Moro num orfanato desde os 5 anos. Nunca fui adotado. Faz 14 anos, e de interno, e por conhecer tão bem tudo aqui, me deixaram ficar além dos 18, só que agora trabalhando. Sou uma espécie de faz tudo. Sou feio. Ninguém me quis. Fodam-se todos. Vou ficar por aqui até me deixarem.
Teve uma exibição de um filme famoso. Nossa pequena sala de vídeo virou concorrido cinema sem poltronas – todos sentados no chão. Todo mundo queria ver o tal filme. Eu também. Mas me atrasei no serviço; quando terminei, tomei banho e corri pra lá. Já ia começar. Sala cheia. Vi uma brecha, num cantinho, meio afastado das pessoas. Um cara que eu não conhecia estava sentado lá e me indicava um lugar. Me esgueirei pra lá. Sentei do lado dele.
Na hora, o diretor do orfanato começou a falar aquelas baboseiras: estava feliz porque um ex-interno, que tinha encontrado uma família, tornara-se cineasta, e agora trazia o seu primeiro filme para fazer a pré-estreia no lugar onde vivera parte da sua infância. Jeito de agradecer por tudo. Aí o cara do meu lado levantou-se e foi lá pra frente.
Falou que há 20 anos fora adotado – estava com 10 anos. Que ninguém desistisse de ter esperança e essas baboseiras todas que escutei a vida inteira, e que vi passar os 10, os 12, os 15 e os 18, e até agora ninguém me adotara. Mas ele voltava para mostrar que vencera na vida, que transformara em realidade seu sonho de fazer filme, e aquele era o primeiro do que pretendia ser uma longa série. Queria mostrar primeiro naquela instituição, para ter a sorte na carreira que tivera na vida.
Todo mundo bateu palma. Ele voltou para o canto em que eu estava, sentou-se no chão ao meu lado, a luz apagou e começou a exibição. Comecei a prestar atenção na história; suspense, com leves traços de terror. Silêncio na plateia. Alguns sustos, de vez em quando. Todos acompanhando o desenrolar do filme.
Foi quando senti uma leve cutucada no cu. Parou. Algum toque sem querer, pensei; estava meio apertado ali. Mas logo outro toque, e este mais demorado. Eu estava sem entender. Nunca tivera uma experiência sexual com alguém, a não ser com minha mão. E agora tinha uma a mexer no meu rabo. E fui gostando daquele roçar, remexi um pouco as nádegas, procurando agasalhar aquele dedo que me cutucava.
Pela posição, estava claro. Era o cineasta. Fui sentindo prazer, me arrepiando e endurecendo o pau. Todos os olhos voltados para a tela e um dedo enfiado no meu cu – ele conseguira colocar a mão por cima. Meu coração batia descompassado. Eu me remexia discretamente (acho).
Minha mão, como se tivesse vida e atitude próprias, escorregou por entre as pernas do meu assediador e... puta que pariu! Ele estava com a rola de fora. Duraça! Eu nunca havia tocado na pica de um homem que não fosse eu. Achei massa. Mas eu nem sabia direito o que fazer, nem a posição (e o ambiente) permitiam uma performance mais ampla.
Seu dedo, enfiado totalmente no meu cu, encontrou um ponto que me proporcionava um prazer absurdo. Passei a punhetar aquele caralho em minha mão, como podia, enquanto me requebrava sobre aquele dedo...
Cacete! Eu comecei a sentir que ia gozar. Quis me mexer, para interromper aquela masturbação inusitada, mas estava tão bom – que o que fiz mesmo foi fechar os olhos e me entregar àquela carícia, enquanto acelerava a punheta. (Será que ninguém percebia nada? Tudo bem que estavam todos presos pela história do filme, olhos grudados na tela, mas aquilo já era demais!).
Foi quando senti meu esperma percorrendo meu interior e explodindo sob minha bermuda (bonito, aquilo! – como porra eu conseguiria sair dali sem que percebessem a mancha que decerto se formaria?). Nesse instante, senti a rola dele endurecer mais na minha mão e um líquido espesso e quente sair aos borbotões e encobri-la.
Senti seu dedo sair do meu cu e ele se arrumar, guardando a rola ainda dura. Eu, que não tinha visto coisa alguma do filme, não vi razão para continuar ali. Levantei-me com dificuldade, e fui pedindo licença e sendo xingado a cada palmo que avançava, entre o pessoal sentado no chão, até chegar à porta e me dirigir, apressado ao banheiro, para avaliar o “estrago” daquela gozada.
Não dava para continuar com aquela bermuda. Fui para o meu quarto, me troquei e voltei à sala de projeção. Pus-me de pé, à porta, procurando com os olhos meu masturbador tão competente. Mas as letrinhas, na tela, começaram a subir e a plateia aplaudiu e assobiou e gritou, alegremente. Vi-o levantar-se, ir lá para a frente e, todo sorridente, agradecer a todos. Seu único prazer parecia ter sido o de ter mostrado seu trabalho ali.
Compreendi que o que se passara naquele espaço, há pouco, era para ser arquivado no baú das minhas lembranças mais inusitadas, e, vez ou outra, ser utilizada como motivação de alguma punheta.