O que esperar disso? - Prólogo

Um conto erótico de Guto35
Categoria: Gay
Contém 1542 palavras
Data: 07/02/2022 12:53:35

Esse era o meu primeiro semestre na faculdade e estava realizando o meu grande sonho de ser um administrador. Graças às bolsas de estudo que tive no ensino médio eu pude ter uma preparação fantástica para os vestibulares e fui aprovado em administração, também com bolsa de estudos, em uma das melhores e mais caras faculdades de business de São Paulo. Foi assim que eu saí do interior de Goiás para ir morar em São Paulo. Eu também tive a sorte da minha melhor amiga, Priscila, também ter vindo para o mesmo curso e faculdade que eu.

– Nossa, esse café é maravilhoso Pri, nunca tinha ouvido falar desse lugar. Só espero que não custe o meu rim. Não posso gastar muito.

– Fica tranquilo Bê, lembra que eu disse que pagaria a nossa primeira saída juntos aqui em Sampa? Aliás, onde mesmo que você disse que está morando?

– Ainda bem que a minha melhor amiga, vulgo a mais rica do nosso antigo colégio, veio estudar comigo. Então se prepara que vou aproveitar – nós dois rimos nesse momento – Eu estou morando perto do Ibira. Graças a Deus a bolsa cobre a moradia aqui também, se não estaria muito na merda. Tudo aqui é caro. Tá animada para amanhã? Você já sabe qual será a sua sala?

– Pior que aqui é tudo mais caro mesmo. Ontem fui em uma festa e quando vi a conta eu quase caí para trás. Gastei só lá o que gastaria em um mês de rolê em Goiânia.

– Nossa Senhora! Que rolê é esse que você foi ontem? – perguntei interrompendo-a.

– É uma festa que fui com a Gi, a minha prima aqui de Sampa, foi perto do Parque do Povo. Mas respondendo a sua pergunta de antes, eu quero muito que amanhã chegue logo, na semana passada já conseguimos conhecer algumas pessoas nos eventos de boas-vindas, mas mesmo assim estou animadíssima para o início das aulas amanhã. Eu vou estudar na turma Adm A, e você?

– Nossa, maravilha, eu também. Estaremos na mesma sala!

– Aí sim! Ainda bem. Mas agora mudando de assunto, ouvi dizer que a tinta do trote não saiu do cabelo daquela Amanda, lembra dela? É uma baixinha. – Levantei a sobrancelha nessa hora, coitada da menina – Ah, e você ouviu o que aconteceu com a Tati, Bê? Me falaram que ela terminou com o Lucas, eles…

Nossa conversa continuou bem excitante, a Pri gostava muito de fofocar, e eu obviamente não fazia nenhuma objeção, era ótimo saber o que acontecia. A Pri é aquele tipo de pessoa que sabe de tudo que está acontecendo e que consegue descobrir qualquer coisa. Ainda bem que somos amigos!

Finalmente havia chegado o grande momento, eram 7:20 da manhã e eu estava de frente para o prédio principal da faculdade, ele era gigante. Eu entrei e fui direto olhar um dos telões espalhados pelo saguão para descobrir a sala da minha primeira aula. É muito estranho que as salas aqui tinham nomes de pessoas. Olhei um dos telões e depois segui para a sala “Jorge Figueiredo” que ficava no terceiro piso.

Quando entrei na sala fiquei de queixo caído, mesmo já tendo visitado essas salas antes. Era tudo tão bonito, a sala era do tipo anfiteatro, parecendo aquelas de universidades americanas. Eu fiquei procurando a Pri e vi que já estava sentada bem no centro conversando com o pessoal que estava em volta, algo que eu já esperava, porque desconhecia alguém mais desinibido e sociável que ela. Eu me aproximei, disse um “Eae” para todas aquelas pessoas. Eu até que lembrava de alguns rostos por conta da semana de boas-vindas.

– Oiii Bê!! Quase atrasado, hem? Guardei um lugar para você do meu lado. Pessoal, esse é Bernardo, estudamos juntos no ensino médio. – Disse a Pri, me apresentando.

Nesse momento o professor chegou na sala e todos pararam de conversar e se sentaram.

– Tudo bom, pessoal? Meu nome é Fabrício Melhado e serei o professor de vocês de Tecnologia da Informação e Dados, que chamamos de TID. Aqui vocês aprenderão a usar alguns softwares e também a programar em Python! Tudo que veremos será sempre com a intenção de fazermos aplicações em mercado financeiro. Além disso, eu gostaria… – O professor parou de falar e fez sinal para que a alguns alunos que estavam na porta entrassem.

– Pessoal, lembrando que eu não vou tolerar atrasos, ok? Estarei dando um desconto apenas hoje por ser o primeiro dia - continuou o professor.

