ATENÇÃO: ESTE É UM CONTO SOB FORMA DE FANTASIA QUE TRATA DE EROTISMO. ESPERO QUE APRECIEM!
O orgulhoso tenente do Imperial Exército do Sol Nascente, caminhava altivo entre corpos estraçalhados, membros decepados e cabeças decapitadas, tudo em meio a um lodaçal feito de sangue, urina, excrementos e lama causado pela chuva que caíra no início da noite. A pequena vila na região setentrional da China ainda ardia em chamas provocadas pelo ódio vingativo dos comandados do tenente que deixaram intactas apenas algumas poucas construções suficientes para servirem de abrigo aos soldados e aprisionamento dos sobreviventes que em sua maioria eram mulheres e crianças.
Como seu olhar arguto, o tenente Katsuo olhou a sua volta examinando o local; coçava a empunhadura de sua Katana quando um cabo se apresentou informando que reunira os prisioneiros. “Traga-os à minha presença imediatamente!”, ordenou ele com sua voz rouca e profunda. O cabo deu meia-volta e caminhou com passos apressados. Em poucos minutos ele retornava com uma comitiva formada por mulheres, crianças e uns poucos idosos que mal conseguiam caminhar.
O oficial aproximou-se mirando seus corpos esquálidos, rostos evanescidos e olhares mortiços que faziam com que parecessem zumbis prontos para serem abatidos. Ele chamou seu sargento de infantaria e perguntou alguma coisa inaudível para os demais. “Levem-nos daqui e mate-os da maneira mais rápida possível!”, gritou ele em tom determinado. Antes que o sargento pudesse cumprir a ordem, uma mulher avançou do meio do grupo atirando-se aos pés do tenente.
-Por favor, meu senhor não os mate! – suplicou ela com tom embargado pelas lágrimas que vertiam de seus olhos – me ofereço para fazer tudo o que o senhor quiser para poupar a vida dessas pessoas!
O tenente ajoelhou-se perante a mulher, desenluvou uma das mãos e segurou seu queixo obrigando que ela o encarasse; Katsuo mirou para aquele rosto percebendo uma beleza incomum oculta por sujeira e marcas do tempo denotando que não se tratava de uma mulher jovem …, talvez velha demais, embora não parecesse. Seus olhos possuíam um brilho intrigante e seus lábios apertados acenderam uma chama no interior do oficial japonês que o deixara um tanto atônito.
-Porque eu faria isso? O que você tem a oferecer? – perguntou ele com seu tom ríspido esperando por uma resposta.
-Como chinesa, talvez nada, meu senhor …, afinal sou sua oponente – respondeu ela com tom titubeante, mas cortês – Porém, como mulher talvez eu possua qualidades que podem despertar os desejos mais recônditos de um homem.
Por um momento Katsuo teve vontade de rir, mas algo em seu interior o impediu de fazê-lo, reacendendo sua chama de soberba. Ele então tornou a chamar pelo sargento ordenando que levasse todos de volta ao cativeiro, exceto aquela mulher que permaneceu aos seus pés. Logo depois ele quis saber se havia alguma “casa de conforto” nas imediações, ao que foi informado acerca da existência de uma pouco mais de um quilômetro de onde estavam.
Tornou a chamar pelo cabo dando-lhe instruções precisas para que levasse aquela mulher para a tal casa e fizesse com que ela tomasse banho, recebesse alimentação e roupas novas. Ainda espantado, mas conhecedor da fúria de seu superior, o cabo segurou a mulher pelo braço e a conduziu para que fosse levada ao local indicado. Katsuo dispensou os demais subalternos e depois retornou ao seu alojamento para desfrutar da refeição noturna. Enquanto jantava legumes vaporizados e arroz acompanhados de uma pequena garrafa de saquê, o oficial tinha em sua mente as palavras proferidas pela prisioneira sentindo o impacto que elas haviam lhe causado.
Ao término da refeição ele saiu de seu alojamento e dirigiu-se até onde estavam estacionadas as viaturas militares; sozinho a bordo de um Type-96, ele se dirigiu à Casa de Conforto onde foi recebido por um sargento da Marinha incumbido de zelar pelo recinto. Katsuo identificou-se e ambos bateram continência. “A mulher já o esperava, senhor tenente! Ela está em um dos domos ao fundo!”, informou o sargento com tom firme.
