IMPORTANTE: Antes de ler esse capítulo, leia o capítulo introdutório "O que esperar disso? - Prólogo".
Priscila e eu seguimos para o elevador, meio sem saber para onde ir. Eram quase 10 horas da manhã e a nossa próxima aula seria apenas a tarde, logo após o almoço. Mas bastou um olhar entre nós para que concordássemos, mesmo sem dizer nada um para o outro, que estávamos com fome. Então, chegando no elevador, eu apenas apertei o botão do último andar, onde ficavam os restaurantes e as lojinhas de comida.
Nós comemos um lanche rápido apenas para “forrar o estômago” e depois ficamos conversando um pouco com alguns veteranos do curso que encontramos. As pessoas precisam aprender que não se pode dar trela para a Priscila, porque ela engata nos mais diversos assuntos e a conversa vai longe.
– Olá, tudo bem? – disse uma mulher se aproximando do nosso grupo.
– Eu me chamo Michele, sou uma das responsáveis pelo programa de bolsistas da faculdade. Você é o Bernardo Salviato, certo? – Continuou ela e apontou para mim.
– Sou sim. Aconteceu algo? – respondi, um pouco preocupado.
– Não é nada demais. Você pode me acompanhar? Apenas precisamos tirar uma foto sua.
– Olha ele Brasil! Agora é modelo da faculdade – Brincou a Priscila e todos riram.
Então eu segui com a Michele. Fomos para o terceiro prédio da faculdade e tiramos a foto. Acabou que demorei um pouco mais pois foram surgindo outras coisas para eu fazer além da foto. Quando me liberaram já era meio-dia e mandei mensagem para a Priscila para saber onde ela estava.
“Pri, tá onde?”
“Oi Bê! Estou no Terraço Figueira com algumas pessoas da nossa sala. Acabamos de chegar. Cola aqui para almoçar com a gente.”
Eu me lembrava onde esse restaurante ficava, porque já havia passado por ele, então segui diretamente para lá. Só conseguia pensar no quanto esse almoço me custaria.
Quando eu cheguei, rapidamente à vi (os grandes cabelos ruivos da Priscila chamam a atenção de longe) e fui diretamente em sua direção. Quando me aproximei, vi que o Gustavo estava lá, isso me deu um certo frio na barriga estranho. No total tinham 4 pessoas na mesa: A Priscila, o Gustavo, uma menina morena que não me era estranha e um outro menino.
– Ah, o Bê chegou! – Falou a Pri quando me viu e que logo depois começou a acenar para mim.
Eles haviam juntado duas mesas. Tinham duas pessoas de um lado e duas do outro. Em sentido horário, havia a Priscila ao lado da ponta da mesa que estava vazia e mais próxima de mim, depois a menina que me era familiar ao lado dela, na sequência um menino magro que eu não conhecia e, enfim, de frente para a Pri, o Gustavo.
– Oi Pri! Eae pessoal! Vou pegar uma cadeira aqui. – Eles me cumprimentaram enquanto eu pegava uma cadeira de outra mesa e colocava na ponta que estava vazia entre a Priscila e o Gustavo.
Eu me apresentei e eles também foram se apresentando. Soube o porquê da morena me parecer familiar, havíamos conversado rapidamente na semana anterior, seu nome era Luísa, os cabelos dela eram curtos, lisos e pretos com mechas e pontas loiras. Além disso, seus olhos eram castanhos claros e chamavam a atenção. Já o outro menino se chamava Lucas, além de magro tinha o cabelo bem curtinho (pelo visto ele deixou rasparem o cabelo dele no trote que ocorreu na semana anterior), era negro de pele mais clara – parecido com o tom de Obama ou Zendaya – já a voz dele parecia de locutor de rádio, o que tornava ele ainda mais charmoso. Então, o Gustavo, com aqueles olhos esmeralda, que ainda não havia falado, começou a dizer:
– Tudo bom, Bernardo? Já eu sou o Gustavo. A Pri comentou um pouco de você antes de virmos almoçar.
– Tudo sim. Eita, sério? E o que você falou Pri? Não me esculhambou não né? – Falei rindo
– E tem como eu te esculhambar, senhor modelo da faculdade? – Agora todo mundo riu – Só estava comentando que você também está no nosso grupo de TID, que era meu amigo e essas coisas. Ah, e sabia que o Gustavo também nada?
– Esse cara é um monstro nadando! – O Lucas falou rapidamente enquanto dava um tapinha nas costas do Gustavo.
– Que nada, só gosto de me divertir na água mesmo – Gustavo respondeu, meio envergonhado.
– Pois agora vou querer que você me ensine a nadar, Gustavo. Tenho tanto medo. – Falou a Luísa enquanto esticava o braço para alcançar a mão do Gustavo. A bochecha dele corou um pouco.
– Bora fazer o pedido então, galera. – Disse a Priscila rapidamente e um pouco desconfortável.
Cada um fez o seu pedido para o almoço e ficamos conversando mais um pouco. Aparentemente, e pelo que eu entendi, a Pri deixou aquele grupo de veteranos logo após eu sair e foi dar uma volta pela faculdade, então ela acabou encontrando a Luísa. Ao irem na sala de estudo individual – que tem várias cabines de estudo – elas encontraram o Gustavo, que estava com o Lucas. Eles ficaram conversando e vieram almoçar juntos. O Lucas também estudou com o Gustavo no ensino médio, mas eles são aqui de São Paulo mesmo. Após o almoço continuamos conversando na mesa.
– Mas me diz uma coisa Bernardo, pelo que entendi com o que a Priscila falou, então quer dizer que você também nada, é isso?