Neste instante eu congelei. Havia um menino lindo que entrou entre os atrasados, eu não o tinha visto antes, nem mesmo na semana anterior em que ocorreu toda recepção aos calouros. Ele era alto, assim como eu, mas tinha os cabelos loiros e ondulados, já os meus eram castanhos mel e meio bagunçados mesmo (não sei se posso chegar a chamar os meus cabelos de ondulados, mas são um pouco). Ele também era branco e seus olhos pareciam esmeraldas de tão azuis. Eu fiquei atônito.

– Bê! Bê?

– Ãhn, que?

– Bê, você tá surdo? o professor acabou de pedir para colocar as nossas placas.

– Ah, nossa Pri, dei uma viajada, está na minha mochila. Vou pegar aqui.

As placas eram literalmente plaquinhas com acrílico que tinham nossos nomes escritos. Nós recebíamos no momento da matrícula e era obrigatório utilizar durante as aulas, para os professores saberem os nomes dos alunos.

– Além disso, quero que saibam que essa é uma das matérias mais difíceis desse período. No semestre passado a taxa de reprovação foi de 45%, então estudem e se dediquem de verdade. – Finalizou o professor.

Os alunos começaram a cochichar entre si, afinal, 45% era realmente muita coisa. O restante da aula foi tranquilo, mas eu não conseguia parar de olhar, de tempos em tempos para não chamar muito a atenção, para aquele garoto atrasado do início da aula. Graças à placa eu já pude descobrir o nome dele: Gustavo Albuquerque.

No final da aula o professor avisou que já havia separado aleatoriamente todos os alunos em grupos de 4 pessoas. Esses seriam os grupos do trabalho que seria feito no decorrer do semestre. Ele colocou a composição dos grupos no projetor antes de sair da sala.

Eu demorei para achar o meu nome, mas quando encontrei eu quase tive um treco.

– Olha Bê, ficamos no mesmo grupo! Nossa que sorte, a probabilidade era minúscula. – falou a Priscila do meu lado. Mas não era só por isso que fiquei paralisado.

– Não sei quem são aqueles outros dois ali: Emília Lisboa e Gustavo Albuquerque. Espero que não sejam cuzões. – Completou ela.

– Pois é, espero que não sejam mesmo. – Falei, gaguejando um pouco. “Meu Deus, é o atrasado!” Estava pensando.

Antes de sair eu fiquei procurando o tal Gustavo na sala com os olhos, mas não achei, provavelmente ele já havia saído.

Priscila e eu saímos da sala e ficamos conversando com algumas pessoas da turma, mas ainda estávamos perto da porta. Lá havia uma máquina de café e estávamos esperando nossa vez para comprar um capuccino.

– Oi, você é a Priscila Alcântara Gutierrez, certo? - disse uma voz firme, mas ao mesmo tempo doce e encantadora atrás de nós.

Quando me virei, era o Gustavo. Eu me paralisei por um segundo.

– Oi, sou sim, e quem é você? - Disse a Priscila se virando para ele.

– Sou o Gustavo Albuquerque. Havia visto o seu nome na sua placa durante a aula. Faremos o trabalho de TID juntos.

– Ah sim! Muito prazer!

– Pri, chegou a nossa vez, você quer um capuccino curto também, certo? - Eu disse, interrompendo a conversa.

– O que? Ah, sim, pode ser sim. – Ela falou enquanto eu já me dirigia para a máquina.

Os dois continuaram a conversar enquanto eu pegava os capuccinos. Foi estranho, eu fiquei aliviado de conseguir me desvencilhar de uma conversa com ele. Acho que estava com um certo receio e vergonha de falar com esse Gustavo. Quando voltei ele já havia saído.

– Nossa, que homem gato, que isso! Como que eu não reparei nele na sala? - Priscila falou quando eu cheguei.

– Ah, é, ele é bonitinho.

– Bonitinho? Bê, esse cara é um galã!

– O que vocês ficaram conversando aqui? O engraçado é que você já havia guardado a sua placa quando o professor soltou os grupos, então ele já havia reparado em você antes.

– Ah, não conversamos nada demais, só nos apresentamos e conversamos sobre essa matéria e o trabalho que teremos que fazer. E Bê, eu fiz várias perguntas para o professor na aula, lembra? O Fabrício deve ter falado meu nome no mínimo umas dez vezes. Não deve ter sido difícil qualquer aluno ter reparado em mim né...

– Entendi!

– Mas por quê? Tá com ciúmes?

– Eu? Ciúmes? Como assim? – Por um breve momento eu já estava pensando “Meu Deus, ela percebeu algo?”, mas rapidamente isso saiu da minha cabeça, ela nem mesmo sabia da minha bissexualidade.

– De mim ué, de perder sua melhor amiga para o primeiro bonitinho que aparece.

– Ah, isso? É claro! Mas eu me garanto, não há quem supere essa minha barba. Sem contar o charme que a minha bochecha corada me dá. – Finalizei fazendo uma pose e ela soltou uma gargalhada.

– Você se acha em Bê! Sua sorte é que você é bonitão mesmo. - Nós dois rimos e caminhamos para o elevador.

(CONTINUA)

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