Ao entrar no domo, Katsuo ficou surpreso; sentada sobre as pernas dobradas a mulher que usava uma espécie de túnica destinada aquelas mantidas na casa o esperava com apetrechos para preparo de um chá; assim que ele sentou-se a sua frente, ela passou a preparar a bebida sempre com o olhar cabisbaixo e gestos subservientes. “Como se chama? De onde você é?”, perguntou o oficial e tom inquiridor.
-Infelizmente, não conheci meus pais – começou ela com tom suave – Fui criada em uma pequena aldeia por uma anciã de bom coração; ela me chamava de “Orquídea Prateada” e assim fui conhecida; desde jovem aprendi que nascera para servir aos homens, satisfazendo todos os seus desejos, mesmo aqueles que mulher alguma aceitaria fazê-lo …, por anos fui uma concubina dedicada, até o dia em que conheci um soldado do Exército Imperial Japonês …, ele me fez sua por muitos anos e por conta disso o inevitável aconteceu: engravidei dando a luz a um menino que ele tirou de mim e levou para seu país jamais retornando …, por fim, aprendi que não viera a este mundo para ser feliz …, apenas para conceder momentos de felicidade a quem me desejasse.
Ao fim de sua narrativa melancólica, Orquídea Prateada empurrou a caneca de porcelana com a bebida fumegante. Katsuo demorou para digerir a narrativa da mulher e ainda por conta de sensações inexplicáveis ele sentiu-se mais atraído por ela; apreciaram o chá em silêncio. “Tire sua roupa e venha me servir!”, ordenou ele com alguma rispidez e impaciência. A mulher se levantou e deu a volta sobre a mesa pondo-se de joelhos ao seu lado.
-Permita que eu primeiramente o dispa, meu senhor – pediu ela com tom amável.
Ambos então ficaram de pé e Orquídea tratou de despir seu algoz; assim que o viu nu desnudou-se pondo-se de joelhos novamente beijando o membro cuja rigidez era notória; aos beijos seguiram-se delicadas lambidas com a ponta da língua cujo efeito causado no macho era visivelmente impactante. Ao sentir seu membro no interior da boca de Orquídea, Katsuo foi tomado por uma sensação de êxtase tão intensa e dominante, que ele viu-se quase desfalecer de tanto prazer.
Tudo tinha um ar insólito com a boca e mãos da mulher passeando pelo seu corpo; o toque quente e aveludado tinha um impacto profundo como se jamais tivesse ele sentido algo semelhante, vendo-se obrigado a obedecer tudo que ela determinasse; Orquídea cessou a carícia oral e fez com que o jovem se deitasse no futon estendido sobre o tatame; Katsuo obedeceu e imediatamente sentiu um tremor gostoso quando a mulher veio sobre ele.
Com movimentos repletos de sensualidade, Orquídea serpenteava sobre seu parceiro fazendo com que suas partes íntimas o tocassem nos pontos certos causando um amálgama de sensações que levavam o jovem oficial aos limites de sensações indescritíveis que ressaltavam sua virilidade rija que também era acolhida pela gruta quente e úmida da fêmea. E quando ele deu por si, Orquídea o cavalgava como uma hábil amazona, subindo e descendo sobre ele, ao mesmo tempo em que levava suas mãos aos seus seios de firmeza delirante ensinando-o como manipular os mamilos para que também ela usufruísse das mesmas sensações que ele.
Por algum tempo, Katsuo deixou-se dominar pela destreza sexual de Orquídea cujos movimentos proporcionavam sensações extasiantes que varriam seu corpo sob a forma de arrepios, espasmos e contrações musculares que elevavam suas impressões sobre o verdadeiro prazer que uma mulher pode propiciar a um homem; mesmo quando ele pressentia que seu clímax se avizinhava inexorável, Orquídea contraía seu esfíncter de tal modo a impedir que o macho fosse vencido por sua impetuosidade.
Em dado momento, o militar japonês segurou a fêmea pela cintura e ergueu-se levando-a consigo e invertendo as posições fazendo-a ficar sobre ele que tomava as rédeas daquela cópula insana, golpeando com movimentos pélvicos veementes que pareciam uma apologia ao domínio masculino sobre o feminino e que resultavam em pequenos gemidos que escapavam entre os lábios de Orquídea, cujos olhos semicerrados comprovavam que as sensações usufruídas e o anseio que elas não tivessem mais fim!
