, mas ele não entra em foco.

— Não! — ele diz e logo em seguida desvia os olhos, então ja sei que ele tá escondendo alguma coisa — Vem vamos beber algo.

— Não minta pra mim, Feh. Desembucha, vai!

— Eu não posso te contar...

— Anda...

— Vem comigo. — ele me puxa pelo braço e seguimos nos desviando de algumas pessoas, até que paramos em uma espécie de sofá, onde Eduardo está atracado com uma loira aguada. Engulo em seco, e aquele showzinho todo de mais cedo foi o quê? Ele pode ficar com quem ele quiser, mas afastou de mim todos os caras do lugar com aquela palhaçada de antes. Sinto a raiva aquecer meu peito, me solto do aperto do Feh e caminho a passos rápidos e duros até perto de onde ele está, para que ele possa me ver. Cruzo os braços e falo fazendo minha voz se sobresair ao barulho da música ao fundo.

— Bonito em, seu Eduardo?! — sinto minha língua dobrando... Aquela bebida definitivamente não me fez bem, tinha alguma coisa errada com ela.

— Não enche! — ele fala abraçando a loira sem nem me olhar. Respiro fundo contando até três.

— Escute aqui... — minha língua novamente dobra e eu embaralho levemente as palavras -— Saia já daí, vamos!

Ele se solta da vagabunda, senta na ponta do sofá e me encara por um momento, seus olhos estão escuros, mas eu os sinto percorrer meu corpo demoradamente até chegar ao meu rosto. Ele morde o lábio inferior e se levanta deixando a loira de lado, então vem em minha direção a passos lentos e compassados até estar na minha frente.

Apesar de não estar tão perto, posso sentir o calor do seu corpo. O suor brilhando em sua pele, que sob as luzes coloridas parece translúcida, seus cabelos grudando em sua testa e nuca e seus olhos, que são a única coisa que fica em foco na minha visão; por algum motivo eles estão quentes e me aquecem também. Mesmo sem querer meus olhos vão em direção a suas clavículas, que estão expostas na gola V de sua blusa cinza e então sobem para seus lábios. Sinto minha boca umidecer e Engulo em seco.

— Porque eu tenho que sair? — ele pergunta diminuindo ainda mais o espaço entre nós.

— Porque... você é meu marido! — digo e diminuo de vez o espaço entre nossos corpos colando nossos lábios em um beijo.

Continua...

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Comentários

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Cara, parabéns pela história.

Simplesmente peguei direto do capítulo 1 a esse. Muuuuuito bom.

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