Amigos, terei que detalhar bem a parte do relacionamento entre Raul e Rúbia, pois será importante para tornar o restante verossímil, sem esse detalhamento, no futuro ficaria estranho para todos, porém a esposa de Raul e sua vida profissional ainda terão grande destaque na história, inclusive com reviravoltas.
Fui até ao hospital onde Lao estava, encontrei-o na enfermaria e perguntei o que tinha ocorrido, pois na delegacia só informaram que ele teve uma tontura e acabou desmaiando. Ele me falou:
-Bobagem. Tenho labirintite e hoje acordei com ela atacada, tava tudo girando, tomei meu remédio e melhorou, mas quando já estava no plantão, tava tudo bem, de repente, me levanto rápido, vi tudo rodar e caí, aí me trouxeram para cá, estou tomando um soro com vitamina, sei lá que porra é essa..
Conversei com o médico que o atendeu e ele me disse:
-Parece que o paciente não se alimenta direito, diz que não gosta de jantar, fuma muito e bebe um pouquinho, tudo isso contribui para ficar mais fraco, provavelmente não tenha se hidrato também no dia anterior, mas ainda hoje, ele será liberado.
Nos dias seguintes, Lao foi melhorando e por algum tempo parecia ter voltado ao seu normal sem nenhuma novidade.
Já minha situação com Rúbia virou um grande dilema, tinha sido a trepada da minha vida, mas como me envolver com uma pessoa que de quinta a domingo transava com outro na frente de centenas de homens. Sem contar os shows de strip-tease. O certo era cortar ali, mas a verdade é que pouco mais de 12 horas depois de tê-la comido, eu já queria repetir a dose.
Pensei em ir até à boate, mas não me sentiria bem vendo-a tirar a roupa para tantos homens gritarem, por isso, decidi ir devagar e colocar as ideias no lugar, talvez esse encantamento pela trepada passasse nos dias seguintes. Entretanto, já bem tarde da noite, Rúbia me ligou e sem jogos ou desculpas foi direta:
-Quero te ver! Você está livre ou já tem companhia aí?
-Estou livre, claro, mas...
-Ótimo! Daqui a uma meia hora estou aí.
Apesar de já conhecer e me irritar bastante com a peça, fiquei surpreso com sua atitude e como combinado meia hora depois, Rúbia chegou cheirosa me beijando e dessa vez, já querendo ir logo para a cama sem conversa ou show de strip como fez para mim na noite anterior. Após um incrível 69, com direito a chupar até o seu cuzinho rosa, passamos a trepar novamente em várias posições. Já na segunda trepada, rolou anal e num determinado momento em que eu socava, olhei para o espelho da penteadeira (naquela época era comum seja em quartos de hotel ou da própria casa ter uma penteadeira), ambos muito suados, Rúbia me lançou aquele olhar debochado e acenou com a cabeça como se dissesse “Vai! Mostra que tem pegada e me fode sem dó”. Passei a socar com muita força e explodi num gozo forte, quase arrebentando-a com a minha força, caímos exaustos. Gozamos duas vezes cada e após um banho, percebi algo diferente em mim, além de abraça-la deitados, fiquei beijando seu rosto, testa, braços, enfim tudo, não de uma maneira sexual até porque já estava saciado, mas de uma forma apenas carinhosa. Claro que apesar de marrenta, Rúbia amou aquilo. Dormimos juntos mais uma vez, porém pedi que a recepção me ligasse para eu não perder mais um dia de universidade.
Acordei e enquanto escovava os dentes me assustei, Rúbia tinha me deixado um puta chupão no pescoço e numa parte que não dava para tapar com a gola. Mostrei a ela que sacou um estojinho de maquiagem e disfarçou a mancha roxa. Ela quis que eu levasse para retocar durante o dia, mas eu falei que iria ser zoado na delegacia se me vissem me maquiando.
Antes de sair, meio sem graça, falei a Rúbia:
-Se quiser dormir mais um pouco, depois é só deixar a chave na recepção, vou avisar o pessoal, mas eu queria mais tarde ter uma conversa com você, antes da sua apresentação na boate, pode ser?
-Claro.
-Então me passa seu telefone, vou ver se no final da tarde, consigo dar uma saída e aí conversamos no seu apartamento, pode ser?
-Tudo bem, mas por que tanta formalidade, amore?
-Não, é que agora não dá para explicar, mas preciso muito falar com você.