E assim a noite seguiu seu insinuante curso, com corpos digladiando-se em um embate alucinante, toques e carícias que tinham o propósito de prolongar ao máximo a excitação cujo odor estimulava corpo e alma e cujos sons enalteciam o anseio por mais desfrute desmedido. Katsuo e Orquídea tinham os corpos lavados por suor que tornava suas peles escorregadias ao ponto de um contato tão íntimo que bastava um breve movimento para que seus seres explodissem em pleno êxtase delirante.
Todavia, tanto esforço e dedicação de ambos levou seus corpos à fronteira do júbilo sensorial que tornara-se inevitável. Os movimentos arraigaram-se tomando uma sincronia conspirada pelo universo e quando, finalmente, o gozo explodiu caudalosamente, fazendo com que eles se rendessem ao efeito lúdico que assolou deliciosamente seus corpos que pareciam levitar sacudidos por uma espécie de sopro divinal que culminava em gritos, gemidos e suspiros. Após um clímax tão loquaz, o militar e sua parceira desabaram ainda engalfinhados, respirando com dificuldade e sentindo a exaustão dominar-lhe de todas as maneiras.
O que Katsuo não esperava era que Orquídea se pusesse a reanimá-lo de uma forma alucinante, tomando seu membro na boca e conseguindo operar um renascimento cujo destino era culminar aquela noite com todas as possibilidades possíveis; ao ver a fêmea tomar uma posição em decúbito realçando sua anatomia glútea; o algoz viu-se submetido à vontade feminina cuja dominação expressava-se em gestos e meneios. E mais uma vez, Katsuo atracou-se com Orquídea deflorando-a por outro orifício a ele oferecido como uma dádiva irrecusável.
O rapaz surpreendeu-se não apenas com o desempenho de sua parceira como também viu-se assombrado por sua própria resistência que parecia ter sido renovada por um sopro divino; e a cópula seguiu um curso delirante impondo uma nova sincronia que os transformava e um único ser, dotado de absoluta lascívia e permanente sensualidade. Mais uma vez, era Orquídea que dominava o ímpeto do macho, impedindo-o de atingir seu clímax antes que ela permitisse …, foi um delicioso sofrimento ao qual o macho rendeu-se e que culminou com um clímax renovado por mais gemidos e suspiros.
Após esse périplo sem limites o casal viu-se derrotado por uma pesada sonolência que os fez quase desmaiar abraçados …, no entanto, em dado momento, Orquídea elevou-se sobre o corpo do soldado e passeando seus dedos sobre o peito dele e descendo em direção ao ventre, notou uma marca de nascença …, tinha o formato de uma minúscula flor de lótus; imediatamente ela desesperou-se e saltou para longe do futon; o olhar esbugalhado e os lábios trêmulos denunciavam o terror que assolava sua alma …
Quando os primeiros raios de sol inundaram o domo, Katsuo acordou entreabrindo os olhos esticando-se preguiçosamente; vendo-se só no ambiente, ficou de pé com olhos e alma a procura da sua Orquídea que não estava mais com ele. Sobre a mesa onde haviam saboreado o chá horas antes, havia um bilhete que ele não perdeu tempo em ler …, e ao terminar não conseguiu esconder o misto de surpresa, revolta e autocomiseração que inundou sua alma quase o levando à dolorosa insanidade. As letras do bilhete eram, ao mesmo tempo, um prêmio e uma condenação.
“Jovem conquistador, tens uma marca de nascença no baixo-ventre sob a forma de minúscula flor de lótus …, essa é a mesma marca que seu pai deve ostentar em seu corpo, e a mesma marca que ostentava o soldado que engravidou, trazendo à vida meu único filho …, o filho que agora foi meu homem, meu amante, dono de mim em todos os sentidos. Adeus, meu amor! Adeus, meu filho! Adeus meu homem!”.
E os sobreviventes da aldeia de Orquídea foram poupados de uma execução sumária, que fora a última ordem escrita emitida pelo jovem tenente de infantaria Katsuo que depois disso enlouqueceu e abandonou as fileiras do Exército Imperial Japonês, passando a vagar errante por terras desconhecidas em busca da única mulher que o fizera sentir-se pleno e realizado. Infelizmente, ele jamais reencontrou Orquídea Prateada e numa noite fria do rigoroso inverno ele veio a falecer …, dizem que tinha um semblante suave e um sorriso entre seus lábios, como se tivesse, por fim, encontrado o que procurava, a sua Orquídea Prateada.