– Então, eu nado sim, mas nada muito profissional. Na minha antiga escola eu gostava de treinar e acaba participando de um campeonato ou outro. Ah, Gustavo, pode de chamar de “Bê”.
– Beleza, Bê – ele riu – Mas que legal! E você vai participar da natação aqui da Facu?
– Nossa, eu nem tinha pensado nisso ainda, eles têm equipe aqui né?
– Tem sim, e uma equipe bem forte! Eles sempre ganham as competições. Os treinos começam amanhã, será as 6 da manhã em um clube aqui perto, eu estava pensando em ir. Bora?
De repente o Lucas entrou na conversa:
– Pô, já é amanhã que começa o de natação? Que rápido, os de fut, pelo que vi com o pessoal da atlética, começa apenas na semana que vem.
– Você sabe quando começa os de vôlei, Lucas? – A Pri perguntou.
– Não me lembro direito, mas se não me engano, na semana que vem também.
O Gustavo voltou a olhara para mim e perguntou:
– Mas e então, o que acha de ir amanhã, Bernardo?
– Como eu disse, você pode me chamar de Bê cara – nós dois rimos – Acho que eu topo. Amanhã teremos aula apenas as 10 da manhã mesmo.
– Boa! Vou ver o endereço certinho e te falo. Vai ser bacana já ter alguém conhecido lá.
– Caraca pessoal, já são 13:30, a aula já tá começando agora. A gente vai chegar atrasado. – Falou a Priscila um pouco nervosa.
Nós nos levantamos rapidamente, pagamos a conta (e que conta, gastei mais que deveria) e seguimos correndo para a faculdade.
– Hey, alguém sabe a sala? – A Luísa falou, ofegante, enquanto corria com a gente.
– Puts, eu não sei. – Falou o Lucas.
Deu para perceber pelas caras de todo mundo que ninguém sabia.
– Merda, ainda teremos que ver nos telões do saguão. – Respondeu a Priscila.
Conseguimos chegar na porta da sala apenas as 13:45.
– Com licença, professora, podemos entrar? – O Lucas falou. Aquele vozeirão dele de locutor chamou a atenção de todo mundo, inclusive da professora, que pela cara que fez pareceu surpresa.
– Podem sim. Entrem! Apenas não se atrasem mais, o limite a partir da próxima aula será de no máximo 5 minutos após o início. – Ela respondeu.
Havia poucos lugares livres e por isso fomos para uma das laterais da sala. Acabou que, na correria, a Luísa se sentou do lado do Gustavo, atrás de mim. Do meu lado ficou a Priscila, já o Lucas só achou lugar um pouco mais longe de nós.
– Nossa, a Luísa está se esfregando no Gustavo ali atrás. – A Pri falou baixinho no meu ouvido.
Eu olhei discretamente e bem rápido apenas para verificar. Não respondi a Priscila, apenas fiquei calado fingindo que prestava atenção na aula. Mas internamente, estava se passando várias coisas na minha cabeça. Estava sentindo uma espécie de ciúmes, ao mesmo tempo que ficava pensando nas conversas que tivemos no restaurante e no jeito doce que ele tinha, e em um dado momento comecei até a imaginar como ele ficaria de sunga. Até que de um estalo repentino, pensei comigo mesmo: "Caraca Bernardo. Você conheceu o cara hoje, deixa disso". Então eu senti uma cutucada nas costas. Me virei.
– Você esqueceu de colocar sua placa, Be. – Falou o Gustavo, baixinho.
– Ah, verdade, obrigado.
– Que matéria é essa mesmo, Be? – A Priscila me perguntou.
– É de Microeconomia.
A aula continuou, e até que estava interessante.
No final a professora comentou que também teríamos trabalho em grupo, mas que nós mesmos poderíamos formá-los. Diferentemente de TID, nessa matéria haveria 6 componentes por grupo.
Eram cerca de 15:30, a aula finalmente acabou e havíamos sido liberados. Como eu já havia avisado para a Priscila durante a aula, eu iria na coordenação para ver a possibilidade de fazer estágio, por isso comecei a sair rapidamente, eu já tinha até me despedido dela, porque já iria para casa logo em seguida (se fosse rápido, conseguiria evitar o trânsito caótico de São Paulo no horário de pico). Eu desconfiava que, pela faculdade ser em período integral, talvez fosse inviável estagiar, mas mesmo assim queria verificar, já que seria uma fonte de renda extra. Eu já estava na porta quando ouvi alguém me chamando.
– Be, espera! Espera! – Era o Gustavo. Ele se aproximou e continuou:
– Por que está saindo tão rápido?
Eu expliquei para ele.
– Ah sim. Mas já adiantando para você, acredito que por estarmos no primeiro período talvez nem seja possível.
– Então, estava pensando nisso também , mas vou verificar certinho só para ter certeza.
– Ah sim, claro! Ah, eu ainda não consegui falar com os veteranos da atlética. Me passa teu insta? Te mando mensagem por lá avisando o local do treino de amanhã cedo.
– Claro! – ele estava com uma caneta em um uma das mãos, eu a peguei dele na pressa e anotei na outra mão o meu usuário. – Tá na mão, literalmente. – Nós dois rimos.
Me despedi dele com um “Até amanhã” apressado e segui correndo para a área administrativa da faculdade.
(CONTINUA)
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Eae, pessoal? O que estão achando? Não deixem de compartilhar suas impressões. Essa é a primeira história que escrevo. O que acham que vem por aí?
Abraço para todos vocês!