A rapidez com que tudo estava indo, me preocupava e me deixava ansioso, pois eu queria ficar com Rúbia, ter um compromisso, mas ela era uma atriz pornô que dali a algumas horas estaria transando com outro e quatro vezes na semana isso se repetiria e para mim aquilo era impossível de dar certo. Mas como poderia exigir algo de uma pessoa que saí por duas vezes? Ela riria da minha cara. Temendo a reação dela, pensei até em desistir da conversa, mas arrumei um jeito e às 18h30 estava em seu apartamento.
Rodiei bastante para entrar no assunto e tive a ideia de perguntar o que ela estava achando do que rolou entre nós.
-Ora foi tudo perfeito, tanto que na segunda vez fui atrás de você. Já desconfiava que você era bom de cama, mas me surpreendi positivamente- Disse novamente com aquele olhar.
-Então...Eu também gostei muito, mas...
-Mas...Não podemos continuar nos vendo é isso que você vai dizer e já tem uma justificativa toda bem montadinha, pode encurtar, tudo bem, amore.
-Não é nada disso, Rúbia. Gostei demais não só das nossas transas, mas dos poucos, mas ótimos momentos que ficamos juntos, e por isso quero saber como ficamos.
-Se você quiser, a gente continua juntos, vou adorar te conhecer mais.
-É...Mas fica difícil, como se já não bastassem os shows de strip-tease, ainda tem os seus shows de sexo explícito, quatro dias na semana...
-Ah, mas isso você sempre soube. Ali eu não sinto tesão nenhum nem mesmo quando era namorada do cara que transa comigo, ali é uma atuação.
-Atuação real, com sexo real, isso é difícil para mim.
Rúbia se levantou e colocou a mão no meu ombro.
-Já imaginava que você diria isso e entendo, mas é minha fonte de renda junto com os shows de strip-tease.
-Mas você não pode parar? Fazer outra coisa, eu te ajudo no começo se for o caso.
-Devagar, amore. Ficamos juntos duas vezes e você quer ser meu salvador? Sabe quantas meninas que trabalham em boate dançando ou fazendo programa mesmo não recebem propostas de homens dizendo que se apaixonaram que vão tirar elas dali, muitas voltam depois de três meses porque foram enxotadas, outras até ficam casadas com seus salvadores, mas são eles que voltam para sair com uma mais novinha. Não posso ficar na dependência de quem até parece ser um cara legal para viver um romance, porém não nos conhecemos o suficiente para um passo desses.
-Então você vai continuar mesmo transando com aquele cara?
-Sim. É meu trabalho, se você conseguir aceitar, a gente pode continuar se vendo, se não aceitar, claro que ficarei chateada mesmo sendo tão recente, gosto de você, mas entenderei.
-Só acho que existem mil e uma coisas que você poderia fazer, mas prefere esse caminho.
-Você acha que é fácil? Conheça minha história primeiro e depois me julgue.
Acabamos tendo uma discussão e fiquei muito mal. Dois dias antes, me senti feliz como há anos não me sentia, e agora, estava numa frustração danada por não ter como resolver aquilo.
Saí batendo a porta com tudo e decidi que era melhor dar logo um ponto final no começo. Fiquei de quinta a domingo num grande bode, porém na segunda, Rúbia veio me procurar, não resisti e acabamos transando novamente, o que se repetiu na terça e na quarta, já na quinta, voltamos a brigar pelo mesmo motivo. Estávamos no mês de julho de 1989 e por dois meses a mesma situação se repetiu, vivíamos como o casal mais apaixonado do mundo de segunda a quarta e na quinta, voltávamos a brigar e jurar um para o outro que não teria mais volta.
Nesse meio tempo, arrumei finalmente um apartamento e ficávamos juntos, às vezes nele, às vezes no dela. Houve uma noite que finalmente decidi que era hora de saber toda a história de Rúbia, ela vivia dizendo que não estava preparada, mas nessa noite, decidiu contar tudo desde o começo.
-Bem, eu nem sei quem é o meu pai, um cara engravidou minha mãe e caiu no mundo. Quando eu era criança, ela faleceu de repente e fui morar com minha tia, uma mulher chata que apesar de casada não tinha filhos, acho que não podia, sei lá. Durante anos, eu não fui a sobrinha que ela pegou para criar, mas a empregada que fazia absolutamente tudo, desde comida, lavar, passar, limpar toda a casa e sempre ouvindo broncas, nunca estava bom. Quando me tornei adolescente, comecei a me destacar pela beleza, ganhei concursos na escola e na cidade de miss isso, miss aquilo e sabe com tanta gente elogiando uma jovem, comecei a acreditar que poderia ser modelo ou atriz. Perdi a virgindade com o filho de um ex-prefeito, o carinha me enrolou até conseguir e depois não quis mais nada, apesar que foi bom ele não querer, pois eu resumo minha primeira vez como rápida e dolorida. Até que aos 18, surgiu um cara na cidade com um opala todo imponente, não era bonito, mas bom de lábia e tinha já seus 29, o nome dele era Gersom. Ele disse que recrutava jovens para se tornarem modelos, acabou me seduzindo com mil e uma promessas, disse que me amava e me convenceu a fugir com ele para São Paulo. Sendo humilhada e feita de escrava desde pequena pela minha tia, minha cabecinha fraca acreditou naquela ilusão. Vim morar com ele aqui e o papo mudou. Começou com uma conversa de que eu precisa fazer fotos nua, pois toda modelo fazia e que com essas fotos iria conseguir me lançar na carreira. Eu nunca tinha pensado em fazer algo assim, mas ele me convenceu e apareci numa revista dessas pouco famosas, mas que vendem bem nas posições mais absurdas possíveis, eu não tinha malícia nenhuma, então aquilo me traumatizou. Resumindo por uns seis meses, o que ele conseguiu foram uns três ensaios meus nua e de quebra ainda podia transar comigo a hora que quisesse, dinheiro? Nunca vi, mas acreditava nele e tinha medo de achar que talvez estivesse sendo feita de boba. Porém, uma hora, comecei a reclamar e disse que Gersom só tinha papo, então fiz um novo ensaio nua e esse acabou fazendo muito sucesso e um amigo dele, que estava começando a trabalhar com produções de filmes pornô, disse que poderia me arrumar uma vaga. Achei um absurdo, mas me enrolaram dizendo que outras famosas nos EUA começaram assim e dessa vez, eu receberia um belo dinheiro e na minha mão. Aceitei fazer um pacote de quatro filmes, sendo que em três transei com o mesmo ator e no último com dois outros. Recebi uma quantia que achei até boa para quem não tinha nada, mas depois não quis fazer mais mesmo com vários convites até de outras produtoras. Continuei com Gersom, porque ele dizia que sozinha eu morreria em uma semana em São Paulo, então o medo de não ter onde ficar, me fez aceitar, mas querendo sair fora, pois vi que ele era um enrolão. Até que teve um dia ele chegou com dois caras que disse ser da televisão e que poderiam me botar num programa desses tipo Chacrinha, Gugu ou Bolinha para ser uma dançarina, só que ele disse que eu teria que fazer o tal teste do sofá com eles. Me revoltei, mas Gersom disse que era uma vez e já sairia com o contrato na mão, muito dinheiro e fama, os caras também disseram e ainda citaram o nome de várias famosas que tinham transado com eles e arrumado emprego na TV. Mesmo com o estômago revirando, aceitei e aí, os dois caras e o próprio Gersom ficaram horas fazendo de tudo comigo e como se não bastasse...
Nesse momento, Rúbia começou a chorar, mesmo assim decidiu continuar:
-Eles estavam bem alterados, não sei se era droga, eu não entendia, pegaram uma garrafa de cerveja dessas grandes de 600 e tantos mls e quiseram...Enfiar em mim, comecei e me bater, mas me seguraram...E foi isso...Acabou me cortando por dentro... Fui parar no hospital e quando saí, arrumei uma pensão, eu tinha um dinheiro escondido dos filmes que fiz, mas logo acabou. Comecei a trabalhar numa fábrica de costurar bolas, mas o salário mal dava para comer. Até que um dia, reencontrei esse cara que fiz os filmes e ele me convenceu a começar a dançar na boate e um tempo depois veio o lance do teatro de sexo explícito, o que eu ganhava em duas noites, era o mesmo que eu ganhava trabalhando um mês na fábrica. Eu já tava com a cabeça toda fodida, fazendo fotos nuas, filmes pornô, aceitei e chegamos aos dias atuais.
Aquele relato como um todo me derrubou, pois se fosse uma estranha já ficaria triste, mas sendo uma pessoa pela qual eu já nutria sentimentos, foi demais, especialmente a história do tal Gersom com os amigos e a garrafa, aquilo fez meu sangue ferver.
Mesmo sendo um cara duro, acabei chorando junto com Rúbia.
Querendo cada vez mais dar um jeito em nossa situação, em setembro daquele ano, tivemos uma briga derradeira, pois eu disse:
-Ou a gente se assume como um casal e você para de fazer esse tipo de serviço ou nunca mais volte aqui.
Rúbia me jogou um monte de desaforos dizendo que mais nenhum homem botaria coleira nela para depois enganá-la e saiu batendo a porta.
Duas coisas eu tinha certeza, se Rúbia subisse no palco naquela noite, não teria mais volta e independente de continuar ou não com ela, iria atrás de Gersom para uma conversa.
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